O último e maior baile da realeza
brasileira
Foto do dia da festa – 09/11/1889
Não esqueça o som
Local
ILHA FISCAL
D.Pedro II vendo o projeto original
da Ilha Fiscal fica decepcionado e
exclama: “Este é delicado estojo,
digno de uma brilhante jóia” ...
Em função disto o projeto é refeito e
estruturado em estilo gótico,
seguindo os moldes de um típico
castelo do século XIV, em Auverne,
sul da França, pelo engenheiro
responsável, Adolpho José Del
Vecchio
A construção do castelo levou 7,5 anos e foi feita por
portugueses e escravos, sendo finalizado em 1889, juntamente
com a urbanização da ilha.
A construção foi executada com extrema qualidade e os
profissionais que trabalharam, cada um em seu ofício, merecem
destaque:
O raro relógio de quatro faces no
torreão, de mais de 100 anos, foi
instalado pela firma Krussmann e
Cia, funcionando através de corda,
que é dada 2 vezes por semana.
A pintura decorativa na parede é de
Frederico Steckel e as agulhas fundidas
foram feitas por Manuel Joaquim
Moreira e Cia.
Moreira de Carvalho se encarregou
dos mosaicos do piso do torreão, um
trabalho primoroso feito com mais de
15 tipos de madeira.
O brazão imperial foi feito por um escravo
artesão que ficou cego logo após terminar a obra.
Atentar para o estilo empregado nos para-raios.
O trabalho em cantaria é de AntonioTeixeira Ruiz
Na revolta da Armada em 1893 a Ilha Fiscal foi bastante danificada por
projéteis que atingiram suas paredes, além de danificarem os vitrais e os
móveis.
O projeto museográfico de recuperação envolveu diversas ambientações,
remontando ao século XIX, onde foram utilizadas réplicas de mobiliário
(confeccionado em São João del Rei), tapetes de arraiolo (provenientes de
Diamantina), e lustre proveniente do Rio de Janeiro.
Na saída, o visitante pode observar um lustre do século XIX, original,
confeccionado em bronze e opalinas brancas.
Os vitrais importados da Inglaterra foram duramente atingidos
durante a revolta da armada obrigando a uma grande restauração
quando o castelo passou para as mãos da Marinha.
Visitar a Ilha Fiscal na cidade do Rio de Janeiro - RJ é voltar no tempo e
ficar “sonhando” como teria sido o último baile da corte de D.Pedro II
naquele sábado: nove de novembro de 1889 (6 dias antes da queda do
império).
Será que com um pouco de criatividade
poderíamos recriar para os dias de hoje
uma reportagem histórica com a equipe
que preparou e realizou a maior festa
realizada pelo império brasileiro, a
pedido do Visconde de Ouro Preto?
.
Objetivo do baile
Oficialmente seria homenagear o comandante Banen do
navio chileno Almirante Cochrane em retribuição a igual
colhida em tempos anteriores.
Na realidade as finalidades seriam:
•
Confirmação das Bodas de Prata da Princesa Isabel e do Conde
D´Eu que já tinha ocorrido em 15/10/1889
•
Fortalecimento da monarquia que já “sentia” os ventos
republicanos.
Na parte superior do castelo, após subir uma escada em caracol com 38
degraus e revestida em cantaria podemos vislumbrar a sala onde foi realizada
a troca de bandeiras entre Chile e Brasil.
A sala é ricamente ornada com vitrais ingleses, que retratam de um lado
D. Pedro II e, do outro, a Princesa Isabel, ladeados por brasões, além do
belíssimo piso, confeccionado em parquet.
Recursos financeiros
A festa custou em torno de 250 contos de réis, quase 10% do orçamento
previsto para a província do RJ naquele ano.
Dizem as “más línguas” que este dinheiro estava destinado ao auxílio de
vítimas da seca no Ceará.
E quanto valeria esta quantia nos dias de hoje?
Fazer estas projeções financeiras é temoroso, mas adotando duas
metodologias (a) diferentes obtivemos um valor estimado entre
650 mil e 1,2 milhões de Reais.
(a) Método 1 : Projeções da inflação entre 1902 e 2008.
(b) Método 2: Conversão da moeda vigente para ouro.
Mudança imprevista na data
A data original para este baile seria 19 de
outubro.
Devido a doença Luís I, rei de Portugal e
sobrinho de D. Pedro II, a data foi alterada
para 09/11/1889, ou seja para depois dos
funerais.
Convidados e Convites
Os números não são absolutos, mas
estima-se entre 4.500 e 5000 pessoas
incluindo a família imperial e os 300
tripulantes do cruzador chileno
Almirante Cochrane. A alta sociedade
prestigiou maciçamente esta festa .
Trajes e Roupas
O guarda-roupa da imperatriz Tereza Cristina não chegou a
causar impressão especial – trajava um vestido de renda de
chantilly preta e guarnecido de vidrilhos.
Já o traje da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de
admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de
moiré preta listada, tendo na frente um corpete alto bordado a
ouro. Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes.
D. Pedro II trajava um uniforme de almirante
Réplicas, expostas na Ilha Fiscal,
dos trajes típicos utilizados
naquele baile
As roupas das mulheres foram adquiridas nas lojas sofisticadas da Rua do
Ouvidor, no centro do Rio. Os cabelos, penteados por cabelereiros
franceses da Casa A Dama Elegante, no mesmo endereço.
Já os homens abusavam das brilhantinas inglesas da Fritz Marck and Co.
nos cabelos e nos bigodes.
O colunista Desmoulins, do Correio do Povo citou o mau gosto a que se
entregaram muitos dos convidados. Criticou ainda os homens que, no
salão, mantinham seus chapéus ingleses do Wellicamp e do Palais Royal
enfiados na cabeça.
Frasco de perfume
Peças originais de época
Música e Animação no porto
O baile estava marcado para as 20h30, mas desde cedo uma multidão se
acotovelava em volta do Cais Pharoux, que dá acesso à ilha, e nas ruas
próximas para ver chegarem os convidados. A impressão que se tinha era
que boa parte dos 500 000 habitantes que contava o Rio de Janeiro naquela
época estava lá..
Uma das seis bandas contratadas para a festa animava o povo que
prestigiava o evento vaiando ou aplaudindo os convidados.
Embarque e transporte dos convidados
A suntuosidade da festa
começava ainda na ponte
flutuante montada junto ao
cais para o embarque,
ornamentada com seis grandes
arcos e dois candelabros de
gás.
Fotos do local do embarque em torno do ano de 1880.
Os convidados embarcavam em 03 barcaças a vapor que saíam do cais
Pharoux, na atual praça XV de Novembro, centro do RJ.
Da ponte, os convivas eram levados até a ilha pela barca Primeira, coberta
de tapetes luxuosos e ornamentada com as bandeiras brasileira e chilena.
Ao contrário do que se poderia imaginar a galeota, que
sempre foi utilizada pela família imperial nos seus passeios
pela baía da Guanabara, não foi utilizada aquela noite.
Esta embarcação com 24 metros de comprimento para 11
remadores em cada bordo, levando na popa uma cabine
forrada de veludo para a família Imperial, foi construída
em Salvador, em 1808, por ocasião da vinda da Família
Real portuguesa para o Brasil e trazida para o Rio em
1809.
Recepção e cerimonial na ilha
Devido a debilidade de D. Pedro
II, que sofria de diabetes, a
recepção dos convidados não foi
realizada pela família imperial
que chegou ao local em torno das
21-22 horas.
O quadro “O último baile da Ilha
Fiscal” de Francisco Aurélio de
Figueiredo retrata esta recepção.
Uma cópia do quadro, feita por
Robson G. está exposta na Ilha
Fiscal, já o original se encontra
no Museu Histórico Nacional –
MHN.
Autores comentam que naquele quadro existem mensagens subliminares,
sendo as principais a coroação que não ocorreu da princesa Isabel e a
movimentação do grupo republicano para tomar o poder.
Aqui pode ser vista a família real juntamente com o Visconde de Rio
Preto e os comandantes do navio chileno Almirante Cochrane.
Iluminação e som
O Palácio da Ilha Fiscal tinha uma iluminação feita com 700 lâmpadas
elétricas. No alto da torre, um holofote produzia um foco de 60 000
velas, mais da metade da força projetada pela iluminação da Torre
Eiffel. Milhares de velas, lanternas venezianas utilizadas na decoração e
holofotes do couraçado Almirante Cochrane e outros navios da marinha
ancorados por ali complementavam a iluminação.
Decoração
Foram armadas duas mesas
em forma de ferradura, para
250 talheres cada uma. Nas
cabeceiras das mesas, dois
enormes pavões empalhados
estendiam as caudas
multicoloridas.
Havia enormes castelos de
açúcar, em cujos torreões
foram colocados bombons.
À frente de cada prato havia
nove copos de formatos
diferentes, três brancos e seis
coloridos.
Banquete
800 kg de camarão
1.300 frangos
500 perus
64 faisões
1.200 latas de aspargos
20.000 sanduíches
14.000 sorvetes
2.900 pratos de doces
Cartas de vinho e bebidas
Registros da festa mostram que
foram consumidos em torno de
10.000 litros de cerveja, 304
caixas de vinhos, champagne e
bebidas diversas.
Baile e arrumação
Quando a Princesa Isabel e o Conde D'Eu chegaram, às
23:00, começaram as danças (dizem que a Princesa era uma
"pé-de-valsa"), que foram interrompidas à meia noite para a
ceia, a qual foi fartíssima.
Depois da 1:00 hora da manhã recomeçaram as danças, sendo
que a Família Imperial logo se retirou, prosseguindo a festa
até às 6:00 horas de domingo.
A valsa e a polca foram as músicas predominantes no Baile da
Ilha Fiscal, segundo o pesquisador Carlos Sandroni. Na
época, a execução dessas canções ficava por conta das bandas
imperiais, em sua maioria militares.
As partituras eram editadas com requinte pela Casa Buschman e Guimarães,
responsável pela publicação do Hino Chile-Brasil, composto por Francisco
Braga, para saudar a tripulaçao do Almirante Cochrane.
Os cartões de dança das mulheres, que foram encontrados na Ilha Fiscal após o
baile, junto com ligas e espartilhos, revelam que a piéce de resistance foi uma
seqüência alternante em três tempos: fantasia, valsa, minuano, valsa, fantasia,
valsa.
O som de fundo era feito com trechos de óperas de Verdi, Boccherini,
Waldteufel, Metra e Auber. Os cartões são uma das curiosidades guardadas no
Arquivo Nacional. Neles, as damas anotavam os nomes dos cavalheiros com
quem haviam se comprometido a dançar.
Dançavam-se em seis salões. Dois
decorados com motivos florais, dois
decorados com motivos navais e os
outros dois com espelhos.
Existiam mais duas salas. Um salão de
jogos e um salão toucador para as
senhoras.
A maior parte das danças
ocorreu fora do palácio,
pois não cabiam nele mais
do que setenta casais
dançando.
Fatos pitorescos..
O palacete da ilha Fiscal não disponha de banheiros suficientes.
Para os homens a saída foi “aumentar o teor de nutrientes do mar”, já as
mulheres tiveram que apelar para baldes dispostos em alguns cantos do
castelo.
Uma lista divulgada, dos despojos encontrados nos salões, na manhã
daquele domingo incluia, por exemplo, oito raminhos de corpete, três
coletes de senhora, dezessete ligas, dezesseis chapéus, nove dragonas,
treze lenços de seda, nove de linho e quinze de cambraia.
Às 5 horas da manhã, após a saída dos convidados, os trabalhos de
limpeza revelaram alguns artigos inusitados espalhados pelo chão: além
de copos quebrados e garrafas espalhadas, foram recolhidas
condecorações perdidas e até peças de roupas íntimas femininas.
O fato pode, entretanto, ser fictício, uma vez que foi relatado na
coluna humorística Foguetes, do periódico carioca "O Paiz", no dia
12 de novembro.
“O Paiz “ era o principal periódico
republicano do Brasil, chegou a
vender, em 1890, 32 mil exemplares.
Apesar de atuar como um órgão
oficioso do governo, considerava-se
independente. Escreveram em suas
páginas, entre outros, Rui Barbosa e
Joaquim Nabuco
Um fato irônico, até hoje não
confirmado, ocorreu logo após a
chegada da família real, conta-se que D.
Pedro II, ao entrar no salão do baile,
desequilibrou-se.
Ao recompor-se, exclamou:
O monarca escorregou, mas a
monarquia não caiu!
QUER SABER MAIS DO LUGAR ?
No salão de eventos podem ser realizados
desde jantares, encontros de negócios e
confraternizações.
Já as grandes festas, com utilização
nessas ocasiões da parte externa da Ilha,
também pode ser locada inclusive como
set de filmagens para produções
cinematográficas, de televisão e
publicitárias.
Agendamentos:
0XX(21)2104-6992 e 2104-6926
Informações sobre o passeio:
Tel/fax: 2233-9165 e 2104-5480
Saídas: Espaço Cultural da Marinha
Av. Alfredo Agache s/nº , Praça XV , Centro - RJ
Visitação: de 5ª feira à domingo.
Horários: 13h, 14h30 e 16h.
A Ilha Fiscal fica na Baía de Guanabara, junto às instalações do estaleiro da
Marinha do Brasil em frente à Av. Presidente Vargas e à Igreja da Candelária e
próximo ao Paço Imperial da Praça XV.
Texto:
Roberto Alegria - Consulta na internet nos sites da: Wikipedia, Mar
Mil, Veja , Polibiobraga, Interata, Rio Tur, Novo Milênio e o livro “O último baile
do Império”
Fotos: Roberto Alegria
Infográficos: Antônio Andrade para a revista Aventuras na História.
Músicas: Mixagem livre de Roberto Alegria para as valsas de Strauss :
“Valsa do Imperador”, “Sangue de Viena” , “Vinho, mulheres e canções” e
Danúbio Azul”
Data: MCDIXX meses depois do baile.
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O ÚLTIMO E MAIOR BAILE DA REALEZA BRASILEIRA