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R E F Á C I O
Este livro segue os passos de 50 maiores filósofos (1987), de Diané Collinson,
e de 50 pensadores-chave contemporâneos (1994), de John Lechte. É, sem dúvida,
um grande desafio manter o alto padrão literário desses autores. Como eles,
procuro dar ao leitor uma síntese dos trabalhos de cada pensador, algumas informações biográficas quando apropriado, além de um guia bibliográfico para
leituras futuras. Tentei ser o mais objetivo possível com cada um dos intelectuais
selecionados, embora não tenha hesitado, às vezes, em expor minhas próprias
posições. Para ajudar o leitor a navegar nesta área como um todo, assim como
em cada uma das escolas de pensamento que a compõem, incluí um roteiro
bibliográfico geral, ao final do livro.
Restringi-me à apresentação do pensamento de intelectuais do século XX.
Existe um grande número de outros textos interessantes de pensadores clássicos
sobre o assunto (devidamente listados no guia geral), sobre os quais evitei
repetir referências o máximo possível ao longo dos verbetes, embora por vezes
isso seja realmente inevitável. Por esta razão, também excluí pensadores em
estratégia nuclear e, para tal, sugiro ao leitor Makers of modern strategy (Londres:
Pinter, 1991), de John Baylis e John Garnett.
As duas últimas décadas se caracterizaram por uma série de polêmicas,
aparentemente infindáveis, sobre os méritos da análise comparativa entre os
diversos paradigmas das relações internacionais. Como não há consenso sobre
um suposto critério objetivo para sua identificação e classificação, é justo que
se considere que os pensadores atuem por si mesmos, livres das delimitações de
escolas rígidas, abordagem que tem ocorrido com freqüência cada vez maior
nos estudos da área. Desta forma, alguns pensadores incluídos neste livro sob
determinada perspectiva podem, perfeitamente, ser examinados sob ótica
diversa por outros autores.
Recomendo, especialmente, a leitura de The future of international relations:
masters of the making, de Iver B. Neumann e Ole Waever (Londres: Routledge,
1997); Journeys through world politics: reflections of thirty-four academic travellers,
de Joseph Kruzel e James N. Rosenau (Massachussets: Lexington Books, 1989);
e Realist thought from Weber to Kissinger, de Michael Smith (Baton Rouge:
Louisiana State University Press, 1986).
Contudo, mesmo reconhecendo a ênfase crescente dada à necessidade de
discussão de pensadores individuais, e não de “escolas de pensamento”, preferi
seguir o exemplo de John Lechte e dividir os pensadores em categorias particulares, em vez de simplesmente listar os cinqüenta intelectuais em ordem
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50 Grandes estrategistas das Relações Internacionais
alfabética. Na realidade, pode-se dizer que a marca de todo grande pensador é
sua habilidade de transcender estruturas convencionais da análise. Por exemplo,
a teoria do imperialismo de J. A. Hobson critica enfaticamente vários argumentos liberais a respeito dos méritos do “comércio livre”, tendo sido inspirada
por algumas idéias de Karl Marx.
Da mesma forma, Robert Keohane deve muito aos critérios de diversos
realistas, mesmo tendo sido tentado a transcender os supostos limites dos
mesmos. No meu ponto de vista, o uso de categorias não significa colocar esses
pensadores em qualquer tipo de “gaiola” intelectual ou ideológica, e sim mostrar
como os pensadores-chave, ainda que se encaixem didaticamente nas antiqüíssimas tradições do pensamento, raramente se deixam limitar por elas. Feita
essa ressalva, julguei pertinente incluir uma nota introdutória sobre cada
categoria em particular, para situar melhor o leitor em relação a elas.
Ao reunir escritores que contribuíram substancialmente para a nossa
maneira de pensar sobre as relações internacionais ao final do século XX, tentei me
certificar de que o livro desse conta inteiramente do assunto. Assim, além da trilogia
tradicional de realistas, liberais e radicais, também incluí pensadores em temas
emergentes, tais como o gênero e o pós-modernismo. Dentro das três categorias
principais, incluí um estadista que representa a personificação política da
categoria em questão. Assim, coloquei Henry Kissinger como o arqui-realista,
Woodrow Wilson como o liberal típico e Lênin como o radical por excelência,
cada um tendo de fato contribuído com uma literatura substancial e específica
sobre as relações internacionais.
Para alguns, a seção sobre teorias da nação pode ser questionável. No
entanto, acredito que, numa era em que o nacionalismo ressurge na política
global, é justo que se incluam alguns dos melhores escritores acerca do fenômeno,
mesmo que eles não sejam considerados, numa visão mais rígida, “teóricos em
relações internacionais” .
Finalmente, devo informar que a maioria dos pensadores apresentados
neste livro ainda teoriza e escreve, de forma que sugiro ao leitor não substituir
um encontro direto com eles por estes verbetes introdutórios. Afinal este livro
tem o claro objetivo de complementar os cursos de relações internacionais. E,
principalmente, de inspirar os estudantes a se aprofundarem numa das mais
excitantes disciplinas acadêmicas – e aquela de maior e mais rápida transformação nos dias de hoje.
Martin Griffiths
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introdução - Editora Contexto