64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 DORSTENIA (MORACEAE) DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL Patrícia A. de São-José¹*, Sergio Romaniuc-Neto² 1 Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente Instituto de Botânica; ² Instituto de Botânica de São Paulo; *[email protected] Introdução Dorstenia L. se difere dos demais gêneros de Moraceae por apresentar hábito herbáceo e ser o único neotropical com inflorescência de arquitetura denominada cenanto. No mundo ocorrem cerca de 150 espécies, destas 37 ocorrem no Brasil e 10 no Estado de São Paulo[1]. O grande número de espécies concentradas no sudeste brasileiro e a elevada variação morfológica existente no gênero, fazem com que se formem grupos naturais infragenéricos. Suas populações apresentam tendência a ocupar áreas restritas que apresentem condições ecológicas favoráveis. A maioria das espécies habita locais sombreados e úmidos[2]. Metodologia O conhecimento da diversidade de Dorstenia se baseia na revisão e compilação de dados, principalmente para as espécies do Estado de São Paulo. A identificação se dá através de estudos morfológicos usuais, bibliografia específica e comparação com exsicatas depositadas em herbários, além de consultas as imagens dos tipos e aos protólogos disponíveis. Amostras suplementares desidratadas em sílica gel, acondicionadas em saco plástico com fecho hermético e mantidas ao abrigo da luz e em temperatura ambiente, no intuito de realizar futuros estudos moleculares também são amostradas. As descrições das espécies, chave de identificação e ilustrações de detalhes morfológicos com o auxílio de estereomicroscópio acoplado à câmara clara, seguem normas da ‘Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo’[3]. Resultados e Discussão No Estado de São Paulo, Moraceae está representada por 8 gêneros e 47 espécies. Dentre estes destaca-se Ficus (22 espécies) e Dorstenia (10 espécies), estes os mais representativos. As espécies de Dorstenia do Estado de São Paulo são: Dorstenia arifolia Lam., Dorstenia bowmaniana Baker, Dorstenia brasiliensis Lam., Dorstenia carautae C.C.Berg, Dorstenia grazielae Carauta, C.Valente & Sucre, Dorstenia hirta Desv., Dorstenia Maris C.Valente & Carauta, Dorstenia stellaris Al. Santos & Romaniuc, Dorstenia tubicina Ruiz & Pav., Dorstenia vitifolia Gardner Dorstenia stellaris Al.Santos & Romaniuc Foto: Alessandra Santos (2012) Figura: Detalhe da inflorescência Conclusões O fato de ser o único gênero na família que apresenta hábito herbáceo, as torna exigentes quanto as condições edáficas e mais susceptíveis as características da vegetação onde habita. No Estado de São Paulo apresentam tendência a ocupar áreas restritas com condições ecológicas favoráveis para o estabelecimento de suas populações. A maioria se concentra próximo a riachos ou em grotões rochosos e úmidos - Dorstenia hirta Desv. Há espécies que se destacam pela beleza ornamental - Dorstenia arifolia Lam. e outras pelos rizomas aromáticos - Dorstenia vitifolia Gardner. Substâncias aromáticas presentes nos rizomas tornam Dorstenia de interesse para estudos fitoquímicos Dorstenia brasiliensis Lam. Além disso, algumas espécies são ornamentais pela beleza das folhas e exotismo das inflorescências - Dorstenia stellaris Al. Santos & Romaniuc. Além disso, algumas espécies de Dorstenia também sofrem ameaça de extinção, como por exemplo: D. arifolia Lam. e D. cayapia Vell. que ocorrem no Estado de São Paulo [4]. Agradecimentos 1. Financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES 2. Instituto de Botânica – IBt – Programa de Pós graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente 3. Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP. Referências Bibliográficas [1] Romaniuc-Neto, S.; Carauta, J.P.P.; Vianna Filho, M.D.M.; Pereira, R.A.S.; Ribeiro, J.E.L. da S.; Machado, A.F.P.; Santos, A. dos; Pelissari, G.; Pederneiras, L.C. 2013. Moraceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000167, (acesso em 31/07/2013). [2] Carauta, J.P.P. 1978. Dorstenia L. (Moraceae) do Brasil e países limítrofes. Ridriguesia 29(44): 71-73. [3] Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J., Melhem, T.S. & Giulietti, A.M. (coords.). 2007. In T.S. Melhem, M.G.L. Wanderley, S.E.Martins, S.L. Jung-Mendacolli, G.J.Shepherd & M. Kirizawa (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP/ RiMa. vol.5. 476p. [4] Mendonça, M.P. & Lins, L.V. (org.). 2000. Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais. Belo Horizonte, Biodiversitas e Fundação ZooBotânica de Belo Horizonte.