Razão e experiência As bases da ciência moderna . Sobre a transição do pensamento no período moderno, o filósofo e historiador Alexandre Koyré (1892-1964)observou: O homem perdeu seu lugar no mundo, ou, mais exatamente, perdeu o próprio mundo que formava o quadro de sua existência e o objeto de seu saber, e precisou transformar e substituir não somente suas concepções fundamentais, mas as próprias estruturas de seu pensamento (Do mundo fechado ao universo infinito, p.14). . Foi nesse contexto que surgiram alguns dos problemas e conceitos fundamentais da filosofia moderna. Vejamos três deles... A busca de um ponto fixo Com a divulgação da nova cosmologia, uma das concepções fundamentais até então – a noção aristotélica de espaço hierarquizado, foi aos poucos substituída pelo conceito de espaço homogêneo. . . Neste, todos os lugares seguem as mesmas leis, sendo portanto equivalentes, sem um ponto fixo referencial determinante de uma ordem ou hierarquia. O ser humano só encontraria um novo centro ou ponto fixo em si mesmo, isto é, em sua própria razão, entendida como a capacidade humana de avaliar a realidade e distinguir o verdadeiro do falso. O mundo como representação Como propõem diversos estudiosos, até a Idade Média havia prevalecido a noção de que a realidade se apresenta diretamente às pessoas, isto é, mostra-se por si mesma à mente (realismo). . Os pensadores da modernidade, por sua vez, tenderam a abordar o mundo com base na ideia de que a realidade não é apresentada à mente, mas sim representada por ela. Desse modo, boa parte deles procurou ultrapassar a percepção imediata do sensível, e o conhecimento do mundo passou a ser interpretado como representação. Isto não é um cachimbo René François Ghislain Magritte (Lessines, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, 15 de Agosto de 1967) . Assim, uma das principais características do pensamento moderno foi tentar explicar a realidade a partir de novas formulações racionais. Galileu, por exemplo, explicaria o mundo concreto, sensível, por meio de relações matemáticas, geométricas, o que bem pouco se havia feito até então, embora hoje esse seja um procedimento bastante comum. A procura de um método A ruptura com toda a autoridade preestabelecida de conhecimento fez com que os pensadores modernos buscassem uma base segura, algo que garantisse a verdade de um raciocínio. Assim, um dos principais problemas da filosofia nesse período relacionou-se com o processo de entendimento humano e, mais especificamente com a seguinte questão: . - Que garantia posso ter de que um pensamento é verdadeiro? Procurava-se, portanto, um método. Sobre este, escreveu Descartes em suas Regras para a direção do espírito: . Por método eu entendo regras certas e fáceis que, observadas corretamente, levarão quem as seguirem a atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o eu for possível. O método consiste na ordem e na disposição das coisas para as quais devemos voltar o olhar do espírito, para descobrir a verdade (Citado em Rezende, Curso de filosofia, p.88). . Como a razão estava em alta, o método escolhido foi o matemático; A matemática já era uma ciência bastante desenvolvida na época, conquistando grandes resultados com seu método lógico-dedutivo. . Como ciência exata, ela mostrava-se capaz de garantir um alto grau de segurança e certeza em relação a suas conclusões. Era, portanto, o paradigma ideal tanto para a filosofia como para a ciência, tornando-se o modelo seguido pelo racionalismo do século XVII. Questão: Identifique e explique pelo menos três consequências da revolução espiritual causada pela descoberta de que a Terra não era o centro do Universo, determinantes na produção filosófica do indivíduo moderno. Obs. Resposta com aproximadamente 15 linhas.