Febre reumática: Tratamento e profilaxia Programa de Educação Permanente para Médicos de Saúde da Família OBJETIVOS – Supressão do processo inflamatório – Erradicação do EBGA – Promover alívio de sintomas Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 MEDIDAS GERAIS Hospitalização – Cardite moderada ou grave – Artrite incapacitante – Coréia grave – Abreviar tempo do diagnóstico ou do início do tratamento Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 GRAUS DE ENVOLVIMENTO CARDÍACO Classificação Exame físico RXTX Ecocardiograma Cardite leve Taquicardia, sopro sistólico mitral Área cardíaca normal Regurgitações leves ou leves/ moderadas, VE de dimensões normais Cardite moderada Taquicardia, sopro de regurgitação mitral mais intenso sem frêmito ICC incipiente: aumento leve da área cardíaca e congestão pulmonar discreta Regurgitação mitral leve/ moderada, Aumento das câmaras esquerdas leve/ moderado ICC, arritmias, pericardicadite e sopros Regurgitação mitral Cardiomegalia, e/ ou aótica congestão pulmonar, moderada/ ECG com importante, câmaras sobregcarga esquerdas com ventricular esquerda aumento moderado Cardite grave Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 MEDIDAS GERAIS Repouso – Não há mais recomendação de repouso absoluto para a maior parte dos casos – Indicado repouso relativo no leito por quatro semanas – Retorno gradual às atividades – Parâmetros clínicos e laboratoriais (VHS e PCR) Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 MEDIDAS GERAIS Febre – Tratar se ≥ 37,8º C – Paracetamol ou dipirona – Evitar AAS e outros AINES, até que se confirme o diagnóstico de FR Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 ERRADICAÇÃO DO ESTREPTOCOCO – Tratar a faringoamigdalite e erradicar o estreptococo, independentemente do resultado da cultura. • Reduz a exposição antigênica do paciente ao estreptococo • Impede a propagação de cepas reumatogênicas na comunidade. – Nos casos de primeiro surto, o tratamento instituído corresponde ao início da profilaxia secundária. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 ARTRITE – AINE – desaparecimento dos sintomas entre 24 – 48 horas. – AAS (*) • Crianças: 80-100 mg/kg/dia, dividida em 4 tomadas diárias. Após 15 dias, reduzir para 60 mg/kg/dia, até completar quatro semanas • Adultos 6 a 8 g/ dia. (*)Na presença de algum processo viral agudo, sugere-se que o AAS seja suspenso pelo risco de síndrome de Reye. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 ARTRITE Opções: NAPROXENO – Dose 10 – 20 mg/kg/dia em duas tomadas diárias, com tempo similar ao AAS. INDOMETACINA (em caso de insucesso com os anteriores) Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 ARTRITE Analgésicos – Acetaminofeno – Codeína – Corticóide – não há indicação. Quando utilizado por cardite associada, não há necessidade de AINE concomitante. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CARDITE Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CARDITE INFLAMAÇÃO CORTICÓIDES – Indicados em cardites moderadas a graves – prednisona, 1-2 mg/kg/dia, via oral, ou equivalente endovenosa, com dose máxima de 80 mg/dia – Cardite leve (?) • Não usar anti-inflamatório • Utilizar AAS • Utilizar corticóides em doses e duração de tratamento menores Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CARDITE – Tempo de uso de corticóide: – Dose plena 2-3 semanas, dependendo do controle clínico e laboratorial (VHS/ PCR) – Redução semanal da dose • 12 semanas na cardite moderada/ grave • 4 - 8 semanas na cardite leve (?) Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CARDITE – Pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa – 30 mg/kg/dia, em ciclos semanais intercalados • Cardite reumática grave, refratária ao tratamento inicial • Cirurgia cardíaca em caráter emergencial • Quadro clínico grave e IC de difícil controle • Pacientes sem condições de receber corticóide oral Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CARDITE Controle da IC – Leve ou moderada – diuréticos (furosemida – 1-6 mg/kg/dia e espironolactona 1-3 mg/kg/dia) e restrição hídrica – IECA – nos casos de insuficiência aórtica importante (captopril, 1-2 mg/kg/dia, ou enalapril 0,5-1 mg/kg/dia) – DIGOXINA em caso de disfunção ventricular ou fibrilação atrial (7,5 – 10 mcg/kg/dia, em crianças, e 0,125-0,25 mg/kg/dia para adultos. – Anticoagulação – considerar nos casos de fibrilação atrial. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CORÉIA – Manifestação tardia da FR, benigna e autolimitada na maioria das vezes – Coréia leve/ moderada – manter o paciente em ambiente calmo – Benzodiazepínicos e fenobarbital podem ser utilizados – Casos graves – avaliar internação Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 CORÉIA – Haloperidol 1 mg/ dia em duas tomadas, aumentando 0,5 mg a cada três dias, até a dose máxima de 5 mg/dia – Ácido valpróico 10 mg/kg/dia, aumentando 10 mg/kg a cada semana, até a dose máxima de 30 mg/kg/dia – Carbamazepina 7-20 mg/kg/dia – Corticosteróides, plasmaferese e gamaglobulina endovenosa (?) Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 MONITORIZAÇÃO DE RESPOSTA – Desaparecimento da febre – Desaparecimento das principais manifestações clínicas – Normalização de PCR e VHS – monitorar a cada 15 dias – Em caso de comprometimento cardíaco, ecocardiograma, Rx de tórax e ECG após 4 semanas do início do quadro. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 PROFILAXIA – Melhoria de condições de higiene e esquemas terapêuticos profiláticos PRIMÁRIA – Baseada no reconhecimento e tratamento das infecções estreptocócicas antes do primeiro surto de FR – Introdução de penicilina até o nono dia da instalação da faringoamigdalite, com manutenção do nível sérico por 10 dias Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 PROFILAXIA PRIMÁRIA Penicilina Benzatina – Ação bactericida, eficácia clínica e bacteriológica, baixa incidência de efeitos colaterais boa aderência, baixo custo. Fenoximetilpenicilina (penicilina V) Oral Amoxacilina e ampicilina Medicamentos via oral – manter os 10 dias de tratamento Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 OBSERVAÇÕES – A FR pode ocorrer mesmo empregandose a quimioprofilaxia primária como rotina e as explicações mais frequentes são: • Formas assintomáticas ou oligossintomáticas de amigdalites • Tratamento inadequado – uso de medicamentos bacteriostáticos ou uso de medicação por menos de dez dias – A amigdalectomia não é medida recomendada para profilaxia de FR Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 PROFILAXIA SECUNDÁRIA – Administração contínua de ATB em portador de FR ou de CR comprovada Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 PROFILAXIA SECUNDÁRIA – Nos casos de dificuldade na aderência ao tratamento por queixa de dor, observar: – Usar agulha de 25 x 8 mm – Injetar lenta e progressivamente – Não friccionar o local – Pode-se associar a lidocaína 2% (0,5 ml), sem vasoconstritor Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 PROFILAXIA SECUNDÁRIA – Pecientes em uso de sulfadiazina devem fazer hemograma a cada 15 dias, nos primeiros dois meses, e após, a cada seis meses. – Leucopenia discreta é habitual, porém o ATB deve ser substituído se o número de leucócitos for menor que 4000/mm3 e menos de 35% dos neutrófilos Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 DURAÇÃO DA PROFILAXIA – Depende da idade do paciente – Do intervalo do último surto – Da presença de cardite no surto inicial – Do número de recidivas – Da condição social – Da gravidade da cardiopatia reumática residual Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 Reações de anafilaxia com uso de penicilina – Raras antes dos 12 anos, ocorrendo mais frequentemente entre 20 e 49 anos – Ocorre até 20 minutos após a administração pela via parenteral e uma hora pela via oral – Normatização do uso de penicilina em toda a rede de saúde – portaria 156 de 19 de janeiro de 2006 - MS Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009 Vacinas – Atualmente existem 12 modelos de vacinas, a maioria em fase pré-clínica. Os antígenos candidatos à confecção dessas vacinas têm como base a proteína M do estreptococo (regiões N e C-terminal) e outros antígenos conservados da bactéria. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática SBC, 2009