GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA Dissertação de Mestrado BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL POR Candida guilliermondii EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA: ESTUDO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO Débora Danielle Virgínio da Silva Lorena – SP - Brasil 2001 FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL POR Candida guilliermondii EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA: ESTUDO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO Dissertação de Mestrado apresentada como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Biotecnologia Industrial. Banca Examinadora: Dra. Maria das Graças de Almeida Felipe, FAENQUIL (Presidente) Dra. Rosa Helena Lucchese, UFRRJ Dr. Ismael Maciel de Mancilha, FAENQUIL Estudante: Débora Danielle Virgínio da Silva Lorena – SP - Brasil 2001 Ficha Catalográfica Elaborada pela Biblioteca do Departamento de Biotecnologia da FAENQUIL SILVA, Débora Danielle Virgínio da S586b Bioconversão de xilose em xilitol por Candida guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana: estudo do efeito do ácido acético / Débora Danielle Virgínio da Silva. – Lorena, 2001. 73p. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Departamento de Biotecnologia. Orientadora: Felipe, Maria das Graças de Almeida 1. Biotecnologia – 2. Candida guilliermondii – 3. Xilitol – 4. Ácido acético – 5. Bagaço de cana-de-açúcar I. Título II. Felipe, Maria das Graças de Almeida, orientadora. 576.6 CDU FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL POR Candida guilliermondii EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA: ESTUDO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado aprovada pela banca examinadora ___________________________________________ Drª. Maria das Graças de Almeida Felipe Orientadora e Presidente da Banca Examinadora Lorena, - SP- Brasil 2001 AGRADECIMENTOS À Profª. Dra. Maria das Graças de Almeida Felipe pela confiança, amizade e pela dedicação e paciência com as quais me orientou durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao Departamento de Biotecnologia e à Faculdade de Engenharia Química de Lorena. À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro. A todos os professores e funcionários do Departamento de Biotecnologia (DEBIQ), pela colaboração e agradável convivência. À Rita de Cássia L. B. Rodrigues pela amizade e pelo grande auxílio durante a realização dos experimentos. A todos os amigos do DEBIQ pelo companheirismo, pelo incentivo e pelo agradável convívio dentro e fora dos laboratórios. À minha família pelo carinho e grande incentivo. RESUMO Bioconversão de Xilose em Xilitol por Candida guilliermondii em Hidrolisado de Bagaço de Cana: Estudo do Efeito do Ácido Acético. Débora Danielle Virgínio da Silva. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial. Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Orientadora: Dra. Maria das Graças de Almeida Felipe (Departamento de Biotecnologia, FAENQUIL, C.P.116, 12600-970, Lorena, SP, Brasil). Banca Examinadora: Dra. Rosa Helena Luchese e Dr. Ismael Maciel de Mancilha. Maio de 2001. Um grande número de pesquisas sobre o aproveitamento do bagaço de cana-de-açúcar visa o desenvolvimento de um processo biotecnológico de obtenção de xilitol, adoçante não cariogênico, indicado para obesos e diabéticos. Para a eficiência desse bioprocesso o hidrolisado de bagaço deve conter baixos teores de compostos tóxicos, em particular de ácido acético, que inibe a atividade microbiana dependendo do grau de sua concentração no meio. No presente trabalho avaliou-se a influência do ácido acético na bioconversão de xilose em xilitol por Candida guilliermondii FTI 20037 em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-de-açúcar durante as várias fases de crescimento da levedura. Inicialmente foram realizados ensaios experimentais, em frascos agitados, para a melhoria do tratamento do hidrolisado visando a redução da concentração de compostos tóxicos. Em seguida foi avaliada a forma de suplementação nutricional do hidrolisado com farelo de arroz. De acordo com os resultados, o tratamento do hidrolisado após sua concentração a vácuo favoreceu a formação do xilitol sendo a produtividade máxima de xilitol de 0,51 g/L.h obtida após 54h. Concluiu-se que a suplementação do meio com farelo de arroz deve ser feita autoclavando-se a solução de farelo separadamente. Para o processo de fermentação foram utilizados frascos sob agitação, nos quais foi colocado hidrolisado tratado e suplementado com nutrientes. Nas diferentes fases do crescimento microbiano adicionou-se ácido acético, até que sua concentração no meio atingisse cerca de 5,0g/L. Decorridas 54h de fermentação, verificou-se que com a adição de ácido acético ao hidrolisado após as primeiras 12 horas (fase de maior atividade metabólica da levedura) o rendimento, a produtividade do xilitol e o consumo de ácido acético pela levedura diminuíram em 41,82%, 53,85%, 40,09%, respectivamente. No entanto, a adição de ácido após 48h, bem como no início do processo praticamente não interferiu na formação de xilitol. Por meio de experimentos em que o hidrolisado foi substituído por meio semi-sintético contendo os mesmos níveis de concentração de açúcares e de ácido acético confirmou-se a hipótese de que o efeito do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol depende da fase de crescimento da levedura. Observou-se que é possível a potencialização de sua toxicidade pela presença de outros compostos tóxicos no hidrolisado. Verificou-se também que o cultivo do inóculo em meio com elevada concentração de ácido acético favoreceu a bioconversão nas primeiras 12h de fermentação, em função do máximo valor de rendimento (0,70g/g) obtido. iv ABSTRACT Xylose-Xylitol Bioconversion by Candida guilliermondii in Sugarcane Bagasse Hydrolysate: Study of the Acetic Acid Effect Xylitol is an anticariogenic sweetener suitable for diabetics and obese people . A number of researches on xylitol bioconversion have been carried out employing sugarcane bagasse as substract. An important requirement for the efficiency of this bioprocess is a bagasse hydrolysate with low concentrations of toxic compounds, mainly acetic acid, which inhibits the microbial activity when highly concentrated. This study evaluates the influence of the acetic acid on the xylose-xylitol bioconversion by Candida guilliermondii FTI 20037 in sugarcane bagasse hemicellulosic hydrolysate during the various phases of the yeast growth. Firstly, experimental assays were carried out in flasks under agitation, aiming to find the best hydrolysate treatment to reduce the amount of toxic compounds. Secondly, nutritional supplementation of the hydrolysate with rice bran were evaluated. According to the results, the xylitol production was improved when the hydrolysate was treated after its vacuum concentration. The maximum xylitol productivity (0,51g/L.h) was obtained after 54h. It was concluded that the medium should be supplemented with rice bran by autoclaving the bran solution separately from the hydrolysate. For the fermentation process, flasks under agitation, containing treated hydrolysate supplemented with nutrients were employed. Acetic acid was added to the medium during the microbial growth, until reaching a concentration of around 5.0g/L. After 54h of fermentation, it was observed that the acetic acid addition to the hydrolysate after the first 12 hours (maximum metabolic activity of the yeast), decreased the xylitol yield and productivity and the acetic acid consumption by 41,82%, 53,85%, 40,09% respectively. However, the addition of acid in the very beginning of the process and after 48h practically did not interfere with the xylitol formation. Another experiment was performed replacing the hydrolysate by synthetic medium, but using the same levels of sugars and acetic acid concentration. The results of this experiment confirmed the hypothesis that the effect of acetic acid on the xylose-xylitol bioconversion depends on the yeast growth phases. They also suggested that the toxicity of the acetic acid can be intensified by the presence of other toxic compounds in the hydrolysate. Besides, the maximum yield (0.70g/g) attained after 12h of fermentation showed that the bioconversion was improved by cultivating the inoculum previously in medium with a high concentration of acetic acid. v CONTEÚDO RESUMO............................................................................................................IV ABSTRACT......... ...............................................................................................V LISTA DE TABELAS.... ...................................................................................IX LISTA DE FIGURAS..........................................................................................XI 1- INTRODUÇÃO....................................................................................................1 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................................4 2.1- XILITOL: PROPRIEDADES E APLICAÇÕES .........................................................4 2.2- OBTENÇÃO DE XILITOL..............................................................................5 2.2.1- Via Química de Obtenção.........................................................................6 2.2.2- Via Microbiológica de Obtenção ...............................................................7 2.2.3- Fatores que Influenciam a Bioconversão de Xilose em Xilitol.................10 2.3- FERMENTAÇÃO DE HIDROLISADOS HEMICELULÓSICOS PARA OBTENÇÃO DE XILITOL ......................................................................................12 2.3.1- Inibidores do Metabolismo Microbiano ...................................................12 2.3.2- Toxicidade do Ácido Acético...................................................................13 2.4- MATÉRIAS-PRIMAS PARA A OBTENÇÃO MICROBIOLÓGICA DE XILITOL ..........................................................................................................................16 2.4.1- Bagaço de Cana-de-Açúcar....................................................................18 3- MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................19 3.1- OBTENÇÃO E PREPARO DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ....................................................................19 3.1.1- Hidrólise Ácida........................................................................................19 3.1.2- Caracterização, Tratamento e Concentração do Hidrolisado .................19 3.2- MICRORGANISMO E PREPARO DO INÓCULO .......................................20 3.3- MEIO E CONDIÇÕES DE FERMENTAÇÃO...............................................21 3.3.1- Avaliação da Seqüência de Realização das Etapas de Tratamento e Concentração do Hidrolisado............................................................................21 3.3.2- Avaliação da Forma de Suplementação Nutricional do Hidrolisado com Farelo de Arroz .................................................................................................21 vi 3.3.3- Avaliação do Efeito do Ácido Acético Sobre Bioconversão de Xilose em Xilitol em Hidrolisado de Bagaço ......................................................................22 3.3.4- Avaliação do Efeito do Ácido Acético Sobre a Bioconversão de Xilose em Xilitol em Meio Simulando a Composição do Hidrolisado .................................22 3.3.5- Avaliação do Cultivo do Inóculo em Meio Contendo Concentrações Crescentes de Ácido Acético Como Forma de Minimizar a Toxicidade do Hidrolisado Durante a Fermentação .................................................................23 3.4- MÉTODOS ANALÍTICOS ...........................................................................24 3.4.1- Viabilidade e Pureza da Cultura .............................................................24 3.4.2- Determinação da Concentração Celular .................................................24 3.4.3- Determinação da Concentração de Açúcares e Ácido acético ...............24 3.4.4- Determinação da Concentração de Furfural e Hidroximetilfurfural .........25 3.4.5- Determinação da Concentração de Fenóis.............................................25 3.4.6- Determinação do pH ...............................................................................25 3.5- DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FERMENTATIVOS .....................26 3.5.1- Fator de Conversão de D-xilose em Xilitol (Y p/s)....................................26 3.5.2- Produtividade Volumétrica de Xilitol (Qp) ................................................26 3.5.3- Eficiência de Conversão (η)....................................................................26 3.6- ANÁLISE ESTATÍSTICA.............................................................................26 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................27 4.1- CARACTERIZAÇÃO DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO ..................27 4.2- AVALIAÇÃO DA SEQÜÊNCIA DE REALIZAÇÃO DAS ETAPAS DE TRATAMENTO E CONCENTRAÇÃO DO HIDROLISADO ..............................28 4.3- AVALIAÇÃO DA FORMA DE SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL DO HIDROLISADO COM FARELO DE ARROZ.......................................................34 4.4- AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO SOBRE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL EM HIDROLISADO DE BAGAÇO 39 4.5- AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO SOBRE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL EM MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO ..................................................................47 4.6- AVALIAÇÃO DO CULTIVO DO INÓCULO EM MEIO CONTENDO CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE ÁCIDO ACÉTICO COMO FORMA DE vii MINIMIZAR A TOXICIDADE DO HIDROLISADO DURANTE A FERMENTAÇÃO ..........................................................................................................................55 5- CONCLUSÕES.................................................................................................60 6- SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...............................................62 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................63 viii LISTA DE TABELAS TABELA I- COMPARAÇÃO DOS VALORES DE RENDIMENTO (YP/S) E PRODUTIVIDADE (QP) DO XILITOL DURANTE CULTIVO DE C. GUILLIERMONDII EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .............................................................................................14 TABELA II- COMPOSIÇÃO DE VÁRIOS MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS .........................17 TABELA III- CARACTERÍSTICAS DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .............................................................................................27 TABELA IV- CARACTERÍSTICAS DE HIDROLISADOS HEMICELULÓSICOS DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR OBTIDOS PELO MESMO PROCESSO DE HIDRÓLISE ÁCIDA EM DIFERENTES TRABALHOS ...................................................................................28 TABELA V- CARACTERÍSTICAS DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANADE-AÇÚCAR APÓS AS ETAPAS DE TRATAMENTO E CONCENTRAÇÃO ........................29 TABELA VI- REMOÇÃO ANTERIOR (H1) DE COMPOSTOS TÓXICOS OU POSTERIOR (H2) À (%) CONCENTRAÇÃO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR TABELA VII- CONCENTRAÇÃO (G/L) EM FUNÇÃO DO TRATAMENTO DO HIDROLISADO ............................................30 E CONSUMO DE ARABINOSE (%) DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDO AO TRATAMENTO ANTERIOR (H1) E POSTERIOR (H2) À CONCENTRAÇÃO A VÁCUO .......32 TABELA VIII- CONSUMO DE ÁCIDO ACÉTICO (%) POR C. GUILLIERMONDII E VARIAÇÃO DE PH DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDO AO TRATAMENTO ANTERIOR (H1) E POSTERIOR (H2) À CONCENTRAÇÃO A VÁCUO .............................................................................................................33 TABELA IX- PARÂMETROS POR C. FERMENTATIVOS NA BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL GUILLIERMONDII EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA SUBMETIDO AO TRATAMENTO ANTERIOR (H1) E POSTERIOR (H2) À CONCENTRAÇÃO A VÁCUO .......33 TABELA X- CARACTERÍSTICAS DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANADE-AÇÚCAR APÓS A ADIÇÃO DE FARELO DE ARROZ AUTOCLAVADO SEPARADO (H2) OU JUNTO (F2) DO HIDROLISADO .............................................................................35 TABELA XI- CONCENTRAÇÃO (G/L) FERMENTAÇÕES POR C. E CONSUMO (%) DE ARABINOSE DURANTE AS GUILLIERMONDII DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE- AÇÚCAR AUTOCLAVADO SEPARADO (H2) OU JUNTO (F2) DO FARELO DE ARROZ ix .....36 TABELA XII- CONSUMO FERMENTAÇÕES POR DE ÁCIDO ACÉTICO C. (%) E VARIAÇÃO DE PH DURANTE AS GUILLIERMONDII DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE- AÇÚCAR AUTOCLAVADO SEPARADO (H2) OU JUNTO (F2) DO FARELO DE ARROZ .....37 TABELA XIII- PARÂMETROS FERMENTATIVOS DURANTE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL POR C. GUILLIERMONDII EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR AUTOCLAVADO SEPARADO (H2) OU JUNTO (F2) DO FARELO DE ARROZ ..................37 TABELA XIV- CONSUMO (%) FERMENTAÇÃO DE C. DE ÁCIDO ACÉTICO E VARIAÇÃO DO PH DURANTE GUILLIERMONDII EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA-DE- AÇÚCAR COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0 G/L) EM DIFERENTES TEMPOS DE CULTIVO ...........................................................................................................46 TABELA XV- CONSUMO (%) FERMENTAÇÃO DE C. DE ÁCIDO ACÉTICO E VARIAÇÃO DE PH DURANTE GUILLIERMONDII EM MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0 G/L) EM DIFERENTES TEMPOS DE CULTIVO ...........................................................................................................53 TABELA XVI- PARÂMETROS FERMENTATIVOS DURANTE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL POR C. GUILLIERMONDII EM HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO C2, C3) (2,0G/L) APÓS 12H DE CULTIVO, EM FUNÇÃO DOS INÓCULOS (C1, OBTIDOS DE CÉLULAS CULTIVADAS EM CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE ÁCIDO ACÉTICO.................................................................................................58 TABELA XVII- CONSUMO DE ÁCIDO ACÉTICO (%) E VARIAÇÃO DE PH DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO INÓCULOS(C1, C2, C3) (2,0G/L) APÓS 12H C. GUILLIERMONDII COM DE CULTIVO EM FUNÇÃO DOS OBTIDOS DE CÉLULAS CULTIVADAS EM CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE ÁCIDO ACÉTICO ........................................................................59 x LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - PRODUÇÃO DE XILOSE E XILITOL ..............................................................6 FIGURA 2 - VIAS DE UTILIZAÇÃO DE XILOSE POR BACTÉRIAS E LEVEDURAS ....................7 FIGURA 3 - METABOLISMO DE XILOSE E GLICOSE EM LEVEDURAS FERMENTADORAS DE XILOSE ...............................................................................................................9 FIGURA 4 - MECANISMO DE ACIDIFICAÇÃO DO CITOPLASMA PELA FORMA NÃO DISSOCIADA DO ÁCIDO ACÉTICO .......................................................................155 FIGURA 5 - CONSUMO DE XILOSE (%) POR C. GUILLIERMONDII DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA SUBMETIDO AO TRATAMENTO ANTERIOR E POSTERIOR À CONCENTRAÇÃO A VÁCUO. .................31 FIGURA 6 - FORMAÇÃO DE XILITOL (G/L) POR C. GUILLIERMONDII DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA SUBMETIDO AO TRATAMENTO ANTERIOR E POSTERIOR À CONCENTRAÇÃO A VÁCUO. .................31 FIGURA 7 - CONSUMO DE XILOSE (%) POR C. GUILLIERMONDII DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA AUTOCLAVADO SEPARADO OU JUNTO DO FARELO DE ARROZ .............................................................................35 FIGURA 8 - FORMAÇÃO DE XILITOL (G/L) POR C. GUILLIERMONDII DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA AUTOCLAVADO SEPARADO OU JUNTO DO FARELO DE ARROZ .............................................................................36 FIGURA 9 - CONCENTRAÇÃO DE XILOSE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE DE FERMENTAÇÃO. C. DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO 2,0G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS ...........................................................................................39 FIGURA 10 - CONCENTRAÇÃO DE ARABINOSE (G/L) DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE DE FERMENTAÇÃO. (G/L) C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO 2,0 G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS ...........................................................................................41 FIGURA 11 - CRESCIMENTO CELULAR E FORMAÇÃO DE XILITOL NAS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO E COM A ADIÇÃO DE 2,0G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS DE INCUBAÇÃO. ................................................................................................43 xi FIGURA 12 - RENDIMENTO PRODUTIVIDADE E HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE DE FERMENTAÇÃO. C. DE XILITOL NAS FERMENTAÇÕES DE GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO 2,0 G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS ...........................................................................................44 FIGURA 13 - CONCENTRAÇÃO DE XILOSE (G/L) DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO POR C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE 2,0 G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS DE FERMENTAÇÃO..................................................................................47 FIGURA 14 - CONCENTRAÇÃO DE ARABINOSE (G/L) NAS FERMENTAÇÕES DE MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO POR C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE 2,0 G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12H (, 24H E 48H DE FERMENTAÇÃO......................................................................................48 FIGURA 15 - CRESCIMENTO CELULAR E FORMAÇÃO DE XILITOL NAS FERMENTAÇÕES DE MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO POR C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE 2,0G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS DE INCUBAÇÃO. .........................................................................50 FIGURA 16 - RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE DE XILITOL DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO POR C. GUILLIERMONDII SEM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO E COM ADIÇÃO DE 2,0G/L DESTE NOS TEMPOS INICIAL, 12, 24 E 48 HORAS DE FERMENTAÇÃO. ....................................................................51 FIGURA 17 - CONSUMO HIDROLISADO E HIDROLISADO POR DE ÁCIDO ACÉTICO E ARABINOSE NAS FERMENTAÇÕES DE DE C. MEIO SEMI-SINTÉTICO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO GUILLIERMONDII COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0G/L) DO EM DIFERENTES TEMPOS DE FERMENTAÇÃO. ............................................................52 FIGURA 18 - CONSUMO (%) DE XILOSE E ARABINOSE NAS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR C. GUILLIERMONDII COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0G/L) APÓS 12H DE FERMENTAÇÃO, EM FUNÇÃO DOS INÓCULOS OBTIDOS DE CÉLULAS CULTIVADAS EM MEIO SINTÉTICO HIDROLISADO COM 3,5G/L DE ÁCIDO (C1), DE C1 SEGUIDO DO CULTIVO EM (C2), E C2 SEGUIDO DO CULTIVO EM HIDROLISADO COM 5,0G/L DE ÁCIDO (C3)...........................................................55 FIGURA 19 - CRESCIMENTO CELULAR DURANTE AS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR APÓS 12H C. GUILLIERMONDII COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0G/L) DE FERMENTAÇÃO, EM FUNÇÃO DOS INÓCULOS OBTIDOS DE CÉLULAS CULTIVADAS EM MEIO SINTÉTICO, DE C1 SEGUIDO DO CULTIVO EM HIDROLISADO COM xii 3,5G/L DE ÁCIDO (C2) E C2 SEGUIDO DO CULTIVO EM HIDROLISADO COM 5,0G/L DE ÁCIDO (C3). .....................................................................................................56 FIGURA 20 - FORMAÇÃO DE XILITOL NAS FERMENTAÇÕES DE HIDROLISADO DE BAGAÇO DE CANA POR C. GUILLIERMONDII COM ADIÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO (2,0G/L) APÓS 12H DE FERMENTAÇÃO, EM FUNÇÃO DOS INÓCULOS OBTIDOS DE CÉLULAS CULTIVADAS EM MEIO SINTÉTICO (C1), DE C1 SEGUIDO DO CULTIVO EM HIDROLISADO COM 3,5G/L DE ÁCIDO (C2) E C2 SEGUIDO DO CULTIVO EM HIDROLISADO COM 5,0G/L DE ÁCIDO (C3). .......................................................................................................................57 xiii 1 1- INTRODUÇÃO As pesquisas relacionadas ao uso sustentável da biomassa vegetal aumentam a cada dia, possivelmente em conseqüência do aumento populacional que por sua vez acaba gerando muitos problemas ambientais, já que a necessidade de alimentos e espaço é também crescente. A liberação de grande quantidade de resíduos florestais e agro-industriais no meio ambiente é um dos principais problemas a ser resolvido, uma vez que mesmo sendo estes, poluentes biodegradáveis, vêm aumentando as dificuldades enfrentadas no processo de reciclagem destes materiais. Isto tem contribuído para intensificar, por parte dos cientistas, a busca do desenvolvimento de tecnologias capazes de gerar produtos de alto valor agregado a partir destes materiais, evitando a destruição dos ecossistemas. O desenvolvimento de uma tecnologia alternativa para a produção de xilitol vem ao encontro da preocupação com o uso sustentável dos recursos naturais. O xilitol, já disponível no mercado brasileiro como insumo em creme dental, pastilhas e gomas de mascar, possui propriedades peculiares como anticariogenicidade e adoçante substituto de açúcares para obesos e diabéticos. A sua produção comercial ocorre por via química, a partir da redução catalítica de uma solução de xilose pura obtida da hidrólise ácida da fração hemicelulósica da biomassa vegetal. Este processo é de custo elevado devido às várias etapas de purificação da solução de xilose, sem as quais o processo catalítico é paralisado irreversivelmente, e também da purificação do xilitol do meio de reação para a separação do catalisador. Uma alternativa a este processo é a obtenção biotecnológica de xilitol, já que microrganismos são capazes de converter a xilose em xilitol sem a prévia purificação da xilose do hidrolisado hemicelulósico da biomassa vegetal. A obtenção biotecnológica de xilitol poderá contribuir para o fortalecimento de vários segmentos industriais como o farmacêutico, odontológico e alimentício. No entanto, para que este bioprocesso possa vir a ser competitivo ao processo químico, são necessários alguns pré-requisitos, destacando-se a seleção de uma linhagem microbiana fermentadora de xilose, o estabelecimento de condições ideais de hidrólise da fração hemicelulósica da biomassa, o tratamento adequado 1 2 do hidrolisado de forma a propiciar a maior remoção de inibidores do metabolismo microbiano, uma suplementação nutricional mínima do hidrolisado de forma a não encarecer o meio de fermentação, bem como condições ideais de pH, temperatura, disponibilidade de oxigênio e finalmente o estabelecimento de técnicas eficazes para a máxima recuperação do xilitol do meio fermentado. Neste sentido, pesquisadores do DEBIQ/FAENQUIL têm se empenhado no desenvolvimento de trabalhos para atender estes pré-requisitos. Durante as pesquisas, a levedura Candida guilliermondii FTI 20037 destacou-se como promissora para esta bioconversão tendo os estudos voltados principalmente para o estabelecimento das condições de hidrólise de bagaço de cana-de-açúcar, palha de arroz, cavacos de eucalipto e palha de trigo, da concentração de xilose nos hidrolisados, do pH, da temperatura, da disponibilidade de oxigênio e da concentração do inóculo nas fermentações. Quanto às exigências nutricionais, estas são específicas em função das características dos diferentes hidrolisados empregados neste bioprocesso. No decorrer destes trabalhos, os pesquisadores do DEBIQ/FAENQUIL vêm constatando que a fermentabilidade dos hidrolisados é ainda baixa em relação à observada em fermentações em meios sintéticos, principalmente quanto à produtividade de xilitol. Tem sido observado que a toxicidade dos hidrolisados à levedura é o principal fator responsável pelos baixos valores de produtividade obtidos. Isto se deve à presença, nos hidrolisados, de compostos tóxicos resultantes do procedimento de hidrólise ácida da biomassa vegetal para liberação dos açúcares componentes da fração hemicelulósica, sendo a xilose encontrada em maior proporção. Dentre estes compostos citam-se o furfural, o hidroximetilfurfural, os fenóis e o ácido acético (presente em maior concentração). A toxicidade do ácido acético à levedura está relacionada principalmente à sua concentração e à forte acidez do meio. Para C. guilliermondii cultivada em meio semi-sintético este ácido apresentou-se como estimulador da bioconversão de xilose em xilitol quando presente em concentrações até 1,0g/L, enquanto que, acima de 3,0g/L o processo fermentativo foi inibido, observando-se o favorecimento da formação de células. Os resultados desses trabalhos também têm evidenciado que esta inibição não é dependente apenas da concentração do ácido mas da atuação sinergística entre este e outros compostos presentes em baixas concentrações no hidrolisado. Outro fator a ser considerado é a 2 3 capacidade de detoxificação do hidrolisado por C. guilliermondii, uma vez que o ácido é assimilado juntamente com a xilose. Nos diferentes trabalhos realizados há evidências de que o metabolismo do ácido por esta levedura está relacionado à diminuição da concentração de xilose do meio e à fase de crescimento da levedura. No intuito de contribuir com o desenvolvimento de uma tecnologia de obtenção de xilitol por via biotecnológica, este trabalho teve como objetivos principais avaliar o efeito do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol, bem como verificar a influência deste ácido quando presente no meio de cultivo do inóculo. Também foi avaliada a seqüência dos procedimentos de tratamento, concentração e suplementação do hidrolisado com farelo de arroz, visando a melhoria de sua fermentabilidade. 3 4 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1- XILITOL: Propriedades e Aplicações O xilitol é um poliol (C5H12O5) de massa molar 152,15g/mol com poder adoçante semelhante ao da sacarose e superior ao de polióis comuns, com valor calórico reduzido (MANZ et al., 1973; HYVÖNEN et al., 1982, MÄKINEN, 1992). Uma das propriedades mais destacadas do xilitol é a sua não cariogenicidade, uma vez que não é utilizado pelos microrganismos da flora bucal, principalmente pela bactéria Streptococcus mutans . A utilização deste adoçante não proporciona a formação de ácidos que atacam o esmalte dos dentes (anticariogênico), além de promover a remineralização do esmalte dos dentes, revertendo lesões recém formadas ( MÄKINEN, 1992, WÄLER et al., 1992). Estudos mais recentes indicam que o uso de doces e gomas de mascar contendo xilitol por crianças em idade escolar é efetivo na prevenção de cárie dentária e na manutenção da higiene-oral (ALANEN et al., 2000; MAKINEN et al., 2001). Uma outra característica importante apresentada por este adoçante é o fato de não ser metabolizado por vias insulino-dependentes, tornando-o um substituto de outros açúcares na dieta de diabéticos (PEPPER, OLINGER, 1988). O fato do xilitol causar leve aumento nos níveis de glicose e insulina na corrente sangüínea, quando comparados com as alterações causadas por glicose ou sacarose, tornao aplicável em estados pós-traumáticos e pós-operatórios uma vez que a excessiva secreção de hormônios do estresse (cortisol, catecolaminas, glucagon, etc.) causa resistência à insulina e impede a utilização eficiente da D-glicose (PARAJÓ et al., 1998a). Este adoçante também pode ser empregado no tratamento de outras desordens metabólicas como a deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase e na dieta de obesos, uma vez que exerce pequena contribuição para a formação de tecidos gordurosos quando comparado a outros açúcares (MANZ et al., 1973, van EYS et al., 1974). O xilitol também vem sendo utilizado na nutrição parenteral (TOUSTER, 1974, MÄKINEN, 1976) e no preparo de soluções parenterais contendo açúcar e aminoácidos, já que não reage com aminoácidos tal como ocorre com a glicose (FÖRSTER, 1974). Por não apresentar grupos aldeídicos ou cetônicos em sua molécula o xilitol não participa de reações do tipo Maillard, responsáveis por escurecimento e redução do valor nutricional de proteínas. Devido a esta 4 5 propriedade ele é aplicável também, na indústria alimentícia no processamento de produtos em que estas reações não são desejáveis (MANZ et al., 1973). O consumo de xilitol na forma de xarope ou goma de mascar por crianças, foi considerado efetivo na prevenção de otites, diminuindo a necessidade de antimicrobianos (UHARI et al., 1998; UHARI et al., 2000). Também existem pesquisas indicando o uso de xilitol na dieta como forma de prevenir a osteoporose (MATILLA et al., 1998a; MATILLA et al., 1998b). Alguns pesquisadores relataram que o xilitol também pode prevenir a infecção pulmonar em pacientes com fibrose cística, uma vez que pode dar forças ao sistema natural de defesa, potencialmente atrasando ou prevenindo o estabelecimento das infecções bacterianas, reduzindo a concentração salina do líquido que cobre as células do revestimento interno dos pulmões, aumentando a atividade antibiótica corpórea natural contra as bactérias (ZABNER et al., 2000). Todas estas características apresentadas pelo xilitol têm garantido seu uso com demanda crescente em indústrias alimentícia, farmacêutica e odontológica. No Brasil a sua utilização está voltada principalmente a produtos como creme dental, gomas de mascar e pastilhas. 2.2- OBTENÇÃO DE XILITOL O xilitol é encontrado naturalmente em frutas e legumes, leveduras, liquens, algas e pode ser recuperado destas fontes por extração sólido-líquido, mas sua baixa proporção nestes materiais (900mg/100g) torna este processo de obtenção economicamente inviável (HYVÖNEN et al., 1982; PEPPER, OLINGER, 1988). Em escala comercial este adoçante é obtido por via química, porém, pesquisas têm sido extensivamente conduzidas com o objetivo de desenvolver uma via alternativa de obtenção microbiológica de xilitol. O interesse nestas pesquisas ocorre uma vez que na via química é difícil alcançar alto rendimento (50-60% baseado na xilana convertida) pela quantidade considerável de subprodutos formada e pelo alto custo dos processos de recuperação e purificação do xilitol. (WINKELHAUSEN et al., 1998; PARAJÓ et al., 1998a) enquanto na produção microbiana de xilitol altos rendimentos são alcançados a partir de xilose (65-85%) (WINKELHAUSEN et al., 1998). 5 6 2.2.1- Via Química de Obtenção A partir da redução de D-xilose empregando amálgama de sódio, Fischer e Bertrand, em 1891 obtiveram pela primeira vez, xilitol sob a forma de xarope. Em 1942, Wolfrom e Kohn obtiveram xilitol na forma cristalizada após a redução catalítica sob alta pressão de uma solução de xilose altamente purificada. Porém, somente a partir de 1964 grandes quantidades puras de xilitol tornaram-se disponíveis, tendo sido empregadas no Japão e Alemanha principalmente em casos clínicos de diabéticos (MANZ et al., 1973). A Finnish Sugar Co. Ltd., Helsink, Finlândia, foi a precursora da produção comercial de xilitol por via química, com uma capacidade de produção acima de 3.000ton./ano (HYVÖNEN et al., 1982). De acordo com MELAJA, HÄMÄLÄINEN (1977), o processo comercial de síntese química de xilitol inicia-se com a obtenção de xilose, a partir da hidrólise ácida de materiais lignocelulósicos ricos em xilana. A xilose é separada do hidrolisado por cromatografia e a solução de xilose pura sofre redução catalítica a xilitol na presença de catalisador níquel. O xilitol passa então por processo de cristalização que requer várias etapas de purificação para remoção de resíduos tóxicos do catalisador e de subprodutos que venham a ser formados durante a hidrogenação (Fig. 1). Hidrólise da biomassa Solução de pentoses Troca iônica Purificação final e remoção de cor Hidrogenação Solução de xilitol Xarope de pentose Fracionamento e Cristalização Solução de polióis Fracionamento e Cristalização XILOSE Xarope de polióis XILITOL FIGURA 1 - Produção de xilose e xilitol (MEJALA, HÄMÄLAÄINEN, 1977) 6 7 2.2.2- Via Microbiológica de Obtenção A via microbiológica apresenta-se como uma alternativa à via química de obtenção de xilitol a partir da utilização de microrganismos capazes de metabolizar a xilose (Fig. 2). xilose isomerase XILOSE XILULOSE xiluloquinase XILULOSE-5P NAD(P)H+H NADH+H Via das fosfopentoses xilose redutase xilitol desidrogenase NAD+ + Via Embden-Meyerhof-Parnas ou Via Entner-Doudoroff NAD(P) Etanol XILITOL FIGURA 2 - Vias de utilização de xilose por bactérias e leveduras (ARISTIDOU, PENTTILÄ, 2000) O xilitol pode ser produzido por fermentação da xilose por diferentes bactérias e fungos, sendo as leveduras consideradas como as melhores produtoras (WINKELHAUSEN et al., 1998). Algumas das leveduras selecionadas para a produção de xilitol são: Candida mogii (SIRISANSANEEYAKUL et al., 1995); Candida tropicalis (SIRISANSANEEYAKUL et al., 1995); Candida guilliermondii (BARBOSA et al., 1988; FELIPE et al., 1993; FELIPE et al., 1997a; ROBERTO et al.; 1994, SILVA et al., 1996a), Debaryomyces hansenii (VANDESKA et al., 1995a), Candida parapsilosis (SIRISANSANEEYAKUL et al., 1995). Alguns trabalhos vêm sendo realizados com bactérias como a Enterobacter liquefaciens (YOSHITAKE et al., 1976) e também com fungos filamentosos como Petromyces albertensis (DAHIYA, 1991). 7 8 O metabolismo da xilose inicia-se com o seu transporte através da membrana celular por diferentes mecanismos (WINKELHAUSEN et al., 1998). Segundo KILIAN e van UDEN (1988), em Pichia stipitis o transporte de D-xilose (simporte de prótons) ocorre através de um sistema de alta afinidade e outro de baixa afinidade. O transporte de baixa afinidade é compartilhado por D-xilose e Dglicose, ao passo que o transporte de alta afinidade por D-xilose é inibido por Dglicose. Ao contrário da levedura P. stipitis, o transporte de D-xilose em Candida shehatae ocorre tanto por simporte de prótons como também por difusão facilitada. Uma vez no interior da células, a xilose é reduzida em xilitol, em uma reação catalisada pela enzima xilose redutase (E.C. 1.1.1.21) ligada a nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfatada ou não, em sua forma reduzida (NADPH/NADH). O xilitol é oxidado à xilulose pela enzima xilitol desidrogenase (E.C.1.1.1.9) ligada à nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfatada ou não em sua forma oxidada (NADP+/NAD+). A xilulose é fosforilada à xilulose-5-fosfato que pode ser convertida em piruvato através da conexão da via das fosfopentoses com a via Embden-Meyerhof-Parnas (HAHN-HÄGERDAL et al., 1994) (Fig. 3). Dependendo da levedura, as enzimas xilose redutase (XR) e xilitol desidrogenase (XDH) podem ter especificidade diferente em relação aos cofatores oxidados e reduzidos. A enzima XR sintetizada por Candida utilis requer como cofator NADPH, enquanto a XDH é dependente de NAD+. Porém, em P. stipitis e Pachysolen tannophilus estas enzimas são específicas para ambos cofatores reduzidos (NADPH/NADH) e oxidados (NAD+/NADP+) (BRUINENBERG et al., 1984). Em C. guilliermondii FTI 20037 a enzima XR é NADPH-dependente e a enzima XDH é NAD+ ou NADP+-dependente (SILVA et al. 1996b). O acúmulo de xilitol na célula e sua posterior excreção para o meio estão relacionados à regeneração de NADPH (BRUIENBERG et al., 1984; BARBOSA et al., 1988). TAYLOR et al. (1990) observaram que a produção de xilitol é favorecida pela excessiva produção de NADPH gerado durante o catabolismo de xilose. Segundo GONG et al. (1983), a redução de xilose em xilitol e a ativação da via das fosfopentoses em leveduras é controlada pela disponibilidade de NADP+ e NADPH. A geração de NADP+ durante a redução de xilose pode estimular a atividade da enzima glicose-6 fosfato-desidrogenase a qual estimula a ativação da via das fosfopentoses. 8 9 XILOSE GLICOSE Consumo de Açúcares GLICOSE XILOSE ATP NAD(P)H+H Xilose Redutase NADP+ NAD(P) + ADP NADPH+H Glicose 6P XILITOL 6 Fosfogluconato NAD+ Xilitol Desidrogenase CO2 NADP+ NADH+H Frutose 6P NADPH+H Xilulose Ribulose 5P Frutose 1,6-difosfato Ribose 5P Xilulose 5P Gliceraldeído 3P Sedoheptulose 7P DihidroxiAcetona P NADH+H NAD+ NAD+ Eritrose 4P Frutose 6P Frutose 6P NADH+H Glicerol 3P Glicerol Gliceraldeído 3P Piruvato CO2 NAD+ CO2 NADH+H Ciclo de Krebs Acetil CoA Acetaldeído NADH+H NAD+ Cadeia Respiratória Etanol Acetato NADH+H NAD+ NAD+ NADH+H FIGURA 3 - Metabolismo de xilose e glicose em leveduras fermentadoras de xilose proposto proposto por HAHN-HÄNGERDAL et al.( 1994) 9 10 2.2.3- Fatores que Influenciam a Bioconversão de Xilose em Xilitol Muitos fatores estão envolvidos na regulação da via metabólica de obtenção de xilitol a partir de xilose. Entre eles destacam-se: idade e concentração inicial do inóculo (PFEIFER et al., 1996; FELIPE et al., 1997a), temperatura (BARBOSA et al., 1988; SENE et al., 2000), concentração inicial de D-xilose (PRIOR et al., 1989; NOLLEAU et al., 1993; PARAJÓ et al., 1998b), suprimento de O2 (NOLLEAU et al., 1993; HAHN-HANGERDAL et al., 1994), presença de D-glicose como co-substrato (FELIPE et al., 1993; LEE et al.,1996) e pH (SILVA, 1994; FELIPE et al., 1997b). Segundo PFEIFER et al. (1996) a utilização de inóculo de C. guilliermondii obtido de células jovens (16-24h) favoreceu a produtividade do xilitol em meio sintético, semelhante ao obtido por FELIPE et al. (1997a) em trabalhos conduzidos com hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana. Quanto à concentração do inóculo, a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii foi favorecida com utilização de inóculo na faixa de 0,1 a 3,0g/L, sendo o nível do inóculo dependente da concentração do substrato e aeração do meio (FELIPE et al., 1997a). BARBOSA et al. (1988) relataram que a produção de xilitol por C. guilliermondii cultivada em meio sintético foi favorecida na faixa entre 30oC a 35oC. Segundo SENE et al. (2000) o rendimento em xilitol foi maior com o aumento da temperatura de 25oC para 35oC quando esta levedura foi cultivada em hidrolisado de bagaço de cana. A concentração inicial de xilose no meio de fermentação também tem grande influência na produção de xilitol por leveduras. Altas concentrações de xilose no meio promovem seu consumo pelas leveduras e consequentemente aumentam a produção de xilitol (SILVA et al., 1994). Segundo SILVA et al. (1996b), em concentração inicial de xilose acima de 170g/L a levedura C. guilliermondii 20037 estaria submetida à limitação de oxigênio dissolvido ou a um aumento da pressão osmótica exercida pelo meio de cultura, o que prejudicaria, a sua performance fermentativa. Segundo VANDESKA et al. (1995a) a taxa de consumo de oxigênio determina quando a xilose é utilizada em processos respiratórios ou fermentativos. Sob condições aeróbias a xilose não pode ser assimilada, não pela falta das enzimas específicas para o metabolismo da xilose, mas pelo fato de que 10 11 o NADH produzido não pode ser regenerado através da fosforilação oxidativa (NOLLEAU et al., 1995). Sob condições de suprimento limitado de oxigênio ocorre desequilíbrio entre as concentrações de NAD+ e NADH favorecendo a produção de xilitol (VANDESKA et al., 1995b). Um outro fator crítico que afeta a produção de xilitol é a presença de hexoses, principalmente a glicose. Seu efeito inibitório está relacionado com a proporção em que esta se encontra em relação à xilose, ocorrendo maior inibição da formação de xilitol por C. guilliermondii com o aumento desta relação (FELIPE et al. 1993). Segundo LEE et al. (1996) a utilização de xilose por C. guilliermondii está sujeita à regulação por indução e repressão catabólica. Estes autores encontraram que D-xilose e L-arabinose são os melhores indutores das atividades de XR e XDH, enquanto que D-glicose reprime esta indução. Em Candida tenuis também foi constatado que a síntese de XR e XDH é induzida por pentoses como D- xilose e L-arabinose e é reprimida na presença de D-glicose (KERN et al., 1997). Há também evidências de que quando a fermentação ocorre em meio contendo uma mistura de xilose e glicose como fonte adicional de carbono, o consumo de xilose e a produtividade de xilitol por C. guilliermondii são baixos devido à formação de subprodutos tais como glicerol (YAHASHI et al., 1996) e ribitol (PARAJÓ et al., 1998b). SILVA et al. (1996b) também encontraram que a adição de glicose ao meio à base de xilose reduziu a produção de xilitol por esta levedura. Segundo ROSA et al. (1998), a fermentação de mistura de xilose junto à glicose resultou em diminuição das atividades destas enzimas com conseqüente redução do rendimento e da produtividade de xilitol sendo este efeito inibitório dependente da concentração de glicose no meio. Um outro parâmetro que interfere na via metabólica de obtenção microbiológica de xilitol é o pH, sendo que o ótimo pode variar em função do tipo do meio e do microrganismo empregado no processo. O pH é um dos principais parâmetros a ser considerado principalmente quando da utilização de meios formulados à base de hidrolisados lignocelulósicos devido à presença, de ácido acético, cuja toxicidade está relacionada à forte acidez do meio (FELIPE et al., 1997a). Em fermentações de meio sintético, SILVA (1994) constatou que a formação de xilitol por C. guilliermondii em pH inferior a 4,5. Por outro lado, segundo FELIPE et al. (1997b) quando esta levedura foi cultivada em hidrolisado de bagaço, a bioconversão de xilose em xilitol foi fortemente inibida nestas 11 12 condições de pH encontrando-se o favorecimento da formação de xilitol em condições de pH próximo a 6,5. Resultados semelhantes foram obtidos por SENE et al. (2000), também durante o cultivo de C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço. 2.3- FERMENTAÇÃO DE HIDROLISADOS HEMICELULÓSICOS PARA OBTENÇÃO DE XILITOL 2.3.1- Inibidores do Metabolismo Microbiano Resultados de diversas pesquisas têm evidenciado que leveduras que fermentam eficientemente a xilose em meio sintético geralmente o fazem pobremente em hidrolisados hemicelulósicos. Um problema associado com a fermentação de hidrolisados é a presença de inibidores que afetam adversamente o crescimento microbiano e a fermentação. Entre estes incluem-se o furfural, o hidroximetilfurfural e o ácido acético, gerados à partir do processo de hidrólise ácida da biomassa (LEE, McCASKEY, 1983; JEFFRIES et al., 1985), compostos fenólicos originados da lignina e íons metálicos oriundos da corrosão de equipamentos (CHUNG, LEE, 1985). RODRIGUES et al. (2001) caracterizaram o hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-de-açúcar e constataram que o ácido acético está presente em maior concentração (3,38g/L), estando presentes também, em concentrações inferiores a 0,1g/L, furfural, hidroximetilfurfural, ácido p-hidroxibenzóico, ácido vanilínico, ácido siríngico, e também enxofre, alumínio, níquel, cromo, ferro, cálcio, potássio, manganês, magnésio, zinco, dentre outros. Durante o processo de concentração do hidrolisado, necessário para aumentar o teor de xilose do hidrolisado, os compostos voláteis presentes no meio, tais como ácido acético e furfural, são parcialmente removidos, enquanto a concentração de compostos não voláteis é proporcionalmente aumentada (RODRIGUES, 1999). Com exceção do ácido acético, estes compostos não têm sido considerados como responsáveis pela baixa fermentabilidade dos hidrolisados devido à sua baixa concentração nestes meios, por outro lado, o ácido acético presente em altas concentrações nos hidrolisados tem sido apontado como o principal inibidor da bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii (FELIPE et al., 1997b). Apesar da sua toxicidade, muitas leveduras e bactérias o utilizam como fonte de carbono (MEYER et al., 1992a; MEYER et al., 1992b; FERRARI et al., 1992), tendo sido verificado o seu consumo também 12 13 por C. guilliermondii em meio sintético (FELIPE et al., 1995) e em hidrolisado de bagaço de cana (FELIPE et al., 1997b, SENE et al., 2000). Tem sido constatado ainda a formação de ácido acético juntamente à formação de xilitol e etanol conforme resultados de pesquisas obtidos com Saccharomyces cerevisiae expressando uma xilose isomerase ativa em meio sintético (WALFRIDSSON et al., 1996). 2.3.2- Toxicidade do Ácido Acético O efeito inibitório do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol está relacionado a vários fatores como: acidez do meio (NODA et al., 1982; FELIPE et al., 1997a; RODRIGUES, 1999), à temperatura (PINTO et al., 1989), à disponibilidade de oxigênio (van ZYL et al., 1991), à relação xilose/ácido acético (du PREEZ et al., 1991) e principalmente à concentração deste ácido no meio (FELIPE et al., 1995). A TABELA I apresenta diferenças nos valores de rendimento e produtividade de xilitol por C. guilliermondii em função, principalmente, de diferentes relações de xilose/ácido acético. MAIORELLA et al. (1983) relataram que o ácido acético inibe o metabolismo da levedura por interferência química com o transporte de fosfato na membrana, que ocorre por transporte ativo dependente de ATP. Segundo estes autores, a interferência deste ácido está relacionada ao aumento no requerimento de ATP para manter esta função, bem como aos efeitos de interferência química quando na presença de baixas concentrações do ácido, o que acarreta em alteração da morfologia celular. HERRERO et al. (1985) observaram durante fermentação com Clostridium thermocellum que a presença de ácido acético reduziu o crescimento bacteriano. Estes autores atribuíram este fato à grandes quantidades de ATP consumidas via ATPase, a fim de manter o gradiente de prótons, e em conseqüência, menor quantidade de energia disponível para a biossíntese. Segundo PAMPULHA et al. (1990), a toxicidade do ácido acético pode também estar associada à sua entrada na célula, onde se dissocia devido ao pH do citossol ser relativamente alto, provocando um decréscimo do pH intracelular; este processo pode também modificar o controle da glicólise por mecanismos de acidificação interna e presença química deste 13 ácido (Fig. 4). TABELA I - Comparação dos valores de rendimento (YP/S) e produtividade (QP) do xilitol durante fermentações de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar por C. guilliermondii xilose (g/L) xilose/ácido 60,0 ácido Acético (g/L) 1,0 YP/S (g/g) QP (g/L.h) sistema fermentativo Referência 60,0 0,82 0,57 descontínuo FELIPE et al., 1995* 60,0 6,0 10,0 0,66 0,38 descontínuo FELIPE et al., 1995* 45,0 5,8 7,76 0,63 0,64 descontínuo ALVES, 1997 60,0 5,21 11,52 0,62 0,58 descontínuo SENE, 1996** 60,0 0,0 - 0,57 0,71 descontínuo ROSA et al., 1998* 40,0 4,3 9,30 0,75 0,57 descontínuo FELIPE et al., 1997a 54,5 4,7 11,60 0,74 0,75 descontínuo FELIPE et al., 1997b 45,0 7,5 6,0 0,92 0,46 descontínuo alimentado RODRIGUES, 1997 46,2 3,82 12,09 0,56 0,43 descontínuo RODRIGUES, 1999 51,7 5,0 10,34 0,75 0,66 descontínuo SENE et al., 2000 53,6 4,93 10,87 0,79 0,56 descontínuo MORITA et al., 2000a 51,0 4,4 11,59 0,58 0,70 contínuo *meio sintético MARTINEZ et al., 2000 **inóculo adaptado 14 15 FORA (meio de cultivo) DENTRO (citoplasma celular) MEMBRANA CELULAR H+ + Ac- HAc HAc H+ + Ac- H+ pH = 7,4 FIGURA 4 - Mecanismo de acidificação do citoplasma pela forma não dissociada do ácido acético (LAWFORD, ROUSSEAU 1993) NOLLEAU et al. (1993), atribuíram a toxicidade do ácido à sua interferência com o transporte de xilose através da membrana e também por inibir a atividade ou biossíntese de xilose redutase, fundamental no metabolismo de xilose em xilitol em leveduras. CASAL et al. (1998) observaram que o tipo de substrato utilizado para o crescimento microbiano interfere no poder inibitório do ácido. Em células de S. cerevisiae IGC 4072 crescendo em glicose, a entrada do ácido ocorreu por sua difusão simples somente quando na sua forma não dissociada, porém quando esta levedura foi cultivada em ácido acético, ácido láctico e etanol, ocorreu a entrada de ácido sob sua forma dissociada (acetato), com a participação de um sistema de transporte simporte com prótons. Conforme já constatado em vários trabalhos com a levedura C. guilliermondii (FELIPE et al., 1995; FELIPE et al., 1997b; ALVES et al., 1998; RODRIGUES, 1999), a concentração do ácido acético é considerada alta nos hidrolisados mesmo após os diferentes tratamentos destes, tendo sido observado o desvio da formação de xilitol para crescimento celular. Porém, a produção de xilitol por C. guilliermondii em meio semi-sintético foi favorecida quando este ácido se encontrava em baixa concentração (1,0g/L) enquanto em concentrações superiores a 3,0g/L esta produção foi inibida (FELIPE et al., 1995). Segundo estes autores o ácido presente em baixa concentração entraria diretamente no ciclo de Krebs via acetil-CoA, enquanto que em concentrações elevadas, parte seria dirigida ao ciclo de Krebs e o restante utilizado por uma via metabólica que requer 16 energia, como o ciclo do Ácido Glioxílico. Isto resultaria em perda da energia para a manutenção do metabolismo da célula acarretando redução do crescimento. Em função da toxicidade dos hidrolisados, diferentes tratamentos têm sido empregados antes de sua utilização como meio de cultura, destacando-se o tratamento com bases e ácidos (ROBERTO et al., 1991; SILVA et al., 1991; FELIPE et al., 1997b), e a combinação deste com carvão ativo (ALVES et al., 1998; RODRIGUES, 1999). Normalmente estes tratamentos são feitos posterior à concentração a vácuo do hidrolisado, que tem sido empregada para aumentar o teor inicial de xilose. Segundo ALVES et al. (1998), o tratamento do hidrolisado de bagaço pela alteração de pH com ácido (H3PO4) e base (CaO) combinada à adição de carvão ativo (2,4%) como agente de adsorção, favoreceu a remoção do ácido com conseqüente melhoria na bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii. Um outro meio de se contornar o problema da toxicidade dos hidrolisados é a utilização de células adaptadas. Segundo SENE et al. (1998), a adaptação de C. guilliermondii apresentou-se como uma técnica viável para de se promover melhoria da fermentabilidade do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de canade-açúcar. Estes autores constataram aumento de 46% e 50% no rendimento e produtividade de xilitol, respectivamente, por C. guilliermondii durante a fermentação do hidrolisado quando da utilização de inóculo adaptado, ou seja, células previamente cultivadas no próprio hidrolisado empregado como meio de fermentação. 2.4- MATÉRIAS-PRIMAS PARA A OBTENÇÃO MICROBIOLÓGICA DE XILITOL O acúmulo de resíduos agro-industriais, aliado à escassez de reservas de combustíveis fósseis e ao aumento dos problemas de poluição ambiental têm levado muitos países ao uso de fontes renováveis, como os materiais lignocelulósicos, os quais constituem cerca de 50% da biomassa formada no mundo (KUHAD, SINGH, 1993). Diferentes materiais lignocelulósicos podem ser utilizados para a produção de combustíveis e outros produtos químicos e a sua composição pode variar dependendo da fonte da biomassa (TABELA II). TABELA II - Composição de vários materiais lignocelulósicos (adaptado de LEE,J.,1997) SABUGO DE PALHA DE PALHA DE CASCA DE BAGAÇO DE CAROÇO DE MILHO TRIGO ARROZ ARROZ CANA ALGODÃO Carboidrato (%) Glicose 39,0 36,6 41,0 36,1 38,1 20,0 Manose 0,3 0,8 1,8 3,0 ND 2,1 Galactose 0,8 2,4 0,4 0,1 1,1 0,1 Xilose 14,8 19,2 14,8 14,0 23,3 4,6 Arabinose 3,2 2,4 4,5 2,6 2,5 2,3 Lignina 15,1 14,5 9,9 19,4 18,4 17,6 Cinzas 4,3 9,6 12,4 20,1 2,8 14,8 Proteína 4,0 3,0 ND ND 3,0 3,0 Não-carboidrato (%) ND- não disponível 17 18 2.4.1- Bagaço de Cana-de-Açúcar No Brasil, o maior resíduo agro-industrial é o bagaço de cana-de-açúcar (ORLANDO FILHO et al., 1994) o que corresponde a aproximadamente 80 milhões de toneladas de bagaço (PROCKNOR, 2000) gerados a partir de cerca de 335 milhões de toneladas de cana por ano (MENDES, SCOTONI, 2000). O setor sucroalcooleiro produz cerca de 80% da eletricidade que consome através do uso do bagaço de cana (PATUSCO, 1997), sendo este resíduo aproveitado também para outros fins como na produção de polpa, papel e produtos aglomerados (MITRANI et al., 1999). Segundo PROCKNOR (2000) há ainda um grande excedente que acarreta graves problemas de estocagem e poluição ambiental, principalmente porque quaisquer sistemas de estocagem costumam ser proibitivamente caros. As fibras do bagaço da cana contêm, como principais componentes, cerca de 40% de celulose, 35% de hemicelulose e 15% de lignina. A celulose é um polímero linear constituído por unidades de D-glucose unidas por ligações glicosídicas β-1→4. A hemicelulose é um heteropolímero composto predominantemente por hexoses e pentoses com curtas ramificações tais como D-xilose, D-glucose, L-arabinose e D-galactose. Enquanto a lignina é uma macromolécula polifenólica constituída por unidades básicas de 3-5-dimetoxi-4hidroxi-fenilpropano, 3 metoxi-4-hidroxi-fenilpropano e 4-hidroxi-fenilpropano (TSAO, 1986). A elevada concentração de xilose na fração hemicelulósica do bagaço, o que corresponde em até 80% do total de açúcar nesta fração (LADISCH et al., 1983) é um dos principais fatores que impulsionam o aproveitamento do bagaço em diferentes processos de bioconversão. Para a utilização do bagaço em bioprocessos é necessário a sua hidrólise para a liberação de monossacarídeos fermentescíveis da fração hemicelulósica. Segundo JEFFRIES (1983) a hidrólise da fração hemicelulósica é facilitada devido à sua estrutura heterogênea e ao relativo baixo grau de polimerização. A hidrólise ácida é o processo pelo qual tem-se obtido o hidrolisado hemicelulósico de bagaço utilizando-se a temperatura de 121oC, por 10 minutos, empregando-se 100mg de H2SO4 por grama de matéria seca para uma relação sólido-líquido de 1:10 (PESSOA JUNIOR et al., 1997). 19 3- MATERIAL E MÉTODOS 3.1- OBTENÇÃO E PREPARO DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR 3.1.1- Hidrólise Ácida Anterior à etapa de hidrólise foi feita a caracterização do bagaço de cana quanto ao seu teor de umidade através de secagem em estufa a 100ºC, até peso constante. Em seguida este foi hidrolisado na planta piloto de hidrólise ácida do Departamento de Engenharia Química (DEQUI) da FAENQUIL, em reator de aço inox AISI 316 com capacidade volumétrica total de 250 litros, equipado com camisa de óleo térmico para aquecimento indireto por resistência elétrica. A hidrólise foi realizada conforme metodologia estabelecida por PESSOA JUNIOR et al. (1997), sob as seguintes condições: temperatura de 121oC, por 10 minutos, empregando 100mg de H2SO4 por grama de matéria seca para uma relação sólido-líquido de 1:10. O hidrolisado obtido foi primeiramente filtrado a vácuo em filtro de porcelana com papel qualitativo, para remoção de massa residual de sólidos (celulose, lignina), e armazenado em câmara fria para posterior tratamento, concentração e caracterização. 3.1.2- Caracterização, Tratamento e Concentração do Hidrolisado Após a hidrólise do bagaço o hidrolisado foi caracterizado quanto ao pH, à concentração dos açúcares xilose, glicose e arabinose e à concentração dos compostos tóxicos furfural, hidroximetilfurfural, ácido acético e fenóis. Em seguida foram preparados dois tipos de hidrolisado: H1 – hidrolisado tratado anterior à concentração a vácuo e H2 – hidrolisado tratado posterior à concentração a vácuo. O tratamento foi feito segundo metodologia estabelecida por ALVES et al. (1998), adicionando-se , ao hidrolisado, óxido de cálcio (CaO) até pH 7,0, seguido da redução do pH para 5,5 com ácido fosfórico (H3PO4). Após esta etapa, 2,4% de carvão ativo foi adicionado ao hidrolisado sendo a mistura submetida a agitação em agitador tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) à 200rpm, à 30oC durante 1 hora. A cada etapa de alteração de pH e adição de 20 carvão o hidrolisado foi filtrado em papel de filtro qualitativo para remoção do precipitado formado. O fator de concentração do hidrolisado foi f=3, ou seja, correspondente a 3 vezes o seu teor inicial de açúcares com a finalidade de aumentar a concentração de xilose e reduzir o teor de compostos tóxicos voláteis. Esta etapa foi realizada em concentrador a vácuo com aquecimento por fluido térmico em banho termostático, dotado de um sistema de condensação e coleta de frações. A temperatura de concentração foi de 70oC e o pH 0,92 conforme estabelecido por RODRIGUES (1999). Antes da concentração o pH do hidrolisado foi reajustado para 0,92 com H2SO4, quando necessário. Os hidrolisados concentrados posterior (H1) ou anterior (H2) ao tratamento também foram autoclavados a 0,5atm por 15 minutos e novamente caracterizados quanto ao pH, à concentração dos açúcares xilose, glicose e arabinose e à concentração dos compostos tóxicos furfural, hidroximetilfurfural, ácido acético e fenóis. 3.2- MICRORGANISMO E PREPARO DO INÓCULO Os experimentos foram conduzidos com a levedura Candida guilliermondii FTI 20037, selecionada por BARBOSA et al. (1988), para a bioconversão de xilose em xilitol. Foi utilizada uma cultura-estoque do DEBIQ, mantida em ágar extrato de malte à 4oC. O cultivo da levedura foi realizado em frascos Erlenmeyer de 125mL contendo 50mL de meio semi-sintético composto de 30g/L de xilose, 2g/L de sulfato de amônio, 0,1g/L de cloreto de cálcio e 20g/L de solução de extrato de farelo de arroz. O cultivo foi feito em incubadora tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) com agitação de 200rpm, a 30oC por 24 horas. Em seguida as células foram recuperadas por centrifugação a 2000 x g (Cu-5000 – Damon/IEC Division) e lavadas com água destilada esterilizada, centrifugadas novamente e após o descarte do sobrenadante, foram utilizadas para preparar uma suspensão de células a qual foi empregada como inóculo em uma concentração inicial de 0,5g/L no meio. 21 3.3- MEIO E CONDIÇÕES DE FERMENTAÇÃO 3.3.1- Avaliação da Seqüência de Realização das Etapas de Tratamento e Concentração do Hidrolisado Os experimentos foram conduzidos empregando-se hidrolisados preparados de duas formas: H1- tratamento anterior e H2- tratamento posterior à concentração a vácuo conforme estabelecido no item 3.1.2. Estes hidrolisados foram autoclavados a 111oC por 15min. e suplementados com os mesmos nutrientes empregados no preparo do inóculo, exceto xilose (item 3.2). As soluções estoque de (NH4)2SO4 e CaCl2.2H2O foram preparadas separadamente nas concentrações de 250 e 50g/L, respectivamente, e esterilizadas a 121oC por 20 minutos. A solução de extrato de farelo de arroz foi preparada separadamente numa concentração de 200g/L (200g de farelo acrescentado de 1,0L de H2O destilada) e autoclavada a 111°C por 15min, seguida de centrifugação a 2000xg (Cu-5000 – Damon/IEC Division) para remoção da parte sólida conforme metodologia empregada por FELIPE et al. (1997a), SILVA et al. (1998), ALVES et al. (1998), RODRIGUES, (1999). 3.3.2- Avaliação da Forma de Suplementação Nutricional do Hidrolisado com Farelo de Arroz Nesta etapa empregou-se o hidrolisado tratado após o processo de concentração (H2), suplementado com nutrientes, conforme descrito no item anterior, exceto quanto a suplementação com a solução de extrato de farelo de arroz o qual foi adicionada ao meio como fonte de vitaminas e aminoácidos (MILLER, CHURCHILL, 1986). Esta suplementação foi feita de duas formas: a) solução de extrato de farelo de arroz autoclavada separadamente do hidrolisado, conforme estabelecido no item 3.3.1, o que foi designado como hidrolisado H2 e b) farelo de arroz autoclavado junto do hidrolisado, numa concentração de 20g/L, o que foi designado como hidrolisado F2. Neste caso, o hidrolisado, após ser autoclavado foi centrifugado, assepticamente, a 2000 x g (Cu-5000 – Damon/IEC Division) para remoção de partículas sólidas. Os ensaios foram conduzidos em frascos Erlenmeyer de 125mL com 50mL do meio de fermentação, em duplicata, a 30oC sob agitação de 200rpm em incubadora tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) por 54 horas. 22 3.3.3- Avaliação do Efeito do Ácido Acético Sobre Bioconversão de Xilose em Xilitol em Hidrolisado de Bagaço Para avaliar o efeito do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii os experimentos foram conduzidos empregando-se hidrolisado tratado após o processo de concentração a vácuo e suplementado com solução de extrato de farelo de arroz preparada separadamente do hidrolisado (H2), conforme descrito no item 3.3.1. Ácido acético em uma concentração de 2,0g/L foi adicionado ao hidrolisado já contendo 3,5g/L deste ácido, nos tempos 0, 12, 24 e 48 horas de fermentação, de forma a se avaliar o seu efeito em diferentes fases do crescimento da levedura. Para cada tempo de adição de ácido foi preparada uma série de frascos correspondentes ao tempos de amostragem, em duplicata. Experimento controle, ou seja, fermentação sem adição de ácido ao hidrolisado foi também realizado. O pH inicial de fermentação foi 5,5 para todas as condições, e quando necessário o pH foi acertado com solução de NaOH-6N. As fermentações foram realizadas em frascos Erlenmeyer de 125mL com 50mL do meio de fermentação, a 30°C, sob agitação de 200rpm em incubadora tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) por 54 horas. 3.3.4- Avaliação do Efeito do Ácido Acético Sobre a Bioconversão de Xilose em Xilitol em Meio Simulando a Composição do Hidrolisado Nesta etapa os experimentos foram realizados em meio semi-sintético simulando a composição do hidrolisado hemicelulósico quanto à concentração de açúcares e ácido acético. O meio utilizado foi composto de: xilose (41,18g/L), glicose (1,94g/L), arabinose (4,02g/L) e ácido acético (3,48g/L), cujas concentrações são semelhantes às encontradas no hidrolisado. Ácido acético em uma concentração de 2,0g/L foi adicionado ao meio nos tempos 0, 12, 24 e 48 horas de fermentação, de forma a se avaliar o seu efeito em diferentes fases do crescimento da levedura. Experimento controle, ou seja, fermentação sem adição de ácido ao hidrolisado foi também realizado. O pH inicial de fermentação foi 5,5 para todas as condições e quando necessário o pH foi acertado com solução de NaOH-1N. Os ensaios foram realizados em frascos Erlenmeyer de 125mL com 50mL do 23 meio de fermentação, sob agitação de 200rpm em incubadora tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) por 54 horas, a 30°C. 3.3.5- Avaliação do Cultivo do Inóculo em Meio Contendo Concentrações Crescentes de Ácido Acético Como Forma de Minimizar a Toxicidade do Hidrolisado Durante a Fermentação Nesta etapa foi avaliado o efeito da adição do ácido acético após 12h de cultivo de C. guilliermondii sobre a bioconversão de xilose em xilitol a partir de inóculo obtido do cultivo de células de três formas diferentes: C1- inóculo cultivado em meio semi-sintético ausente de ácido (item 3.2) durante 24h; C2células obtidas a partir de C1 foram transferidas para hidrolisado contendo cerca de 3,5g/L de ácido acético (empregado como meio de fermentação) e incubadas por 24h; C3- células obtidas a partir de C2 e transferidas para hidrolisado contendo cerca de 5,0g/L de ácido acético (resultante da adição de 2,0g/L de ácido) e incubadas por mais 24h. Como meio de fermentação foi utilizado hidrolisado preparado como descrito no item 3.3.3. Após 12h de cultivo foram adicionados 2,0g/L de ácido acético ao meio, perfazendo uma concentração em torno de 5,0g/L. O pH inicial de fermentação foi 5,5 (acertado com solução de NaOH-6N, quando necessário). Os ensaios foram realizados em frascos Erlenmeyer de 125mL com 50mL do meio de fermentação, a 30°C, sob agitação de 200rpm em incubadora tipo “Shaker” rotatório (New Brunswick, Scientific Co.) por 54 horas. 3.4- MÉTODOS ANALÍTICOS As análises foram feitas a partir de amostras correspondentes à retirada de 2 frascos em cada tempo, para verificação da viabilidade e pureza da cultura, dosagem de glicose, xilose, arabinose, xilitol, glicerol, ácido acético, da concentração celular e da variação do pH. 24 3.4.1- Viabilidade e Pureza da Cultura A viabilidade da cultura foi verificada a partir de visualizações microscópicas de lâminas preparadas a fresco onde as células foram coradas pela adição de igual volume de uma solução 0,01% (p/v) de azul de metileno dissolvido em citrato de sódio 2% (p/v) (ODUMERO et al., 1992), enquanto a pureza foi verificada a partir de lâminas fixadas e coradas com fucsina. As observações foram feitas em microscópio óptico Leitz. 3.4.2- Determinação da Concentração Celular A concentração celular para o preparo do inóculo foi feita por turbidimetria a 600nm, onde a concentração de células em g/L foi calculada por uma curva padrão que correlaciona a absorbância a 600nm e o peso seco das células obtidas do cultivo por 24 horas em meio sintético. O crescimento celular foi acompanhado a partir de contagem de células em Câmara de Neubauer (1/400 mm2 x 1/10 mm). 3.4.3- Determinação da Concentração de Açúcares e Ácido acético As concentrações dos açúcares D-glicose, D-xilose, L-arabinose, bem como de xilitol, glicerol e ácido acético foram determinadas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (WATERS 786), nas seguintes condições: coluna BIO RAD Aminex HPX-87H (300 x 7,8 mm); temperatura da coluna, 45oC; detetor de índice de refração WATERS 410; eluente H2SO4 0,01, fluxo de 0,6mL/min.; volume da amostra injetada, 20 μL. As amostras, após devidamente diluídas, foram filtradas em filtro Sep Pak C18 (MILLIPORE) e o eluente, filtrado a vácuo em membrana HAWP 0,45μm de poro, 47mm de diâmetro (MILLIPORE) e simultaneamente degaseificado em banho de ultra-som (THORTON) por 25 minutos. 3.4.4- Determinação da Concentração de Furfural e Hidroximetilfurfural As concentrações de furfural e hidroximetilfurfural nos hidrolisados foram determinadas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (WATERS), nas seguintes condições: coluna Hewlett-Packard RP 18 (200mm); temperatura da coluna 25ºC; detetor de ultravioleta UV-2487; eluente, solução de acetonitrila/água (1:8) com 1% de ácido acético; volume da amostra injetada 25 20μL. Os hidrolisados foram devidamente diluídos e filtrados em filtros Swennex em membrana Minisart 0,22 μm (MILLIPORE). Na composição do eluente, a água bidestilada foi filtrada a vácuo empregando-se membrana HAWP 0,45μm (MILLIPORE) e os outros componentes como ácido acético, acetonitrila foram ,nas proporções adequadas, adicionados à água devidamente filtrada. Em seguida, o eluente foi desgaseificado em banho de ultra-som (THORNTON) por 15 minutos e deixado, antes de ser utilizado, em repouso por 10min. 3.4.5- Determinação da Concentração de Fenóis A concentração dos fenóis foi determinada utilizando o método do FeCl3.6H2O e K3Fe[CN]6, descrito por KIM e YOO (1996) e GUERRA (1998). Preparou-se 1,5mL de amostra do hidrolisado diluída da adição de 0,1mL de K3Fe[CN]6 8mM, seguida da adição imediata de 0,1mL de uma solução 0,1M de FeCl3.6H2O em 0,1M de HCl. A absorbância da solução resultante foi lida após 5min a 700nm em um espectrofotômetro computadorizado BECKMAN DU 640 B e comparada com uma curva de calibração, usando vanilina como padrão. 3.4.6- Determinação do pH O pH das amostras foi determinado em pH-metro Micronal modelo B 474, o qual executa leituras de temperatura através de uma sonda apropriada (tipo Pt100) na faixa de –5,0 a +105oC. 26 3.5- DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FERMENTATIVOS 3.5.1- Fator de Conversão de D-xilose em Xilitol (Y p/s) O fator de conversão expressa: massa de xilitol produzido por massa de xilose consumida, em gramas, e é calculado pela seguinte equação: ΔP Pf − Pi = ΔS S f − S i onde: Si e Sf correspondem às concentrações inicial e final de xilose (g/L); YP S = − Pi e Pf correspondem às concentrações inicial e final de xilitol (g/L). 3.5.2- Produtividade Volumétrica de Xilitol (Qp) A produtividade volumétrica de xilitol expressa a concentração de xilitol produzida (g/L) por tempo (h), e é calculada de acordo com a seguinte equação: Δ P Pf − Pi = T f − Ti Δt onde: Pi e Pf correspondem às concentrações inicial e final de xilitol (g/L); QP = Ti e Tf correspondem aos tempos inicial e final de fermentação (h). 3.5.3- Eficiência de Conversão (η) Este parâmetro fermentativo expresso em %, representa a razão entre o fator de rendimento (Y P/S) obtido experimentalmente e o fator de rendimento teórico de 0,917g/g calculado segundo BARBOSA et al., 1988. 3.6- ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados (originados a partir de duas observações) foram analisados estatisticamente pelo Teste Estatístico t (Teste de Student) : d t= s2 n onde d = média das diferenças entre as observações, s 2 = desvio-padrão, n=número de observações. Se t calculado > t tabelado, existem diferenças significativas entre os parâmetros analisados (VIEIRA, HOFFMAN, 1989). 27 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1- CARACTERIZAÇÃO DO HIDROLISADO HEMICELULÓSICO O hidrolisado hemicelulósico original (pH 1,47) resultante do processo de hidrólise ácida do bagaço de cana-de-açúcar (PESSOA JUNIOR et al.,1997), antes de ser preparado para posterior utilização nas fermentações, foi caracterizado com relação ao teor dos principais açúcares e compostos tóxicos presentes (Tabela III). TABELA III- Características do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-deaçúcar Componentes Glicose Xilose Arabinose Ácido Acético Furfural Hidroximetilfurfural Fenóis Totais Concentração (g/L) 0,85 16,21 1,50 2,62 0,092 0,008 0,936 De acordo com os resultados da TABELA III, a xilose é o açúcar predominante (16,21g/L), seguido de arabinose (1,50g/L) e glicose (0,85g/L) presentes em baixas concentrações. Além dos açúcares estão também presentes compostos tóxicos aos microrganismos como ácido acético (2,62g/L), furfural (0,092g/L), hidroximetilfurfural (0,008g/L) e fenóis totais (0,936g/L), originados durante o processo de hidrólise da biomassa lignocelulósica (LEE, McCASKEY, 1983; CHUNG, LEE, 1985). Estes resultados são semelhantes aos encontrados por outros autores durante a hidrólise ácida de bagaço de cana conforme demonstrado na TABELA IV. A presença de baixas concentrações de glicose no hidrolisado é um ponto favorável ao processo fermentativo em estudo. Tal fato se deve a que em presença de elevadas concentrações desta hexose, esta exerce repressão catabólica sobre as enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase, principais responsáveis pela bioconversão xilose-xilitol, (LEE et al., 1996). Segundo ROSA et al. (1998), a fermentação de mistura de xilose junto à glicose resultou em diminuição das atividades destas enzimas com conseqüente redução do rendimento e da produtividade de xilitol sendo este efeito inibitório dependente da 28 concentração de glicose no meio. Além disto, LEE et al. (1996), LAWFORD, ROSSEAU (1998) e SENE et al. (2000) verificaram uma tendência de consumo preferencial de glicose em relação à xilose. Na composição do hidrolisado também foi encontrado L-arabinose. Esta pentose é capaz de induzir em torno de 92-94% a atividade das enzimas XR e XDH comparado com D-xilose (LEE et al., 1996). Quanto ao ácido acético, principal composto inibitório do metabolismo de xilose por C. guilliermondii em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana (FELIPE et al., 1997a, RODRIGUES, 1999), sua concentração (2,62g/L) é inferior à encontrada em outros trabalhos, nas mesmas condições de hidrólise ácida (TABELA IV), e está abaixo da considerada inibitória a este bioprocesso. Segundo FELIPE et al. (1995), concentração de ácido superior a 3,0g/L foi inibitória à formação de xilitol durante a fermentação de xilose em xilitol por C. guilliermondii em meio semi-sintético. As concentrações dos demais compostos tóxicos: furfural, hidroximetilfurfural são muito baixas, semelhante ao encontrado por outros pesquisadores (TABELA IV). TABELA IV- Características de hidrolisados hemicelulósicos de bagaço de canade-açúcar obtidos pelo mesmo processo de hidrólise ácida em diferentes trabalhos Este trabalho 0,85 Glicose (g/L) 16,21 Xilose (g/L) 1,50 Arabinose (g/L) 2,62 Ác. Acético (g/L) 0,092 Furfural (g/L) 0,008 HMF (g/L) 6,19 Xilose:ácido 1,47 pH HMF:hidroximetilfurfural ALVES et al. (1998) SENE (2000) MORITA et al. (2000a) RODRIGU ES et al. (2001) 1,20 18,24 1,71 3,38 2,1 15,7 2,3 3,9 1,7 18,8 1,6 3,2 1,30 18,92 1,94 3,05 0,06 0,05 4,02 0,90 n.d. 0,1 5,87 1,3 0,16 0,084 0,04 0,003 6,20 5,40 1,18 0,92 n.d.: não detectado 29 4.2- AVALIAÇÃO DA SEQÜÊNCIA DE REALIZAÇÃO DAS ETAPAS DE TRATAMENTO E CONCENTRAÇÃO DO HIDROLISADO Após a caracterização, os hidrolisados foram submetidos às etapas de tratamento e concentração a vácuo, onde H1 refere-se ao tratamento anterior e H2 ao tratamento posterior à etapa de concentração. O tratamento teve por objetivo reduzir a concentração dos compostos tóxicos à levedura enquanto que a concentração a vácuo possibilita o aumento do teor de xilose e favorecimento da formação de xilitol (ALVES et al., 1998; SENE, 1996; FELIPE et al., 1997a). A avaliação da seqüência de realização destas etapas está diretamente relacionada ao fato de que durante a concentração a `vácuo não apenas os açúcares têm suas concentrações aumentadas, mas também os compostos tóxicos, principalmente o ácido acético. A composição parcial destes hidrolisados está apresentada na TABELA V. TABELA V- Características do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-deaçúcar após as etapas de tratamento e concentração Compostos (g/L) H 0,85 Glicose 16,21 Xilose 1,50 Arabinose 2,62 Ácido Acético 0,092 Furfural 0,008 Hidroximetilfurfural 0,936 Fenóis Totais H: hidrolisado original H1: hidrolisado tratado anterior à concentração H2: hidrolisado tratado posterior à concentração H1 2,00 38,00 3,02 3,50 0,023 0,003 0,189 H2 2,83 42,38 3,94 3,52 0,002 n.d. 0,089 n.d.: não detectado Observa-se que os açúcares e o ácido acético tiveram suas concentrações aumentadas independente da seqüência de realização das etapas de tratamento e concentração, diferente dos demais compostos tóxicos, que tiveram as suas concentrações reduzidas. Nota-se também que, no hidrolisado em que o processo de tratamento ocorreu posterior à concentração (H2) houve menor perda de açúcares, proporcionando também a maior remoção de compostos tóxicos como furfural, hidroximetilfurfural e fenóis totais. 30 Os resultados mostrados na TABELA VI permitem observar que a redução da concentração destes compostos tóxicos foi influenciada pela seqüência em que se realizaram as etapas de tratamento e concentração, exceto para o caso do ácido acético, que teve a sua concentração semelhante para ambos os casos, não observando-se diferença na sua concentração em função da seqüência de realização destas etapas. Ao se considerar o teor dos compostos furfural, hidroximetilfurfural e fenóis totais no hidrolisado tratado e concentrado, a escolha pelo tratamento posterior à concentração (H2) corresponderia assim, a um hidrolisado menos tóxico à levedura, o qual foi então empregado nos ensaios experimentais seguintes. TABELA VI- Remoção de compostos tóxicos (%) em função do tratamento anterior (H1) ou posterior (H2) à concentração do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-de-açúcar Ácido Acético Furfural Hidroximetilfurfural Fenóis Totais H1 0% 75% 62,5% 79,80% H2 0% 97,83% 100% 90,49% Os resultados referentes ao consumo de xilose e formação de xilitol estão representados nas FIGURAS 5 e 6. Verifica-se uma influência significativa da condição de tratamento no consumo de xilose (Fig. 5) e produção de xilitol (Fig. 6) por C. guilliermondii. O tratamento posterior à concentração (H2) favoreceu o consumo de xilose, verificando-se após 54 horas de fermentação 94,19% de consumo, o que correspondeu ao aumento de 24,41% em relação ao mesmo tratamento realizado anterior ao procedimento de concentração (H1). Nestas condições observou-se a formação de 27,56g/L de xilitol (Fig. 6), correspondendo ao aumento de 112% em relação à condição de tratamento anterior à concentração (H1). Este comportamento confirmou a hipótese de que a condição de tratamento e concentração que proporcionasse a maior redução da concentração de compostos tóxicos à levedura seria a que favoreceria a bioconversão de xilose em xilitol. 31 100 90 80 Xilose (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 12 1 24 2 48 3 54 4 Tempo (h) FIGURA 5 - Consumo de xilose (%) por C. guilliermondii durante as fermentações de hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1 -ν) e posterior (H2 -) à concentração a vácuo. 30 25 Xilitol (g/L) 20 15 10 5 0 12 1 24 2 48 3 54 4 T em po (h) FIGURA 6 - Formação de xilitol (g/L) por C. guilliermondii durante as fermentações de hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1 -ν) e posterior (H2 -) à concentração a vácuo. Quanto à glicose , foi verificado para ambos os hidrolisados (H1 e H2), o consumo total após 12 horas de fermentação em função de sua baixa concentração no meio, 2,0 e 2,83g/L, respectivamente. Este rápido consumo também foi constatado por FELIPE et al. (1997a) em trabalhos com esta mesma 32 levedura cultivada em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-de-açúcar. Por outro lado, a arabinose foi lentamente assimilada (TABELA VII), verificandose em H2 o máximo consumo, 42,48%, após 54 horas de fermentação. Este hidrolisado correspondeu à melhor condição encontrada também para assimilação de xilose e formação de xilitol, o que coincide com a condição em que ocorreu favorecimento da redução dos compostos tóxicos furfural, hidroximetilfurfural e fenóis totais. A baixa assimilação de arabinose por C. guilliermondii também foi constatada por outros pesquisadores em trabalhos realizados com esta mesma levedura cultivada em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana (FELIPE et al., 1997a; FELIPE et al., 1997b; ALVES et al., 1998; MORITA et al., 2000a; SENE et al., 2000). Segundo CARVALHO (2000) a presença de xilose junto à arabinose no meio de cultivo poderia ser a responsável pela baixa assimilação da arabinose por C. guilliermondii. O aumento verificado após 24h de fermentação na concentração de arabinose em H1 (TABELA VII) provavelmente não é real, e sim decorrente da sobreposição dos picos de arabinose e arabitol no método utilizado para quantificar a arabinose. Segundo MCMILLAN et al. (1994), em fermentações com leveduras a arabinose pode ser convertida em arabitol, o que não foi possível confirmar para C. guilliermondii. TABELAVII- Concentração (g/L) e consumo de arabinose (%) durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração a vácuo H1 Tempo (h) T0 T12 T24 T48 T54 Concentração (g/L) 2,86 2,83 3,06 2,96 2,97 H2 Arabinose Consumo Concentração (%) (g/L) 3,39 1,04 3,25 0,0 3,18 0,0 2,69 0,0 1,95 Consumo (%) 4,13 6,19 20,65 42,48 Semelhante ao ocorrido para o consumo de açúcares, foi também observado para a assimilação de ácido acético (TABELA VIII), onde o máximo consumo, 76,92% ocorreu em condição de tratamento posterior à concentração (H2), enquanto 60,93% foi assimilado quando o hidrolisado foi tratado anterior à concentração (H1). Este fato pode vir a contribuir com a idéia de que o efeito 33 inibitório à atividade microbiana exercido pelos compostos tóxicos presentes no hidrolisado de bagaço está relacionado não apenas à concentração destes compostos e dos seus efeitos individuais, mas também ao efeito sinergístico entre eles, uma vez que a concentração do ácido acético é semelhante nos hidrolisados H1 e H2 (TABELA V). A assimilação do ácido foi acompanhada pelo aumento do pH do meio (TABELA VIII). Comportamento semelhante foi observado em outros trabalhos durante fermentações utilizando C. guilliermondii em meio sintético (FELIPE et al., 1995) e em hidrolisado de bagaço (FELIPE et al., 1997b; SENE et al.,2000). TABELA IIIIII- Consumo de ácido acético (%) por C. guilliermondii e variação de pH durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração a vácuo Tempo (h) T0 T12 T24 T48 T54 H1 Ácido Acético (% consumo) 8,62% 19,54% 48,26% 60,63% H2 Ácido Acético (% consumo) 16,24% 34,76% 52,42% 76,92% pH 5,33 5,30 5,34 5,50 5,55 pH 5,26 5,36 5,64 6,25 6,44 Os parâmetros fermentativos da bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii em função do tratamento do hidrolisado anterior (H1) ou posterior (H2) à etapa de concentração a vácuo estão apresentados na TABELA IX. TABELA IX- Parâmetros fermentativos na bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração a vácuo YP/S (g/g) QP (g/L.h) η (%) n° cel/mL (x107) T12 0,25 YP/S: rendimento QP: produtividade volumétrica η: eficiência de conversão H1 Tempo (h) T24 T48 0,46 0,20 50,16 2,30 5,13 T54 0,52 0,24 56,71 1,87 T12 1,60 H2 Tempo (h) T24 T48 0,56 0,73 0,35 0,50 61,07 79,61 2,50 4,26 T54 0,77 0,51 83,97 1,63 T0=0,03x107cel/mL H1 T0=0,02x107cel/mL H2 34 Os resultados apresentados na TABELA IX confirmam o favorecimento da formação de xilitol com o tratamento do hidrolisado posterior à concentração a vácuo (H2). O máximo valor de rendimento (YP/S = 0,77g/g) e produtividade (QP = 0,51g/L/h) de xilitol foram obtidos nestas condições, o que corresponde ao aumento de 48,08% e 113% respectivamente, em relação ao tratamento anterior (H1). Tal comportamento pode ser decorrente da maior concentração de compostos tóxicos à levedura presentes neste hidrolisado (H1), e consequentemente maior inibição da conversão de xilose em xilitol. Observa-se também uma tendência de favorecimento do aumento da concentração celular na condição de desfavorecimento da formação de xilitol, ou seja, no hidrolisado tratado anterior ao processo de concentração a vácuo (H1) (TABELA IX). Os valores de rendimento e produtividade são semelhantes aos encontrados por ALVES et al. (1998) que obtiveram, em pesquisas com C. guilliermondii durante fermentação de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar tratado posterior ao processo de concentração os valores de produtividade, QP=0,52g/L/h e rendimento, YP/S=0,79g/g após 45 e 63 horas de fermentação, respectivamente. Para avaliar as diferenças entre H1 e H2 quanto à formação de xilitol, foi realizado o teste estatístico de Student (teste t) onde constatou-se que existem diferenças significativas entre H1 e H2, ao nível de confiança de 95%. 4.3- AVALIAÇÃO DA FORMA DE SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL DO HIDROLISADO COM FARELO DE ARROZ O hidrolisado tratado posterior à sua concentração a vácuo (H2) foi então utilizado para se avaliar qual a melhor forma de sua suplementação com farelo de arroz. O hidrolisado H2 correspondeu àquele em que o farelo foi autoclavado em separado, na forma de uma solução, enquanto o F2 correspondeu àquele em que o hidrolisado foi autoclavado junto com o farelo. Na TABELA X estão apresentados os resultados referentes à composição dos hidrolisados H2 e F2. Nestas duas condições, praticamente não existe diferença quanto ao teor dos açúcares, principalmente xilose, bem como de ácido acético. No entanto, com relação à concentração de furfural e fenóis totais, esta foi 4,5 e 6,7 vezes superior quando o farelo foi autoclavado junto do hidrolisado (F2). 35 TABELA X- Características do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-deaçúcar após a adição de farelo de arroz autoclavado separado (H2) ou junto (F2) do hidrolisado Compostos (g/L) Glicose Xilose Arabinose Á Acético Furfural Hidroximetilfurfural Fenóis Totais H2 2,83 42,38 3,94 3,52 0,002 n.d. 0,089 F2 3,09 42,18 3,68 3,49 0,009 n.d. 0,595 Os resultados referentes às fermentações em meios formulados com os hidrolisados (H2 e F2) confirmam o favorecimento do consumo de xilose (Fig. 7) na condição de menor teor de compostos tóxicos (H2), sugerindo que não só o ácido acético, mas também fenóis, mesmo que em baixas concentrações, podem interferir na assimilação desta pentose. 100 Xilose (%) 80 60 40 20 0 12 1 48 3 24 2 54 4 Tempo (h) FIGURA 7 - Consumo de xilose (%) por C. guilliermondii durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana autoclavado separado (H2 -) ou junto (F2 -ν) do farelo de arroz Em relação à formação de xilitol, não se verificou influência significativa (ao nível de 95% de confiança) em função da forma de suplementação do hidrolisado com farelo de arroz (Fig. 8). 36 30 25 Xilitol (g/L) 20 15 10 5 0 24 2 12 1 48 3 54 4 Tempo (h) FIGURA 8 - Formação de xilitol (g/L) por C. guilliermondii durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana autoclavado separado (H2 -) ou junto (F2 -ν) do farelo de arroz Quanto ao consumo de glicose, este foi total para as duas condições avaliadas, após 12 horas de fermentação. O rápido consumo de glicose foi semelhante ao observado anteriormente (item 4.2), como também para a assimilação de arabinose que foi parcial, observando-se maior consumo no final da fermentação, o que corresponde à menor concentração de xilose no meio (TABELA XI), não observando-se diferença significativa ao nível de 95% de confiança para o consumo desta pentose entre H2 e F2. TABELA XI- Concentração (g/L) e consumo (%) de arabinose durante as fermentações por C. guilliermondii de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar autoclavado separado (H2) ou junto (F2) do farelo de arroz H2 Tempo (h) T0 T12 T24 T48 T54 Concentração (g/L) 3,39 3,25 3,18 2,69 1,95 F2 Arabinose Consumo (%) Concentração (g/L) 3,25 4,13 3,77 6,19 3,16 20,65 2,46 42,48 1,02 Consumo (%) 0,0 2,77 24,31 68,62 37 Quanto à assimilação do ácido acético, nota-se na TABELA XII o consumo parcial deste e elevação do pH do meio para ambas as condições de preparo do hidrolisado avaliadas (H2 e F2). Praticamente não houve nenhuma influência destas condições na assimilação do ácido após 54h de fermentação. TABELA XII- Consumo de ácido acético (%) e variação de pH durante as fermentações por C. guilliermondii de hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar autoclavado separado (H2) ou junto (F2) do farelo de arroz H2 Ácido Acético (% consumo) 16,24% 34,76% 52,42% 76,92% Tempo (h) T0 T12 T24 T48 T54 F2 Ácido Acético (% consumo) 10,88% 21,15% 50,45% 79,76% pH 5,26 5,36 5,64 6,25 6,44 pH 5,73 5,76 5,94 6,70 6,84 Na TABELA XIII encontram-se os valores dos parâmetros fermentativos obtidos para as condições de autoclavagem do hidrolisado. Verifica-se que não é possível estabelecer uma relação entre estas condições e o rendimento (YP/S) e a produtividade (QP) de xilitol uma vez que não se observa diferenças significativas (ao nível de confiança da 95%). O que se observa nitidamente na TABELA XIII é o número máximo de células obtido quando o farelo foi autoclavado junto do hidrolisado (F2). TABELA XIII- Parâmetros fermentativos durante a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar autoclavado separado (H2) ou junto (F2) do farelo de arroz YP/S (g/g) QP (g/L.h) η (%) n° cel/mL (x107) T12 1,60 H2 Tempo (h) T24 T48 0,56 0,73 0,35 0,50 61,07 79,61 2,50 4,26 YP/S: rendimento QP: produtividade volumétrica η: eficiência de conversão T54 0,77 0,51 83,97 1,63 T12 6,09 F2 Tempo (h) T24 T48 0,60 0,73 0,27 0,48 65,43 79,61 5,76 5,38 T54 0,84 0,55 91,60 7,66 T0=0,02x107cel/mL H2 T0=0,03x107cel/mL F2 38 Os valores de produtividade e rendimento de xilitol encontrados para o hidrolisado autoclavado separado do farelo (H2) estão em conformidade com os obtidos por outros autores em fermentação de hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana suplementado com farelo nas mesmas condições por C. guilliermondii (FELIPE et al., 1997a; ALVES et al., 1998; SENE et al., 2000). Os experimentos contemplados nos itens 4.2 e 4.3 possibilitaram estabelecer a melhor condição de tratamento e concentração do hidrolisado no que se refere à ordem de execução das etapas, bem como à forma de suplementação do hidrolisado com o farelo de arroz. Desta forma foi então estabelecido o tratamento do hidrolisado posterior à etapa de concentração a vácuo e a sua suplementação com farelo na forma de solução, ou seja, a autoclavagem desta antes de ser adicionado ao hidrolisado. Estas condições foram empregadas para a avaliação do efeito da adição de ácido acético em diferentes fases do crescimento da levedura. 39 4.4- AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO SOBRE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL EM HIDROLISADO DE BAGAÇO Para a avaliação do efeito do ácido acético nesta bioconversão, 2,0g/L deste ácido foram adicionados ao hidrolisado já contendo 3,5g/L deste ácido, perfazendo uma concentração final no meio em torno de 5,0g/L, concentração esta considerada inibitória a este processo (FELIPE et al., 1995). A adição ocorreu no início da fermentação, bem como nos tempos correspondentes a 12, 24 e 48 horas de fermentação, de forma a se avaliar se o seu efeito inibitório está relacionado à fase de crescimento da levedura. Foi também conduzido experimento controle, ou seja, fermentação sem adição de ácido ao hidrolisado. Os resultados referentes à influência da adição de ácido sobre o consumo de xilose estão apresentados na FIGURA 9. 45 40 35 Xilose (g/L) 30 25 20 15 10 5 0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 9 - Concentração de xilose (g/L) durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0g/L deste nos tempos inicial ( ), 12 (), 24 (+) e 48 (x) horas de fermentação. 40 Estes resultados sugerem que a inibição do consumo de xilose exercida pelo ácido acético é dependente da fase de crescimento da levedura. Possivelmente, quando as células estão expostas ao maior teor de ácido o ATP formado é requerido para manter o pH citoplasmático próximo ao neutro, já que a entrada deste acarreta em acidificação do citoplasma (NODA et al., 1982; HERRERO et al., 1985; PAMPULHA et al., 1989). Segundo HERRERO et al. (1985) o ácido acético estaria funcionando como desacoplador da produção de energia e do transporte de xilose. De fato, o período correspondente à adição de ácido (12h) se refere à fase de máxima atividade celular, uma vez que após o esgotamento da glicose (nas primeiras 12 horas), as células estariam se preparando para a indução das enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase, responsáveis pelos passos iniciais de assimilação de xilose (HAHN-HÄNGERDAL et al., 1994). ALVES (2001) constatou que o efeito inibitório do ácido acético sobre a atividade das enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase é também dependente da presença de outros compostos no hidrolisado, como fenóis, conforme resultados de fermentações em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana por C. guilliermondii. Observando as curvas de consumo de xilose na FIGURA 9, nota-se que tanto na condição onde não houve adição de ácido (controle), quanto na condição de adição após 48h de cultivo, a xilose presente no meio foi totalmente consumida após 54h de fermentação. Em todas as outras condições avaliadas o consumo de xilose foi prejudicado pela adição de ácido acético durante o processo fermentativo. A condição experimental em que a adição de ácido acético ocorreu após 12h de fermentação é a que apresenta diferenças significativas (ao nível de confiança de 95%) em relação à condição sem adição de ácido (controle). Nesta condição verifica-se consumo de 76,78% de xilose, após 54h de fermentação, representando uma redução de 23,22% no consumo deste açúcar, em relação à condição onde não houve adição deste ácido. Em relação à arabinose (Fig. 10), verifica-se que seu consumo ocorreu lentamente junto com o consumo dos demais açúcares durante a fermentação, conforme verificado anteriormente (itens 4.2 e 4.3). Verifica-se também que comportamento semelhante ao ocorrido para o consumo de xilose ocorreu para a arabinose, observando-se que a adição de ácido após 12h de fermentação resultou em menor consumo desta pentose (4,13%), que corresponde a uma 41 redução de 84,54% em relação à condição sem adição de ácido, após 54h de fermentação. 3,8 Arabinose (g/L) 3,6 3,4 3,2 3,0 2,8 2,6 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 10 - Concentração de arabinose (g/L) durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0 g/L deste nos tempos inicial ( ), 12 (), 24 (+) e 48 (x) horas de fermentação. FELIPE et al. (1997b) também observaram a inibição do consumo de xilose e arabinose exercida pelo ácido acético na concentração em torno de 4,5g/L quando o hidrolisado de bagaço de cana de açúcar foi utilizado por C. guilliermondii . Segundo van ZYL et al. (1991), na fermentação alcóolica empregando P. stipitis em meio sintético com adição de ácido acético (10g/L) no início do processo foi constatado redução (22%) da velocidade de utilização de xilose, levando à diminuição dos valores de rendimento e produtividade de etanol. Conforme observado anteriormente, a glicose foi totalmente consumida nas primeiras 12h de cultivo para todos os tempos de adição de ácido testados. A não existência de efeito inibitório do ácido na assimilação de glicose em função do 42 tempo de fermentação em que este foi adicionado pode estar relacionada ao fato de que neste tempo de amostragem (12h) a glicose já havia sido totalmente assimilada, dado à baixa concentração em que esta se encontrava no meio (2,3g/L). Além disto, sendo as enzimas envolvidas na utilização desta hexose constitutivas (DAWES, SUTHERLAND, 1992) e podendo o sistema de transporte de glicose ser diferente ao de xilose, além deste mecanismo não ser ainda totalmente esclarecido (WINKELHAUSEN et al., 1998), possivelmente o efeito observado de maior inibição no tempo de adição de ácido de 12h poderia não ser o mesmo para a glicose. Segundo LAWFORD, ROUSSEAU (1993), durante fermentação de mistura de xilose e glicose por um recombinante Escherichia coli B, o consumo de glicose se apresentou mais rápido em relação ao de xilose. FELIPE et al. (1995) também relataram que a glicose presente no meio foi inteiramente consumida indiferentemente da concentração de ácido utilizada, em fermentações de meio semi-sintético por C. guilliermondii. Além do consumo de xilose e arabinose terem sido influenciados pelo tempo de adição do ácido, observou-se um maior efeito inibitório pela adição deste, após 12h de fermentação. Observou-se também o efeito inibitório no crescimento celular (Fig. 11), o que confirma a hipótese de que o efeito inibitório causado pelo ácido acético não está relacionado apenas à sua concentração no meio, mas à fase de crescimento da levedura. No entanto, diferente do observado para o consumo de xilose e arabinose, o efeito tóxico do ácido sobre a formação de biomassa foi observado para todas as condições avaliadas, independente do tempo de adição do ácido na fermentação . Segundo dados apresentados na FIGURA 11, observa-se que o menor crescimento celular (4,83x107 cel/mL) após 48h de fermentação, ocorreu para a condição em que a adição de ácido acético ocorreu após 12h de fermentação, correspondendo a uma redução de 48,45% e 47,78% em relação ao experimento controle e àquele em que a adição de ácido ocorreu no tempo inicial, respectivamente. Uma vez que o maior efeito inibitório do ácido quer na assimilação de xilose quer na formação de células ocorreu na condição de adição de ácido após 12h de fermentação, observou-se também nestas condições o menor acúmulo de xilitol no meio conforme apresentado na FIGURA 11. 43 25 A 10 20 7 Número de células (x10 cel/mL) 12 8 10 4 Xilitol (g/L) 15 6 5 2 0 0 12 24 36 0 60 48 Tempo (h) 25 10 20 7 7 20 C 8 6 2,0g/L ácido acético 10 4 Xilitol (g/L) 15 5 2 0 0 12 24 36 48 0 60 8 15 6 10 4 2,0g/L ácido acético 0 12 Tempo (h) 24 36 48 0 60 Tempo (h) 25 12 D 10 25 E 10 20 7 7 20 Número de células (x10 cel/mL) 12 8 6 10 4 5 2 2,0g/L ácido acético 0 0 12 24 36 Tempo (h) 48 0 60 Xilitol (g/L) 15 8 2,0g/L ácido acético 15 6 10 4 5 2 0 0 12 24 36 48 Tempo (h) FIGURA 11 - Crescimento celular ( ) e formação de xilitol ( ) nas fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii sem adição de ácido acético (A) e com a adição de 2,0g/L deste nos tempos inicial (B), 12 (C), 24 (D) e 48 (E) horas de incubação. 0 60 Xilitol (g/L) Número de células (x10 cel/mL) 5 2 0 Xilitol (g/L) Número de células (x10 cel/mL) 10 25 12 B Número de células (x10 cel/mL) 12 44 Observa-se também na FIGURA 11 que, no tempo correspondente a 48h de fermentação, encontram-se os maiores valores de produção de xilitol para todas as condições avaliadas, verificando-se após este período, o decréscimo da concentração deste açúcar. A redução na concentração de xilitol está relacionada à sua utilização como fonte de carbono pela levedura em função do baixo teor de xilose no meio, conforme já observado por SENE (1996). Semelhante ao ocorrido para o consumo de xilose, a adição de ácido ao hidrolisado após 12h causou maior efeito inibitório na bioconversão de xilose em xilitol, já que nesta condição, menor quantidade de xilitol foi formada (9,47g/L), o que corresponde à redução de 55,29% e 52,56% em relação ao experimento em que o ácido não foi adicionado (controle) e à condição de adição no início da fermentação, respectivamente. Nas FIGURAS 12A e 12B estão apresentados os comportamentos dos parâmetros fermentativos da bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii em função da adição de ácido acético ao hidrolisado nos diferentes tempos de fermentação. 0,7 0,5 A B 0,6 0,4 QP (g/L.h) YP/S (g/g) 0,5 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0 12 24 36 Tempo (h) 48 60 0,0 0 12 24 36 48 Tempo (h) FIGURA 12 - Rendimento (A) e Produtividade (B) de xilitol nas fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0 g/L deste nos tempos inicial ( ), 12 (), 24 (+) e 48 (x) horas de fermentação. O máximo valor de rendimento (YP/S= 0,62g/g) e produtividade (QP= 0,46g/L.h) de xilitol foram obtidos, após 48h de fermentação, na condição experimental onde não houve adição de ácido acético, indicando uma eficiência de conversão (η) de 67,61%. Neste mesmo tempo de amostragem observa-se que na condição em que adicionou-se ácido acético após 12h de cultivo 60 45 encontram-se os menores valores de rendimento (YP/S=0,39g/g) e produtividade (QP= 0,22g/L.h) de xilitol, o que corresponde a uma redução de 37,10% e 52,17%, respectivamente, em relação à condição sem adição de ácido. Segundo FELIPE et al. (1995), durante a fermentação em meio semi-sintético contendo 60,0g/L de xilose por C. guilliermondii foram constatadas reduções de 8,33% e 22,45% nos valores de rendimento e produtividade em xilitol, respectivamente, quando 6,0g/L de ácido foi adicionado ao meio no início da fermentação. Em pesquisas conduzidas por MORITA et al. (2000b) durante fermentação empregando C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana contendo em torno de 50,0g/L de xilose e 4,9g/L de ácido acético, foram encontrados os valores de YP/s e QP de 0,61g/g e 0,38g/L.h respectivamente. Estes valores são próximos aos encontrados neste trabalho para a condição de adição de ácido acético no tempo inicial, onde YP/S=0,56g/g e QP=0,39g/L.h. Esses resultados confirmam o efeito prejudicial do ácido acético após 12h de fermentação sobre a bioconversão de xilose em xilitol, o que resultou não só na interferência da capacidade de assimilação de xilose e conversão em xilitol pela levedura (YP/S), mas também na velocidade de formação do produto (QP). Semelhante ao observado nos experimentos anteriores, verifica-se o consumo de ácido acético pela levedura com conseqüente aumento do pH do meio para todas as condições avaliadas (TABELA XIV). De acordo com estes resultados, menor assimilação deste ácido (30,58%) ocorreu na condição de sua adição ao hidrolisado após 12h, o que sugere a interferência deste ácido não só na via de assimilação de xilose e formação de xilitol, mas também no seu próprio metabolismo. TABELA XIV - Consumo (%) de ácido acético e variação do pH durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana-deaçúcar por C. guilliermondii, com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de fermentação Tempo (h) de adição do ácido Temp o (h) Controle* ácido acético (% pH consumo) T0 T12 ácido acético (% consumo) pH T24 ácido acético (% consumo) pH T48 ácido acético (% consumo) pH ácido acético (% consumo) pH T0 - 5,51 - 5,57 - 5,51 - 5,51 - 5,51 T12 6,31 5,58 12,72 5,47 11,11 4,85 9,61 5,57 9,91 5,57 T24 20,12 5,72 16,57 5,51 15,09 4,85 23,12 4,87 26,13 5,80 T48 43,84 6,16 36,61 6,09 22,961 5,05 35,88 4,95 49,25 4,80 42,00 6,28 30,58 5,00 40,06 5,00 49,86 4,84 51,05 6,27 T54 *sem adição de ácido acético 46 47 4.5- AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO SOBRE A BIOCONVERSÃO DE XILOSE EM XILITOL EM MEIO SIMULANDO A COMPOSIÇÃO DO HIDROLISADO Tendo em vista que no hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar encontram-se compostos presentes, considerados mesmo que inibitórios em ao baixas concentrações, metabolismo da outros levedura e consequentemente, à produção de xilitol, os ensaios fermentativos foram realizados em meio simulando a composição do hidrolisado quanto ao teor de glicose (1,94g/L), xilose (41,18g/L), arabinose (4,02g/L) e ácido acético (3,48g/L) porém, sem a adição de furfural, hidroximetilfurfural, compostos fenólicos e outros compostos presentes em baixas concentrações no hidrolisado (TABELA IV). Desta forma, buscou-se avaliar o efeito prejudicial do ácido acético na bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii quando de sua adição ao meio de cultivo em diferentes tempos de fermentação (conforme realizado na fermentação de hidrolisado). 45 40 35 Xilose (g/L) 30 25 20 15 10 5 0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 13 - Concentração de xilose (g/L) durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0 g/L deste nos tempos inicial ( ), 12 (), 24 (+) e 48 (x) horas de fermentação. 48 Conforme os resultados apresentados na FIGURA 13, verifica-se que, semelhante ao observado nos experimentos realizados em hidrolisado (Fig. 7), a adição de ácido acético ao meio simulando a composição do hidrolisado também resultou em assimilação mais lenta de xilose, sendo o maior efeito inibitório observado quando a adição deste ácido ocorreu após 12h de fermentação. Nesta condição verifica-se consumo de 63,92% de xilose, representando uma redução de 36,08% em relação à condição sem adição de ácido, onde o consumo da xilose foi total (Fig. 13). A adição de ácido ao meio também prejudicou o consumo de arabinose (Fig. 14), sendo que o maior efeito inibitório foi observado pela adição após 12h, semelhante ao observado para a xilose, o que resultou em assimilação de 23,72% de arabinose, significando redução de 69,11% em relação ao controle. 4,5 4,0 Arabinose (g/L) 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 14 - Concentração de arabinose (g/L) nas fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0 g/L deste nos tempos inicial ( ), 12h (), 24h (+) e 48h (x) de fermentação. Nota-se também na FIGURA 14, que no experimento sem a adição de ácido ocorreu o maior consumo de arabinose (76,79%) após 54h de fermentação, diferente do encontrado na fermentação de hidrolisado, onde apenas 26,72% desta pentose foi consumida neste mesmo tempo (Fig. 10). Esta diferença no 49 consumo de arabinose pode ser decorrente do fato da toxicidade do ácido à levedura ser potencializada pela presença dos outros compostos tóxicos, principalmente fenóis. Em relação ao consumo de glicose, semelhante ao ocorrido nos experimentos anteriores, esta foi totalmente consumida nas primeiras 12h de fermentação, para todas as condições avaliadas. O crescimento celular e a formação de xilitol durante a fermentação de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético em diferentes fases do crescimento da levedura estão apresentados na FIGURA 15. Nota-se que a adição de ácido ao meio no tempo inicial de fermentação prejudicou a formação de xilitol mas não a de células durante as primeiras 12h de fermentação (Fig. 15B), provavelmente pela utilização da xilose, neste período, para a obtenção de ATP e formação de biomassa. Quando este ácido foi adicionado após 12h, verificou-se redução de 45,87% na população de células, no período entre 12 e 48 horas de fermentação, em relação ao controle. Além disto, observou-se que após a adição de ácido ao meio a formação de células foi praticamente paralisada, não acontecendo o mesmo para a formação de xilitol (Fig. 15 C). Semelhante ao observado para o consumo de xilose, na condição de adição de ácido após 48h de fermentação e no controle foi encontrado concentração celular semelhante (Fig. 15). Além disto, a adição de ácido após 48 horas de fermentação não influenciou na formação de xilitol (Fig. 15 A-E). Por outro lado, semelhante ao ocorrido para o hidrolisado, a condição de adição de ácido após 12h prejudicou a formação de xilitol, reduzindo em 78,59% a concentração deste em relação ao controle. 50 12 30 25 8 20 6 15 4 10 2 5 7 10 0 0 12 24 36 48 Xilitol (g/L) Número de células (x10 cel/mL) A 0 60 Tempo (h) 30 30 12 B 25 8 20 15 2,0g/L ácido acético 4 10 2 Xilitol (g/L) 6 5 0 0 12 24 36 48 10 25 8 20 6 15 7 7 10 Número de células (x10 cel/mL) C 10 4 2,0g/L ácido acético 2 0 12 24 0 60 30 E 10 25 8 20 6 15 7 2,0g/L ácido acético 20 15 4 10 2 5 0 36 Tempo (h) 48 0 60 2,0g/L ácido acético 4 10 Xilitol (g/L) 6 24 Número de células (x10 cel/mL) 7 25 10 Xilitol (g/L) Número de células (x10 cel/mL) D 12 48 12 30 12 0 36 Tempo (h) Tempo (h) 8 5 0 0 60 Xilitol (g/L) Número de células (x10 cel/mL) 12 5 2 0 0 12 24 36 48 0 60 Tempo (h) FIGURA 15 - Crescimento celular ({) e formação de xilitol () nas fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii sem adição de ácido acético (A) e com adição de 2,0g/l deste nos tempos inicial (B), 12 (C), 24 (D) e 48 (E) horas de incubação. 51 0,8 0,6 A B 0,7 0,5 0,6 0,4 QP (g/L.h) YP/S (g/g) 0,5 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 16 - Rendimento (A) e Produtividade (B) de xilitol durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii sem adição de ácido acético () e com adição de 2,0g/L deste nos tempos inicial ( ), 12 (), 24 (+) e 48 (x) horas de fermentação. Na FIGURA 16 encontram-se os valores referentes aos parâmetros fermentativos avaliados, confirmando que a adição de ácido ao meio após 12h de fermentação resultou em maior efeito inibitório sobre a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii. Semelhante ao ocorrido no experimento utilizando-se hidrolisado, na fermentação do meio simulado os máximos valores de rendimento (YP/S=0,74g/g) e produtividade (QP=0,50g/L.h) de xilitol foram obtidos, após 48h de cultivo, quando não houve adição de ácido acético (controle), indicando uma eficiência de conversão (η) de 80,7%. Neste mesmo tempo de amostragem observa-se que na condição em que se adicionou ácido acético após 12h de cultivo encontram-se os menores valores de rendimento (YP/S=0,24g/g) e produtividade (QP=0,11g/L.h) de xilitol, o que corresponde a uma redução de 67,57% e 78,0%, respectivamente, em relação ao controle. Observando-se as curvas de rendimento de xilitol referentes às condições de adição de ácido no tempo inicial e após 12h de cultivo, verifica-se comportamento semelhante, apesar da diferença de valores. Em ambas as condições verifica-se que o rendimento em xilitol manteve-se praticamente constante entre os tempos 24 e 54 horas de fermentação (Fig. 16). Na fermentação em que o ácido foi adicionado ao meio após 48h ocorreu comportamento semelhante ao controle, o que confirma o comentado para o consumo de xilose e formação de xilitol. 52 Quanto ao consumo de ácido acético, semelhante ao observado nos ensaios com hidrolisado, a adição deste ácido ao meio acarretou sua menor assimilação pela levedura em todas as condições testadas. A menor assimilação deste ácido (55,04%) ocorreu quando sua adição foi feita no início da fermentação, representando redução de 30,94% em relação ao controle. Como já esperado, a assimilação de ácido foi acompanhada pelo aumento do pH do meio decorrente da sua assimilação pela levedura (TABELA XV). Apesar do consumo de ácido acético ter sido menor nas condições em que este foi adicionado ao meio, sua assimilação foi maior (em média 58%) nas fermentações conduzidas em meio semi-sintético simulando a composição do hidrolisado do que nas fermentações conduzidas com o próprio hidrolisado (Fig. 17A). Comportamento semelhante também é observado para o consumo de arabinose, que foi em média 4 vezes maior nos experimentos em meio simulando a composição do hidrolisado (Fig. 17B). 90 A B 80 80 70 70 60 60 Arabinose (%) Ácido acético (%) 90 50 40 30 50 40 30 20 20 10 10 0 sem 1 adição T20 T312 T424 Tempos de adição de ácido (h) T548 0 sem 1 adição T20 T312 T424 T548 Tempos de adição de ácido (h) FIGURA 17 - Consumo de ácido acético (A) e arabinose (B) nas fermentações de hidrolisado (ν) e de meio semi-sintético simulando a composição do hidrolisado () por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de fermentação. Uma possível explicação para esse maior consumo de ácido acético e arabinose seria o fato de que no meio simulando o hidrolisado não estão presentes outros compostos inibitórios ao metabolismo da levedura, tais como: furfural, hidroximetilfurfural e compostos fenólicos que, juntos com o ácido acético, exercem TABELA XV - Consumo (%) de ácido acético e variação de pH durante fermentação de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii, com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de fermentação Tempo (h) de adição de ácido Temp o (h) Controle* ácido acético (% pH consumo) T0 T12 ácido acético (% consumo) pH T24 ácido acético (% consumo) pH T48 ácido acético (% consumo) pH ácido acético (% consumo) pH T0 - 5,30 - 5,55 - 5,30 - 5,30 - 5,30 T12 22,69 5,33 25,37 5,62 25,97 4,28 28,36 5,33 31,94 5,34 T24 41,19 5,75 28,36 5,73 37,08 4,27 40,60 4,75 36,12 5,66 T48 70,15 6,77 46,08 5,90 57,68 4,34 63,38 4,84 70,75 4,77 55,04 6,00 59,99 4,36 63,66 4,93 74,19 4,80 79,70 6,87 T54 *sem adição de ácido acético 53 54 efeito sinergístico causando inibição da atividade fermentativa (VOGEL et al., 1998). Isto sugere que o efeito tóxico do ácido acético à levedura pode ser potencializado pelos outros compostos tóxicos, principalmente quando a adição deste ao hidrolisado ou em meio simulando a composição deste foi após 12h. A análise dos resultados indica que o efeito inibitório de alta concentração de ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol é dependente da fase de crescimento de C. guilliermondii. Alta concentração deste ácido provocou efeito tóxico mais marcante quando este foi adicionado ao meio após 12h de fermentação, período que corresponde, aproximadamente, à fase de crescimento exponencial. Nesta condição observou-se menor consumo de açúcares e do próprio ácido, bem como menor formação de xilitol e células. 55 4.6- AVALIAÇÃO DO CULTIVO DO INÓCULO EM MEIO CONTENDO CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE ÁCIDO ACÉTICO COMO FORMA DE MINIMIZAR A TOXICIDADE DO HIDROLISADO DURANTE A FERMENTAÇÃO Para este estudo as células de C. guilliermondii foram cultivadas em meio sintético sem ácido acético (C1), de C1 seguido do cultivo em hidrolisado contendo 3,5g/L de ácido (C2) e de C2 seguido do cultivo em hidrolisado contendo 5,0g/L de ácido (C3), por períodos de 24h em cada meio, sendo as fermentações realizadas em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-deaçúcar com a adição de 2,0g/L de ácido após 12h de fermentação, período correspondente à condição de maior efeito inibitório do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol. Os resultados apresentados na FIGURA 18 evidenciam que o comportamento da fermentação do hidrolisado empregando-se inóculo obtido de células cultivadas em ácido acético (C2 e C3) foi semelhante quanto ao consumo de xilose e arabinose, enquanto que a condição de inóculo obtido de meio sintético (C1) resultou em menor assimilação destes açúcares. O maior efeito foi observado quanto ao consumo de arabinose que foi, após 54h, em torno de 80% menor na condição de inóculo C1 em relação às condições C2 e C3. 90 C1 80 Xilose e Arabinose (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 12 20 30 24 40 50 48 60 70 54 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 80 0 C3 C2 80 60 40 20 10 12 20 30 24 40 50 48 60 70 54 0 80 0 10 12 20 30 24 40 50 48 60 70 54 Tempo (h) FIGURA 18 - Consumo (%) de xilose (ν) e arabinose () nas fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de fermentação, em função dos inóculos obtidos de células cultivadas em meio sintético (C1), de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido (C2), e C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido (C3). 80 56 Semelhante ao ocorrido nos experimentos anteriores, toda glicose foi consumida nas primeiras 12h de fermentação, independente da condição de inóculo utilizada . 7 Número de células (x10 cel/mL) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 19 - Crescimento celular durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de fermentação, em função dos inóculos obtidos de células cultivadas em meio sintético (C1 ), de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido (C2 ) e C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido (C3 ). Na FIGURA 19 observa-se nas primeiras 12h um rápido aumento na população de células, praticamente o mesmo comportamento para as diferentes condições de inóculo empregadas. Entretanto, a partir deste tempo, ocorreram variações, encontrando-se após 54h de fermentação, tempo correspondente a um consumo de xilose superior a 80% para as condições de inóculo C2 e C3 (Fig. 18), um aumento da concentração de células de 23,2% para C1 e de 53,16% para C3 em relação a C2, deixando evidente o favorecimento da formação de células pelo cultivo prévio do inóculo em hidrolisado contendo a maior concentração de ácido. As condições de favorecimento do crescimento celular também correspondem àquelas para a maior formação de xilitol (Fig. 20). Observa-se 57 ainda na FIGURA 20 que no final da fermentação a menor concentração de xilitol (9,47g/L) ocorreu quando o inóculo foi cultivado apenas em meio sintético (C1), e a maior concentração de xilitol (13,13g/L) com inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético (C3). Tal comportamento sugere que o prévio cultivo das células de C. guilliermondii em meio contendo ácido acético pode contornar o problema da toxicidade causada por este ácido, sendo este efeito dependente de sua concentração no meio. 16 14 Xilitol (g/L) 12 10 8 6 4 2 0 0 12 24 36 48 60 Tempo (h) FIGURA 20 - Formação de xilitol nas fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de fermentação, em função dos inóculos obtidos de células cultivadas em meio sintético (C1 ), de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido (C2 ) e C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido (C3 ). A presença de ácido acético durante o cultivo do inóculo parece interferir na bioconversão de xilose em xilitol, já que ao se observar a FIGURA 20, quanto maior a concentração de ácido no meio de cultivo do inóculo, maior a concentração de xilitol obtida após 54h (Fig. 20), possivelmente devido a uma maior tolerância das células a este ácido quando expostas a ele antes da fermentação. O decréscimo da concentração de xilitol observado no final da fermentação (Fig. 20) na condição de cultivo de inóculo em meio sintético pode 58 estar relacionado ao seu consumo conforme já constatado por GIRIO et al. (1990) no cultivo de Debaryomyces hansenii, onde xilitol e etanol foram consumidos após o esgotamento da xilose do meio e por CARVALHO (2000) em fermentação de C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar quando a concentração de xilose apresentava valores próximos a 0g/L. Na TABELA XVI estão apresentados os valores dos parâmetros fermentativos referentes a esta bioconversão em função das diferentes condições de inóculo avaliadas, durante fermentação em hidrolisado e com adição de ácido acético após 12h de cultivo. TABELA XVI- Parâmetros fermentativos durante a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo, em função dos inóculos (C1, C2, C3) obtidos de células cultivadas em concentrações crescentes de ácido acético. T12 C1 C2 C3 Tempo (h) Tempo (h) Tempo (h) T24 T48 T54 T12 T24 T48 T54 T12 T24 T48 T54 YP/S (g/g) 0,32 0,26 0,39 0,32 0,41 0,25 0,37 0,38 0,70 0,36 0,40 0,38 QP (g/L.h) 0,19 0,15 0,22 0,18 0,16 0,17 0,23 0,24 0,37 0,27 0,27 0,24 η (%) 34,9 28,3 42,5 34,9 45,2 27,8 40,6 41,7 75,9 39,6 44,2 41,9 De acordo com os resultados apresentados nota-se que o cultivo de inóculo em meio contendo ácido acético parece favorecer a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii no início do processo. Verifica-se que nas primeiras 12 horas esta condição de inóculo propiciou os máximos valores de rendimento (0,70g/g) e produtividade (0,37g/L.h) de xilitol, correspondendo a um aumento de 118,75% e 94,74% nestes valores respectivamente, quando comparado ao cultivado em meio sem ácido (C1). Semelhante ao observado para o consumo de xilose e formação de xilitol, foi também verificado para o consumo de ácido pela levedura, conforme observado na TABELA XVII, confirmando que a adaptação da levedura aumentaria a sua resistência aos compostos tóxicos presentes no hidrolisado. 59 TABELA IVVII- Consumo de ácido acético (%) e variação de pH durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função dos inóculos(C1, C2, C3) obtidos de células cultivadas em concentrações crescentes de ácido acético C1 Ác. Acético (% consumo) C2 pH C3 Ác. Acético (% consumo) pH Ác. Acético (% consumo) pH T0 - 5,51 - 5,51 - 5,52 11,11 4,85 16,00 4,82 29,41 4,79 15,09 4,85 24,50 4,85 38,96 4,83 22,96 5,05 36,00 4,96 56,80 5,05 30,58 5,00 43,75 5,12 56,80 5,03 T12 T24 T48 T54 Cabe também relatar que foi constatada a presença de glicerol em todos os ensaios experimentais sobre o efeito do ácido acético na bioconversão de xilose em xilitol, porém em concentrações muito baixas. Desta forma não foi possível avaliar a existência de uma relação entre a toxicidade do ácido acético à levedura e a formação deste subproduto. De acordo com YAHASHI et al. (1996), a formação de glicerol foi também constatada durante a formação de xilitol por C. tropicalis em meio contendo mistura de xilose e glicose. RODRIGUES (1999) verificou a formação de glicerol na fermentação de C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana. Observa-se ainda que para todos os ensaios foi constatada que a viabilidade celular foi superior a 98%. 60 5- CONCLUSÕES Em função dos resultados apresentados é possível concluir que: • A etapa de concentração do hidrolisado anterior ao seu tratamento (H2) resultou em maior remoção de inibidores, favorecendo a assimilação de xilose, o que proporcionou maiores valores de rendimento e produtividade de xilitol em relação ao hidrolisado tratado anterior à sua concentração (H1). • O preparo do farelo de arroz em separado do hidrolisado (H2) proporcionou menor concentração de compostos tóxicos, menor perda de xilose, e maior produtividade de xilitol em relação à condição em que o farelo foi preparado juntamente com o hidrolisado (F2). • O efeito inibitório do ácido acético sobre a bioconversão de xilose em xilitol por Candida guilliermondii foi dependente da fase de crescimento da levedura, sendo este mais marcante quando o ácido se encontrava em maior concentração no meio após 12 horas de cultivo, tempo correspondente à máxima atividade metabólica da levedura. • O efeito tóxico do ácido acético à levedura parece ser potencializado pela presença de outros compostos tóxicos no hidrolisado, tais como furfural, hidroximetilfurfural e fenóis, uma vez que maiores valores de rendimento e produtividade de xilitol foram obtidos com a utilização de meio simulando a composição do hidrolisado, contendo apenas o ácido acético como componente tóxico. • O favorecimento da formação de xilitol com a utilização de inóculo obtido de células cultivadas em meio contendo concentrações crescentes de ácido foi evidente nas primeiras 12h de fermentação, onde se obteve o máximo valor de rendimento de xilitol (0,70g/g), 61 possivelmente pelo fato da adaptação ter possibilitado maior resistência da levedura à presença deste ácido no meio. • A toxicidade do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana-deaçúcar sobre a bioconversão de xilose em xilitol por C. guilliermondii, é exercida principalmente pela alta concentração de ácido acético e pode ser contornada pela adaptação do inóculo dependendo da fase de crescimento em que as células são expostas ao maior teor de ácido. • A capacidade da levedura em detoxificar o meio ficou também evidenciada, principalmente nos experimentos em que utilizou-se inóculo obtido de células cultivadas em meio contendo concentrações crescentes de ácido acético, observando-se uma relação direta entre o aumento da concentração de ácido ao qual as células foram expostas, com a assimilação deste durante todo o tempo de fermentação. 62 6- SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS • Avaliar o efeito do ácido acético sobre a atividade das enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase em função da adaptação ou não das células de Candida guilliermondii. • Avaliar a influência da disponibilidade de oxigênio no meio de fermentação, bem como da presença de outros compostos tóxicos sobre a atividade das enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase. • Avaliar o efeito da glicose presente nos hidrolisados hemicelulósicos, na formação de xilitol e nas enzimas xilose redutase e xilitol desidrogenase. • Iniciar estudos ao nível molecular da enzima xilose redutase de Candida guilliermondii, com vistas ao melhoramento genético da levedura, a fim de se conseguir melhoria da produtividade de xilitol. 63 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALANEN, P., ISOKANGAS, P., GUTMANN, K. 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Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, v. 97, n. 21, p. 11614-11619, 2000 APÊNDICES APÊNDICE 1- Composição do farelo de arroz (MILLER, CHURCHILL, 1986) Componentes principais Aminoácidos(%) Vitaminas (mg/Kg)) (%) Matéria seca 91,0 Arginina 0,5 Lisina 0,5 Colina 1,254 Proteína 13,0 Cisteína 0,1 Metionina 0,2 Niacina 297,0 Carboidratos 45,0 Glicina 0,9 Fenilalanina 0,4 Ácido 23,1 Pantotênico Gordura 13,0 Histidina 0,2 Treonina 0,4 Riboflavina 2,64 Fibra 14,0 Isoleucina 0,4 Triptofano 0,1 Tiamina 22,0 Cinzas 16,0 Leucina 0,6 Valina 0,6 APÊNDICE 2- Concentração de xilose durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração por C. guilliermondii Xilose (g/L) Tempo (h) H1 H2 35,04 37,88 T0 30,78 35,08 T12 29,38 23,08 T24 14,72 5,22 T48 10,09 2,20 T54 APÊNDICE 3- Concentração de xilitol durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração por C. guilliermondii Xilitol (g/L) Tempo (h) H1 H2 nd nd T0 nd nd T12 nd 8,32 T24 9,43 23,77 T48 13,00 27,56 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 4- Concentração de ácido acético durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana submetido ao tratamento anterior (H1) e posterior (H2) à concentração por C. guilliermondii Ácido Acético (g/L) Tempo (h) H1 H2 3,48 3,51 T0 3,18 2,94 T12 2,80 2,29 T24 1,37 1,67 T48 nd 0,81 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 5- Concentração de xilose durante as fermentações por C. guilliermondii de hidrolisado de bagaço de cana autoclavado separado (H2) ou junto (F2) com o farelo de arroz Xilose (g/L) Tempo (h) H2 F2 37,88 39,32 T0 35,08 36,37 T12 23,08 28,47 T24 5,22 7,59 T48 2,20 4,02 T54 APÊNDICE 6- Concentração de xilitol durante as fermentações por C. guilliermondii de hidrolisado de bagaço de cana autoclavado separado (H2) ou junto (F2) com o farelo de arroz Xilitol (g/L) Tempo (h) H2 F2 nd nd T0 nd nd T12 8,32 6,55 T24 23,77 23,03 T48 27,56 29,68 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 7- Concentração de ácido acético durante as fermentações por C. guilliermondii de hidrolisado de bagaço de cana autoclavado separado (H2) ou junto (F2) com o farelo de arroz Ácido acético (g/L) Tempo (h) H2 F2 3,51 3,31 T0 2,94 2,95 T12 2,29 2,61 T24 1,67 1,64 T48 0,81 0,67 T54 APÊNDICE 8- Concentração de xilose durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Xilose (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 38,46 38,75 38,46 38,46 38,46 T0 32,88 32,11 31,23 32,30 32,42 T12 20,33 22,85 24,32 19,79 19,34 T24 2,31 5,15 10,77 6,90 1,62 T48 nd 1,75 8,93 4,32 nd T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 9- Concentração de arabinose durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Arabinose (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 3,63 3,66 3,63 3,63 3,63 T0 3,53 3,65 3,63 3,62 3,60 T12 3,56 3,58 3,60 3,61 3,54 T24 3,14 3,37 3,53 3,42 2,96 T48 2,66 3,06 3,48 3,41 2,83 T54 APÊNDICE 10- Concentração de xilitol durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Xilitol (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 nd nd nd nd nd T0 2,26 1,85 2,33 2,37 2,28 T12 9,13 6,46 3,66 9,48 9,39 T24 22,25 18,73 10,72 14,01 21,26 T48 21,18 19,96 9,47 14,54 20,60 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 11- Concentração celular durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Concentração celular ( x107 cel/mL) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 0,72 0,89 0,72 0,72 0,72 T0 5,34 3,98 4,38 4,51 5,19 T12 5,33 4,12 5,64 6,23 5,92 T24 9,37 9,25 4,83 8,15 11,1 T48 9,06 7,47 6,63 7,91 7,68 T54 APÊNDICE 12- Parâmetros fermentativos durante a bioconversão de xilose por C. guilliermondii em hidrolisado de bagaço de cana com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo YP/S (g/g) QP (g/L.h) Tempos de Tempo (h) Tempo (h) adição de T12 T24 T48 T54 T12 T24 T48 T54 ácido 0,41 0,50 0,62 0,55 0,19 0,38 0,46 0,39 sem adição 0,28 0,41 0,56 0,54 0,15 0,27 0,39 0,37 T0 0,32 0,26 0,39 0,32 0,19 0,15 0,22 0,18 T12 0,33 0,23 0,44 0,43 0,20 0,40 0,29 0,27 T24 0,33 0,49 0,58 0,54 0,19 0,39 0,44 0,38 T48 YP/S: rendimento QP: produtividade volumétrica APÊNDICE 13- Concentração de ácido acético durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Ácido acético (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T12 T24 T48 T0 3,33 5,19 3,33 3,33 3,33 T0 3,12 4,53 4,52 3,01 3,00 T12 2,66 4,33 4,34 4,31 2,46 T24 1,87 3,29 4,00 3,76 3,28 T48 1,63 3,01 3,64 3,58 3,26 T54 APÊNDICE 14 - Concentração de xilose durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Xilose (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 40,02 40,02 40,02 40,02 40,02 T0 33,08 37,92 34,66 32,61 32,12 T12 23,46 31,27 29,62 21,10 20,77 T24 7,46 16,48 18,19 7,69 2,15 T48 nd 10,44 14,44 5,17 nd T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 15- Concentração de arabinose durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Arabinose (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 3,92 3,92 3,92 3,92 3,92 T0 2,96 3,15 3,86 3,14 3,13 T12 2,87 3,01 3,85 2,89 3,00 T24 2,20 2,85 3,15 2,40 2,52 T48 0,91 2,82 2,99 2,31 2,33 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 16- Concentração de arabinose durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Xilitol (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 nd nd nd nd nd T0 2,46 nd 0,71 2,67 2,62 T12 10,87 3,94 2,83 10,46 9,97 T24 24,15 10,05 5,17 13,38 25,25 T48 23,15 12,92 6,35 16,91 25,19 T54 n.d.: não detectado APÊNDICE 17- Concentração celular durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Concentração celular ( x107 cel/mL) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 T0 4,18 2,89 4,19 4,75 4,32 T12 6,15 3,27 4,07 3,67 4,87 T24 7,63 4,38 4,13 5,56 7,66 T48 9,76 4,20 4,68 6,23 8,94 T54 APÊNDICE 18- Parâmetros fermentativos durante a bioconversão de xilose por C. guilliermondii em meio simulando a composição do hidrolisado com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo YP/S (g/g) QP (g/L.h) Tempos de Tempo (h) Tempo (h) adição de T12 T24 T48 T54 T12 T24 T48 T54 ácido 0,53 0,66 0,74 0,58 0,21 0,45 0,50 0,43 sem adição 0,45 0,43 0,44 0,16 0,21 0,24 T0 0,13 0,27 0,24 0,25 0,06 0,12 0,11 0,12 T12 0,36 0,55 0,41 0,49 0,22 0,44 0,28 0,31 T24 0,33 0,52 0,67 0,63 0,22 0,42 0,53 0,47 T48 YP/S: rendimento QP: produtividade volumétrica APÊNDICE 19- Concentração de ácido acético durante as fermentações de meio simulando a composição do hidrolisado por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) em diferentes tempos de cultivo Ácido acético (g/L) Tempos de adição de ácido Tempo (h) Sem adição T0 T12 T24 T48 3,35 5,36 3,35 3,35 3,35 T0 2,59 4,00 4,32 2,40 2,28 T12 1,97 3,84 3,84 3,60 2,14 T24 1,00 2,81 2,95 2,78 2,91 T48 0,68 2,41 2,85 2,77 2,81 T54 APÊNDICE 20- Concentração de xilose durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função da forma de obtenção do inóculo Xilose (g/L) Tempo (h) C1 C2 C3 38,46 39,11 40,84 T0 31,23 34,38 34,43 T12 24,32 22,90 23,26 T24 10,77 9,81 9,38 T48 8,93 5,91 6,68 T54 C1: inóculo obtido de células cultivadas em meio sintético C2: inóculo obtido de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido C3: inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético APÊNDICE 21- Concentração de arabinose durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função da forma de obtenção do inóculo Arabinose (g/L) Tempo (h) C1 C2 C3 3,63 4,22 4,29 T0 3,63 4,21 4,22 T12 3,60 4,21 4,19 T24 3,53 3,69 3,63 T48 3,48 3,26 3,46 T54 C1: inóculo obtido de células cultivadas em meio sintético C2: inóculo obtido de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido C3: inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético APÊNDICE 22- Concentração de xilitol durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função da forma de obtenção do inóculo Xilitol (g/L) Tempo (h) C1 C2 C3 nd nd nd T0 2,33 1,96 4,46 T12 3,66 4,13 6,38 T24 10,72 10,92 12,74 T48 9,47 12,69 13,13 T54 C1: inóculo obtido de células cultivadas em meio sintético C2: inóculo obtido de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido C3: inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético APÊNDICE 23- Concentração celular durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função da forma de obtenção do inóculo Concentração celular ( x107 cel/mL) Tempo (h) C1 C2 C3 0,72 0,85 0,70 T0 4,38 4,94 4,59 T12 5,64 4,68 3,70 T24 4,83 4,48 4,79 T48 6,63 5,38 8,24 T54 C1: inóculo obtido de células cultivadas em meio sintético C2: inóculo obtido de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido C3: inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético APÊNDICE 24- Concentração de ácido acético durante as fermentações de hidrolisado de bagaço de cana por C. guilliermondii com adição de ácido acético (2,0g/L) após 12h de cultivo em função da forma de obtenção do inóculo Ácido acético (g/L) Tempo (h) C1 C2 C3 3,33 3,25 3,74 T0 4,52 4,00 3,98 T12 4,34 3,66 3,60 T24 4,00 3,20 2,89 T48 3,64 2,89 2,89 T54 C1: inóculo obtido de células cultivadas em meio sintético C2: inóculo obtido de C1 seguido do cultivo em hidrolisado com 3,5g/L de ácido C3: inóculo obtido de C2 seguido do cultivo em hidrolisado com 5,0g/L de ácido acético