CURSO: DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR (UMC) PROF. MS. REGILSON MACIEL BORGES FUNÇÕES (ou Finalidades) A avaliação – ação de determinar o valor de alguma coisa (VIANNA, 1989, p.41). A avaliação desempenha uma série de funções. Tais funções ou finalidades podem variar segundo as pretensões mediatas ou imediatas do grupo da qual procede a iniciativa de avaliar. Função é “o papel característico de um elemento ou de um objecto no conjunto em que está integrado” (HADJI, 1994, p.61). Portanto, a função da avaliação dos alunos, da escola, da universidade, ou do sistema, será: o papel desempenhado por esta atividade no conjunto das atividades ditas de ensino (HADJI, 1994). Assim de acordo com a finalidade ocorrem os segundos tipos de avaliação: “diagnóstica”, “formativa”, “somativa”, “accountability”. Avaliação Diagnóstica O diagnóstico é uma “radiografia” de conhecimentos prévios. A avaliação diagnóstica tem como função específica determinar as características da situação inicial de um determinado processo didático que se quer colocar em marcha (ALMEIDA JUNIOR, 1998, p.36). Fala-se de uma avaliação diagnostica quando se trata de explorar ou identificar algumas características de um aluno, com vistas a escolher a seqüência de formação mais bem adaptada às suas características (HADJI, 1994). Avaliação Formativa A expressão avaliação formativa foi proposta por Scriven. A avaliação dita formativa tem, antes de tudo, uma finalidade pedagógica. A sua característica essencial é a de ser integrada na ação de "formação", de ser incorporada no próprio ato de ensino. Tem por objetivo contribuir para melhorar a aprendizagem em curso, informando o professor sobre as condições em que está a decorrer essa aprendizagem, e instruindo o aluno sobre o seu próprio percurso, os seus êxitos e as suas dificuldades. Esta função geral de ajuda da aprendizagem recobre, segundo Hadji (1994, p.64), um certo número de funções anexas: Segurança: consolidar a confiança do aprendente em si próprio; Assistência: marcar as etapas, dar pontos de apoio para progredir: Feedback: dar, o mais rapidamente possível, uma informação útil sobre as etapas vencidas e as dificuldades encontradas; Diálogo: alimentar um verdadeiro diálogo entre professor/aprendente que esteja fundamentado em dados precisos. Avaliação Somativa A avaliação somativa é o tipo de avaliação que se propõe fazer um balanço (soma) depois de uma ou várias seqüências ou, de uma maneira mais geral, depois de um ciclo de formação (HADJI, 1994, p.64). Por isso que muitas vezes ela é pontual, efetuada num momento determinado (ainda que também se possa realizar num processo cumulativo, quando o balanço final toma em consideração uma série de balanços parciais) e pública. Muitas vezes os alunos são classificados uns em relação aos outros (avaliação normativa) e os resultados são comunicados à administração e aos encarregados de educação. Avaliação Accountability É a utilização da avaliação enquanto prestação de contas. A acepção do termo “accountability” é própria da realidade mercantil ou industrial. No âmbito das instituições educacionais, a definição de avaliação como accountability visa, sobretudo analisar os resultados do trabalho acadêmico em função de critérios ligados à eficiência/eficácia social (ALMEIDA JUNIOR, 1998, p.35). Eficácia: capacidade institucional para alcançar a concretização de seus objetivos. Eficiência: capacidade para produzir o máximo com o mínimo de custos. OUTRAS FINALIDADES RESPONSIVA É Stake que denomina a avaliação de responsiva, que corresponde à descrição e julgamento de um programa educacional, objetivando responder aos questionamentos básicos de um programa. Neste enfoque o papel do avaliador consiste, sobretudo em: “a) Estruturar o estudo a partir de perguntas, negociação e seleção de alguns questionamentos sobre o programa; e b) Coletar, processar e interpretar dados descritivos e de julgamento, fornecidos por vários grupos de pessoas” (SAUL, 2001, p.36). Para Stake (1982) o que se deve enfocar são “as atividades do programa”, pois as conseqüências, segundo ele, “são sempre retiradas da ação em curso, e não da teoria ou dos objetivos declarados” (p.32). ILUMINATIVA A avaliação iluminativa é uma concepção criada por Parllet e Hamiltom (1972) que visa à descrição e interpretação da situação complexa de um programa de inovação. A avaliação iluminativa proposta por estes autores se baseava no paradigma socioantropológico, com o foco muito mais na descrição e interpretação de um processo educativo do que na medida e previsão de comportamentos. O objetivos da avaliação iluminativa é estudar o programa inovador: como este funciona; como é influenciado pelas diversas situações escolares nas quais é aplicado; quais são suas vantagens e desvantagens na opinião de seus principais interessados; e quais as condições que mais afetam as tarefas intelectuais e as experiências acadêmicas dos alunos (PARLLET; HAMILTON, 1982, p.40). DEMOCRÁTICA A função democrática estimula a participação ampla e diversificada dos elementos que participam de um programa, e o poder é distribuído de forma democrática entre todos. A Avaliação democrática é um serviço informativo, prestado à comunidade acerca das características de um programa educacional. Ela reconhece a existência de um pluralismo de valores e procura representar uma gama variada de interesses ao formular suas indagações principais. Nesta avaliação, o avaliador age como um intermediário nas trocas de informação entre diferentes grupos. A principal atividade do avaliador consiste no levantamento das concepções e reações acerca do programa estudado. Ele oferece sigilo aos informantes, dando-lhes ao mesmo tempo controle sobre o uso que fará das informações obtidas. Os conceitos-chave da avaliação democrática são “sigilo”, “negociação” e “acessibilidade”. Conceito fundamental que a justifica é “direito à informação” (MACDONALD, 1982, p.17). EMANCIPATÓRIA Saul (2001, p.61) define sua proposta: Como um processo de descrição e análise de uma dada realidade, visando transformá-la. Destina-se à avaliação de programas educacionais ou sociais. Ela está situada numa vertente político-pedagógica cujo interesse primordial é emancipador, ou seja, libertador, visando provocar a crítica, de modo a libertar o sujeito de condicionamentos deterministas. O compromisso principal desta avaliação é de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua “própria história” e gerem as suas próprias alternativas de ação (p.61). Referências ALMEIDA JUNIOR, V. P. Avaliação Institucional: considerações sobre algumas tendências teóriometodológicas em curso na educação superior brasileira. 1998. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de Campinas, 1998. HADJI, C. Avaliação, Regras do Jogo: das intenções aos instrumentos. Portugal: Porto Editora, 1994. MACDONALD, B. Uma classificação política dos estudos avaliativos. In: GOLDBERG, M. A. A; SOUSA, C. P. Avaliação de Programas Educacionais: Vicissitudes, Controvérsias, Desafios. São Paulo: EPU, 1982. PARLLET, M.; HAMILTON, D. Avaliação Iluminativa: uma nova abordagem no estudo de programas inovadores. In: GOLDBERG, M. A. A.; SOUSA, C. P. (Orgs). Avaliação de Programas Educacionais: vicissitudes, controvérsias e desafios. São Paulo: EPU, 1982. SAUL, A. M. Avaliação Emancipatória: desafio à Teoria e à Prática de Avaliação e Reformulação de Currículo. São Paulo: Cortez, 2001. STAKE, R. Novos métodos para a avaliação de programas educacionais. In: GOLDBERG, M. A. A; SOUSA, C. P. Avaliação de Programas Educacionais: vicissitudes, controvérsias, desafios. São Paulo: EPU, 1982. VIANNA, H. M. A Prática da Avaliação Educacional: Algumas Colocações Metodológicas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.69, p.40-47, 1989.