UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CAMPUS DE ARARAQUARA BOLORES DETERIORANTES EM QUEIJO PARMESÃO JOSÉ SEBASTIÃO CORRÊA NETO DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO ÁREA DE CIÊNCIAS DOS ALIMENTOS Orientador: Professor Dr. José Paschoal Batistuti Co-orientador: Professora Dra. Maria José S. Mendes Gianinni ARARAQUARA - SP 2005 2 COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. José Paschoal Batistuti (Orientador) Dra. Marta Hiromi Taniwaki (Membro) Dra. Alice Tanaka (Membro) Araraquara, 30 de Setembro de 2005. 3 Vivo e trabalho todos os dias da minha vida para ser uma pessoa comum num país desenvolvido ao invés de um privilegiado em uma sociedade do terceiro mundo. A Renata, minha parceira no amor, na vida e neste trabalho. 4 Para Você, Elas e Ele. Sol, luz. A vida sempre brilha, Brilha vida nossa. É sol, é luz que passa, ultrapassa. Que brilha de nós em nós. Juntos, Vidas a brilhar também conosco. Vocês são sois, Luzes, São vidas que sempre brilharão. A minha família, Renata, Jordana, Claudia e Luiz Henrique, pela competência de me realizarem como marido e pai. 5 Agradeço A toda vida e energia do universo que sempre conspiram a nosso favor; Ao Prof. Dr. José Paschoal Batistuti pela orientação e amizade durante a realização deste trabalho e do curso de mestrado; À Profa. Dra. Maria José S. Mendes Gianinni pela co-orientação, amizade e abertura para a parte prática fosse realizada no laboratório de micologia; Ao Laticínios Scala na figura dos seus Diretores, da Superintendência e da Gerência da Garantia da Qualidade pelo apoio financeiro e pela confiança depositada na realização deste trabalho; Aos demais funcionários do Laticínios Scala que contribuíram para a realização deste trabalho; Aos membros da banca Dra. Marta Hiromi Taniwaki e Dra. Alice Tanaka , pelas correções e pelas presenças na banca examinadora; À Elaine e Rosangela do laboratório de micologia pela disponibilidade e orientação durante a parte prática do trabalho; Aos colegas do laboratório de micologia pela cooperação e incentivo; Aos meus pais, Luiz Fabiano e Carminha, pelas muitas acolhidas no conforto de seu lar durante a realização do curso de mestrado; Ao Sr. Rafael Lofrano pelo encaminhamento inicial na área de alimentos. A todos, meus cordiais e sinceros agradecimentos. 6 Lista de Abreviaturas % - porcentagem o C - grau centígrado µL - microlitro AA - ácido acético glacial APHWW - American Publich Health of Water and Wastwater APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BPF - Boas Práticas de Fabricação cm2 - centímetro quadrado cm3 - centímetro cúbico CREA - Agar Creatina Sacarose CYA - Agar Czapek Extrato de Levedura DG 18% - Agar Glicerol Dicloran 18% DRBC - Dicloran Rosa Bengala Cloranfenicol g - grama kg - quilograma m2 - metro quadrado MEA - Agar Extrato de Malte mL - mililitro mm - milímetro m/m - massa por massa NSA - Agar Nitrato Sacarose O2 - oxigênio PCA - Agar Padrão de Contagem PDA - Agar Batata Dextrose PCC - Ponto Crítico de Controle pH - potencial hidrogeniônico PNQL - Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite p/v - peso por volume rpm - rotações por minuto SAB - Agar Sabouraud Sacarose UFC - unidade formadora de colônia UFC/g - unidade formadora de colônia por grama 7 UFC/cm2 - unidade formadora de colônia por centímetro quadrado UFC/cm3 - unidade formadora de colônia por centímetro cúbico YESA - Agar Sacarose Extrato de Levedura v/v - volume por volume 8 Lista de Figuras Figura 1 – Fluxograma de produção do queijo parmesão. 30 Figura 2 – Comparação das contagens de bolores e leveduras nas amostras de ar em relação ao padrão sugerido. 48 Figura 3 – Correlação entre o tempo de maturação e a presença de bolores no queijo parmesão. 53 Figura 4 – Correlação entre o tempo de maturação e a presença de Penicillum no queijo parmesão. 58 Figura 5 – Crescimento do agente deteriorante nos meios de cultura MEA, CREA e CYEA. 59 Figura 6 – Crescimento do agente deteriorante nos meios de cultura NSA e MEA + 0,5% AA. 60 Figura 7 – Características morfológicas microscópicas do agente deteriorante. 60 9 Lista de Quadros Quadro 1 - Esquema dos tratamentos e coleta de amostras. 31 Quadro 2 - Quantidade de material amostrado e diluições aplicadas nos respectivos tratamentos. 32 Quadro 3 - Temperatura e pH dos materiais amostrados. 76 10 Lista de Tabelas Tabela 1 - Comparação múltipla das médias do total de fungos no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras–frias de maturação) em UFC/g. 42 Tabela 2 - Comparação múltipla das médias do total de fungos nas formas, superfícies dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. 43 Tabela 3 - Comparação múltipla das médias do total de fungos nas amostras de ar da fazenda, plataforma de recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. 44 Tabela 4 – Freqüência dos fungos isolados nas etapas de produção da cadeia produtiva do queijo parmesão. 45 Tabela 5 – Freqüência dos fungos isolados na etapa de maturação do queijo parmesão. 46 Tabela 6 – Freqüência dos fungos isolados do ar em várias etapas da cadeia produtiva do queijo parmesão.- 47 Tabela 7 – Freqüência relativa e número de ocorrência dos bolores isolados em todos os tratamentos. 49 Tabela 8 - Comparação múltipla das médias do total de bolores no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras–frias de maturação) em UFC/g. 50 Tabela 9 - Comparação múltipla das médias do total de bolores nas formas, superfícies dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. 51 Tabela 10 - Comparação múltipla das médias do total de bolores nas amostras de ar da fazenda, plataforma de recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. Tabela 11 – Soma das contagens dos organismos nas amostras das superfícies dos queijos nas três câmaras-frias. 53 Tabela 12 - Comparação múltipla das médias do total de Penicillum no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras–frias de maturação) em UFC/g. 55 52 11 Tabela 13 - Comparação múltipla das médias do total de Penicillum nas formas, superfícies dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. 56 Tabela 14 - Comparação múltipla das médias do total de Penicillum nas amostras de ar da fazenda, plataforma de recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. 57 Tabela 15 - Identificação de Pencillium isolado das manchas de queijos com defeitos de qualidade. 59 Tabela 16 - Local de isolamento das diversas cepas do gênero Penicillium dentro da cadeia produtiva do queijo parmesão. 62 12 Resumo O presente trabalho teve como objetivo subsidiar tecnicamente o programa de controle de qualidade de uma indústria de queijo parmesão onde alguns queijos aparentavam estarem contaminados por bolor. Todas as análises realizadas foram estrategicamente planejadas visando esclarecer quais os fatores que contribuíam para a ocorrência dos bolores dentro do processo de produção. Com esta finalidade foram amostrados, desde o leite na fazenda, até a maturação dos queijos em câmaras-frias. Também foram avaliadas as condições ambientais internas e externas da fábrica em questão. Os bolores isolados foram quantificados e identificados através de análise morfológica e demais provas complementares. Bolores representaram apenas 3,44% do total de UFC porem mais significantes como contaminantes e deteriorantes. As amostras úmidas apresentaram altas contagens de leveduras, que representaram 95,13% das UFC quantificadas e 1,44% das UFC não puderam isoladas para identificação. Entre os bolores isolados constatou-se a presença de 14 diferentes gêneros: Penicillium, Aspergillus, Cladosporium, Rhizopus, Fusarium, Aureobasidium, Chrysosporium, Alternaria, Epicoccum, Helminthosporium, Geotrichum, Gliocladium, Nigrospora e Rizomucor. Destes, Penicillium e Aspergillus foram os gêneros mais ocorrentes com uma freqüência de 53,16% e 41,33% respectivamente. Contudo, somente o gênero Penicillium, provavelmente a espécie Penicillium roqueforti, foi isolado das manchas escuras que comprometiam visualmente a qualidade dos queijos. Palavras-chave: contaminação fúngica, Penicillium, queijo parmesão, controle de qualidade, amostras ambientais. 13 Abstract The basic idea of this work was to support technically the quality control program in a Brazilian Parmesan cheese-making factory where some cheese were looking spoilage by mould. A microbiological check-up was made following the entire chain of Parmesan production. Sampling starts with milk production at farm and finishing with the cheeses at the ripping-room in the industry. Also environmental conditions were analyzed by internal and external air sampling. The fungi were identified by morphology analyses and other supplementary tests. The results showed a much higher frequency of yeast (95.13%) than moulds (3.44%). It was not possible to isolate for identification 1.44% of the CFU. In all treatments were found 14 different genera of moulds: Penicillium, Aspergillus, Cladosporium, Rhizopus, Fusarium, Aureobasidium, Chrysosporium, Alternaria, Epicoccum, Helminthosporium, Geotrichum, Gliocladium, Nigrospora e Rizomucor. The genera Penicillium and Aspergillus were the most presents with a relative frequency of 53.16% and 41.33% respectively. The identifications procedures showed up the specie Penicillium roqueforti as the probably organism isolated from the dark spot on the spoiled cheese. Key words: Fungi spoilage, Penicillium, Parmesan cheese, quality control, environmental analyses. 14 SUMÁRIO Resumo Abstract Introdução Objetivos Revisão Bibliográfica Segurança Alimentar e Controle de Qualidade O Queijo Parmesão Os Fungos e os Queijos Conservantes Antifúngicos Micotoxinas Análise de Bolores em Alimentos Contaminação por Bolores na Indústria de Alimentos Contaminação Ambiental Materiais e Métodos Materiais 1. 2. 3. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. 3.8. 4. 4.1. A. B. C. D. E. F. G. H. I. J. Leite cru Insumos Leite pasteurizado Massa de queijo Agentes intervenientes Queijo parmesão antes da maturação Queijo parmesão na maturação Ar ambiental Salmoura Queijos contaminados 4.2. Métodos A. Coleta de amostras B. Contagem em placas C. Identificação D. Ar ambiental E. Salmoura F. Agentes intervenientes G. Análises complementares H. Análises de dados 5. Resultados 5.1. Bolores e Leveduras 5.2. Bolores Penicillium 5.3. 5.4. Identificação do Agente Deteriorante 6. Discussão 7. Conclusões ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... 17 19 20 20 21 22 24 24 25 27 27 29 33 33 33 34 34 34 34 35 36 36 37 37 37 37 38 38 39 39 39 39 41 41 52 53 57 52 66 15 8. Referências Bibliográficas ANEXOS ............... ............... 68 75 16 1. Introdução Fungos de várias espécies são citados na literatura cientifica como agentes deteriorantes de queijo, devendo ser considerados nos programas de garantia da qualidade e segurança alimentar das indústrias (FRANCO et al., 1999). Dependendo da espécie, a contaminação fúngica pode constituir--se em potencial problema de segurança alimentar devido à produção de micotoxinas, mas também, acarretar prejuízos econômicos devido a alterações nas características dos produtos (KURE et al., 2001; KURE et al., 2004). Os principais problemas que comprometem as qualidades comerciais de vários tipos de queijos em todo o mundo são alterações da aparência, do aroma, do sabor e da textura. Nas várias etapas do processo será de extrema importância monitorar a presença dos bolores para as indústrias que queiram ter um eficiente controle da qualidade em suas linhas de produção. O longo processo de maturação do queijo parmesão requer especial atenção quanto à deterioração por fungos, pois os queijos acabam ficando mais expostos ao seu ataque e de outros organismos deteriorantes neste período. Consciente das informações acima mencionadas, o presente trabalho procurou rastrear através de análises micológicas toda a cadeia produtiva de uma indústria de queijo parmesão no Brasil. As informações levantadas irão subsidiar tecnicamente o programa de controle de qualidade da indústria, onde alguns queijos aparentavam-se contaminados por bolor. Tendo como base o programa de APPCC em implantação na empresa, as amostras foram coletadas em locais estratégicos, desde o leite na fazenda até os queijos em maturação nas câmaras-frias, afim de que fossem quantificadas e identificadas todas as possíveis ocorrências de fungos deteriorantes. O trabalho de identificação dos bolores foi direcionado principalmente para o gênero Penicillium, cujas análises preliminares indicavam como o agente causador das manchas escuras presentes nos queijos visualmente deteriorados. Estas manchas eram apontadas pelo controle de qualidade como o principal fator de comprometimento da qualidade do produto final destinado ao mercado, na época de realização deste estudo. 17 Conhecer o “inimigo” e sua procedência são informações fundamentais para qualquer estratégia visando à prevenção e o controle de contaminações microbianas nas indústrias de alimentos. 18 2. Objetivos O objetivo do presente trabalho foi quantificar e identificar a incidência de bolores deteriorantes nas várias etapas do processamento de uma indústria de queijo parmesão. 19 3. Revisão Bibliográfica 3.1. Segurança Alimentar e Controle de Qualidade Seguindo uma tendência mundial (GARRETT et al., 1998) a partir da década de 90 tornou-se obrigatório, nas indústrias de alimentos do Brasil, a implantação e aplicação dos programas de BPF (BRASIL, 1997b) e o APPCC (BRASIL, 1998). A obrigatoriedade destes programas ocasionou uma maior demanda por informações microbiológicas pelas indústrias, sendo que os autores UNTERMANN, (1998); BOCCAS et al., (2001); HEGGUM, (2001), ressaltam ser de grande importância, ter em mãos informações microbiológicas consistentes para o planejamento dos programas de segurança alimentar em plantas fabris. Para as agroindústrias de laticínios é desejável que os programas de garantia de qualidade comecem já nas fazendas fornecedoras de leite e se estendam até o consumidor final (HEGGUM, 2001) visto que com a globalização da economia, os problemas de segurança alimentar e contaminação microbiológica dos alimentos, deixaram de ser apenas uma questão operacional ou de saúde pública, e também passaram a ser um requisito fundamental para a competição nos mercados (ARVANITOYANNIS & MAUROPOULOS, 2000). Atento a estas questões, em 2002 o governo brasileiro transformou em lei o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite - PNQL que tem como objetivo principal melhorar a qualidade do leite consumido no Brasil (BRASIL, 2002). O risco da cadeia produtiva do queijo vir a ser acometida por uma contaminação microbiológica começa na produção do leite, passando pelas etapas de armazenagem na fazenda, transporte, armazenagem na indústria, pasteurização, fabricação, maturação, embalagem, transporte para o consumidor, exposição no ponto de venda até o armazenamento pelo consumidor final, (ANVANITOYANNIS & MAUROPOULOS, 2000). 3.2. O Queijo Parmesão O primeiro relato da produção artesanal de queijos no Brasil data de 1875, na região da Serra da Mantiqueira no Estado de Minas Gerais (HOMEWOOD & 20 HESS, 1993). Atualmente vários tipos de queijos são produzidos aqui, sendo o parmesão um dos mais representativos. Tecnologicamente, o parmesão é um legítimo representante do grupo dos queijos italianos. Sua difusão pelo mundo ocorreu juntamente com a migração italiana sendo que o queijo Parmigiano Reggiano original é produzido com leite cru numa região restrita do Vale do Pó, na Itália (BATTISTOTI & CORRADINI, 1996). As principais características do queijo parmesão são: Queijo duro com teor de umidade entre 30 e 40% , teor de gordura na matéria seca não menor que 32%, tamanho entre 4 e 20 Kg, agentes proteolíticos provenientes de bactérias termofílicas fermentadoras de ácido láctico e tempo de maturação longo, entre 12 e 24 meses (BATTISTOTI & CORRADINI, 1996). Todas estas características estão dentro das especificações previstas pela legislação brasileira que regulamenta a produção e comercialização de queijos do tipo parmesão (BRASIL, 1997a). 3.3. Os Fungos e os Queijos Na matriz dos alimentos, os fungos podem se desenvolver em pHs menores que 2 e maiores que 9, a maioria cresce em temperaturas entre 5 e 35 oC e em atividade de água de 0,85 ou menor (MISLIVEC et al., 1992). Leveduras dos gêneros: Candida, Debariomyces, Issatchenkia, Kluyveromyces, Rhodotorula e Saccharomyces podem ser agentes potenciais de deterioração microbiana em produtos lácteos (FRANCO et. al, 1999). Os bolores, porem, são os mais importantes deteriorantes dos queijos duros e semiduros (FILTENBORG et al., 2000). No entanto deve-se destacar que algumas espécies de fungo fazem parte do processo tecnológico da fabricação de queijo. Como o Geotrichum candidum em queijos moles como Brie e Cammembert, o Penicillium cammembert responsável pelas características de aroma e sabor do queijo Cammembert, o P. roqueforti e P. glaucum, fungos azuis usados na fabricação dos queijos Stilton, Roquefort e outros, o Mucor rasmusen, usando em queijos noruegueses do tipo Gammelost (FURTADO, 2003). O trabalho de NIELSEN et al., (1998) também mostra que alguns fungos usados como “starter”, atuam como inibidores dos bolores deteriorantes nos queijo aos quais são adicionados. 21 Os gêneros Alternaria, Aspergillus, Aureobasidium, Botrytis, Byssochlamys, Cladosporium, Claviceps, Colletotrichum, Geotrichum, Monilia, Mucor, Neurospora, Penicillium, Rhizopus, Scopulariopsis, Sporotrichum, Thamnidium e Chrysosporium são citados por FRANCO et al., (1999) como os principais bolores contaminantes dos alimentos. Já FILTENBORG et al., (1996) destacam as espécies Penicillium commune e P. nalgiovense como os principais fungos deteriorantes dos queijos. Em trabalho visando identificar os bolores que contaminavam queijos noruegueses semiduros, KURE & SKAAR, (2000) isolaram os gêneros Penicillium, Alternaria, Aureobasidium, Cladosporium, Epicocum, Geotrichum, Mucor, Phoma e Ulocladium. Em outro estudo Penicillium (13 espécies), Acremonium, Aspergillus sp, Cladosporium sp, Eurotium sp, Geothichum sp, Mucor sp, Phoma sp e Trichoderma também foram isolados de queijos noruegueses (KURE et al., 2001). P. commune e P. palitans foram às espécies mais encontradas. Estas espécies são reconhecidas como ancestrais selvagens de P.cammembert que acabaram desenvolvendo mecanismos para colonizarem os queijos devido a sua utilização no processo de fabricação do queijo Cammembert. Em nosso meio, o gênero Penicillium também predominou como contaminante em amostra de queijos parmesãos obtidos em supermercados da região de Campinas - SP (TANIWAKI & DENDER, 1992). 3.4. Conservantes Antifúngicos O ácido sórbico, o ácido benzóico, a natamicina, o sulfeto de sódio e o tiabendazol estão entre os conservantes antifúngicos mais usados em alimentos (NIELSEN & DE BOER, 2000). Contudo, algumas espécies de fungo, além de se mostrarem resistentes ao efeito preservativo do ácido sórbico, também podem metabolizar o conservante, transformando-o em compostos que alteram o sabor em certos tipos de queijos (FILTENBORG et al., 1996). Estas reações podem comprometer a qualidade e a aceitação comercial dos produtos em questão. P. solium produz compostos que alteram o sabor na manteiga, sugerindo que isto também seja possível de acontecer em queijos com alto teor de gordura (KURE et al., 2001). 22 O tipo de embalagem, a composição da atmosfera de armazenamento e maturação, o tipo de queijo, o tipo de leite, os ácidos orgânicos originados como produto do metabolismo durante a maturação, a temperatura de armazenamento e outros, são todos fatores que irão influenciar o potencial de desenvolvimento dos fungos deteriorantes nos queijos (FILTENBORG et al., 1996; KURE & SKAAR, 2000; KURE et al. 2001; TANIWAKI et al., 2001a). 3.5. Micotoxinas A produção de micotoxinas é outro ponto importante na questão da contaminação de alimentos por fungos. Segundo FILTENBORG et al., (1996), a mais importante micotoxina encontrada em queijos até a data de seu trabalho foi esterigmatocistina, porém muitas outras, como o ácido ciclopiazônico, a rugucovasina A e B e a ocratoxina A podem ser potencialmente importantes (FRISVAD & THRANE, 2000). Queijos inoculados com Aspergullus flavus, P. roqueforti e P. commune apresentaram produção de aflatoxina B1 e B2, roquefortine C e ácido ciclopiazônico, respectivamente. Destes, os maiores teores foram encontrados nos queijos armazenados em atmosfera com ar. As atmosferas modificadas com baixos teores de O2 inibiram drasticamente a produção de toxinas (TANIWAKI et al., 2001). O trabalho de BARBIERI et. al, (1994) mostrou a ocorrência eventual de aflatoxina M1 em amostras de queijo parmesão italiano. No mundo todo há uma preocupação cada vez maior em se avaliar os níveis de micotoxinas nos mais variados tipos de alimentos e produtos agrícolas (BOYSEN et al., 2000), porém atualmente a legislação brasileira de alimentos não fixa parâmetros para a presença de micotoxinas no parmesão (BRASIL, 2001). 3.6. Análise de Bolores em Alimentos As propriedades bioquímicas dos alimentos restringem o desenvolvimento dos microorganismos a poucas espécies específicas, fazendo com que as técnicas de identificação e isolamento tendam a ser também cada vez mais restritivas às espécies fúngicas com que se deseja trabalhar (DE BOER & BEUMER, 1999). 23 Meios de cultura diferenciados foram introduzidos para análise de fungos em alimentos, como, o PCA com antibióticos, o DRBC e o PDA com antibióticos. Atualmente estes são os meios mais indicados para a contagem de bolores e leveduras em placa (MISLIVEC et al., 1992; SILVA et al., 2001). O trabalho de TANIWAKI et al. (2001b) mostrou que os meios DRBC, PDA e DG18 são equivalentes para a contagem de fungos em alimentos. TANIWAKI et al. (2001a) empregou o CYA para crescimento de isolados de Mucor plumbeus, Fusarium oxysporium, Byssochlamys fulva, P. commune, P. roqueforti e A. flavus. O MEA para Byssochlamys nívea e o CYA mais 20% de Agar Sacarose para Eurorium chevalieri. O YESA, CREA e o NSA foram usados para crescimento e identificação das espécies de Penicillium. SAB para as espécies do gênero Geotrichum, e PDA para os gêneros Alternaria, Aureobasidium, Cladosporium, Epicocum, Mucor, Phoma e Ulocladium Acremonium, Aspergillus Eurotium e Trichoderma (KURE & SKAAR, 2000; KURE et al., 2001). Para os gêneros Penicilium, Aspergillus e Fusarium, a identificação morfológica vem sendo substituída por métodos que identificam os metabólitos secundários, a produção de iso-enzimas, características fisiológicas, características ecológicas, suscetibilidade a drogas e técnicas moleculares (FILTENBORG et al., 1996). Além da escolha e execução correta dos procedimentos de isolamento, quantificação e identificação, o bom êxito de qualquer trabalho científico em microbiologia, dependerá muito dos cuidados com a amostragem. As amostras devem ser coletadas em recipientes assépticos e o volume coletado nunca deverá ultrapassar três quartos da capacidade total do recipiente (SILVA et al., 2001). O transporte até o laboratório deve ser feito a uma temperatura entre 0 e 4,4o C. e as amostras processadas num prazo máximo de 36 horas após sua coleta (MESSER et al., 1992). Amostras de “swab” devem ser analisadas em 24 horas (SVEUM et al., 1992). 3.7. Contaminação por Bolores na Indústria de Alimentos Nas indústrias são muitas as fontes potenciais de contaminação póspasteurização a serem analisadas nos programas de garantia da qualidade e 24 segurança alimentar. O ar, a salmoura, a superfície de equipamentos e os filmes plásticos de embalagem foram os materiais amostrados por KURE et al., (2004), para identificar as fontes de contaminação por bolores em uma linha de produção de queijo. Os manipuladores e os equipamentos (LUIZ, 2000; FRANCO et al., 1996) bem como insetos sinantrópicos também podem ser fontes de contaminação fúngica na indústria de alimentos (CARLILE et al., 2001). 3.8. Contaminação Ambiental A contaminação ambiental é outro ponto relevante (FRANCO et al., 1996). Esporos de alguns fungos ambientais resistem ao estresse de serem transportados pelo ar e sobrevivem em baixa atividade de água, podendo assim, colonizar vários tipos de construções (STETZENBACH, 1998). Quando as instalações estão situadas em regiões rurais, os fungos provenientes do ar externo podem se tornar importantes agentes contaminantes dos ambientes internos (STETZENBACH, 1998). Penicillium, Aspergillus, Fusarium entre outros, são alguns gêneros de fungos deteriorantes de alimentos, também citados por LARONE, (1996) como contaminantes ambientais. Para fábricas de laticínios, RADMORE & LUCK, (1984) citados em SCHOLTE et al., (2000), consideraram como “bons” os ambientes com contagem total de bolores e leveduras menores que 100 UFC/cm3 e “pobres” os ambientes cujas contagens forem superiores a 1000 UFC/cm3. Para melhor avaliar as condições ambientais, as amostras de ar devem ser coletadas nos ambientes externos e internos do prédio em questão, e se possível, com o uso de amostradores com fluxo de ar forçado (STETZENBACH, 1998). A correlação entre a presença de microrganismo nos alimentos e as condições ambientais devem ser bem avaliadas nos programas de garantia da qualidade, principalmente no caso do queijo parmesão, visto que estes são submetidos a longos períodos de maturação e acabam ficando mais expostos ao ataque de microorganismos deteriorantes, como os bolores e as leveduras (SCHOLTE et al., 2000). 25 4. Materiais e Métodos Para o isolamento, quantificação e identificação dos fungos, foram coletadas amostras em vários pontos da indústria e na fazenda fornecedora de matériaprima. A seleção dos pontos de amostragem na indústria levou em consideração as etapas mais significativas em relação aos aspectos de segurança alimentar conforme fluxograma de produção representado na Figura 1. Foram realizados ensaios pilotos para a determinação dos meios de cultura e diluições a serem empregadas nos diversos materiais amostrados. De cada ponto de amostragem coletaram-se cinco amostras. Depois de quantificados e isolados os fungos foram identificados morfologicamente e testes complementares foram realizados quando necessário. O esquema da coleta das amostras especificando os locais, os materiais, as etapas do processo e as datas estão resumidos no Quadro 1. As quantidades amostradas e as diluições aplicadas aos respectivos tratamentos se encontram no Quadro 2. 26 Preparo do Soro fermento Preparo do Fermento Lático Recepção do Leite PCC 1 (B,Q, FR) Leite Pasteurizado Filtração Coagulação Resfriamento Corte da Coalhada Inoculação Isca Fermentação Agitação/cozimento Quebra Coagulo Prensagem Acondicionamento Inoculação Resfriamento Estocagem Padronização Acondicionamento Fermentação Massa Pasteurização PCC 3 (B) Coalho Recepção PCC 2 (B) Cloreto de Cálcio Estocagem Estocagem Diluição Dosagem Creme Enchimento a Coagulação Enformagem Blocagem Pré-prensagem 1 Mexedura/corte Ponto a 2 Mex./cozimento Soro a 1 Prensagem Viragem a 2 Prensagem Resfriamento Cloreto de Sódio Recepção Emplacagem Maturação Secagem Salga Limpeza Embalagem Expedição Figura 1 – Fluxograma de produção do queijo parmesão. Estocagem Prep. da Salmoura 27 Quadro 1 - Esquema dos tratamentos e coleta de amostras. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 Amostras Local Fazenda Fazenda Caminhão Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Fazenda Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Material Leite cru Leite cru Leite cru Cloreto de cálcio Fermento láctico Soro fermentado Leite pasteurizado Massa de queijo Formas Queijo Queijo Queijo + sorbato (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo (profundidade) Queijo (superfície) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo (profundidade) Queijo (superfície) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo (profundidade) Queijo (superfície) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Queijo + sorbato (superfície) Queijo + sorbato (profundidade) Queijo (superfície) Queijo (profundidade) Ar ambiental Ar ambiental externo Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Ar ambiental Luvas dos manipuladores Água da salga Etapa do Processo Ordenha Tanque de expansão Transporte Enchimento Inoculação Fermentação Pasteurização Blocagem Enformagem Resfriamento Salga Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Ordenha Recepção Fabricação Salga Secagem Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 1 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 2 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Maturação câmara 3 Enformagem Salga Data * Dia 1 Dia 1 Dia 1 Dia 2 Dia 2 Dia 2 Dia 2 Dia 2 Dia 2 Dia 8 Dia 8 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 38 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 98 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 188 Dia 1 Dia 2 Dia 2 Dia 8 Dia 8 Dia 38 Dia 98 Dia 188 Dia 38 Dia 98 Dia 188 Dia 38 Dia 98 Dia 188 Dia 2 Dia 8 * Dia 1, 27 de maio de 2003; dia 2, 28 de maio de 2003; dia 8, 4 de junho de 2003; 38 dias, 30 de julho; dia 98, 23 de outubro de 2003 e dia 188, 9 de dezembro de 2003. 28 Quadro 2 - Quantidade de material amostrado e diluições aplicadas aos respectivos tratamentos. Amost. Material 1 Leite cru * 286,00 2 Leite cru * 261,00 3 Leite cru * 262,00 4 Cloreto de cálcio * 354,00 5 Fermento láctico * 199,00 6 Soro fermentado * 179,00 7 Leite pasteurizado * 290,00 8 Massa de queijo * 54,00 10 Queijo * 102,00 11 Queijo * 124,00 12 Queijo+sorb. (prof.) * 88,98 14 Queijo (prof.) * 85,92 16 Queijo+sorb. (prof.) * 60,56 18 Queijo (prof.) * 69,83 20 Queijo+sorb. (prof.) * 65,8 22 Queijo (prof.) * 50,72 24 Queijo+sorb. (prof.) * 93,04 26 Queijo (prof.) * 82,35 28 Queijo+sorb. (prof.) * 73,52 30 Queijo (prof.) * 73,97 32 Queijo+sorb. (prof.) * 78,45 34 Queijo (prof.) * 53,49 36 Queijo+sorb. (prof.) * 75,65 38 Queijo (prof.) * 91,32 40 Queijo+sorb. (prof.) * 82,13 42 Queijo (prof.) * 84,93 44 Queijo+sorb. (prof.) * 72,34 46 Queijo (prof.) * 69,57 48 Ar ambiental externo ** 25 49 Ar ambiental externo ** 50 50 Ar ambiental ** 150 51 Ar ambiental ** 100 52 Ar ambiental ** 100 53 Ar ambiental ** 100 54 Ar ambiental ** 100 55 Ar ambiental ** 100 56 Ar ambiental ** 100 57 Ar ambiental ** 100 58 Ar ambiental ** 100 59 Ar ambiental ** 100 60 Ar ambiental ** 100 61 Ar ambiental ** 100 63 Água da salga * 370,00 * peso em gramas; ** volume de ar em litros Quantidades 276,00 272,00 262,00 349,00 260,00 261,00 322,00 94,00 105,00 90,00 86,96 102,5 64,19 71,84 50,09 56,78 64,1 80,5 74 73,4 82,39 57,93 85,65 86,37 79,69 71,25 71,4 79,19 25 50 150 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 336,00 343,00 268,00 286,00 340,00 261,00 233,00 302,00 72,00 99,00 110,00 86,09 104,33 55,55 69,68 63,5 66,7 83,05 56,78 81,12 79,01 82,98 55,39 84,23 76,33 81,5 71,02 75,54 87,49 25 50 150 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 288,00 287,00 222,00 275,00 374,00 276,00 159,00 306,00 67,00 73,00 82,00 74,39 91,03 56,09 67,72 61,97 62,76 92,73 71,59 74,62 66,97 82,18 52,13 78,21 81,27 71,04 79,76 67,59 77,77 25 50 150 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 301,00 230,00 218,00 236,00 295,00 294,00 193,00 255,00 80,00 57,00 83,00 78,71 87,75 67,45 60,57 63,44 71,17 86 48,87 71,12 65,48 74,05 62,16 65,74 88,81 71,12 84,4 62,84 77,15 25 50 150 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 352,00 Diluição 1 1 10 X 1 10 X 1 1 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 10 X 1 29 4.1. Materiais A. Leite cru As amostras de leite cru foram retiradas de 5.000 litros provenientes de quatro ordenhas da mesma fazenda. Esta batelada de leite foi processada em separado na linha de produção e deste leite foram obtidas 60 peças de queijo utilizadas no experimento. Foram considerados os pesos em gramas das amostras de leite para a realização das análises. O leite foi amostrado em três etapas diferentes. Amostra 1: Leite logo após a última ordenha mecânica, antes de chegar no tanque de expansão. Amostra 2: Leite de quatro ordenhas das mesmas vacas, já resfriado e misturado no tanque de expansão da fazenda. Amostra 3: Leite após o transporte rodoviário a granel da fazenda até a indústria. B. Insumos Considerando que insumos e seu procedimento de manipulação também podem ser uma fonte de contaminação, foi analisado o cloreto de cálcio, o fermento láctico e o soro fermento após manipulação (diluição e crescimento). Estes três insumos são adicionados ao leite pasteurizado na etapa do enchimento. Amostra 4: cloreto de cálcio. Amostra 5: fermento láctico. Amostra 6: soro fermentado. C. Leite pasteurizado Foram coletadas amostras de leite pasteurizado antes do processo de enchimento (amostra 7). 30 D. Massa de queijo Foram coletadas cinco porções de massa de queijo provenientes do processo de coagulação e cozimento. A idéia foi analisar uma possível contaminação pós-pasteurização e pré-maturação (amostra 8). E. Agentes intervenientes Amostras de cinco formas plásticas e cinco luvas de borracha usadas pelos colaboradores foram coletadas com “swab”, correspondendo às amostras 9 e 62 respectivamente. Foi uma forma de avaliar se os procedimentos de higienização e limpeza estavam sendo eficientes quanto à prevenção das contaminações fúngicas. As formas mediam 4747 cm2 e as luvas 836 cm2. F. Queijo parmesão antes da maturação Pedaços de queijo escolhidos ao acaso foram analisados, nas etapas de resfriamento e salga. Foi uma forma de verificar qual a contribuição destas etapas para o processo de contaminação fúngica (amostras 10 e 11 respectivamente). Na câmara de resfriamento os queijos permaneceram por um período de 48 horas a uma temperatura entre 15 OC e 18 OC e umidade relativa do ar entre 75% e 85%. Na câmara de salga os queijos permaneceram por 24 horas a uma temperatura de 10 OC e 12 OC. G. Queijo parmesão na maturação Amostras de queijos parmesão em processo de maturação em câmaras-frias foram coletadas para análises laboratoriais, visando avaliar se as condições de armazenamento durante a maturação atuam como fatores de contaminação. Os queijos usados neste trabalho correspondiam exatamente ao padrão comercializado pela indústria, com aproximados 23 cm de diâmetro, 14 cm altura e 6 Kg. Sessenta peças de queijos foram divididas em três grupos de vinte peças e distribuídas em três câmaras-frias diferentes. Das vinte peças de queijo, colocadas 31 em cada câmara fria, dez foram tratadas somente com álcool etílico e dez tratadas com uma solução de álcool etílico mais 2% de sorbato de potássio (p/v), conforme esquema utilizado na rotina da indústria. Dos dez queijos que receberam um dos tratamentos citados acima (só álcool ou álcool mais sorbato), cinco foram separados ao acaso para serem amostrados em superfície (swab) e cinco para que fossem tiradas amostras do interior da peça de parmesão (profundidade). Cada grupo de cinco queijos foi amostrado aos trinta dias de maturação, aos sessenta dias e aos cento e oitenta dias respectivamente, correspondendo às amostras de 12 a 47 conforme esquema do Quadro 1. Antes de serem colocados nas câmaras-frias, cada peça de queijo recebeu um banho de imersão numa solução de natamicina a 0,1% (p/v) do produto comercial (Global Food). A área amostrada em cada queijo foi de aproximadamente 415 cm2 (correspondendo às duas faces). As câmaras-frias de maturação foram mantidas com temperatura entre 12 O C e 15 OC e a umidade relativa do ar entre 75% e 85%. H. Ar ambiental Amostras do ar foram coletadas na fazenda de produção de leite, no exterior e interior da fábrica, na sala de salga, na sala de secagem e nas câmaras-frias de maturação. Elas visavam analisar a correlação entre a contaminação ambiental e os dados obtidos das amostras nas diversas etapas do processo. Estas se referem às amostras de 48 até 61 conforme esquema no Quadro 1. I. Salmoura Com a finalidade de verificar a qualidade da salmoura quanto à presença de fungos deteriorantes, foram coletadas amostras de solução salina provenientes dos tanques de salmoura onde os queijos ficam imersos para processo de salga (amostra 63). A concentração salina esteve entre 20O e 21O Baumé. 32 J. Queijos contaminados Dois queijos aparentemente contaminados foram embalados a vácuo e levados ao laboratório para isolamento do agente contaminante. O fungo isolado das manchas escuras presentes nas cascas destes queijos foi posteriormente submetido ao processo de identificação. Todo o procedimento para isolamento deste material foi realizado assepticamente em cabine de fluxo laminar. 4.2. Métodos A. Coleta de amostras As amostras foram coletadas sob chama, em garrafas de vidros (leite, cloreto de cálcio, fermento lácteo, salmoura), sacos plásticos (massa, queijo) e tubos de ensaio estéreis (swabs), conforme esquema do Quadro 1. Todas as amostras foram transportadas para o laboratório de Micologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara – UNESP , sob refrigeração conforme SILVA et al., (2001). B. Contagem em placas As amostras de leite, cloreto de cálcio, fermento lácteo e soro fermento foram diluídas conforme mostra o Quadro 2, e destes materiais foram colhidas alíquotas de 0,1 mL para inoculação em meio DRBC (Acumedia). As placas em tréplicas foram incubadas por 5 a 7 dias a 25 oC para posterior contagem das UFC (MISLIVEC et al., 1992; SILVA et al., 2001). Das amostras de queijo, 25 g foram trituradas em liquidificador com 225 mL de uma solução de citrato de sódio 2% mais Tween 80 a 1% (p/v). Desta suspensão (diluição 10-1) foram retiradas alíquotas de 0,1 mL e plaqueadas em meio DRBC. As placas em triplicata foram incubas por 5 a 7 dias a 25 oC e depois contadas como UFC/g (MISLIVEC et al., 1992; SILVA et al., 2001). Os “swabs” foram mantidos em solução de salina peptonada 0,1% e plaqueados em meio DRBC sem diluição. As placas em triplicata foram incubadas 33 por 5 a 7 dias a 25 oC e depois contadas as UFC/cm2 (MISLIVEC et al., 1992; SILVA et al., 2001). C. Identificação Os bolores isolados foram inicialmente identificados pelas suas características morfológicas, macro e microscópicas conforme LARONE, (1996). Após o isolamento, os fungos foram mantidos em SAB com cloranfenicol a temperatura ambiente e repicados quando necessário. Os fungos do gênero Penicillium foram isolados e identificados por espécie conforme chave de identificação proposta por SAMSON et al., (2000). Todos os testes foram realizados em triplica. D. Ar ambiental As amostras de ar foram coletadas com o auxilio de um aparelho de fluxo de ar forçado marca Millipore, modelo Monitor M AIR T, em meio MEA, conforme metodologia proposta por SAMSON et al., (2000). Cada placa foi incubada por 5 a 7 dias a 25 oC e depois contadas as UFC/m3 de ar. E. Salmoura Os fungos da salmoura foram isolados segundo metodologia da American Public Health of Water and Wastewater - APHWW (1998). Alíquotas de 0,1 mL, sem diluição, foram inoculadas em meio DRBC. A contagem e identificação realizaram-se da mesma maneira que nos itens B e C. F. Agentes intervenientes Os “swabs” utilizados na amostragem das formas e luvas foram analisados conforme descrito no item C. 34 G. Análises complementares No momento da coleta foram realizadas as medidas de pH e temperatura dos respectivos materiais. Estas medidas estão no Quadro 3 em anexo. H. Análises de dados Para a análise dos dados dos tratamentos foram consideradas as médias de 5 repetições. Cada repetição foi realizada em triplicata. Os resultados obtidos foram tratados estatisticamente pelo teste ANOVA e submetidos ao teste de Tukey. Também foram realizadas análises da correlação entre a presença de fungo nos queijos durante a maturação nas câmaras-frias (amostras: 12 a 47) contra a ocorrência de fungos nas amostras ambientais. 35 5. Resultados 5.1. Bolores e Leveduras De maneira geral a freqüência de leveduras (95,13%) foi maior do que a de bolores (3,44%). Do total das unidades formadoras de colônias contadas em todas as amostras, 1,44% das ocorrências não puderam ser identificadas. As Tabelas 1, 2 e 3 mostram a comparação das médias da ocorrência de bolores e leveduras em todas as amostras em UFC/g, UFC/cm2 e UFC/m3 respectivamente, de acordo com as características de cada material amostrado nos diversos tratamentos. Nas Tabelas 4, 5 e 6 tem-se as distribuição das freqüências absolutas e relativas de ocorrências dos microorganismos isolados neste trabalho e sua distribuição dentro da cadeia de produção do queijo parmesão. A analise dos dados da Tabela 5 mostra uma freqüência absoluta de apenas 9% (soma das freqüências relativas nas câmaras 1, 2 e 3) para as leveduras isoladas diretamente dos queijos. A maior parte das leveduras foram isoladas dos outros materiais amostrados, especialmente daqueles que apresentavam altos teores de umidade. Vale lembrar, que os queijos em maturação foram submetidos a 3 amostragens em tempos diferentes, enquanto outros materiais foram amostrados apenas uma única vez. A Figura 2 mostra a comparação entre as contagens de fungos obtidas nas amostras de ar deste trabalho em relação a um padrão sugerido pela literatura. Nesta figura e na Tabela 3, podemos notar que a sala de fabricação, a câmara de secagem e a câmara de maturação 2 foram os ambientes internos que excederam as contagens consideradas como “pobre”. A pior situação parece ser na câmara de maturação 2 onde as contagens foram predominante de bolores. 36 Tabela 1 - Comparação múltipla das médias da contagem total de fungos no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras-frias de maturação) e na salmoura em UFC/g. Tratamentos n Média 1 Tratamento: 1 Leite ordenha 5 1 X 101 c Tratamento: 2 Leite tanque 5 3,7 X 101 c Tratamento: 3 Leite caminhão 5 9,4 X 101 c Tratamento: 4 Cloreto de Cálcio 5 < 10 c Tratamento: 5 Fermento láctico 5 3,4 X 103 b Tratamento: 6 Soro fermento 5 9,1 X 101 c Tratamento: 7 Leite pasteurizado 5 < 10 c Tratamento: 8 Massa de queijo 5 4,3 X 103 a,b Tratamento: 10 Queijo resfriamento 5 5,8 X 103 a Tratamento: 11 Queijo salga 5 1 X 101 c Tratamento: 12 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 14 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 16 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 c Tratamento: 18 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 c Tratamento: 20 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 c Tratamento: 22 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 c Tratamento: 24 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 26 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 28 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 c Tratamento: 30 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 c Tratamento: 32 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 1,2 X 103 c Tratamento: 34 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 c Tratamento: 36 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 38 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 c Tratamento: 40 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 4,9 X 102 c Tratamento: 42 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 c Tratamento: 44 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 3,7 X 102 c Tratamento: 46 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 c Tratamento: 63 Água da salga 5 < 100 c 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 37 Tabela 2 - Comparação múltipla das médias da contagem total de fungos nas formas, superfície dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. 1 n Média 5 1,20 a Tratamento: 13 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 15 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 17 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,00 d Tratamento: 19 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,00 d Tratamento: 21 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,03 d Tratamento: 23 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,13 c Tratamento: 25 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 27 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 29 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,10 c Tratamento: 31 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,14 c Tratamento: 33 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,44 b Tratamento: 35 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,27 b, c Tratamento: 37 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,07 c Tratamento: 39 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 41 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,14 c Tratamento: 43 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,46 b Tratamento: 45 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,23 c, d Tratamento: 47 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,44 b Tratamento: 62 Luvas 5 0,45 b Tratamentos Tratamento: 9 Formas 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 1 1 Os valores da Tabela 2 se referem às contagens obtidas nas placas e depois divididas pela área amostrada de cada material. Porém as contagens brutas obtidas ficaram dentro dos limites de detecção do método. 38 Tabela 3 - Comparação múltipla das médias do total de fungos nas amostras de ar da fazenda, plataforma de recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. Tratamentos 1 n Média Tratamento: 48 Ar fazenda 5 1,4 X 103 a Tratamento: 49 Ar plataforma 5 3,4 X 102 b Tratamento: 50 Ar fabricação 5 1,2 X 103 b Tratamento: 51 Ar salga 5 3,5 X 102 b Tratamento: 52 Ar secagem 5 1,1 X 103 a Tratamento: 53 Ar câmara 1 - 30 dias 5 1,9 X 102 b Tratamento: 54 Ar câmara 1 - 60 dias 5 5 X 101 b Tratamento: 55 Ar câmara 1 - 180 dias 5 5 X 101 b Tratamento: 56 Ar câmara 2 - 30 dias 5 2,6 X 101 b Tratamento: 57 Ar câmara 2 - 60 dias 5 1,9 X 103 a Tratamento: 58 Ar câmara 2 - 180 dias 5 1,2 X 103 a Tratamento: 59 Ar câmara 3 - 30 dias 5 1,5 X 102 b Tratamento: 60 Ar câmara 3 - 60 dias 5 1,3 X 101 b Tratamento: 61 Ar câmara 3 - 180 dias 5 9,1 X 101 b 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 39 Tabela 4 – Freqüência dos fungos isolados nas etapas de produção da cadeia produtiva do queijo parmesão. Local Material Organismo Freq. relativa Freq. Absoluta Leveduras 98,6% 0,07% Aspergillus 1,4% 0,001% Leveduras 97,7% 0,25% Aspergillus 2,3% 0,006% Leite do caminhão Leveduras 100% 0,66% Cloreto de cálcio # # # Fermento lácteo Leveduras 100% 19,0% Soro fermento Leveduras 100% 0,57% Leite pasteurizado Penicillium 100% 0,001% Massa de queijo Leveduras 100% 30,1% Formas Leveduras 100% 8,9% Queijo resfriamento Leveduras 100% 19,2% Leveduras 97,3% 0,03% Cladosporium 2,7% 0,001% Leveduras 99,8% 2,1% Aureobasidium 0,002% 0,000004% Leveduras 95,2% 0,02% Chrysosporium 0,05% 0,000009% Leite da ordenha Fazenda Leite tanque expansão Área de produção Queijo na salga Luvas Água da salga 40 Tabela 5 – Freqüência dos fungos isolados na etapa de maturação do queijo parmesão. Local Câmara 1 Câmara 2 Câmara 3 Material Queijo (superfície e profundidade) Queijo (superfície e profundidade) Queijo (superfície e profundidade) Organismo Freq. relativa Freq. Absoluta Aspergillus 19,6% 0,009% Penicillium 0,24% 0,000001% Leveduras 80,1% 0,04% Chrysosporium 0,001% 0,000000002% Alternaria 0,001% 0,0000000005% Leveduras 96,0% 5,2% Aspergillus 1,5% 0,08% Penicillium 1,7% 0,09% Penicillium 7,0% 0,46% Leveduras 53,7% 3,6% Aspergillus 2,1% 0,14% Cladosporium 0,6% 0,04% 0,000008% 0,000001% Gliocadium 41 Tabela 6 – Freqüência dos fungos isolados do ar em várias etapas da cadeia produtiva do queijo parmesão. Local Ar da fazenda Ar da plataforma Ar da sala de fabricação Ar da sala de salga Ar da câmara de secagem Ar da câmara 1 Ar da câmara 2 Ar da câmara 3 Organismo Cladosporium Leveduras Fusarium Penicillium Alternaria Cladosporium Chrysosporium Epicoccum ssp Leveduras Helminthosporium Alternaria Penicillium Fusarium Nigrospora Aspergillus Cladosporium Levedura Cladosporium Levedura Fusarium Penicillium Alternaria Cladosporium Leveduras Aspergillus Penicillium Fusarium Levedura Geotrichum Chrysosporium Rhizomucor Aspergillus Penicillium Cladosporium Levedura Rhyzopus Aspergillus Penicillium Levedura Cladosporium Freq. Relativa 52,9% 25,7% 8,6% 1,4% 1,4% 81,4% 3,5% 2,3% 4,7% 2,3% 1,2% 2,3% 2,3% 0,14% 2,9% 8,8% 88,0% 52,9% 25,7% 8,6% 1,4% 1,4% 0,19% 98,7% 56,4% 19,9% 0,7% 2,4% 1,8% 1,8% 0,47% 30,2% 18,8% 0,31% 0,17% 0,53% 7,7% 24,7% 67,0% 0,6% Freq. Absoluta 0,69% 0,33% 0,11% 0,02% 0,02% 0,65% 0,03% 0,02% 0,04% 0,02% 0,01% 0,02% 0,02% 0,003% 0,068% 0,21% 2,1% 0,17% 0,08% 0,028% 0,005% 0,005% 0,000% 2,4% 0,44% 0,3% 0,005% 0,02% 0,003% 0,003% 0,001% 4,4% 2,7% 0,05% 0,03% 0,2% 0,045% 0,15% 0,4% 0,003% 42 Bolores Leveduras 3 contagem em UFC/m de ar 2.500,00 2.000,00 1.500,00 1.000,00 500,00 Ar fa Ar z e pl nda a Ar tafo r fa br ma ic ac a Ar o Ar s al c â Ar s e ga m Ar a c ag ra câ em 1 m Ar ara - 3 0 câ 1 - 6 di a m s Ar ara 0 d ia câ 1 m -1 s2 Ar c â ar a 80 d 2 m ia s Ar ara - 3 0 câ 2 d ia -6 m s Ar ara 0 d c â 2 - i as m 2 ar 180 Ar di câ a 3 as Ar ma - 3 0 câ r a di 3 m - 6 as ar 0 a di 3 a Pa 180 s dr ão di a s Pa "p o br dr ão e" "b om " - amostras de ar Figura 2 – Comparação das contagens de bolores e leveduras nas amostras de ar em relação ao padrão sugerido por RANDMORE & LUCK, (1984) citados em SCHOLTE et al.,(2000). 5.2. Bolores Neste trabalho foram identificados 14 diferentes gêneros de bolores. Eles representaram apenas 3,44% da freqüência absoluta dos fungos presentes em todas as amostras. Destes 53,16% foram do gênero Penicillium com 50 ocorrências e 41,33% do gênero Aspergillus com 19 ocorrências. Os outros gêneros isolados foram: Cladophiadophora, Rhizopus, Fusarium, Aureobasidium, Chrysosporium, Alternaria, Epicoccum, Helminthosporium, Geotrichum, Gliocladium, Nigrospora e Rhizomucor conforme a Tabela 7. Helminthosporium, Epicoccum, Fusarium, Geotrichum Rhizomucor e Rhizopus foram bolores isolados somente das amostras ambientais. Nas Tabelas de 8 a 10 estão as comparações das médias de ocorrência de bolores em todas as amostras em UFC/g, UFC/cm2 e UFC/m3 respectivamente, de acordo com as características de cada material amostrado nos diversos tratamentos. 43 O tratamento com sorbato de potássio parece pouco alterar a questão da contaminação dos queijos por bolores, pois não há diferenças significativas entre as amostras, conforme dados das Tabelas 8 e 9. Tabela 7 – Freqüência relativa e número de ocorrência dos bolores isolados em todos os tratamentos. Nº de ocorrências 1 Freqüência 2 Penicillium spp 50 53,161% Aspergillus spp 19 41,333% Cladosporium spp 10 4,534% Rhizopus spp 1 0,343% Fusarium spp 5 0,215% Aureobasidium spp 1 0,143% Chrysosporium spp 5 0,100% Alternaria spp 4 0,057% Epicoccum spp 1 0,029% Helminthosporium spp 1 0,029% Geotrichum spp 1 0,014% Gliocladium spp 1 0,014% Nigrospora spp 1 0,014% Gêneros Rhizomucor spp 1 0,014% 1 Refere-se ao número de vezes que um determinado gênero foi identificado independentemente das contagens de UFC. 2 Leva em conta a contagem total de UFC de cada um dos diferentes gêneros isolados. 44 Tabela 8 – Comparação múltipla das médias da contagem total de bolores no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras-frias) e na salmoura em UFC/g. Tratamentos n Média 1 Tratamento: 1 Leite ordenha 5 < 10 a Tratamento: 2 Leite tanque 5 < 10 a Tratamento: 3 Leite caminhão 5 < 100 a Tratamento: 4 Cloreto de Cálcio 5 < 10 a Tratamento: 5 Fermento láctico 5 < 100 a Tratamento: 6 Soro fermento 5 < 10 a Tratamento: 7 Leite pasteurizado 5 < 10 a Tratamento: 8 Massa de queijo 5 < 100 a Tratamento: 10 Queijo resfriamento 5 < 100 a Tratamento: 11 Queijo salga 5 < 100 a Tratamento: 12 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 14 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 16 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 18 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 20 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 22 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 24 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 26 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 28 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 30 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 32 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 34 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 36 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 38 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 40 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 42 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 44 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 46 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 63 Água da salga 5 < 10 a 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 45 Tabela 9 - Comparação múltipla das médias da contagem total de bolores nas formas, superfície dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. Tratamentos 1 n Média 5 0,00 d Tratamento: 13 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 15 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 17 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,00 d Tratamento: 19 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,02 d Tratamento: 21 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,05 d Tratamento: 23 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,04 c, d Tratamento: 25 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 27 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 29 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,50 c, d Tratamento: 31 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,60 b, c Tratamento: 33 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,00 d Tratamento: 35 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,20 c, d Tratamento: 37 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,01 d Tratamento: 39 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 d Tratamento: 41 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,04 d Tratamento: 43 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,03 c, d Tratamento: 45 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 180 dias 5 1,13 b Tratamento: 47 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 180 dias 5 2,19 a Tratamento: 62 Luvas 5 0,00 d Tratamento: 9 Formas 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 2 2 Os valores da Tabela 9 se referem às contagens obtidas nas placas e depois divididas pela área amostrada de cada material. Porém as contagens brutas obtidas ficaram dentro dos limites de detecção do método. 46 Tabela 10 – Comparação múltipla das médias do total de bolores nas amostras de ar da fazenda, plataforma de recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. Tratamentos 1 n Média Tratamento: 48 Ar fazenda 5 1,1X 103 b Tratamento: 49 Ar plataforma 5 3,3 X 102 c Tratamento: 50 Ar fabricação 5 1,3 X 102 c Tratamento: 51 Ar salga 5 2,6 X 102 c Tratamento: 52 Ar secagem 5 1,6 X 101 c Tratamento: 53 Ar câmara 1 - 30 dias 5 1,9 X 102 c Tratamento: 54 Ar câmara 1 - 60 dias 5 4,4 X 101 c Tratamento: 55 Ar câmara 1 - 180 dias 5 4,8 X 101 c Tratamento: 56 Ar câmara 2 - 30 dias 5 2,6 X 101 c Tratamento: 57 Ar câmara 2 - 60 dias 5 1,9 X 103 a Tratamento: 58 Ar câmara 2 - 180 dias 5 1,2 X 103 b Tratamento: 59 Ar câmara 3 - 30 dias 5 1,4 X 101 c Tratamento: 60 Ar câmara 3 - 60 dias 5 6,7 X 100 c Tratamento: 61 Ar câmara 3 - 180 dias 5 6,3 X 101 c 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) Amostras ambientais comparadas na Tabela 10 mostram uma presença significativamente maior de bolores na amostra 57 (ar da câmara 2 aos 60 dias) com média de 1,9 X 103 UFC/m3 seguida da amostra 58 (ar da câmara 2 aos 180 dias) com média de 1,2 X 103 UFC/m3 e depois da amostra 48 (ar da fazenda) com média de 1,1 X 103 UFC/m3. Os demais tratamentos não diferem entre si. Há uma correlação positiva entre as contagens de bolores e o tempo em que os queijos permaneceram nas câmaras-frias durante o processo de maturação (Figura 3), porém não há correlação entre a contagem de UFC nos queijos com a quantidade de bolores das amostras ambientais. Os dados da Tabela 11 mostram um aumento das contagens em UFC/cm2 conforme o período de permanência dos queijos nas câmaras-frias. 47 tempo em dias 200 y = 42,952x + 17,928 R2 = 0,9574 150 100 50 0 0 1 2 3 4 contagem de bolores em UFC/cm2 Figura 3 – Correlação entre o tempo de maturação e a presença de bolores no queijo parmesão (amostras de superfície – swabs). Tabela 11 - Soma das contagens dos microrganismos nas amostras das superfícies dos queijos nas três câmaras-frias. Tempo de maturação do parmesão em câmara-fria 30 dias 60 dias 180 dias 153 1754 3163 bolor (UFC) * 6 588 1495 Penicillium (UFC) * 3 447 837 bolor + levedura (UFC) * * É a somatória das contagens dos tratamentos 13, 15, 17, 19, 21, 23, 25, 27, 29, 31, 33, 35, 37, 39, 41, 43, 45 e 47 em valores brutos das UFCs. 48 5.3. Penicillium O gênero Penicilium predominou (53,2%) entre os bolores isolados (Tabela 7). As Tabelas de 12 a 14 mostram as comparações entre as médias da ocorrência de Penicillium em todas as amostras em UFC/g, UFC/cm2 e UFC/m3 respectivamente, de acordo com as características de cada material amostrado nos diversos tratamentos. Leite, insumos e partes internas dos queijos não apresentaram diferenças significativas entre si nas contagens de UFC/g conforme os dados da Tabela 12. Os dados da Tabela 12 deixam dúvidas quanto à ação antifúngica do sorbato de potássio contra a presença do gênero Penicillium. A Tabela 11 mostra que há um aumento nas contagens de Penicillium em UFC/cm2 conforme o tempo de permanência dos queijos nas câmaras-frias, principalmente após os 60 dias. 49 Tabela 12 – Comparação múltipla das médias da contagem de Penicillium no leite, insumos, massa, nos queijos (resfriamento, salga e nas câmaras-frias) e na salmoura em UFC/g. Tratamentos n Média 1 Tratamento: 1 Leite ordenha 5 < 10 a Tratamento: 2 Leite tanque 5 < 10 a Tratamento: 3 Leite caminhão 5 < 100 a Tratamento: 4 Cloreto de Cálcio 5 < 10 a Tratamento: 5 Fermento láctico 5 < 100 a Tratamento: 6 Soro fermento 5 < 10 a Tratamento: 7 Leite pasteurizado 5 < 10 a Tratamento: 8 Massa de queijo 5 < 100 a Tratamento: 10 Queijo resfriamento 5 < 100 a Tratamento: 11 Queijo salga 5 < 100 a Tratamento: 12 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 14 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 16 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 18 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 20 Queijo câmara 1 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 22 Queijo câmara 1 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 24 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 26 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 28 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 30 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 32 Queijo câmara 2 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 34 Queijo câmara 2 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 36 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 38 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 30 dias 5 < 100 a Tratamento: 40 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 42 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 60 dias 5 < 100 a Tratamento: 44 Queijo câmara 3 c/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 46 Queijo câmara 3 s/ sorbato profund. - 180 dias 5 < 100 a Tratamento: 63 Água da salga 5 < 10 a 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 50 Tabela 13 - Comparação múltipla das médias da contagem total de Penicillium nas formas, superfície dos queijos em maturação e das luvas dos manipuladores em UFC/cm2. Tratamentos 1 n Média 5 0,00 c Tratamento: 13 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 15 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 17 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,00 c Tratamento: 19 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,00 c Tratamento: 21 Queijo câmara 1 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,01 c Tratamento: 23 Queijo câmara 1 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,01 c Tratamento: 25 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 27 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 29 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,10 b Tratamento: 31 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,06 b, c Tratamento: 33 Queijo câmara 2 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,00 c Tratamento: 35 Queijo câmara 2 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,05 b, c Tratamento: 37 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 39 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 30 dias 5 0,00 c Tratamento: 41 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 60 dias 5 0,01 c Tratamento: 43 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 60 dias 5 0,05 b, c Tratamento: 45 Queijo câmara 3 c/ sorbato swab - 180 dias 5 0,00 c Tratamento: 47 Queijo câmara 3 s/ sorbato swab - 180 dias 5 0,34 a Tratamento: 62 Luvas 5 0,00 c Tratamento: 9 Formas 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 3 3 Os valores da Tabela 13 se referem às contagens obtidas nas placas e depois divididas pela área amostrada de cada material. Porém as contagens brutas obtidas ficaram dentro dos limites de detecção do método. 51 Tabela 14 - Comparação múltipla das médias do total de Penicillium nas amostras de ar da fazenda, plataforma recebimento de leite na fábrica, sala de fabricação e câmaras-frias de maturação em UFC/m3. Tratamentos 1 n Média Tratamento: 48 Ar fazenda 5 2 X 101 b Tratamento: 49 Ar plataforma 5 8 X 100 b Tratamento: 50 Ar fabricação 5 <1 b Tratamento: 51 Ar salga 5 5 X 100 b Tratamento: 52 Ar secagem 5 6 X 100 b Tratamento: 53 Ar câmara 1 - 30 dias 5 5,6 X 101 b Tratamento: 54 Ar câmara 1 - 60 dias 5 9,1 X 100 b Tratamento: 55 Ar câmara 1 - 180 dias 5 1,3 X 101 b Tratamento: 56 Ar câmara 2 - 30 dias 5 1,8 X 101 b Tratamento: 57 Ar câmara 2 - 60 dias 5 1,2 X 101 b Tratamento: 58 Ar câmara 2 - 180 dias 5 1,2 X 103 a Tratamento: 59 Ar câmara 3 - 30 dias 5 <1 b Tratamento: 60 Ar câmara 3 - 60 dias 5 2,7 X 100 b Tratamento: 61 Ar câmara 3 - 180 dias 5 6 X 101 b 1 Médias indicadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ( =5%) 52 A Figura 4 confirma haver uma correlação positiva entre as contagens de Penicillium e o tempo em que os queijos permaneceram nas câmaras-frias durante o processo de maturação. Porém não há correlação entre a contagem nos queijos com a quantidade de Penicillium das amostras ambientais. tempo em dias 200 y = 73,534x + 13,949 R2 = 0,8687 150 100 50 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 contagem de Penicillium em UFC/cm2 Figura 4 – Correlação entre o tempo de maturação e a presença de Penicillium no queijo parmesão (amostras de superfície – swabs). 5.4 Identificação do Agente Deteriorante A descrição morfológica macroscópica do agente deteriorante e os resultados dos testes complementares para identificação estão na Tabela 15 e nas Figuras 4 e 5, respectivamente. A microscopia do fungo isolado nos queijos contaminados revelou as seguintes características: conidióforos “tetraverticilados”, “conidióforo” rugosas e conídios redondos lisos (Figura 6). 53 Tabela 15 - Identificação de Penicillium isolado das manchas de queijos com defeitos de qualidade. Meios de cultura Características das colônias * Tamanho Forma Cor Reverso Obs. MEA 450 mm aveludada, chata, densa verde/cinza característico verde escuro _ CYEA 450 mm aveludada, chata, densa verde/cinza característico verde escuro _ CREA 400 mm aveludada, chata, rala verde/cinza característico _ sem ácido NSA 400 mm aveludada, chata, densa verde/cinza característico _ _ 0,5% AA ** 300 mm aveludada, chata, rala verde/cinza característico _ _ o * Resultados obtidos após incubação por 7 dias a 25 C. **MEA + 0,5% de AA. MEA CREA CYEA Figura 5 – Crescimento do agente deteriorante nos meios de cultura MEA, CREA e CYEA. 54 NSA MEA + 0,5% AA Figura 6 – Crescimento do agente deteriorante nos meios de cultura NSA e MEA + 0,5% de AA. a 3. ramificação a 2. ramificação a 1. ramificação Haste principal: rugosa Figura 7 – Características morfológicas microscópicas do agente deteriorante. Conídios globosos 55 Quando analisados dentro da chave de identificação proposta por SAMSON et al., (2000) estes resultados indicam que o material isolado das manchas escuras características dos queijos visualmente comprometidos pertence à espécie Penicillium roqueforti. Vale lembrar que as espécies Penicillium roqueforti, Penicillium carneum e Penicillium paneum possuem morfologias muito semelhantes entre si, e só foram diferenciadas através de protocolos baseados na genética molecular (BOYSEN et al., 1996). Resultados praticamente idênticos aos mencionados acima foram obtidos para bolores do gênero Penicillium isolados nas amostras 23 (cepa Scala 6), 28 (cepa Scala 33), 30 (cepa Scala 33), 37 (cepa Scala 11), 41 (cepa Scala 18), 42 (cepa Scala 2), 46 (cepa Scala 30), 47 (cepa Scala 6), 56 (cepa Sala 14) e 57 (cepa Scala 24) apresentados na Tabela 16. 56 Tabela 16 - Local de isolamento das diversas cepas do gênero Penicillium dentro da cadeia produtiva do queijo parmesão. Amostra Local Material Etapa do Processo Cepa 7 Indústria Leite pasteurizado Enchimento Cepa Scala 17 13 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 1 Cepa Scala 7 ou 16 17 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 1 Cepa Scala 7 ou 16 19 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 1 Cepa Scala 7 ou 16 21 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 1 Cepa Scala 27 23 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 1 Cepa Scala 6 28 Indústria Queijo + sorbato (profundidade) Maturação câmara 2 Cepa Scala 33 29 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 2 Cepa Scala 15 30 Indústria Queijo (profundidade) Maturação câmara 2 Cepa Scala 33 31 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 2 Cepa Scala 15 32 Indústria Queijo + sorbato (profundidade) Maturação câmara 2 Cepa Scala 10 35 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 2 Cepa Scala 27 37 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 3 Cepas Scala 8 e 11 38 Indústria Queijo (profundidade) Maturação câmara 3 Cepa Scala 23 41 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 3 Cepa Scala 18 42 Indústria Queijo (profundidade) Maturação câmara 3 Cepa Scala 2 43 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 3 Cepa Scala 26 45 Indústria Queijo + sorbato (swab) Maturação câmara 3 Cepa Scala 27 46 Indústria Queijo (profundidade) Maturação câmara 3 Cepa Scala 30 47 Indústria Queijo (swab) Maturação câmara 3 Cepa Scala 6 48 Fazenda Ar ambiental Ordenha Cepa Scala 35 49 Indústria Ar ambiental externo Recepção Cepa Scala 21 51 Indústria Ar ambiental Salga Cepa Scala 5 53 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 1 Cepas Scala 19 e 34 54 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 1 Cepas Scala 9 e 32 55 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 1 Cepa Scala 28 56 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 2 Cepas Scala 1, 13 e 14 57 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 2 Cepa Scala 24 58 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 2 Cepa Scala 22 60 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 3 Cepa Scala 4 61 Indústria Ar ambiental Maturação câmara 3 Cepas Scala 20 e 28 57 6. Discussão As informações levantadas neste trabalho servirão para subsidiar o programa de controle de qualidade da indústria onde foram coletadas as amostras. Elas indicarão quais os melhores procedimentos a serem adotados para minimizar as perdas pela contaminação por bolores na produção do queijo parmesão. As leveduras foram a grande maioria dos fungos quantificados. Contudo, apesar das altas contagens em algumas amostras, durante o período de realização do trabalho, os queijos não apresentaram quaisquer problemas que aparentemente se relacionasse a estes organismos. Os bolores representaram 3,44% dos fungos quantificados. Entre os bolores, o gênero Penicillium com uma freqüência relativa de 53,1% e 50 ocorrências, predominou como principal contaminante, seguido do gênero Aspergillus com freqüência de 41,3% e 19 ocorrências e depois do gênero Cladosporium com freqüência de 4,5% e 10 ocorrências. As condições de temperatura no processo de maturação talvez seja uma explicação para estes dados, uma vez que a maioria das espécies do gênero Penicillium são psicrófilos. Nos queijos também foram isolados os gêneros Chrysosporium, Alternaria e Gliocadium. O mofo deteriorante que formava as manchas escuras na casca do queijo parmesão é provavelmente da espécie P. roqueforti ou espécies morfologicamente próximas. A identificação do agente deteriorante deixa claro que os bolores, principalmente o gênero Penicillium, são mais importantes como agentes deteriorantes quanto à qualidade comercial do queijo parmesão na indústria em questão. A ação deteriorante acontece primordialmente na casca. A condição de aerobiose e o contato da casca com as prateleiras de madeira (material poroso) talvez sejam os fatores que contribuam para que estes bolores se desenvolvam na casca dos queijos. 58 Helminthosporium, Epicoccum, Fusarium, Geotrichum Rhizomucor e Rhizopus foram bolores isolados somente das amostras de ar. Todos eles são citados por LARONE, (1996) como organismos contaminantes do ambiente. O ar da câmara 2 se mostrou o mais contaminado por bolores durante o período do experimento. Esta câmara-fria apresentou valores de UFC/m3 significativamente maiores que os considerados “pobre” por SCHOLTE at. al, (2000). Os resultados sugerem que maiores cuidados deverão ser tomados quanto à qualidade do ar no interior da indústria. A mesma sugestão é feita por KURE et al., (2004) após trabalho visando identificar as fontes de contaminação por bolores em fábricas de queijo na Noruega. Contudo, o problema parece estar mais localizado nas câmaras-frias de maturação, do que em outras instalações. Confirmou-se também a tendência de aumento dos problemas ligados à deterioração por bolores conforme o maior período de permanência dos queijos nas câmaras-frias de maturação. Quanto maior o tempo de maturação, maior o grau de contaminação por bolores. Leite cru, insumos, agentes intervenientes e a salmoura parecem não contribuir na contaminação dos queijos por bolores. Os resultados deixam dúvidas quanto à ação do sorbato de potássio como agente conservante. Este dado sugere realização de testes de susceptibilidade às drogas, para melhor avaliar a ação dos conservantes como inibidores da deterioração fúngica nas condições da indústria em questão, visto que P. roqueforti e outras espécies do gênero são mencionadas na literatura como tolerantes a ação deste e outros conservantes (FILTENBORG et al., 1996; FILTENBORG et al., 2000). O gênero Aureobasidium (em baixa quantidade) foi isolado somente das luvas de borracha, De maneira geral, os resultados deste trabalho, com algumas variações se assemelham aos de outros autores que trabalharam com a questão da deterioração fúngica em queijos (TANIWAKI & DENDER, 1992; FILTENBORG et al., 1996; KURE et al., 2001; KURE et al., 2004), conforme mencionado no item 3.3. deste trabalho. 59 7. Conclusões De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que: 7.1. As etapas de fabricação anteriores à maturação, o leite, os insumos e os agentes intervenientes pouco contribuem como fonte de contaminação por bolores no queijo parmesão. 7.2. A ação deteriorante dos bolores ocorre predominantemente na casca (superfície) do queijo parmesão. 7.3. Bolores do gênero Penicillium, provavelmente a espécie P. roqueforti, foram identificados com os agentes deteriorantes responsáveis pelo aparecimento das manchas escuras nas cascas dos queijos. 7.4. A maior contribuição para a contaminação por bolores esta relacionada à etapa de maturação e aumenta proporcionalmente ao período em que os queijos permanecem nas câmaras-frias. 7.5. A ação antifúngica do sorbato de potássio e da natamicina, nas concentrações usadas na rotina da empresa, precisa ser criteriosamente avaliada quanto a sua real eficiência, para as cepas isoladas neste trabalho. 7.6. Os resultados de estudo devem ser levados em consideração na aplicação do programa de APPCC da indústria no que se refere à prevenção da deterioração por bolores no queijo parmesão. 60 8. Referências Bibliográficas AMERICAN PUBLIC HEALTH OF WATER AND WASTEWATER - APHWW. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20th. ed. Washington-DC: American Public Health Association, 1998. p. 9/131 – 9/140. ARVANITOYANNIS, I.S.; MAUROPOULOS, A. A. Implementation of the hazard analysis critical control point (HACCP) system to Kasseri/Kefalotiri and Avenato cheese productions lines. 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(prof.) Queijo (prof.) Água da salga Nc = não coletado Temperatura (oC) 34,0 7,0 8,0 21,0 27,0 28,0 26,0 45,0 40,0 13,0 12,9 12,8 14,4 15,1 13,5 12,7 12,5 12,7 14,9 14,9 13,3 13,2 14,7 14,2 14,4 13,8 15,6 14,4 12,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 12,0 13,3 12,8 14,1 14,7 13,0 12,9 12,6 12,5 14,0 12,8 13,4 13,0 14,6 13,5 14,5 14,0 14,3 13,7 12,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 12,0 13 13,2 14,1 15,3 13,2 12,8 12,5 12,4 13,6 12,9 13,5 13,0 14,2 13,7 14,1 13,7 14,2 14 12,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 12,0 13,1 13,5 13,8 14,4 12,9 12,8 12,7 12,4 13,8 12,9 13,3 13,1 13,6 13,8 13,7 13,7 13,5 13,8 12,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 12,0 13,5 13,8 13,6 13,8 12,9 12,9 12,4 12,4 13,3 12,7 13,3 13,0 13,6 13,7 Nc 13,3 14,3 13,2 12,0 pH 6,7 6,9 6,9 6,4 3,9 3,5 6,8 5,3 5,1 5,2 5,27 5,39 5,44 5,31 5,36 5,43 5,42 5,31 5,46 5,49 5,38 5,44 5,42 5,31 5,44 5,54 5,35 5,37 5,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 5,3 5,24 5,45 5,45 5,43 5,45 5,28 5,46 5,29 5,47 5,37 5,36 5,38 5,44 5,4 5,46 5,45 5,4 5,33 5,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 5,2 5,33 5,38 5,41 5,44 5,34 5,35 5,39 5,3 5,41 5,43 5,35 5,33 5,46 5,49 5,43 5,43 5,34 5,34 5,0 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 5,2 5,36 5,33 5,42 5,44 5,38 5,47 5,37 5,37 5,44 5,43 5,35 5,35 5,39 5,35 5,5 5,58 5,38 5,3 5,1 Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc Nc 5,4 5,4 5,38 5,44 5,53 5,46 5,43 5,37 5,35 5,58 5,47 5,53 5,37 5,46 5,45 Nc 5,46 5,56 5,37 5,1 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo