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ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA
IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012
O PODER E O IMPACTO DO ISLÃO NO NORTE DE MOÇAMBIQUE (SÉCULOS XIX-XXI)
OLGA IGLÉSIAS NEVES1
Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL
[email protected]
Dedicatória
Aos combatentes da Liberdade, que sonharam uma Pátria sem exploração, em que os homens vivessem como irmãos.
Resumo
O presente texto em construção resulta do trabalho de campo durante o segundo semestre do ano de 2012, efetuado
no âmbito de uma bolsa de pós-doutoramento, financiada pela FCT e alocada no Centro de Estudos sobre África e
Desenvolvimento (CEsA) do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), orientada pela Professora Doutora Joana
Pereira Leite. Pretende-se analisar o impacto do Islão no Norte de Moçambique, nomeadamente nas Províncias de
Cabo Delgado e Niassa, territórios que, desde o passado até ao presente, guardam a memória de longa duração dos
contatos comerciais e religiosos no Índico das rotas Suahili, que ligaram a costa Oriental de África com o interior.
Defende-se a tese que o Ibo, sede da Companhia do Niassa, desde os finais do século XIX até às primeiras décadas do
século XX, desempenhou um papel geoestratégico nessas rotas e o património edificado atesta a sua importância. A
problemática aborda assim, como é que o poder, colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO
interagiu e interage com essas sociedades fortemente islamizadas.
A região Norte de Moçambique, hoje largamente noticiada pela exploração dos seus recursos mineiros, sobretudo de
hidrocarbonetos por Companhias multinacionais, volta tal como no passado, a chamar a atenção dos investigadores
para a importância da interpretação das dinâmicas sociais e culturais que a enquadram.
Palavras-chave: África, Índico, Moçambique, Islão, poder.
*
INTRODUÇÃO
A importância do tema
Moçambique, território banhado pelo Índico progressivamente ocupado e administrado por um
poder colonial que o representou como “África Oriental Portuguesa”, continha subjugados muitos
povos, pessoas de culturas diversas, algumas vindas do mar, de paragens longínquas que se
interrelacionaram com famílias locais e por isso, se imaginavam pertencendo à terra escolhida.
Qual o papel das histórias de vida para a construção da História de Moçambique? Como é que essas
histórias, cruzadas com fontes escritas e iconográficas podem-nos ajudar a compreender a
sociedade moçambicana do século XXI?
No projeto que desenvolvemos sobre o poder colonial e o impacto do Islão em Moçambique fomos
à procura da Memória que transborda das fontes orais. Percorremos o Norte, da costa ao interior,
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Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL.
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em busca das comunidades islâmicas, ouvindo histórias de vida dos seus membros. Observámos no
labor do dia e na quietude da noite as suas iniciativas e inquietações.
Assim, este é um texto em construção, decorrente do trabalho de campo em Moçambique,
nomeadamente no norte do país. Problematizar as dinâmicas do movimento associativo de cariz
islâmico tornou-se deveras apaixonante, pela descoberta da documentação dispersa e perdida no
tempo, pelas entrevistas exploratórias em trajetórias de vida, pelo partilhar da informação, que
constantemente se analisa, sobretudo pelo encontro com pessoas que se interrogam sobre o
impacto do Islão em Moçambique.
1. TESE
Na ciência histórica, a arte de interpretar a documentação recolhida encontra na construção da
História de Moçambique, uma questão fundamental sobre o papel do registo oficial português
relativo à oposição dos filhos da terra, especificamente à resistência dos afro-islâmicos, tentando
distinguir, fora do traço burocrático as zonas de conflito, o que não é tarefa fácil. O “dito”,
mascarado de verdadeiro, à custa de tantas vezes ser repetido, tem que ser cotejado com o “nãodito”, submerso nas entrelinhas. Nesta análise, confronta-se a documentação fabricada em duas
verdades antagónicas: a da administração colonial e a dos movimentos nacionalistas, com a
informação vinda a lume nos jornais ou radiodifundida, assim como as histórias de vida, detalhadas
e coloridas de acção. Limpo o pó do tempo, com rigor e seriedade será analisado um passadopresente, através de fontes orais e escritas que nos permitirão uma aproximação à verdade, ainda
que ela esteja bem afastada da versão oficial. Desfazer mitos, em nome da verdade histórica.
Defende-se a tese que o Ibo, sede da Companhia do Niassa, desde os finais do século XIX até às
primeiras décadas do século XX, desempenhou um papel geoestratégico nessas rotas e o
património edificado atesta a sua importância. A problemática aborda assim, como é que o poder,
colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e interage com essas
sociedades fortemente islamizadas.
Três hipóteses se levantam:
1. As comunidades islâmicas foram completamente controladas pelo regime colonial?
2. Controladas pelo regime, desenvolveram iniciativas de afirmação independentista?
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3. Subordinação e resistência ao poder colonial coexistiram?
2. OBJETIVOS
A finalidade da pesquisa:
Assim, o nosso grande objetivo é o estudo de caso – As comunidades islâmicas.
Objetivos principais da nossa pesquisa em geral:
1. Identificar as comunidades islâmicas em Moçambique;
2. Verificar o impacto do islamismo no movimento associativo moçambicano;
3. Analisar as relações dos Povos do Norte de Moçambique com o poder colonial e os movimentos
independentistas: A MANU (Mozambique African National Union / União Nacional Africana de
Moçambique), criada em 1959 a partir de associações mutualistas, entre essas, a União Maconde
de Moçambique, fundada em 1954;
4. Analisar as vivências e trajetórias das famílias afro-islâmicas decorrentes dos processos de
colonização e descolonização;
5. Conhecer as realidades da comunidade islâmica originária de Moçambique atualmente imigrante
em Portugal;
6. Aferir do relacionamento entre a comunidade imigrante islâmica e a sociedade portuguesa;
7. Confrontar e problematizar os resultados da pesquisa, no sentido de desenvolver linhas analíticas
que permitam aferir da importância do movimento associativo de inspiração islâmica na construção
do Moçambique independente.
Objetivos específicos:
1. Analisar o impacto do Islão no Norte de Moçambique, nomeadamente nas Províncias de Cabo
Delgado e Niassa;
2. Como é que o poder, colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e
interage com essas sociedades fortemente islamizadas?
3. Justificar a ligação das associações com os movimentos independentistas.
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3. METODOLOGIA
Qual foi o caminho percorrido?
Partiu-se do Estado da Arte, duma reflexão sobre o que foi escrito sobre este magno tema, tendose constatado que os estudos sobre o islamismo conheceram um novo fôlego após a tragédia do 11
de Setembro de 2001 em Nova Iorque. Políticos, Sociólogos, Antropólogos têm-se debruçado sobre
o impacto do Islão, privilegiando sobretudo a temática religiosa mas a nossa pesquisa não vai focar
a questão religiosa em si mas sim as actividades dela decorrente em termos políticos, sociais,
económicos e culturais, que animaram o associativismo. Ao estudar o fenómeno associativo, no
desenvolvimento das teses de mestrado e de doutoramento, apercebemo-nos desta limitação, pois
o enfoque centrou-se nas iniciativas africanas, esquecendo entre os filhos da terra, especificamente
os afro-islâmicos.
No caso de Moçambique, apesar de importantes estudos desenvolvidos por ALPERS, BONATE,
LEITE, KHOURI, MACAGNO, MEDEIROS, THOMAZ, VAKIL e ZAMPARONI, como podemos ver na
Bibliografia apresentada, este estudo está por fazer, pois se o regime colonial português numa
pesquisa aplicada para controlar a comunidade islâmica produziu uma série de estudos, que os
SCCIM preservaram, igualmente os movimentos independentistas a integraram, como atestam os
documentos por nós encontrados no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo
Mondlane e, em pastas reservadas do saudoso Professor Fernando Ganhão, historiador da
FRELIMO, que preparava uma História de Moçambique, debatendo questões como a identidade, o
nacionalismo e, nos nossos dias um Islão que se pretende afirmar como africano e moçambicano.
Daí, a pergunta de partida: Qual foi o papel das comunidades islâmicas em geral e das associações
em particular, na construção de Moçambique independente?
A pesquisa de fontes primárias já iniciada no Arquivo da MANU, inserido no Arquivo da FRELIMO
depositado no Arquivo Histórico de Moçambique, constituiu o maior desafio, pois a documentação
reservada encontra-se em grande maioria em língua Suahili, o que implicou para além da recolha, a
tradução e respectiva análise, contando-se com a ajuda preciosa de um Colega convidado,
especialista nesta área; nos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo – Arquivo de Oliveira Salazar,
PIDE/DGS, SCCIM; no Arquivo Histórico Ultramarino para indicar os arquivos principais
possibilitarão um bom suporte documental. Importa ainda referir a importância da informação
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recolhida na imprensa local, nomeadamente: O Brado Africano, Notícias e Diário de Moçambique,
continuando a pesquisa de Nicole KHOURI e de Joana Pereira LEITE, como se pode verificar na
Bibliografia.
Por outro lado, as fontes orais foram relevantes, através de entrevistas a elementos das
comunidades islâmicas, da MANU (União Nacional Africana de Moçambique) e da FRELIMO (Frente
de Libertação de Moçambique), pelo detalhe atingido, contribuindo as histórias de vida para aclarar
aspetos sombra da pesquisa e alargar o universo da amostra em tratamento.
Um outro tipo de fontes como a Iconografia revelou-se muito esclarecedora, quando devidamente
analisada, captando o momento no tempo de atividades, iniciativas e relacionamentos, detalhando
aspetos da representação de comunidades imaginadas no espaço colonial e pós-colonial. Assim, o
acervo de imagens das associações em estudo ajudou a comprovar a participação de mulheres e
homens islâmicos na luta armada de libertação nacional bem como em fóruns internacionais na
defesa dos ideais de liberdade.
O cruzamento de fontes orais, escritas e iconográficas permitiu assim, a compreensão da genesis do
movimento associativo de cariz islâmico e dos fenómenos de permanência e mudança, levantando
novos temas e problemas, que a pesquisa se encarregará de prosseguir.
4. O ISLÃO NO NORTE DE MOÇAMBIQUE
Historicamente é um facto adquirido como um fenómeno de longa duração, o estabelecimento de
viajantes e comerciantes Árabes na Costa Oriental Africana. As primeiras referências ao território
que hoje é Moçambique surgiram no século X, por Al-Masudi, mais concretamente às terras de
Sofala. O desenvolvimento do comércio coincidiu com a difusão do Islamismo, entre os séculos XVIII
e XIX, sobretudo nas sociedades Suahili do Índico, tendo florescido reinos afro-islâmicos da costa,
como os xecados de Sancul, Quitangonha e Sangage, e o sultanato de Angoxe, na esfera do sultão
de Zanzibar, como vamos ver mais adiante.
Por outro lado, a chegada de indianos, nos séculos XIX e XX à então Colónia de Moçambique vai
contribuir para o Renascimento do Islão. Comerciantes, agricultores, proprietários, industriais, com
uma economia familiar empreendedora tanto no campo como na cidade dinamizaram a economia
e a religião, sendo responsáveis pela construção de mesquitas modernas e, em seu redor de
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associações de culto, recreio e de beneficência, objeto do nosso estudo. Num universo de
quinhentas associações existentes no século XX, identificámos quarenta de cariz islâmico.
No Norte de Moçambique, as associações identificadas através da documentação existente no
Arquivo Histórico de Moçambique, foram as seguintes:
•
Comunidade Muçulmana de Porto Amélia (1970-1971);
•
Associação Muçulmana de Porto Amélia (1971-1973);
•
Comunidade Islâmica de Porto Amélia (1972);
•
Comunidade Muçulmana do Ibo (1935-1945);
•
Comunidade Maometana de Mocímboa da Praia;
•
Associação Comercial Indiana de Cabo Delgado (1931-1932);
•
Comunidade Muçulmana de Vila Cabral (1956-74).
Tais associações espelham o dinamismo dos atores sociais que as organizaram e comprovam uma
vivência segregada na sociedade colonial. (Entrevistas)
5. O PODER COLONIAL E AS COMUNIDADES ISLÂMICAS
Nos relatórios das autoridades portuguesas (administração civil, SCCIM, PIDE/DGS, contrainteligência
militar, sobretudo durante a guerra colonial/luta armada de libertação nacional (1964-1974) foi bem
patente a tentativa, primeiro de conquistar as comunidades islâmicas (1968-1969) para mais tarde
“controlar” a população local, de forma a servir de tampão ao avanço da Frente de Libertação de
Moçambique, FRELIMO (MACHAQUEIRO, VAKIL e MONTEIRO, 2011).
Relembrando as balizas cronológicas do período em estudo: 1954-1974, importa traçar o contexto
histórico do relacionamento do regime colonial com as diversas comunidades islâmicas. A atuação do
Estado colonial face às diversas confissões religiosas foi sobretudo, de conhecer as hierarquias e as suas
influências junto das populações, acautelando o perigo da chamada “subversão”.
Vejamos com mais detalhe essa atuação de “dividir para reinar”. Na introdução ao Relatório de
Branquinho (ver a Bibliografia) de prospeção ao Distrito de Moçambique, o Diretor dos SCCIM,
Fernando da Costa Freire afirmava em 1969:
O autor levou a efeito durante o seu trabalho um estudo de pesquisa, visando as estruturas islâmicas no
Distrito, do qual sobressai o conhecimento do grande intercâmbio religioso entre o Norte do Distrito de
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Moçambique e o Sul dos Distritos de Cabo Delgado e Niassa e entre estes e os territórios vizinhos da Tanzânia e
do Malawi.
Este facto é tanto mais relevante quanto é certo terem os agentes subversivos, em Cabo Delgado, apoiados nos
dignitários islâmicos, usado o factor religioso para prepararem as autoridades tradicionais, de confissão
islâmica, tinham em vista uma acção conjunta de adesão das populações, obtendo assim, receptividade à
ulterior vinda de grupos armados.” (BRANQUINHO, 1969, p. VIII-IX.)
O que propunha, então o Inspetor Branquinho no seu relatório?
(…) Com a deposição do Sultão de Zanzibar, pela revolução de 1964, criou-se uma lacuna, que a subversão
procura preencher, mas que só nos trouxe vantagens. (BRANQUINHO, 1969, 335)
A administração tinha assim, de aproveitar os dignitários favoráveis aos seus desígnios. A política de
distribuir benesses (Ex. apoiar a ida a Meca) revelou-se decisiva. (Entrevistas).
6. O MOVIMENTO ASSOCIATIVO E OS MOVIMENTOS INDEPENDENTISTAS
As associações de cariz islâmico, atrás mencionadas, tiveram a sua genesis nas Confrarias,
irmandades muçulmanas, que nasceram na Ilha de Moçambique e se estenderam até ao Norte de
Moçambique, seguindo os caminhos da religião os do comércio.
A população estava enquadrada por autoridades gentílicas. Junto dos régulos atuavam como seus
conselheiros Chehés, alguns por nós entrevistados, com contatos familiares, comerciais e religiosos com
outras regiões do Norte de Moçambique, como Cabo Delgado e Niassa e zonas no exterior, como
Zanzibar, (Tanganhica/Tanzânia), Comores e Malawi. (FUNADA-CLASSEN, 2012: 237-238)
A rede clandestina da FRELIMO atuou na Ilha do Ibo como em Porto Amélia/Pemba e Vila
Cabral/Lichinga, apesar da forte repressão policial. Nessa rede participaram alguns comerciantes
indianos, que pelas suas ligações à India e ao Paquistão estavam a par dos novos ventos da mudança.
Entre os combatentes da guerra colonial/luta armada de libertação nacional bem como da luta
clandestina, encontrámos na Ilha do Ibo, como aliás no Norte de Moçambique, nas sociedades costeiras
e no interior, mulheres e homens Macuas, Muanis, Suailis, Angonis, muçulmanos que encontraram no
Alcorão, os fundamentos para a sua prática libertadora, tendo aderido à União Nacional Africana de
Moçambique (MANU) e mais tarde em 1962, integrando-se na Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO). Se a liderança da Frente era cristã, os combatentes, mulheres e homens, na base eram, na
sua maioria, muçulmanos. (Entrevistas).
7. CONCLUSÕES
A situação do Islão em Moçambique no século XXI comprova o ambiente de tolerância, próprio da
fase de transição para a democracia, favorável à expansão das diferentes ordens: Sunitas, Xiitas e
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Wahabitas, bem como a criação de organizações de cúpula: o Congresso (Sunitas), o Conselho
Islâmico (Wahabitas) e, mantendo-se com todo o esplendor o Palácio de Sua Alteza Aga Khan
(Ismaelitas).
O papel das associações na dinâmica cultural é um fenómeno de permanência, o que nos incentiva
a prosseguir no seu aprofundamento, refletindo a questão da identidade, da afirmação de
africanidade e de moçambicanidade.
Os resultados da investigação em curso apontam que, numa situação extrema, num clima de luta
de libertação nacional (1964-1974) e de guerra civil (1976-1992) foram, sobretudo as mulheres
islâmicas, enquadradas nas Confrarias e nas associações que se evidenciaram na defesa da Paz,
comprovando a “força revolucionária das mulheres na sociedade africana”, no dizer de M´Bokolo.
Os resultados da presente investigação podem e devem ser enumerados, constituindo pontos
fortes: 45 Entrevistas; 100 caixas do Fundo ISANI do AHM; 10 caixas da FRELIMO; 7 associações de
cariz islâmico identificadas; 3 textos apresentados em congressos internacionais, partilhando a
pesquisa (2010, 2011 e 2012) e a serem publicados.
Mas, importa indicar igualmente as limitações, pontos que se consideram como fracos: Tradução da
documentação em Suahili de Confrarias, da MANU e da FRELIMO ainda não iniciada; Entrevistas a
personalidades islâmicas canceladas em Maputo, devido a um clima de medo, causado por raptos,
reportados pela imprensa local; Entrevistas a elementos mais velhos do Partido Frelimo só possíveis
depois do Xº. Congresso (Out. 2012); Falta de trabalho de campo nas províncias de Sofala, Manica,
Zambézia e Tete, zonas que se revelaram importantes a serem tratadas, reconstituindo antigas
rotas do comércio (entre a costa e o interior) e da religião islâmica.
Como transformar os pontos fracos em oportunidades? A continuação da investigação no ano de
2013 a ser apoiada pela FCT no CEsA/ISEG será a resposta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fontes Orais – Entrevistas:
1.
2.
3.
4.
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Mohamed Abdulai, Pemba,11-04-12
Isac Yacob, Pemba, 12-04-12
Ali Sumail, Pemba, 12-04-12
Sanje Sira, Pemba, 12-04-12
Abdul Latif Amade, Pemba, 12-04-12
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Maincha Pitara, Pemba, 13-04-12
Major Dade, Pemba, 14-04-12
Saide Chaca, Pemba, 15-04-12
Berta Assumane, Pemba, 16-04-12
Omar Assumane Santana, Pemba, 16-04-12
Alberto Velho, Pemba, 17-04-12
Momade Rafik Abdul Latif, Pemba, 17-04-12
Sadaca Incacha, Pemba, 18-04-12
Antónia Rebocho, Pemba, 18-04-12
Mamade Ali Patel, Pemba, 19-04-12
Maria Asharafali Razia Mera, Pemba, 19-04-12
Abdulrasaque Sufo, Pemba, 19-04-12
Pinto Chomar Tauabo, Pemba, 20-04-12
João Baptista, Ibo, 22-04-12
Amade Assane, Ibo, 23-04-12
Mahando Amade, Ibo, 23-04-12
Carlos Incacha Sadaca, Ibo, 23-04-12
Nsemba Abdul Imede, Ibo, 23-04-12
Omar Taiar, Ibo, 24-04-12
Sufo Buana, Pemba, 26-04-12
Anli Bacar, Pemba, 26-04-12
Dulá, Pemba, 27-04-12
Zicar Osman, Pemba, 28-04-12
Saide Cassimo, Lichinga, 09-05-12
António Omar, Lichinga, 09-05-12
Helena Baide Muamete, Lichinga, 10-05-12
Halifa Helena Índia, Lichinga, 10-05-12
Faizal Gulamo, Lichinga, 11-05-12
Maria Augusta da Fonseca Parsotamo, Lichinga, 11-05-12
Fernanda Jerónimo, Lichinga, 11-05-12
Beatriz Manjore, Lichinga, 14-05-12
Maria Kambongué, Lichinga, 14-05-12
Maria Iassine, Lichinga, 14-05-12
Nurbay Amade Issimall, Lichinga, 14-05-12
Taibo Amade Issimall, Lichinga, 14-05-12
Adamo Bonomar, Lichinga, 15-05-12
Sumane Mustafa, Lichinga, 16-05-12
Rossana Taibo, Lichinga, 16-05-12
Rui Cabinda Maluza, Lichinga, 17-05-12
Mustafa Mbuana, Lichinga, 18-05-12
Fontes Escritas
Arquivo Histórico de Moçambique (AHM) - Fundo ISANI (Inspeção dos Serviços da Administração e
Negócios Indígenas):
AMORIM, Amadeu Pacheco de.1961. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Distrito de Cabo Delgado,
1951-1961”, Montepuez. In cx. 89.
AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária à Comissão Municipal do Ibo
no Distrito de Cabo Delgado, 1960-1962”, Ibo. In cx. 89.
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AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Concelho do Ibo do
Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Quissanga. In cx. 90.
AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Concelho de Mocímboa
da Praia no Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Mocímboa da Praia. In cx. 91.
AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária à Circunscrição dos
Macondes no Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Mueda. In cx. 91.
SANTOS, António Policárpio de Sousa.1951. “Relatório da Inspeção Ordinária à Circunscrição de
Montepuez e postos, posto de Ancuabe do Concelho de Porto Amélia e postos de Ocua e de
Chiure da Circunscrição de Mecufi realizado no ano de 1950/51”, Lourenço Marques. In cx.
89.
Fundo FRELIMO (DD: Departamento de Defesa; DEC: Departamento de Educação e Cultura; DIP:
Departamento de Informação e Propaganda)
Fontes Iconográficas (Ver Anexos)
Arquivo (AHM):
“Carta Étnica”. In: Freitas, R. Ivens Ferraz de. 1965. “Conquista da Adesão das Populações”, Lourenço
Marques: SCCIM. [Anexo]
“Islamic route in northern Mozambique”. In: Funada-Classen, Sayaka. 2012. The Origin of War in
Mozambique. A History of Unity and Division, Tokyo: Author´s Ed., 239 [Fig. 24].
Coleção da Autora:
Fotografias das Mesquitas - Pemba; - Lichinga.
Fotografias dos fundadores da Comunidade Islâmica de Porto Amélia (1972): - Anli Bacar; - Sufo
Buana.
Obras consultadas
ALPERS, Edward A. 1999. “Islam in the Service of Colonialism? Portuguese Strategy during the
Armed Liberation Struggle in Mozambique”. Lusotopie 1999: Enjeux contemporains dans les
espaces lusophones. Paris. Karthala: 165-184.
BETHENCOURT, Francisco e CHAUDHURI, Kirti (dir.). 1999. História da Expansão Portuguesa. vol. 5.
Navarra. Círculo de Leitores.
BONATE, Liazzat J.K. 2006. “Matriliny, Islam and Gender in Northern Mozambique”. Journal of
Religion in Africa. Leiden. Brill. Nº 36, vol. 2: 139-166.
BONATE, Liazzat J.K. 2007. “Roots of Diversity in Mozambican Islam”. Lusotopie. Leiden. Brill. Nº XIV
(1): 129-149.
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Estudos
do
Islão
no
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ANEXOS
Gravura 1 - “Carta Étnica”. In: FREITAS, R. Ivens Ferraz de. 1965. “Conquista da Adesão das Populações”,
Marques: SCCIM.
Lourenço
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Gravura 2 - “Islamic route in northern Mozambique”. In: FUNADA-CLASSEN, Sayaka. 2012. The Origin of War in
Mozambique. A History of Unity and Division, Tokyo: Author´s Ed., 239. [Fig.24].
Gravura 3 - Mesquita de Lichinga. (Coleção da Autora).
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Gravura 4 – Mesquita de Pemba (Coleção da Autora).
Gravura 5 - Fundadores Comunidade Islâmica de Porto Amélia (1972) (Coleção da Autora).
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