Prof°: Halene Armada Histórico As tentativas humanas de intervir no processo de cicatrização das feridas, acidentais ou provocadas intencionalmente como parte da realização de procedimentos, remontam à Antigüidade, demonstrando que desde então já se reconhecia à importância de protegê-las de forma a evitar que se complicassem e repercutissem em danos locais ou gerais para o usuário. Anatomia da pele A pele é uma estrutura indispensável à vida humana. Formando uma barreira entre os órgãos internos e o meio externo, ela participa de muitas funções vitais. É o maior órgão do corpo humano e representa 15% do peso corpóreo Função Proteger o organismo contra a ação de agentes externos físicos, químicos e biológicos Impedir a perda excessiva de líquidos Manter a temperatura corporal Sintese de vitamina D Agir como órgão de sentido Camadas da pele Epiderme Derme Tecido subcutâneo Fisiologia da cicatrização No momento em que ocorre a quebra da integridade da pele inicia-se o processo de cicatrização para restaurar o tecido lesado. O processo de cicatrização acontece através de uma série de estágios ou fases sobrepostas Fases da cicatrização Fase inflamatória (Sinais flogísticos) Fase Proliferativa (Pode durar de 3 a 24 dias) Fase Reparadora (Formação do novo tecido) Fatores que interferem na cicatrização: Para a reparação tecidual há necessidade de um ambiente local propício ao processo de cicatrização, com temperatura ideal, hidratação, condições adequadas de oxigenação e nutrientes A cicatrização lenta é caracterizada quando o fechamento da ferida é insuficiente ou inexistente, excedendo o período fisiológico da cicatrização de 2 a 3 semanas. As razões para esta alteração são os distúrbios locais ou sistêmicos. Os distúrbios sistêmicos estão relacionados com as condições gerais do individuo, que influenciam no tempo e na qualidade da cicatrização Distúrbios locais e sistêmicos Presença de detritos Vasculite/angeíte Fatores vasculares Infecção da ferida Estado nutricional Idade Oxigenação Drogas Doenças em geral Tabagismo Estresse e Ansiedade Classificação das feridas Podem ser classificadas em agudas, crônicas ou cirúrgicas. Alguns autores consideram a classificação das feridas de acordo com as profundidades das lesões teciduais, sendo classificadas como: Superficiais, parcialmente profunda e profundas. Tipos de cicatrização Quando falamos nos tipos de cicatrização nos referimos à maneira pela qual a ferida é fechada que é essencial para o processo de cicatrização. Existem três formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar, as quais dependem da quantidade de tecido perdido ou danificado e da presença ou não de infecção. Podem ser de 1°, 2° e 3° intenção Tipos de feridas Ulcera por pressão Ulceras vasculares Úlcera Diabética Queimaduras Tipos de coberturas Gaze úmida embebida em Soro Fisiológico; Carvão ativado com prata - 10 x 10 cm - placa; Carvão Ativado e Alginato - 10 x 10 cm – placa; Hidrogel com Alginato de Cálcio – Tubo; Hidrogel sem Alginato Cálcio – tubo; Alginato de Cálcio – Fita; Hidrocolóide – Placa 10x10cm e 15x15cm; Espuma de poliuretano não aderente Hidrocolóide Pasta – tubo; Filme transparente adesivo – metro; AGE – Ácido Graxo Essencial – linimento; Vaselina sólida; Sulfadiazina de prata 1%; Papaína gel 2%, 6% ; Papaína em creme a 10%; Creme hidratante com uréia para os pés; Bota de Unna. Curativos Tratamento utilizado para promover a cicatrização da ferida, proporcionando um meio adequado para este processo; A escolha do curativo depende do tipo de ferida. Critérios Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, acelerando a epitelização, diminuir a dor e aumentar o processo de destruição natural dos tecidos necrosados; Remover o excesso de exsudação com o objetivo de evitar a maceração dos tecidos próximos; Permitir troca gasosa; Fornecer isolamento térmico (temperatura de 37ºC estimula o processo de cicatrização; Ser impermeável às bactérias, agindo como barreira mecânica entre a ferida e o meio ambiente; Permitir sua retirada sem ocasionar lesão por aderência. O curativo aderido à ferida, deve ser retirado com umedecimento com Soro Fisiológico 0,9%. As palavras limpeza e desbridamento fazem parte de uma terminologia única, denominada processo de limpeza. Enquanto a limpeza refere-se ao uso de fluídos para suavemente, remover bactérias, fragmentos, exsudatos, corpos estranhos, resíduos de agentes tópicos, o desbridamento consiste na remoção de tecidos necrosados aderidos ou de corpos/partículas estranhos no leito da ferida, usando técnicas mecânicas e/ou químicas. Tipos de curativos Alginatos: Derivados de algas marinhas. Indicado nas feridas exsudativas, necessita cobertura com gaze e fita adesiva. Carvão ativado: Carvão ativado, impregnado com prata. Exerce ação bactericida. Indicado para feridas com odor, feridas infectadas exsudativas com ou sem odor. Necessita cobertura com gaze e fita adesiva. Colagenase É uma das enzimas utilizadas no debridamento químico. Ela decompõe as fibras de colágeno natural que constituem o fundo da lesão, por meio das quais os detritos permanecem aderidos aos tecidos necrosados. Alguns autores citam que, além do caráter enzimático, a colagenase demonstra uma ação excitadora para o tecido de granulação, com aceleração do seu crescimento e enchimento do vazio da lesão, bem como sua epitelização. Hidrogel O hidrogel é semi-permeável, ajuda a manter um ambiente úmido na ferida, o qual promove granulação e epitelização. Proporciona moderada absorção de exsudato e sua remoção é atraumática. Auxilia no desbridamento autolítico por seus efeitos hidratantes e podem ser usados para preenchimento de feridas com espaço morto. Indicado para feridas de profundidade parcial, com pouca drenagem a moderada ou em feridas sem drenagem. Pode ser empregado em feridas contaminadas ou infectadas, e também quando ocorre aplicação de pomadas tópicas. Hidrocolóide Indicado em feridas não infectadas, com médio e baixo volumes de exsudação. Pode ser usado em presença de tecido necrótico e fibrina. A troca do curativo deve ser realizada sempre que ocorrer vazamento do gel. Poderá permanecer por até 7 dias. O gel formado com o exsudato da ferida tem cor amarelada e odor desagradável que desaparece após a limpeza da ferida. Papaína Indicada para feridas necróticas e na presença de fibrina, sendo contra-indicada em casos de lesão isquêmica. Não deve ser usada ou misturada com substâncias derivadas ou compostas de ferro ou iodo, pois é facilmente oxidada. Trocar no máximo a cada 24 horas. Triglicerídeos de cadeia média e ácidos graxos essenciais Indicados para o tratamento de feridas, infectadas ou não, debridadas previamente, médio ou pouco exsudativas. A ferida deve ser irrigada com a solução e coberta com um curativo oclusivo. As trocas devem ser diárias. Açucar Indicado para feridas infectadas; Por ser um produto de fácil acesso e baixo custo, é amplamente difundido. Apresenta inúmeros inconvenientes como: necessidade de trocas frequentes a cada 2 ou 4 horas, dor intensa pela acidificação do meio. Bota de una A compressão é um método aceito universalmente e recomendado para o tratamento da hipertensão venosa, contribuindo assim para a prevenção ou tratamento da úlcera venosa, nos membros inferiores. Esta compressão pode ser obtida com o uso de meias compressivas, bandagens elásticas flexíveis, bandagem rígida, entre outros. A compressão obtida pela aplicação de bandagem rígida, feita de pasta de zinco, também chamada de Bota de Unna, que constitui uma das formas de terapia compressiva inelástica. Durante a deambulação, ela aumenta a pressão contra os músculos da panturrilha, auxiliando o retorno venoso. Não deve, portanto, ser indicada para pacientes que não deambulam. Sulfadiazina de Prata e Nitrato de Cério É uma pomada hidrofílica, composta por sulfadiazina de prata a 1% associada ao nitrato de cério. prata: confere características bactericidas imediatas e bacteriostáticas residuais, provoca precipitação protéica e age diretamente na membrana citoplasmática bacteriana. nitrato de cério: Potencializa o efeito bactericida. Indicação: Tratamento de queimadura. lesões crônicas refratárias. Filmes transparentes Indicado para locais de inserção de cateteres periféricos, cateteres centrais tunelizados ou não, cateteres de pressão intracraniana, cateteres umbilicais e para proteção de áreas de proeminências ósseas em pacientes de alto risco para desenvolvimento de úlcera de pressão. Em cateteres, deve ser trocado a cada 72 horas; nas áreas de pressão, pode permanecer por 7 dias. Espuma de poliuretano É indicada para feridas com perda tecidual profunda, parcial ou total, sendo que nas cavitárias é utilizada na forma de enchimento. Em feridas com perda tecidual superficial ou onde há predomínio de tecido necrótico, está contraindicado. A frequência de troca dessa cobertura depende do volume de exsudato drenado, podendo permanecer no leito da ferida por até 5 dias. Na apresentação de envoltório, faz-se necessária a utilização de cobertura secundária, como gaze dupla estéril ou filme poliuretano. Características de um curativo ideal Manter a umidade no leito da ferida; Manter a temperatura em torno de 37o C no leito da ferida; Absorver o excesso de exsudato, mantendo uma umidade ideal; Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias; Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado; Não deixar resíduos no leito da ferida; Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; Proteger contra traumas mecânicos. Procedimento Lavar as mãos com a técnica correta e fazer antissepsia com álcool glicerinado antes e após o procedimento; As pinças usadas durante o curativo devem estar com as pontas para baixo, prevenindo a contaminação; Usar gaze uma só vez; Lavar a ferida com SF 0,9% em jato, usando um frasco de SF0,9% de 250 ml furado com uma agulha 25/8, a fim de promover pressão suficiente para remover o exsudato da ferida e eventuais corpos estranhos; Secar a pele ao redor da ferida sem tocar no leito desta; Adequar o curativo ao tamanho da ferida; Remover ao máximo as secreções, corpo estranho e tecido necrótico; Fechar os curativos primários cobertos com gaze ou compressa, fazendo uma proteção da pele do paciente com adesivo microporoso e vedar com esparadrapo comum, para manter o meio úmido; Observar e anotar o aspecto da lesão e o curativo realizado, na papeleta e no instrumento de evolução de feridas. 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