Genética e Questões Socioambientais Produtos Químicos Tóxicos Gisele Marcondes Luz Jaqueline Barduco Tamara Reis Introdução • Segurança de Alimentos: Descreve aspectos relacionados somente à inocuidade, ou seja, que os alimentos não se constituem em vias de exposição a perigos que possam causar danos à saúde, sejam eles agentes biológicos, físicos, químicos ou condição do alimento. • Produtos químicos tóxicos em alimentos: Contaminantes de natureza química - resíduos de sua própria degradação, resíduos de produtos químicos, componentes tóxicos ou alergênicos naturais do próprio alimento ou toxinas produzidas por microrganismos. Objetivo Apresentar os principais contaminantes químicos tóxicos tanto na produção primária quanto no processamento, e relacioná-los com as questões socioeconômicas e ambientais. Contaminantes químicos na produção primária Agrotóxicos Decreto nº 7.802, de 11.07.89 do MAPA São produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. • Os agrotóxicos podem ser divididos em duas categorias: - Agrícolas - Não-agrícolas • Agrotóxicos e meio ambiente: - Grande potencial de atingir o solo e as águas: devido aos ventos e à água das chuvas (deriva, lavagem das folhas tratadas, lixiviação e a erosão). - Homem é seu potencial receptor. - Comportamento de um agrotóxico depois de aplicado: Considerar a influência dos agentes que atuam provocando seu deslocamento físico e sua transformação química e biológica. • Agrotóxicos no Brasil: - Maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo. - Em decorrência da significativa importância. - Possuem uma ampla cobertura legal no Brasil. • Registro em órgão federal (IBAMA). Os problemas causados pelo uso dos agrotóxicos justificam o seu uso????? • A 1ª justificativa : para a fabricação e a comercialização de fertilizantes e agrotóxicos é: Com o constante crescimento da população mundial, a produção agrícola deve se tornar cada vez mais eficiente ao longo dos anos... • Mas essa justificativa pode ser usada como pretexto para a intoxicação de animais, do meio ambiente e dos seres humanos? Não existem alternativas ao uso desse tipo de produto? • Impactos ambientais - Contaminação do solo, de lençóis freáticos e de rios e lagos. - Surgimento de pragas progressivamente mais fortes, através de um processo de “seleção natural”. - Diminuição do número de abelhas polinizadoras. - Destruição do habitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são utilizados. • Saúde humana Afetada pelos agrotóxicos de três maneiras: - Durante sua fabricação. - No momento da aplicação. - Consumir um produto contaminado. • Alternativas Respondendo à pergunta: - Possível alternativa: utilizar biopesticidas. - Escolher preferencialmente alimentos orgânicos e sempre lavar frutas, legumes e verduras, independentemente da sua procedência. Intoxicação humana por agentes tóxicos Produtos Veterinários Várias Legislações • Decreto-lei nº 467, de 13.02.69 do MAPA: Todos os preparados de fórmula simples ou complexa, de natureza química, farmacêutica, biológica ou mista, com propriedades definidas e destinadas a prevenir, diagnosticar ou curar doenças dos animais, ou que possam contribuir para a manutenção da higiene animal. • Decreto no 1.662, de 6.10.95: Regulamenta a legislação sobre a fabricação e a comercialização de uso veterinário. • Portaria nº 74, de 11.06.96 da SDA: Estabelece o roteiro para registro de produtos farmacêuticos de uso veterinário. • A portaria nº 48, de 12.05.97 da SDA: Regulamenta o licenciamento e/ou renovação de licença de produtos antiparasitários de uso veterinário. • A portaria no 193, de 12.05.98 do MAARA: Regulamenta o licenciamento e a renovação de licença de antimicrobianos de uso veterinário. Micotoxinas • • • • • Espécies fúngicas são as responsáveis pela produção das micotoxinas. Podem causar doenças ou até mesmo a morte, quando ingeridos pelo homem ou por animais. Produção de micotoxinas: Crescimento, colheita, ou estocagem do alimento. Toxinas: Aflatoxinas: Aspergillus Patulina: Penicillium Fumosina: Fusarium Medidas corretivas: Adaptação de uma secagem rápida dos grãos, frutos; transporte em condições adequadas para evitar umedecimento dos produtos alimentícios e armazenamento dos mesmos em ambientes bem ventilados de maneira que a umidade do ar seja mantida em níveis baixos. Outros Perigos Químicos • Outros poluentes ambientais: absesto (ou amianto), monóxido de carbono, fumaça de cigarro, mercúrio, chumbo, micro-ondas, campos eletromagnéticos, ozônio, chuva ácida e compostos orgânicos voláteis, etc. • Os fluoretos ocorrem naturalmente nas águas, solos, ar e alimentos. - Emitidos por indústrias produtoras de fertilizantes fosfatados e de fabricação de tijolos. - Encontrados em algumas plantas como mandioca (Manihot esculenta e Manihot dulcis), inhame (Dioscorea), cará (Colocasia esculenta) que possuem níveis altos de fluoretos. • O arsênio tem exposição por fontes naturais, industriais e agrícolas. - Liberado na atmosfera como produto secundário da fundição inicial de minérios não-ferrosos, através de processos para produção de pesticidas e de fornos para produção de vidros. A água potável é uma fonte de exposição ao arsênio. • Fertilizantes podem conter metais pesados como o mercúrio, chumbo, cádmio, cromo. - Acumulam nas plantas e podem atingir níveis perigosos para a saúde das pessoas e são encontrados no solo e na água. Chumbo e cádmio estão entre os de maior preocupação, devido a sua periculosidade e frequência em resíduos tóxicos. Os valores máximos permitidos para potabilidade da água são 0,01 e 0,005 mg/L, para chumbo e cádmio, respectivamente. Fontes de contaminação por chumbo: compostos antidetonantes (combustíveis veiculares e o descarte irregular de baterias automotivas). Fontes de contaminação por cádmio: pigmentos e baterias de celulares. Contaminantes Químicos no Processamento Aditivos Alimentares com potencial tóxico Definição São Produtos químicos adicionados aos alimentos para colorir, manter uma consistência, conservar o alimento por mais tempo, entre outras aplicações. • Tipos de Aditivos: - Aditivo direto: são intencionalmente adicionados e seu uso justifica-se por sua habilidade em conservar, melhorar características nutricionais/organolépticas ou contribuir para a produção e processamento de alimentos. Ex: nitrato e nitrito em embutidos. - Aditivo indireto: está presente no alimento não intencionalmente ou não desejável. Pode penetrar no alimento durante a sua produção, processamento, estocagem ou acondicionamento. Ex: resíduos de antibióticos na carne ou no leite. • Controlados e fiscalizados pela ANVISA: Aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia de fabricação, conforme disposto na Lei nº 9782, de 26 de janeiro de 1999. • Existem produtos que podem receber aditivo ou não. Ex: leite pasteurizado não pode, tem que ser natural. • Nem todos têm potencial toxico. • Para os que podem causar algum dano ao consumidor, existem medidas preventivas: - Comprovação de que não contem em sua formula algum contaminante químico, - Comprovação de que no alimento é respeitado o valor máximo do limite estabelecido por lei, ou do nível indicado como seguro. Conclusão • É necessária a conscientização social a respeito da presença de produtos tóxicos no nosso dia-a-dia e do seu grau de complexidade, principalmente por causa dos riscos que eles trazem ao meio ambiente e a toda a sociedade. Apesar de todos os problemas que esse tipo de produto traz, ainda não há uma fiscalização intensa para o seu controle. • O manejo integrado de pragas é uma das novas alternativas para a redução do uso de pesticidas, sendo que o aperfeiçoamento da técnica deve ser estudado e posto em prática. Existe então uma grande necessidade de novas ideias e projetos que viabilizem as estratégias para a redução do impacto de produtos químicos tóxicos. Referencias Bibliográficas • Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 22000: Sistemas de gestão da segurança de alimentos -Requisitos para qualquer organização na cadeia produtiva de alimentos. Rio de Janeiro: ABNT; 2006. • BENNET, J.W. & KLICH, M. Mycotoxins. Clinical of Microbiology Review 16: 497–516. 2003. • BRAGATO, M. Tratamento in-situ de solo contaminado por derivado de petróleo e metais. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-15032007-011934/es.php.>. Acesso em: 28 nov. 2014. • EMBRAPA. Boas Práticas Agrícolas para Produção de Alimentos Seguros no Campo. Disponível em:http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/854894/1/BOASPRATICASAGROPperigosvegetal.pdf. Acesso em: 29 nov. 2014. • IAMANAKA, B. T.; OLIVEIRA, I. S.; TANIWAKI, M. H. Micotoxinas em alimentos, 2010. 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