UM PANORAMA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS Seminário apresentado por Leila da Costa e Talita Barizon Poço Disciplina da pós-graduação: A formação do professor de línguas. Profa Dra. Maria Helena Vieira Abrahão 1º semestre de 2012. Introdução Últimos 40 anos Mudanças de abordagens com respeito à aprendizagem humana: Behaviorista Cognitiva Sócio-cultural Críticas à Perpectiva Positivista Descontextualização - As teorias cognitivas de aprendizagem da abordagem positivista definem aprendizagem como um processo isolado na mente do aprendiz dissociado do contexto social. Despersonalização - O positivismo está baseado na crença de que a realidade existe separada do sujeito e pode ser analisada e interpretada objetivamente através da coleta de dados. Simplificação do complexo e hererogêneo ambiente da escola e da sala de aula. Em pesquisa educacional, a abordagem positivista procura identificar padrões de ensino de qualidade e enfoca no que professores bem sucedidos fazem na sala de aula (comportamentos/processos) que levam aos resultados dos alunos (notas de teste/resultados) Rumo a uma Perspectiva Interpretativa Esta perpectiva iniciou-se nos meados dos anos 70 com o trabalho etnográfico da sociologia e antropologia. Pressupõe que o conhecimento é contruído socialmente e que emerge de práticas sociais nas quais os indíviduos estão envolvidos. Nesta perpectiva, a realidade social é criada por indivíduos e existe na mente destes indivíduos. Na pesquisa educacional sobre formação de professores, o objetivo é não só a pesquisa etnográfica para a observação e descrição de suas práticas, mas também entrevistas com professores para que possam dizer porque fazem o que fazem, o que sabem e o que são capazes de fazer e como entendem o seu trabalho nos contextos onde atuam. A abordagem positivista é insuficiente para explicar a complexidade da vida mental dos professores (teacher’s mental lives - Walberg 1977) e os processos de ensino na sala de aula. Cognição dos Professores Aprender a ensinar é um processo em desenvolvimento, a longo prazo, complexo, que resulta da participação nas práticas sociais em contextos de ensino e aprendizagem. O professor deve ter conhecimento sobre ele próprio como professor, o conteúdo a ser ensinado, os estudantes, a sala de aula e sobre os contextos onde eles desempenham suas funções. Também é sugerido que sejam “experts que se adaptam ao novo”, equilibrando eficiência e inovação. (Hammond e Bransford, 2005) A base de Conhecimento na Formação de Professores de Segunda Língua 1. O conteúdo dos programas de formação de professores de segunda língua. 2. As pedagogias usadas nestes programas. 3. Os formatos institucionais de ensino através dos quais o conteúdo e a pedagogia são aprendidos. A formação profissional de professores de segunda língua é imprescindível e crítica para dar legitimidade, poder e status à profissão, para se afirmar que ser “um falante nativo não é suficiente para se ensinar.” O conteúdo e a pedagogia são uma coisa só. Estes dois elementos co-existem dialeticamente. Os professores aprendem a ensinar muito mais com a prática de ensinar do que nos cursos de Formação. (Freeman e Johnson 1998) A abordagem sócio-cultural na Formação de Professores de Segunda Língua Aprender a ensinar baseia-se na premissa que conhecer, pensar e entender surgem da participação nas práticas sociais de aprender e ensinar em específicos contextos escolares e em sala de aula. O conhecimento do professor sobre o conteúdo e a pedagogia é interpretativo e contingente do conhecimento que ele tem de si mesmo, do ambiente da sala de aula, de sua escola, de seus alunos, do currículo e da comunidade. Na abordagem socio-cultural, a aprendizagem não se dá através de transferência de informação do professor para o aluno, mas sim através de um processo dialógico no qual o professor engaja os alunos em uma aquisição por etapas em um contexto específico. Nesta abordagem, existe uma unificação entre língua e cultura. A língua individual desenvolve-se dentro de atividades sócio-culturais nas quais está inserido o indivíduo. As atividades sociais específicas ganham significado em contextos culturais e históricos e a língua usada para descrever essas atividades ganha significado na comunicação concreta nesses contextos específicos. Autores e movimentos que legitimaram a importância da reflexão das práticas na sala de aula 1. O movimento do ensino reflexivo (Burton, cap.30; Lockhart e Richards, 1994, Zeichener e Liston, 1996) 2. Pesquisa Ação (Burns, cap.29; Edge 2001) 3. Movimento de pesquisa do professor (Burns, 1999) A abordagem sócio-cultural de aprendizagem informa vários aspectos da formação de professores de segunda língua Esta abordagem reconhece uma teoria da mente, que reconhece a inerente interconexão do cognitivo e do social. Também reconhece que a formação de professores não é somente um processo de aculturação nas práticas de ensinar e aprender, mas também um processo dinâmico de reconstruir e rever práticas para atender necessidades individuais e locais. Reconhece o conteúdo e os processos de formação dos professores de segunda língua. Professores tipicamente compreendem ensino/aprendizagem a partir de suas próprias estórias como aprendizes. Professores estão constantemente aprendendo a ensinar. Demonstra que a aprendizagem dos professores não somente molda como eles pensam, agem e se tranformam, mas também como, potencialmente, o mesmo possa ocorrer com os alunos. Conclusão A complexidade da formação de professores de segunda língua está centrada na epistemologia das práticas. Estas práticas devem sofrer constante reflexão, devem reconhecer a importância do contexto e da participação e que são um potencial para mecanismos de mudança na sala de aula. BIBLIOGRAFIA JOHNSON, K. E. (2009) Trends in Second Language Teacher Education (p. 20-29) Tendências na Formação de professores de Segunda Língua. JOHNSON, K. E. (2009) Shifting Epistemologies in Teacher Education. In:__ Second Language Teacher Education: A Sociocultural Perspective (p. 07-16) - As mudanças de Epistemologias na Formação de professores.