Arquivística O objeto intelectual da arquivística é a informação ou, mais precisamente, os dados que possibilitam a informação 1 Arquivística Mas, é necessário considerar três objetos físicos: 1. O arquivo, isto é, os conjuntos documentais produzidos/ recebidos/acumulados pelas entidades públicas ou privadas no exercício de suas funções, conjuntos de documentos sobre os quais a arquivística vai aplicar a sua teoria metodologia e práxis para chegar a seus objetivos 2 Arquivística 2. O documento em si mesmo, enquanto individuo, ainda que isso possa parecer paradoxal porque a arquivística trabalha sobretudo, com conjuntos orgânicos de documentos. A verdade é que, sem que se conheçam, em sua natureza e elementos, os integrantes dos conjuntos, isto é, os documentos- indivíduos , não se poderá compreender a totalidade. 3 Arquivística O objetivo da arquivística, em relação a todos esses objetos, por meio de suas teorias, metodologias e aplicações práticas, é dar acesso à informação. Não à informação em geral, mas à informação de cunho jurídico e/ou administrativo, que é indispensável ao processo decisório e para funcionamento das atividades governamentais ou das empresas privadas e pessoas físicas. 4 Arquivística Atua como testemunho dos direitos dos cidadãos, até esta mesma informação, quando utilizada pelos historiadores para a crítica e explicação das sociedades passadas e que, inclusive independentemente destes usos, permanece como componente de um corpus informacional que permita a transmissão cultural de geração a geração. 5 Arquivística A especificidade da arquivística relativamente às outras “ciências” da informação, tais como a biblioteconomia, a museologia e a própria documentação, reside justamente, na peculiaridade da origem e formação de seus objetos: o arquivo e os documentos de arquivo. 6 Arquivística Ainda que todas aquelas áreas trabalhem com documentos, os da biblioteconomia têm a ver com o sentido de coleção que tem uma biblioteca (seja em forma tradicional ou virtual), onde são reunidos, segundo suas temáticas, livros, revistas, jornais, folhetos, material iconográfico ou sonoro. A finalidade de se colecionar estes documentos são científicas, técnicas, educativas, didáticas de entretenimento etc.. 7 Arquivística Os documentos de museu, em geral, são reunidos em coleções artificiais, segundo a finalidade do museu, e seus documentos foram produzidos com finalidades artísticas ou de entretenimento, ainda que possam ter sido funcionais em sua origem, como aqueles objetos que testemunham a vida material de certas comunidades ou agrupamentos humanos. 8 Arquivística Os Centros de Documentação e os Bancos de Dados trabalham também com documentos ou referências a documentos – de forma real ou virtual-, mas são reunidos e/ou produzidos por razões de pesquisa.O sentido da funcionalidade e da organicidade qualidades típicas dos arquivos. 9 Arquivística Princípios Arquivísticos Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da diferença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias. São eles: Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio da Proveniência da Organicidade da Unicidade da Indivisibilidade ou integridade da Cumulatividade 10 Arquivística Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento, relativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos devem ser organizados em obediência à competência e às atividades da instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção, acumulação ou guarda dos documentos. 11 Arquivística Princípio da Proveniência: Arquivos originários de uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva individualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de origem distinta. 12 Arquivística Princípio da Organicidade: As relações administrativas orgânicas se refletem nos conjuntos documentais. A organicidade é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, funções e atividades da entidade produtora/acumuladora em suas relações internas e externas. 13 Arquivística Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu caráter único, em função do contexto em que foram produzidos. 14 Arquivística Princípio da Invisibilidade ou integridade: Os fundos de arquivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, alienação, destruição não autorizada ou adição indevida. 15 Arquivística Princípio da cumulatividade: O arquivo é uma formação progressiva, natural e orgânica 16 Arquivística Teoria das Três Idades: A teoria das três idades, sistematizadas pelos norte americanos nos anos 70 do século XX, é um ponto de chegada natural dos estudos arquivísticos que, desde o século XIX, tentavam estabelecer uma ponte entre documentação de gestão e a destinada a ser preservada para fins de pesquisa. 17 Arquivística Teoria das Três Idades A teoria das três corresponde à sistematização do ciclo vital dos documentos de arquivo. È uma denominação que corresponde ao uso dos documentos. Arquivos Correntes Arquivos Intermediários Arquivos Permanentes 18 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: A primeira idade corresponde à produção do documento, sua tramitação , a finalização de seu objetivo, conforme o caso, e a sua primeira guarda. O conteúdo desse documento, o chamado valor primário, coincide com as razões de sua criação. 19 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: As funções ou tarefas arquivísticas dessa fase são o apoio à produção e à tramitação, a classificação o servir à consulta administrativa (que é freqüente), a primeira guarda, a conexão do documento com seus prazos de destinação, estabelecidos pelas Tabelas de Temporalidade 20 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: Atividades de Protocolo: Conjunto de operações visando o controle dos documentos que ainda tramitam no órgão, de modo a assegurar a imediata localização e recuperação dos mesmos, garantindo, assim, o acesso a informação: Recebendo e classificando o documento: efetuando a separação dos documentos recebidos em oficial ostensivo ou sigiloso e particular; 21 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: Atividades de Protocolo: Documentos de natureza sigilosa e particular deverão ser encaminhados aos respectivos destinatários; Os documentos de natureza ostensiva deverão ser abertos e analisados, verificando-se a existência ou não de antecedentes. Em caso afirmativo, providenciar a juntada e em caso negativo, classificá-lo de acordo com o assunto tratado. 22 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: A passagem do documento da primeira à segunda idade denomina-se transferência e indica o fim de seu valor primário; é quando já terminaram os direitos produzidos por sua criação. Os documentos passam, então, a semi-ativos, podendo, entretanto, ser usados dentro de seu valor primário, mas por razões mais jurídicas que administrativas. 23 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Correntes: Tabela de Temporalidade: È o registro esquemático do ciclo de vida documental do órgão, sendo elaborada após análise da documentação e aprovada pela autoridade competente. A tabela determina o prazo de guarda dos documentos no arquivo corrente, sua transferência ao arquivo intermediário, os critérios para a microfilmagem, a eliminação ou o recolhimento ao arquivo permanente. 24 Arquivística Teoria das Três Idades Vantagens para implantação de depósitos de arquivamento intermediário: Devem ser simples e funcionais, permitindo a guarda de grandes volumes de documentos, proporcionando: Economia de espaço, pessoal, equipamento e tempo; Maior e melhor colaboração entre arquivistas e administradores; Racionalização da guarda e preservação dos acervos documentais; Resposta imediata e precisa às questões impostas pela administração; Garantia de recolhimento aos arquivos permanentes dos documentos que devem ser conservados definitivamente. 25 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes A passagem de documentos do arquivo intermediário para o arquivo permanente denomina-se recolhimento. 26 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Arquivos Permanentes são o conjunto de documentos custodiados em caráter definitivo, em função do seu valor secundário. Valor Secundário: refere-se à possibilidade de uso dos documentos para fins diferentes daqueles para os quais foram originariamente criados. O documento passa a ser considerado fonte de pesquisa e informação para terceiros e para a própria administração. 27 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes São conjuntos documentais produzidos/recolhidos por unidades administrativas e/ou pessoas físicas passam a “conviver” uns com outros: constituindo-se em fundos. 28 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Fundo: conjunto de documentos produzidos e/ou acumulados por determinada entidade pública ou privada, pessoa ou família no exercício de suas funções e atividades, guardando entre si relações orgânicas e que são preservados como prova ou testemunho legal e/ou cultural, não devendo ser mesclados a documentos de outro conjunto gerado por outra instituição, mesmo que este, por quaisquer razões, lhe seja afim. 29 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Principais atividades dos Arquivos Permanentes: Arranjo Descrição 30 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Arranjo: a operação resume-se na reordenação dos conjuntos documentais remanescentes das eliminações ditadas pela Tabela de Temporalidade, obedecendo a critérios que respeitam o caráter orgânico dos conjuntos documentais. 31 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Hierarquia da atividade de arranjo Fundo Seção Subseção Série Subséries 32 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Descrição: Conjuntos de procedimentos que, a partir de elementos formais e de conteúdo, permitem a identificação de documentos e a elaboração de instrumentos de pesquisa. 33 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Descrição: Instrumentos de Pesquisa: Obra de referência, publicada ou não, que identifica, localiza, resume ou transcreve, em diferentes graus e amplitudes, fundos, seção, subseção, séries, subséries e peças documentais existentes em um arquivo permanente com a finalidade de controle e acesso ao acervo. 34 Arquivística Teoria das Três Idades Arquivos Permanentes Descrição: A norma Isad(g) International Standard Archival Description (General). Trata-se de normas de descrição estabelecidas pelo Conselho Internacional de Arquivos, e divulgada em 2000 no XIV Congresso Internacional de Arquivos, realizado em Sevilha. 35 Teoria das Três Idades/ Arquivos Permanentes Descrição/A norma Isad(g) Elementos recomendados pela Isad(g): Área de identificação (nome e nível da unidade que está sendo descrita; suas datas de produção ou datas-limite, segundo o caso; sua dimensão e sua codificação, se houver); Área de contexto de produção (nome da entidade/pessoa física, história administrativa/biografia, história custodial (ou arquivística) e origem do recolhimento/aquisição); 36 Teoria das Três Idades/ Arquivos Permanentes Descrição/A norma Isad(g) Elementos recomendados pela Isad(g): Área de conteúdo e estrutura (os assuntos tratados e as espécies documentais componentes, de modo a demonstrar as potencialidades de pesquisa; o arranjo interno e informações sobre alterações na dimensão do conjunto); Área de acesso e uso (condições legais, estado físico do suporte, idiomas, outras descrições já publicadas); Área de fontes relacionadas (documentos de interesse relacionados aos descritos) Área de notas (outras informações importantes que não se acham nas outras áreas). 37 Arquivística Bibliografia: BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivística: objetos, princípios e rumos.São Paulo, Associação de Arquivistas de São Paulo, 2002. (Scripta – textos de interesse para os profissionais de arquivo e áreas afins). BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. – 2.ed. rev.e ampliada.Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2004. BELLOTTO, Heloísa Liberalli. CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Dicionário de terminologia arquivística. São Paulo: Associação dos Arquivistas Brasileiros – Núcleo Regional de São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1996. CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. Norma internacional de descrição arquivística. 2.ª ed.rev. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2000. Gestão de Documentos: conceitos e procedimentos básicos. Ana Celeste Indolfo, Ana Maria Valéria Cascardo Campos, Maria Izabel de Oliveira, Mônica Medrado da Costa, Verone Gonçalves Cauville. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1993. GONÇALVES, Janice. Como classificar e ordenar documentos de arquivo. São Paulo: Arquivo do Estado/ Imprensa Oficial do Estado, 1998. 38