Donald Woods Winnicott:
Um analista criativo
Profª Alba Lúcia Dezan
Brasília, setembro/2011
Sono
Deixe que a sua raiz
Vá ao fundo de sua alma.
Sugue a seiva
Da fonte infinita de seu inconsciente
E
Permaneça sempre verde.
Winnicott por ele mesmo
“À medida que o tempo ia passando, dei-me conta
cada vez mais de quanto eu havia perdido por
não haver correlacionado apropriadamente o
meu trabalho com o trabalho dos outros”
“De início, soube que (...) assim que descobri Freud
e o método que ele nos deu para investigação e
tratamento, estive de acordo com ele. (...) Se
houver algo que eu faça que não seja freudiano,
gostaria de sabê-lo.”
Winnicott por ele mesmo
“No começo, lá estava eu, aprendendo a fazer
análise como um pediatra que havia tido uma
tremenda experiência de escutar pessoas a
falar sobre bebês e crianças de todas as idades
e havia tido grande dificuldade de ver um
bebê sequer como humano. Foi somente
através da análise que gradualmente torneime capaz de ver um bebê como um ser
humano.”
Winnicott por ele mesmo
“Vou demonstrar que bebês ficam enfermos
muito cedo (...).”
“Com referência às psiconeuroses, senti que a
teoria de Freud e o seu esquema em
desenvolvimento para as coisas, à medida que
pude vir gradualmente a aprendê-las,
abrangia o tema, e, até onde sei, não fiz
contribuição alguma nessa área”
Winnicott por ele mesmo
“Na década de 1930 a 40, entrei profundamente
na área de aprendizagem da Sra. Klein, e ela
se deu ao trabalho de tentar ajudar-me com
casos e contar-me tudo a respeito de seu
próprio trabalho. Recebi dela, sem sempre
entender a configuração, muita coisa que acho
que era original desde o seu ponto de vista.”
Winnicott por ele mesmo
“Fiquei completamente perdido na longa
controvérsia que prosseguiu durante a guerra
e arruinou todos os nossos encontros
científicos (...).”
“Mas o que me aconteceu foi que comecei a
ficar interessado pelo meio ambiente, e isto
conduziu a algo em mim.”
Winnicott por ele mesmo
“Eu acabara de passar por um período de dez
anos em que não fizera praticamente nada a
não ser análise infantil, mas ele foi na
realidade desperdiçado, pois o fato é que a
Srta. Freud não o aceitava porque disse que se
eu apresentasse um caso, mesmo que fosse
um caso clínico direto, eu o apresentaria sob
um ponto de vista kleiniano, e a Sra. Klein não
o queria porque eu não era um kleiniano.”
Winnicott por ele mesmo
“A coisa era como retornar ao meio ambiente sem
perder tudo o que fora ganho pelo estudo dos
fatores internos.”
“Acho que foi uma contribuição muito importante,
desde meu ponto de vista, o dia em que
subitamente, em uma palestra, descobri-me
dizendo que o ato anti-social de delinquente
pertence ao momento de esperança.”
Winnicott por ele mesmo
“O que existe por trás da tendência antissocial
em qualquer família, normal ou não, é a
privação, e o resultado da privação é a
calmaria, a desesperança, a depressão de
algum tipo, ou qualquer outra defesa de vulto.
Mas, à medida que a esperança começa a
aparecer, então a criança estende a mão para
ela, tentando recuperar por sobre a área de
privação, o objeto perdido.”
Winnicott por ele mesmo
“E me tomou três a quatro anos para chegar à
coisa muito simples, que é naturalmente, o
fato de existirem dois tipos de privação. Uma
se dá em termos de perda de objeto e outra
em termos de perdas de molduras, de
limites.”
Winnicott por ele mesmo
“O que ocorre é que eu junto isto e aquilo, aqui
e ali, volto-me para a experiência clínica,
minhas próprias teorias e então, em último
lugar, passo a ter interesse em descobrir de
onde roubei o quê. Talvez este seja um
método tão bom quanto qualquer outro.”
Winnicott por ele mesmo
“Você ficará aliviado ao saber que andei fazendo
uma quantidade até que razoável de leituras
psicanalíticas, isso graças ao fato de ter ficado
doente duas vezes; contudo, ainda é correto
dizer que se eu tivesse de tirar um ano de
folga e não fazer mais nada além de ler, eu
estaria em melhores condições de escrever. “
Winnicott por ele mesmo
“Sinto-me estranho sentado na cadeira do
presidente, pois não conheço o meu Freud
como um presidente deveria conhecer;
mesmo assim, sinto que tenho Freud nos
ossos”
Convergências e Divergências com
Klein
“os bebês
doentes”
podiam
ficar
emocionalmente
“Para Melanie Klein a análise da criança era
exatamente como a análise de adultos. Isto
nunca foi uma dificuldade, do meu ponto de
vista, uma vez que comecei com o mesmo
ponto de vista, o qual continuo a manter.”
Convergências e Divergências com
Klein
“Assim o material de uma análise ou tinha que
ver com as relações objetais da criança ou
com os mecanismos de introjeção e projeção.
Também a expressão relações objetais podia
significar relações com objetos internos e
externos. Crescia assim a criança em um
mundo, sendo este e a criança ao mesmo
tempo continuamente enriquecidos pela
introjeção e projeção.”
Convergências e Divergências com
Klein
“A abordagem de Melanie Klein me possibilitou
trabalhar com os conflitos e ansiedades
infantis e defesas primitivas fosse o paciente
adulto ou criança, e gradualmente lançou luz
na teoria da reação depressiva (iniciada por
Freud) e na teoria de alguns estados
caracterizados por expectativa persecutória
(...).”
Convergências e Divergências com
Klein
“Klein foi capaz de tornar claro para mim, do
material que meus pacientes apresentavam,
como a capacidade para se preocupar e se
sentir culpado é um desenvolvimento, e que é
isso, mais do que a depressão, que caracteriza
a chegada à posição depressiva no caso do
bebê e da criança em crescimento.”
Convergências e Divergências com
Klein
“Desde aquele tempo muito se passou e não
proclamo ser capaz de expor o ponto de vista
de Klein de um modo que ela mesma
aprovasse. Acredito que meus pontos de vista
começaram a se diferenciar dos seus , e de
qualquer modo achei que ela não me tinha
incluído como um keliniano. Isto não me
imporatava, porque nunca fui capaz de seguir
quem quer que fosse, nem mesmo Freud.”
Convergências e Divergências com
Klein
“Nunca
mais
pude
estabelecer
uma
comunicação adequada com Melanie Klein,
mas isto não importava porque ela e eu
concordamos em divergir.”
“Não me envolvi nas teorias da Sra. Klein que se
baseiam no conceito do instinto de morte e
dos fatores hereditários que me pareceram
ser acentuados em seu trabalho sobre Inveja.”
Convergências e Divergências com
Klein
“Com criação suficientemente boa [o medo de
retaliação e o splitting do objeto em ‘bom’ e
‘mau’] podem se tornar relativamente sem
importância até que a organização do ego
torne o bebê capaz de usar mecanismos de
introjeção e projeção para obter controle
sobre os objetos. Se não há criação
suficientemente boa então o resultado é o
caos, mais do que medo de retaliação e
splitting do objeto em ‘bom’ e ‘mau’.”
Convergências e Divergências com
Klein
“[Klein] examinou a influência do ambiente
apenas
superficialmente,
nunca
reconhecendo realmente que juntamente com
a dependência da fase precoce da lactação há,
na verdade, um período em que não é
possível descrever um lactente sem descrever
a mãe de quem o lactente ainda não se tornou
capaz de se separar para se tornar um self.”
Convergências e Divergências com
Klein
“Pessoalmente, acho que é muito importante que
seu trabalho seja reafirmado por pessoas que
façam descobertas à sua própria maneira e que
apresentem o que descobrem na sua própria
linguagem. É apenas desse modo que a
linguagem será mantida viva. Se você estipular
que no futuro apenas a sua linguagem seja
usada para afirmação das descobertas de outras
pessoas, então a linguagem se torna uma
linguagem morta, como já se tornou na
sociedade.”
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Donald Woods Winnicott