2ª FASE MODERNISTA 1930-1945 Prof. Juliano Munhoz CULTURAL REALIDADE SOCIAL ESPIRITUAL desejo Literatura Artes 2ª FASE DO MODERNISMO A arte mergulhou fundo no tenso panorama ideológico da época, buscando analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem estética. A primeira fase do Modernismo, demolidora e experimental, preparou terreno para este segundo momento. A nova linguagem dos modernistas já não chocava mais. Produção literária do período: PROSA Diferentemente da primeira fase, em que reinou a poesia, agora a prosa de ficção ocupa lugar de maior destaque, sobretudo pela estréia de muitos escritores. Examinada em conjunto, a prosa divide-se em: Prosa Regionalista Prosa Urbana Prosa Intimista Prosa Regionalista Busca de traços peculiares de nossa Realidade, trazida pelos românticos. Uso de uma linguagem muito mais próxima à fala brasileira. Influência das idéias socialistas. A região nordeste, marcada por contrastes sociais mais chocantes, forneceu material para grande parte da prosa: seca, cangaço e misticismo são motivações para essa fase. Muito conhecida como “Literatura do Nordeste”. Prosa Regionalista OBRA INAUGURAL “A bagaceira” de José Américo de Almeida, publicada em 1928. IMPORTANTES REGIONALISTAS Graciliano Ramos Rachel de Queiroz José Lins do Rego Jorge Amado Prosa Urbana As grandes cidades, com seus tipos e problemas característicos, seriam a temática de Érico Veríssimo – pelo menos no começo de sua carreira, e de Marques Rabelo, entre outros. Prosa Intimista Novidade surgida na segunda fase do Modernismo. A teoria psicanalítica de Freud extensamente divulgada, incorporando as sugestões de psicanálise em que alguns autores preocupam-se em desvendar o mundo interior de suas personagens, analisando angústias e conflitos internos. Também chamada “prosa de sondagem psicológica”. Prosa Intimista PRINCIPAIS AUTORES Cornélio Pena (Fronteira) Lúcio Cardoso Otávio de Faria Dyonélio Machado 2ª FASE DO MODERNISMO ATENÇÃO O mais importante dessa tendência surgirá na terceira Fase modernista Autores da segunda geração modernista – poesia 1930 Carlos Drummond de Andrad Cecília Meireles Vinicius de Moraes Murilo Mendes Jorge de Lima A segunda geração modernista poesia (1930-1945) Cecília Meireles Cecília Meireles nasceu no Rio de janeiro em novembro de 1901, três meses após a morte de seu pai. Aos três anos de idade, ficou órfã de mãe e foi criada pela avó materna.Sempre aluna destacada, em 1917, formou-se na Escola Normal do Rio, passando a atuar como professora. • Sua estréia literária ocorreu com Espectros, coleção de sonetos de influência parnasiana e simbolista publicado em 1919. Porém sua consagração ocorreu com Viagem, publicado em 1938. • Morreu em 1964, no Rio de Janeiro, em pleno apogeu de sua atividade literária. Obras : Poesia : • Espectros (1919); Nunca Mais...e Poema dos Poemas(1923), Baladas para El-rei (1925);Viagem (1939); Vaga Música (1942); Mar Absoluto (1945); Retrato Natural (1949);Amor em Leonoreta; Doze Noturnos de Holanda e O Aeronauta (1952); Romanceiro da Inconfidência (1953); Romance de Santa Cecília;Solombra ; ou Isto ou Aquilo(poesias infantis). Prosa: • Giroflê, Giroflá (1956) • Escolha o Seu Sonho ( 1964) • Olhinhos de Gato (1980) Motivo Eu canto porque o instante existe E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste :sou poeta. Irmão das coisas fugidas, Não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, Se permaneço ou me desfaço, Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto.E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: -mais nada. Lua Adversa Tenho fases,como a lua fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Tenho fases de ser tua, tenho outra de ser sozinha. Fases que vão e que vêm no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia Seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu... Carlos Drummond de Andrade • É considerado nosso “poeta maior”.Para conhece-lo , nada melhor que ler o que o próprio poeta escreve a respeito de si mesmo: Aos novos leitores • Nasci em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e o meio físico e social de minha terra marcou-me profundamente. Pertenço à classe média brasileira. Ganhei a vida como funcionário público e jornalista. Dediqueime à literatura por prazer. • Meus livros são de prosa e poesia. Na primeira categoria, os textos compreendem contos, crônicas e algumas tentativas de crítica literária. Liguei-me na mocidade ao movimento modernista brasileiro, que se afirmou em São Paulo, em 1922, e que deu maior liberdade à criação poética. Liberdade que não é absoluta, pois a poesia pode prescindir da métrica regular e do apoio da rima, porém não pode fugir ao ritmo, essencial à sua natureza. Há muitas experiências de vanguarda, procurando abolir tudo que caracteriza a arte da poesia, mas ninguém até hoje conseguiu acabar com a melodia e a emoção do verso autêntico. •Fui muito criticado e ridicularizado quando jovem.O meu poema “ No meio do caminho”, composto de dez versos, repete de propósito sete vezes as palavras “meio”e “caminho” e sete vezes as palavras “tinha e pedra”. Isto foi julgado escandaloso; hoje o poema está traduzido em 17 línguas. • Atualmente, a maioria das opiniões é favorável à minha poesia, e direi até que há talvez excesso de benevolência em relação a ela. Não tenho pretensão de ser mestre em coisa alguma, e conheço minhas limitações. Depois de praticar a literatura durante mais de 60 anos, publicando 16 livros de prosa e 25 de poesia, não cultivo ilusões, mas continuo acreditando com o mesmo fervor na beleza da palavra e no texto elaborado com arte. • Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição. Principais obras Poesia:Alguma Poesia(1930); Brejo das Almas(1934); Sentimento do Mundo(1940); Poesias (1942); A Rosa do Povo(1945); Claro Enigma(1951); Viola de Bolso (1952); Fazendeiro do Ar(1954); A Vida Passada a Limpo (1959); Lição de Coisas (1962); As Impurezas do Branco(1973); A Paixão Medida(1980); Corpo- Novos Poemas(1984); Amar se Aprende Amando(1985);O Amor Natural(1922). Prosa • • • • • • • • • Confissões de Minas 1944 Contos de Aprendiz 1951 Passeio na ilha 1952 Fala amendoeira 1957 A Bolsa e a Vida 1962 Cadeira de Balanço 1970 O Poder Ultrajovem e outros textos 1972 Boca de Luar 1984 Tempo Vida Poesia (1986) Características da obra de Drummond O poeta organizou seus textos em nove eixos temáticos: • O indivíduo • A terra natal • A família • Os amigos • O choque social • O conhecimento amoroso • A própria poesia • Exercícios lúdicos • Uma visão, ou tentativa de, da existência O indivíduo A Bruxa Nesta cidade do Rio, estou sozinho no quarto estou sozinho na |América, Precisava de um amigo, Desses calados, distantes, Que lêem versos de Horácio Mas secretamente influem Na vida, no amor, na carne. Estou só, não tenho amigo, E a essa hora tardia Como procurar amigo? A TERRA NATAL Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferros nas calçadas, Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A FAMÍLIA Infância Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. |Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a comprida história de Robinson Crusoé Comprida história que não acaba mais. Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. Murilo Mendes • O uso linguagem coloquial OS DOIS LADOS Deste lado tem meu corpo Tem o sonho Tem a minha namorada na janela Tem as ruas gritando de luzes e movimentos Tem meu amor tão lento Tem meu anjo da guarda Que às vezes se esquece de me guardar Tem o mundo batendo na minha memória Tem o caminho pro trabalho. Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida Tem pensamento sérios me esperando na sala de visitas Tem a minha noiva definitiva me esperando com flores na mão, Tem a morte, as colunas da ordem e da desordem. VINÍCIUS DE MORAES • Nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Formou-se em Direito em 1933, porém nunca advogou.Neste mesmo ano,publicou seu primeiro livro de poemas. Ingressou na carreira diplomática em 1946.Começou a compor em 1953, atividade que realizaria o resto da vida. Foi poeta, cronista, autor teatral e compositor famoso. Morreu em janeiro de 1980, consagrado como um dos principais músicos populares brasileiros. PRINCIPAIS OBRAS • • • • • • • • • • Forma e Exegese Poesia: O Caminho para a Distância; Adriana, a Mulher Novos Poemas Cinco Elegias Poemas, Sonetos e Baladas livro de Sonetos Novos Poemas II O Mergulhador A Arca de Noé PROSA •O Amor dos Homens •Para Viver um Grande Amor •Para uma Menina com uma Flor TEATRO •Orfeu da Conceição •Pobre Menina Rica CARACTERÍSTICAS DA OBRA DO AUTOR • Numa primeira fase,predomina a temática de cunho religioso, há um confronto entre matéria e espírito, o texto é melancólico e o verso, livre. • Num segundo momento(Adriana, a Mulher e Novos Poemas), surgem os primeiros toques de sensualidade e erotismo, que são marca de sua obra posterior. SONETO Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-sede contente; É cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade Se tão contrário a si é o mesmo Amor? SONETO DO AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor...não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude.