MÓDULO 1 - Mitos, construções e naturalizações do gênero Comologia, natureza/ Cultura e poder Como se produz os gêneros. Masculino e feminino na ordem simbólica e nas práticas sociais Discursos e linguagens dos mecanismos de poder hoje, suas bases na matriz heterossexual Como se produz os gêneros. Masculino e feminino na ordem simbólica e nas práticas sociais? Linguagem e Sexismo; Tecnologia; Trabalho (super mulher, cuidado/maternagem;doméstico; Políticas; 1. Linguagem e Sexismo ORGASMO DE UMA MARIAGASOLINA • EnFiat, enFiat! Vem KA, meu Diplomata, da um Cherokee no meu pescoço.. Vem Logus! EnFiat o seu Picasso na minha Xantia! Eu sei que você Dakota do recado. Tira meu Blazer! Vem que sou toda Parati. Você não imagina o Quantum eu quero Dart, seu Besta! Ai amor, só você me enlouquece e me oFusca. Meu Gordini, desse jeito, eu te dou um Premio. • Ai amor, Kadett, que eu não estou te achando seu Picasso?! Ai achei. Vou te dar o que eu Tempra você. Vai Variant de posição. Sim, agora com outro Tipo. Vai, enFiat seu Pointer Turbo no meu Courrier! Ai Comodoro, Comodoro você! Ta doendo mas vai Passat. Não para ainda, me Kombi mais um pouco! Vai, D-10, D-20, D-30! Bem forte, de frente, de Corsa, de Lada. Isso, amor, Ranger os dentes, assim GM! GM! vai,vai! Eu sou sua mulher, sua Verona, e você, meu Omega. Me abraça, me beija e me Ford Me chama de Perua! Oggi tudo é Fiesta! Vou Gol zar! LIBERTAÇAÕ OU SUBMISSÃO ? • Uso androcêntrico da linguagem. ......... mulheres dependentes, complementos, subalternas ou propriedades dos homens (Os nômades se transportavam com seus utensílios, gado e mulheres, Se organizavam atividades culturais para as esposas dos congressistas. • Às mulheres lhes concederam o voto depois da Primeira Guerra Mundial), oferecendo-nos múltiplas e variadas soluções. • Falsa universalidade e participação das mulheres no universal. • Igualdade desigualdade; • Diferença semelhança; www.boadica.com.br/humoring/mouse_feminino.jpg Censo de Feminino 2010 – TRABALHO Existem 95,9 homens para cada 100 mulheres, ou seja, existem 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 96,9 homens. A população brasileira é, assim, composta por 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens . A região Norte do País é a única que apresenta exceção ao quadro, sendo 101,8 homens para cada 100 mulheres. Em todos os Estados da região há mais homens do que mulheres. No Centro-Oeste, enquanto Mato Grosso tem maior representatividade masculina, em uma taxa de 104,3 homens para cada 100 mulheres Distrito Federal tem 91,6 homens para cada 100 mulheres. Representatividade de mulheres é maior no Estado do Rio de Janeiro maior representação feminina entre as unidades da federação, sendo 91,2 homens para cada 100 mulheres, acompanhando a tendência da região Sudeste, com 94,6 homens para cada 100 mulheres. Em São Paulo, a razão é de 94,7 homens para cada 100 mulheres. O Rio Grande do Sul também tem uma razão baixa, sendo 94,8 homens para cada 100 mulheres. As regiões Sul e Nordeste também apresentam taxas inferiores, sendo 96,3 homens para 100 mulheres e 95,3 homens para 100 mulheres respectivamente. A taxa de desemprego total feminina, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), diminuiu pelo sétimo ano consecutivo, passando de 16,2% para 14,7%, entre 2009 e 2010, (Fundação SEAD. . Para a população feminina foram gerados 163 mil postos de trabalho, volume suficiente para absorver as 99 mil mulheres que ingressaram na força de trabalho metropolitana e reduzir em 64 mil o contingente de desempregadas. O porcentual de pessoas com ensino superior completo na População Economicamente Ativa – PEA (soma dos ocupados mais desempregados) da RMSP passou de 11,7% para 15,0%, entre 2000 e 2010. Na PEA feminina, essa proporção já ultrapassou os 17,0%, enquanto na masculina corresponde a 13,0%. Com isso, se em 2000 a maioria da PEA com nível superior era composta por homens (51,3%), em 2010, a vantagem passou a ser, claramente, das mulheres (53,6%). a evolução dos níveis de ocupação de homens e mulheres, entre 2000 e 2010, nota-se que o Ao se comparar crescimento do número de mulheres ocupadas (32,6%) foi muito superior ao dos homens (18,0%). Dirigindo a análise para as pessoas com escolaridade superior, essa diferença acentuou-se ainda mais: aumento de 64,3% para as mulheres, contra 34,2%, para os homens. Ao lado dos segmentos econômicos tradicionalmente tidos como “femininos”, como educação e saúde, outras oportunidades de inserção produtiva vêm se abrindo para as mulheres mais escolarizadas. Por exemplo, o aumento da participação de mulheres no segmento de serviços especializados (13,6% do total de ocupadas em 2010) – com forte presença de advogadas, contadoras, engenheiras e assemelhadas –, que passou a ser o segundo segmento com maior presença de mulheres, superando o de saúde, tradicional nicho de emprego feminino. Segundo análise do IPEA, entre 2001 e 2009, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE, indicou que o percentual de famílias brasileiras chefiadas por mulheres subiu de aproximadamente 27% para 35%. Em termos absolutos, são quase 22 milhões de famílias que identificam como principal responsável alguém do sexo feminino. No caso das famílias formadas por casais com filhos, 28% das mulheres chefes encontravam-se na faixa de 40 a 49 anos – mesma proporção encontrada entre os homens chefes – 31,3% delas possuíam entre 30 e 39 anos, faixa de idade na qual normalmente as mães ainda têm filhos pequenos e dependentes. Em relação ao nível de instrução, na média, as mulheres chefes têm mais anos de estudo que os homens chefes, confirmando a tendência que se observa na sociedade como um todo. A diferença, no entanto, é bastante reduzida: 7,1 anos de estudo entre as mulheres e 6,9, entre os homens. Público e Privado, da Fundação Perseu Abramo, realizada em 2010, apontam que 56% das mulheres preferem ter uma profissão, trabalhar fora de casa e dedicarse menos às atividades com a casa e a família; enquanto 37% preferem dedicar-se mais para as atividades com a casa e a família, deixando o trabalho fora de casa em segundo lugar. Em 2001, 55% preferiam a primeira opção e 38% a segunda. Mulheres chefes - Classe Pesquisas com referência a 2009 indicam que as mulheres comandam 32% das famílias de classe C (a renda mensal varia entre R$ 600 e R$ 2.099). De acordo com o levantamento- a classe C também é mais jovem e composta por uma maioria de afrodescendentes (negros e herdeiros da miscigenação). Nas camadas mais altas da população, o porcentual de mulheres que são chefes de famílias é menor: nas classes A e B, apenas 25% delas estão à frente das famílias. "As mulheres são mais chefes de família na classe C e elas também decidem o que comprar para a casa", (IBOPE- 20 mil pessoas com mais de 12 anos nas principais regiões metropolitanas do País). (gênero, raça, classe). Outras Constatações: Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de 190.755.799 pessoas ***A família está menor e passa menos tempo em casa; *** As relações sexuais diminuíram; estilo de vida..... ***Na década de 70 a média era de 6 filhos; *** Na década de 80 passou a ser 4; *** Na década de 90 passou a 3; *** Hoje menos de 2 filhos - Taxa de fecundidade • Taxa de fecundidade nacional – estável em 1.5 como média; diferenças regionais. • A esperança de vida do brasileiro é de 72,9 anos. A média de anos estudados de pessoas com mais de 25 anos está em 7,2. • Cinco Estados brasileiros (dos 27) concentram 63% da população, segundo dados preliminares do Censo 2010 SP, MG, RJ, BA e RS têm cerca de 117 milhões dos 185,7 milhões de habitantes do país. • Sobram 68 milhões de pessoas espalhadas pelas outras 22 unidades da Federação. Atualmente, 24,1% da população brasileira é menor de 14 anos. Em 1991, a representatividade dessa faixa etária era de 34,7%. Outro fenômeno verificado é o Segundo o Censo 2010, aumento contínuo da representatividade de idosos. 7,4% da população têm mais de 65 anos, contra apenas 4,8% em 1991. Pesquisa da Fundação Seade e do Dieese relativa à região metropolitana de São Paulo. ***De 2009 para 2010, foram abertos 163 mil postos de trabalho para mulheres na Grande São Paulo. Elas representam 45% da população ocupada. A taxa de desemprego feminina recuou pelo sétimo ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem acima da masculina (9,5%). O rendimento médio aumentou em ambos os casos, mas essa alta foi maior para os homens, fazendo aumentar a diferença entre a remuneração entre os gêneros. Em média, em 2009, as mulheres ganhavam 79,8% dos valores médios recebidos pelos homens. No ano passado, essa proporção havia caído para 75,2%. Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino fundamental. A taxa de desemprego total em 2010 para trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com nível superior, foi de 6,2%. A formalização também vem crescendo, em ambos os casos. Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior tinham carteira assinada – esse número chegou a 43,8% em 2010. Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres ocupavam postos formais de trabalho. O perfil das mulheres - são mais velhas, casadas e mães - não param de trabalhar quando tem filhos. Nos anos 1960, as taxas de atividade das mulheres de 25 a 49 anos eram de 40%, hoje estão em torno de 80%. Em 1960 as mulheres representavam 30% da população ativa - Em 2006 foi para 45%. Na França em 4 décadas, as mulheres chegaram a quase metade da população ativa 47%, em 1960 eram 34%. Em toda a história dos países europeus, as mulheres são hoje, mais assalariadas proporcionalmente que os homens Trabalho parcial tem mais presença feminina cerca de 80% das pessoas são mulheres. Não é o tipo de trabalho que afeta as mulheres com filhos pequenos. Ele tem maior número de mulheres mais velhas. São empregos pouco qualificados concentrados em atividades como comércio, limpeza, hotelaria. Baixo salário, trabalho noturno, finais de semana, instabilidade de horários. Isso não é uniforme - Portugal tem taxas de atividades femininas muito elevadas na Espanha, Itália, Grécia são mais baixas. No modelo Europa do Sul o acesso é ainda muito em tempo integral. O mundo do trabalho nem sempre é misto. É permeado por segregações e discriminações de gênero. Os emprego femininos continuam concentrados em um pequeno número de ofícios e de setores tradicionais. Na França, as categorias socioprofissionais mais feminizadas. Brasil (trabalhadoras domésticas, atividades não remuneradas, trabalhos na produção do consumo familiar, reuniam 52% das mulheres em 1983 e 61% em 2002. Também há aumento da presença de mulheres em profissões como magistrados, advogados, jornalistas, médicas Em países como Dinamarca, Suécia, Finlândia - o trabalho em tempo parcial é muito difundido para homens e mulheres. As mulheres tem taxas de trabalho parcial compatíveis com as dos homens e são trajetórias contínuas. Em países como Bélgica, França o trabalho em tempo parcial, chegou depois da crise de emprego e supostamente para dar solução a ele. Tornou-se o motor do subemprego e da precariedade do trabalho Nos países da União Européia encontra-se sobredesemprego feminino com constância o No mundo do trabalho, a igualdade dos sexos caminha sobre uma base aritmética, homens e mulheres são quase em número igual na esfera produtiva, porém, as desigualdades são imensas. A paridade não gerou igualdade. No Brasil as trabalhadoras do Nordeste concentram mais que o Sudeste os nichos precários de atividades - remunerado e autoconsumo. Alguns desafios 1. Formas comunitárias e serviços de atenção e apoio as famílias; 2. Nova organização do trabalho que permita e facilite o cuidado - taxa de mortalidade, nutrição, descanso, fecundidade, lazer e serviços de apoio; 3. Aumento da esperança de vida, novas necessidades, novos mercados, pessoas idosas e dependentes – novo Estado de Bem Estar. (?). Crise Mundial............Mulheres pobres.......aumento da pobreza........... • 4. Países desenvolvidos estão discutindo como conciliar trabalho, família e vida pessoal o uso do tempo diário – mais serviços de cidadania e cuidados à infância; previdência, mortalidade, licença maternidade • 5. Equidade social entre os sexos e grupos sociais; (salário, distribuição dos recursos familiares, - Bolsa família.............. • 6. Famílias hoje são plurais , e com desigualdades de oportunidades - Relações são mais democráticas e mais negociadas. 7. Estabelecer novos marcos de relação social sobre a reprodução, o acolhimento, o cuidado e a vida Sistema de obrigações compartilhadas entre sexos e gerações. Novas legalidades: Regulação civil de novos vínculos familiares – nomes, direitos individuais, estado civil, direito ao matrimonio entre pessoas do mesmo sexo, direito a infância, direito das pessoas descapacitadas, ou em situação de dependência 8. Gastos em proteção social e distribuição de atenção a doenças, invalidez, idosos, crianças moradia atingem demasiadamente a família e as mulheres cuidadoras - Bolsa família – Faltas ao trabalho, pobreza e demandas para afastamento para cuidados; 9. Gasto social e sistemas de proteção – função das redes familiares X inversão financeira 10. Corresponsabilidade entre sexos e gerações e entre entidades privadas e públicas. Poucos nascimentos, mães mais velhas, filhos únicos, menos jovens na estrutura de população, mais idosos, mais famílias monoparentais – estes fenômenos diminuem e reforçam a tendência a diminuição do número de pessoas nas casa, supõe uma menor experiência cotidiana e mais pobre experiência intergeracional. Países que já tinham: Perda de apoios comunitários, serviços básicos, pertencimento social e político. Bibliotecas, escolas, organizações de bairros, sociabilidade intergeracional, espaços, de esporte, lazer, saúde, 16. Vincular políticas de migração familiar com as transformações familiares, as estratégias de gênero, gerações e de reagrupação familiar, sobretudo, na América Latina e que estão produzindo os fenômenos de transnacionalismo. A maternidade transnacional. Normalmente se ignora os cuidados de avós, crianças, casas nas políticas de imigração, as diferenças culturais, conflitos familiares, migratórios entre o mesmo grupo de mulheres – quem cuida de quem? Em que condições? ***O que tudo isto significa para as relações e as políticas de gênero •Discursos e linguagens dos mecanismos de poder, suas bases na matriz heterossexual •Exemplos: Construções de gênero - incorporadas na linguagem da biologia. Emily Martin (1991) •Explora as metáforas comuns que descrevem a produção e a união do óvulo e do esperma. Martin disse que o ovo é considerado passivo, ele não viaja , - mas é “transportado”, como um “depósito” ou um “fluxo” pelas trompas de falópio. O espermatozóide é retratado como ativo, e que “oferece os seus genes ‘,’ gatilho ‘ da agenda de desenvolvimento do ovo - é” competitivo “, e tem uma” velocidade “que é constantemente destacada. A guerra dos sexos I •Os espermatozóides são muito desiguais. Na escola, aprendemos que, numa ejaculação humana, são expulsos de 200 milhões a 500 milhões deles e que todos nadam alucinados atrás do óvulo: ao vencedor, a glória da fecundação. Parece que não é tão simples: os espermatozóides trabalham em conjunto, cada qual com uma função definida, como se fossem um exército de guerreiros disciplinados. No curso da evolução, foram obrigados a adotar essa estratégia para vencer as barreiras impostas pela anatomia sexual feminina. (CITELI, 2004). Vagina dentada.......natureza indomada....... •A vagina humana é um lugar inóspito para eles. Sua superfície é forrada por colônias de lactobacilos que secretam ácido para defendê-la dos germes que penetram. O líquido que a lubrifica é rico em enzimas, anticorpos e glóbulos brancos dispostos a destruir invasores: bactérias, vírus, fungos ou células de outra pessoa; espermatozóides, inclusive. Os poucos espermatozóides que conseguem sobreviver nesse ambiente ácido ainda precisarão vencer muitas barreiras para chegar ao óvulo. (Citeli, 2004). A guerra dos sexos II Bloqueadores: têm cabeça grande e cauda pequena. Nadam devagar; não são páreo para o pelotão que dispara na frente. Nem vão atrás do óvulo, são "camicases": ao penetrar os canais do muco uterino, agarram-se às paredes para obstruir a passagem dos que vêm atrás, sejam eles do mesmo macho ou de outro qualquer. A função bloqueadora ocupa cerca de 50% dos espermatozóides; (Citeli, 2004). A guerra dos sexos III Matadores: carregam enzimas tóxicas na cabeça e possuem antenas capazes de detectar e reconhecer espermatozóides estranhos. Quando os encontram, despejam neles suas enzimas mortais. Como os adversários reagem com as mesmas armas, espermas de indivíduos diferentes se envolvem numa luta de vida ou morte. Bons "matadores camicases" foram tão necessários para a sobrevivência das espécies que constituem praticamente a outra metade da população do esperma. (CITELI, 2004). Técnicas envolvidas em RA IMSI, ICSI de Alta Magnificação ou Super-ICSI A partir de 1759 todas as partes do corpo foram sendo sexualizadas •Esqueleto , Cabelo •Boca, cérebro, pelve, cabeça •Depois partes invisíveis do cérebro, •Hormônios, gametas, genes para construir a anatomia, a fisiologia, a química e a genética das diferenças (CITELI, 2004). Contexto, interesses, deslocamentos...... • Obstetrícia e ginecologia (RODHEN, 2001) • Dois corpos, dois lugares: Público e privado (LAQUEUR, (2001), MARTINS (2004), RAGO ( 1999). • Trabalho feminino transformado em problema (SCOTT, ),- mulher que trabalha perderia sua feminilidade. O Homem tem que ganhar para ser provedor e à mulher cabe a educação......Moral e cívica positivista......... • Controle moral, tecnológico e clínico da maternidade (TUBERT, 1996, TAMANINI, 2009;2010; SCAVONE, 2001). Ato de cozinhar contribuiu para a monogamia O Estado de S. Paulo, 24/04/99 Cientistas acreditam que cozimento de alimentos revolucionou a evolução humana LONDRES - Quando as mulheres aprenderam a cozinhar tubérculos, houve uma revolução no processo de evolução humano: o tamanho do cérebro aumentou, as fêmeas tornaramse mais sexy e os homens adotaram a monogamia. Mas se Wrangham e seus colegas estiverem certos, como os tubérculos assados nas brasas deram origem à monogamia? Se as fêmeas da espécie Homo erectus cuidavam do cozimento dos alimentos (e os homens estavam caçando ocasionalmente), a comida poderia ser roubada facilmente pelos machos. As fêmeas, então, ligaram-se aos machos que as protegeriam dos ladrões. "As fêmeas que conseguiam atrair machos dominantes poderiam ser melhor protegidas de roubos. (SANJIDA O'CONNELL , The Guardian). Sexo forçado resulta mais em gravidez Folha de S. Paulo, 26/06/2001- Autor: MATT WALKER Estudos nos EUA mostram que um estupro é quase três vezes mais 'eficiente' que uma relação consensual Um estupro pode ter duas vezes mais chance de resultar em gravidez do que uma relação sexual consensual. A estatística promete reabrir o polêmico debate sobre se o estupro pode ser uma estratégia reprodutiva bem-sucedida em termos evolutivos. Ela poderia ajudar a explicar por que estupradores têm sido tão comuns por toda a história e em todas as culturas. Estudos anteriores mostraram que a taxa de gravidez resultante de estupro poderia ser de até 30%. A chance em relação consensual oscilaria entre 2% e 4%. Isso levou biólogos como Randi Thornhill, da Universidade do Novo México em Albuquerque (EUA), a apresentar os dados como evidência de que o estupro é, ou foi, em algum momento da evolução, um método "natural” para que os homens espalhassem seus genes. Uma interpretação mais provável, dizem os Gottschalls, é que o estupro realmente seja mais eficiente em termos reprodutivos. Uma possibilidade é que as mulheres se sintam mais atraentes e sensuais quando estão no período fértil e, inconscientemente, dêem sinais que os estupradores possam captar embora não esteja claro se os homens de fato notam esses sinais. Outra explicação, mais provável, é a de que os estupradores escolhem alvos mais atraentes e saudáveis características que podem indicar fertilidade. Londa Schiebinger (1993) Os mamíferos são chamados assim devido à importância social e simbólica da mama na Europa do século XVIII. Mostra que os seios aparecem com destaque na iconografia da época como um símbolo do cuidado de maternidade. Mammalia Linnaeus introduziu o termo no sentido de antes Quadrupelia em 1758, em um contexto que incluía uma campanha contra os enfermeiros. O rótulo foi usado para tornar a amamentação um recurso natural definitivo dos humanos (e outros animais) e, portanto, serviu como um argumento para desencorajar a contratação de babás. Mamífero/MAMA/MAMAR Inseto machuca a fêmea durante cópula para garantir 'fidelidade' RICARDO BONALUME NETO Folha de S. Paulo 19/10/2000 O gorgulho que ataca o feijão tem uma vida sexual violenta e "machista", segundo pesquisa feita no Reino Unido com insetos do Brasil, Benin e Índia. O macho tem um "pênis" com a ponta espinhosa, o chamado "órgão intromitente", que causa ferimentos na genitália da fêmea durante o ato sexual, a ponto de ela tentar se livrar dele chutando-o com as patas traseiras. "Nós acreditamos que, ao ferir as fêmeas, os machos asseguram que elas passem mais tempo antes de fazer sexo de novo portanto aumentando o tempo disponível para fertilizar os óvulos com seu esperma", disse à Folha um dos autores do estudo, Mike Siva-Jothy, da Universidade de Sheffield. Ele e sua colega Helen Crudgington publicaram artigo na "Nature" de hoje. Machos e fêmeas como os gorgulhos da espécie Callosobruchus maculatus vivem uma espécie de corrida armamentista reprodutiva, comportamento explicado pela seleção sexual. Machos podem aumentar o número de filhotes ao fazer sexo com várias fêmeas, pois produzem uma grande quantidade de esperma, enquanto elas têm um número menor de óvulos. (Disponível em: http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/6460. Acesso em: 11 dez 2011). Cosmologia natureza/ cultura e poder WILSHIRE, Donna • A epistemologia ocidental é hierárquica e piramidal. Que conhecimento se aceita? • Imagens, palavras, conceitos nos acompanham e na sequência fazem julgamentos de valor e práticas................. • Aristóteles – Conhecimento racional é a mais alta conquista humana – para os homens. Mulheres são monstros (Política 1,2:1254b, Generatione Animaliun, II, 1:732 a) Ex: EVA, as feiticeiras que passam a ser BRUXAS CIENTÍFICO Objetividade Universalidade Racionalidade Neutralidade Dominação Cérebro Controle Conhecimento Civilizado Público NÃO-CIENTÍFICO Senso Comum Localidade Sensibilidade Emoção Passividade Coração Descontrole Natureza Primitivo Privado CITELI, 2004 MASCULINO Objetividade Universalidade Racionalidade Neutralidade Dominação Cérebro Controle Conhecimento Civilizado Público FEMININO Senso Comum Localidade Sensibilidade Emoção Passividade Coração Descontrole Natureza Primitivo Privado Citeli, 2004 Sabedoria aceita Mais alto (para cima) Bom, positivo Mente, cabeça, espírito Razão (racional) Frio Ordem Controle Objetivo (fora de) Texto escrito, LOGOS Verdade literal, fato Alvo Apollo como sol – céu Esfera pública MASCULINO Ignorância (oculto, tabu) Mais baixo (para baixo) Negativo, mau Corpo, (sensualidade), ventre (sangue),natureza (terra) Emoção e sentimento Quente Caos Laissez-faire, espontaneo Subjetivo (dentro, imanente) Tradição oral, encenação Verdade poética, , metafora, arte Processo Sofia como lua – caverna – terra Esfera privada FEMININO Relações de gênero – Distinção entre o biológico e o social que serve para mostrar que uma pessoa não pode ser definida em seu gênero por causa do seu sexo biológico, e que nem sempre o sexo biológico tem seu igual correspondente em gênero. A linguagem e a cultura fazem a construção da masculinidade e da feminilidade, deste modo podemos dizer que a masculinidade não é medida por exemplo, pelo ditado ‘homem não chora”. Assim como a feminilidade não é medida pelo choro, ou pela menor ou maior força física, mas pela experiência que esta pessoa faz a respeito de si mesma e do lugar que ocupa em gênero. Ser mulher, ou Ser homem em uma determinada cultura é parte de um processo da própria reprodução da cultura que se expressa nos discursos, nos nomes, nos rituais, nas normas, nas hierarquias, nos poderes e nos valores a respeito do que se considera adequado ao masculino e ao feminino. Donna Wilshire retoma a questão dos binários Observando que, mais que simples expressão de diferenças, são sempre hierarquizados, "opostos polarizados em que um lado tem domínio sobre o outro”, sendo úteis na produção do conhecimento que tem por fim lucrar com o controle e a dominação da natureza, a qualquer preço. Na medida em que os binários, e as imagens a eles associados, tornaram-se uma parte da nossa maneira de pensar, são como lentes através das quais contemplamos a realidade social. (GIFFIN, 2006). Natureza Fixa Sistema Binário Diferença Dois gametas Dois corpos Dois indivíduos Casal Infértil Sexo sem relação sexual Ajudar a natureza Foco aparelho reprodutor feminino Ética querer do casal “Sem útero não se começa nada “ Doadoras/es Contraposição Biomédica = útero e espermatozóide MULHER = gestar, dar a luz, amamentar. HOMEM/mulher = Filho do próprio sangue, Semelhança. • A narrativa sobre o masculino é sobre os pais da ciência e da tecnologia; fabricar um produto, participar da concepção simbolicamente; • Enquanto eles falam de embriões, óvulos, gametas, de tecnologias, do prazer do conhecimento, das trocas que fazem nos congressos, de como evoluíram desde as primeiras experiências. • Elas falam do corpo, das menstruações, de dar um filho ao companheiro. • O companheiro vê o filho como o seu futuro. Elas como seu presente. Masculinidade e gendrificaçãoção Necessidade de gametas; ir até onde for possível com os seus X Conflito receber gametas (sêmen). Masculinidade implica em: 1. Obrigatoriedade de mostrar - fala pública sobre competência penetrativa – Mulher grávida - signo de virilidade; - o outro vê. 2. A cobrança social tem certa temporalidade Casamento, filhos, os outros ........ 3. Mulher já é parte de si.......... Ela tem que explicar porque ainda não......... A heterossexualidade masculina frente a infertilidade • Silêncio, preconceito... - importante processo de subjetivação que impede o homem de olhar para sua infertilidade sem que se pense impotente sexualmente. Não podem demonstrar fraqueza ; • Dever de heteronormatividade; • Eliminar dúvidas sobre a assimetria hetero e homo. ***Receber sêmen é confundir essas fronteiras. Cair no vazio genético. . A mulher do casal heterossexual não se localiza nesta fronteira. Receber óvulos lhe dá a condição de gestar e amamentar. O físico dá ao social uma prova e o anonimato resguarda o casal ao olhar do outro. • Tecnologias, notícias fantásticas = Biosociabilidade ; • O sexo se desnuda e é realocado todo o tempo em outra ordem simbólica do tecnológico, de um lado mantida sob a ordem da diferença de outro sobre a semelhança dos gametas ; Arquitetura de gametas (óvulos e semen/interação) - embriões Técnicas envolvidas em RA IMSI, ICSI de Alta Magnificação ou Super-ICSI Doadoras e Receptoras de óvulos – contexto clínico explicativo Doadores de sêmen Doadores - publicidade Sábado, 20.3.2010. 01:35 h Con el lema ¿Tienes pelotas?, la campaña de donación de esperma ha sido colocada en carteles y folletos de los 30 clubes deportivos más importantes de la ciudad. Bajo esta campaña, las autoridades inglesas quieren aumentar este tipo de donaciones en 500 o más que en campañas anteriores No Brasil vários textos apresentam as dificuldades encontradas – Cito alguns • 1. Os teóricos clássicos avançaram categorias bipolares que não dão conta da variedade de condições de vida das MULHERES; As principais oposições discutidas são os pares – natureza e cultura (SUAREZ, 1997;PISCITELLI, 1997); público e privado (AGUIAR, 1997; SOIHET, 1997); Denuncia: Os mesmos textos que empregam as categorias bipolares também priorizam a família, reprodução ou parentesco – a partir de funções biológicas, fora do lugar social; RUBIN • A sexualidade não esta relacionada com a genitalidade anatômica; • Situa a origem dos sistemas de gênero e o domínio masculino na transformação do sexo biológico em gênero, no funcionamento das estruturas de parentesco e na divisão sexual do trabalho; • Perguntas sobre: os significados e as relações entre a natureza , a cultura, a sexualidade e o poder; Sistema sexo/gênero • Conjunto de convenções mediante as quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produtos da atividade humana e em produtos que satisfazem a necessidade sexual transformada; • Sustenta que o sexo, tal qual nós o conhecemos, identidade de gênero, desejo e fantasias sexuais – conceitos sobre a infância - são produtos sociais; • O problema não é a biologia ou a existência da família, mas as formas particulares de organização social da biologia, do parentesco, entre outras coisas; Os sistemas de parentesco são formas empíricas dos sistemas de sexo/gênero; • A organização do sexo está baseada no gênero, na heterossexualidade obrigatória e no controle da sexualidade feminina; • Os sistemas de parentesco se embasam no matrimônio – transformam macho e fêmeas em homens e mulheres = duas metades incompletas que podem sentir-se completas quando se unem; • As pessoas vão adquirindo gênero para assegurar o matrimônio. Os sistemas de parentesco alimentam a heterossexualidade em detrimento da homossexualidade ver: a. formas específicos de heterossexualidade; b) formas particulares de homossexualidade institucionalizada . Bicategorização? • Essa bicategorização é apenas uma construção social do dado biológico, que pode ser essencialmente outra, que passa a ser também compreendida e representada de outro modo, na medida em que são construídos novos métodos de análise e modificados os enfoques epistemológicos dos estudos sobre sexo, impeditivo da problematização sobre o que é assumido como natural. Sexo/Sexos/ gênero/gêneros • Diferente das teorias da bicategorização por sexo. A natureza comporta bicategorização em gônadas sob as diferenças que se constituem em genitália masculina e feminina, “lidas” pela sociedade como normalidade, classificando-se, portanto, todo o resto por anomalia. Mas essa dicotomização não expressa todos os outros níveis constitutivos das correspondências (no mesmo corpo) entre gônadas, cromossomos, genes e fenótipos não correspondentes. Ela expressa somente a da leitura da genitália; não se trata, neste caso, de comportamento, mas de níveis físicos, de corpo masculino ou feminino, que são traduzidos em gênero. Fato Universal - status secundário das mulheres na sociedade • Tratamento varia no tempo e no espaço variação cultural • Anseio: ordem social favorável ao potencial humano das mulheres e dos homens; • Objetivo do artigo: expor a lógica altamente persuasiva subjacente ao pensamento cultural que assume a inferioridade feminina e mostrar as fontes sociais e culturais dessa lógica. • Desafio ter necessária clareza sobre o que queremos explicar. Evidência desse fato universal? Qual é ? Três tipos de dados 1. Ideologias culturais e colocações informativas que explicitamente desvalorizam a mulher (papeis, tarefas, produtos e meios em relação aos homens). 2. Expressões simbólicas (prerrogativa da violência/avaliações inferiores); 3. Classificações socioculturais que excluem a mulher do poder na sociedade; • Para Claude Guiguer, durante o século XIX, a mulher é apresentada ao mesmo tempo como o sangue e os lírios, branca Madona, lilial jovem das auroras, transparente e cheia de promessas, e pérfida Salomé das tardes púrpuras, a vítima e o carrasco, amazona liberta e guerreira, rainha dos bosques e das fantásticas cavalgadas, e a criança ingênua e carinhosa, a água e o fogo, a liberdade das florestas e o afundar dos pântanos nauseantes; a virgem e a prostituída. Seu corpo é um mistério: seu sexo aniquila o homem no prazer, emascula-o . Ela é voragem, abismo insondável....( PERROT, 1995. Conclusões; A VISÃO BÍNÁRIA É POBRE............. • Simplificada- a mulher é identificada simbolicamente com a natureza, o homem com a cultura portanto, a cultura domina a natureza; • Argumento da autora: já que se considera que a mulher está mais próxima da natureza – ela é mais ativa em seus processos especiais e ao e mesmo tempo tem afinidade com a natureza. Por que as mulheres parecem mais próximas da natureza? Fisiologia 1. O corpo da mulher está mais próximo e suas funções parecem mais próximas com espécies de vida (dar a luz, amamentar, o corpo e seus papéis sociais pertencem a a atividades consideradas inferiores); 2. A estrutura psíquica deriva diferente de sua natureza fisiológica. Sua fisiologia está na própria natureza; 3. Simone de BEAUVOIR, dizia que a mulher era vítima das espécies (1953, p. 60). Considerações • Existe mais envolvimento do corpo feminino com a função natural que cerca a reprodução. A mulher é vista mais como elemento da natureza do que o homem; • Mas, por sua consciência e participação no diálogo social recoloca-se que a mulher é participante da cultura; • Como intermediária entre a cultura e a natureza está em grau de transcendência inferior ao homem; Papel social mais próximo da natureza • A mulher cria, reproduz, o homem é livre; • Funções fisiológicas tendem a limitar a mobilidade da mulher a certos contextos sociais (mais próximo da natureza): o contexto familiar doméstico - lugar da mulher é no lar. • Amamentação/aleitamento (campanhas). Por razões culturais as mães e os filhos se pertencem; • A mulher ligada ao círculo doméstico contribui de várias maneiras para a concepção de de que ela está mais perto da natureza; Gênero e descentramento dos sujeitos 2. O conceito de gênero como campo analítico se mostrou uma saída contra determinismos (RUBIN, SCOTT, MATHIEU, DE LAURETIS, FLAX, BORDO, LIMA COSTA, HEILBORN), - PODER e desconstrução de patriarcados, feminismo da diferença contra essencialismos, construção e reiteração das normas e desnaturalização da heterossexualidade e do centramento do sujeito como parte do projeto pós-estruturalista das oposições binárias (sujeito/objeto; público/privado; cultura/natureza; homem/mulher) tão caras ao pensamento filosófico ocidental moderno, e que estão igualmente atreladas à instituição de significados transcendentais e à verdade última das coisas. Gênero X sexo 3. Mostrou-se problemático ao manter a dicotomia sexo - gênero, natureza, cultura. (PISCITELLI, NICHOLSON). ***Sexo também não é fixo (LAQUER, STRATHERN, BUTLER,KRAUS, OUDSHOORN, LOWY, FOX KELLER, VARIKAS, PRECIADO). ***Se a fixidez do sexo é questionada, a natureza fixa, também o é. O que colocaria imediatamente a pergunta já formulada por Butler (2003): “para que gênero como construção cultural, se o próprio sexo não é mais fixo? “. MASCULINIDADES CAMPO QUEER Butler diz..... Ao contrário, de precipitadamente responder : “gênero não faz mais sentido”, é preciso dizer que olhar para a desconstrucão da categoria sexo só agrega ao gênero a confirmação daquilo que ele sempre expressou. Desse modo, as realidades culturais e materiais constroem-se na história e nas relações e igualmente seus escondimentos e abjeções. Constroem-se também a materialidade dos corpos por meio de edições, recortes, assimilações, modificações genéticas, partilhas moleculares, assim como se constroem linguagem e instrumentos tecnológicos. (TAMANINI, 2009). Tarefa das teorias.... BUTLER • – considerar a ameaça de perturbação não como um questionamento permanente das normas sociais condenando ao fracasso – • mas um recurso critico na luta para articular os próprios termos da legitimidade e da inteligibilidade simbólica. • DESIDENTIFICAÇÃO - crucial para a rearticulação da contestação democrática tanto da teoria queer, quanto a política feminista – podem ser mobilizadas através práticas que enfatizam a desidentificação com aquelas normas regulatórias pelas quais a diferença sexual é materializada. • Identificar quase os corpos que pesam e quais devem emergir. Processos desidentificação........ de reiteração, abjeção, Opção sexual Escolha sexual Orientação sexual ( fonte REIS,Toni) HOMOFOBIA • Homofobia é uma prática discriminatória que falsamente pressupõe a superioridade da heterossexualidade a outros regimes e práticas sexuais. Homofobia e heteronormatividade, isto é, a hegemonia heterossexual à vida social, se sobrepõem, apesar de ser possível traçar fronteiras políticas entre os conceitos. A homofobia se expressa pela violência, pela injúria, pela opressão. Falamos em vítimas da homofobia. (Débora Diniz, 2011 – Antrópologa, Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Apresentação na Audiência Pública Homofobia nas Escolas. Camara dos Deputados. Novembro de 2011discutindo homofobia nas escolas). HOMOFOBIA • A homofobia = dispositivo que mantém a ordem da heteronormativa na vida social – e a escola é um dos espaços prioritários para a garantia dessa ordem. • A escola promove os valores compartilhados e à cidadania. A homofobia viola a igualdade, impede o reconhecimento, autoriza práticas de violação de direitos humanos. Não há fundamento moral ou ético possível e aceitável para a homofobia. Um homófobo precisa ser silenciado e suas práticas reprimidas....... CRIMINALIZAÇAÕ DA HOMOFOBIA • Paradoxo para quem acredita na educação como um dos principais sistemas de promoção da igualdade. Não há sistema de crença que legitime a homofobia, isso não é de Deus,, - nenhuma religião autoriza o discurso do ódio, muito menos na escola". • Não não há como se apelar à expressão religiosa para justificar o discurso homofóbico como expressão da liberdade de crença. Religião não autoriza ou legitima o discurso do ódio. E menos ainda nas escolas, onde ensino religioso é ainda pouco regulamentado pelo MEC. Quem são os homofóbicos? Os homófobos podem ser os professores, os diretores das escolas, os pais das crianças. A resistência homofóbica e heteronormativa ronda as ações de igualdade sexual. Ex: a controvérsia dos vídeos educativos sobre sexualidade, os kit antihomofobia do MEC. ****Inclusão de conteúdos sobre orientação sexual e diversidade de gênero nos currículos escolares e na formação de professores é a principal reivindicação do movimento LGBTT para o Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). Em discussão no Congresso, o PNE estabelece metas para o setor no período de 2011 a 2020. Só tem um jeito de se viver? • Simplesmente romper o silêncio já parece insuportável para a moral heteronormativa que se mantém por um braço violento – a homofobia – e por um braço opressor silencioso – a hetenormatividade compulsória que falsamente supõe o acoplamento pênis-vagina como destino da reprodução social e biológica da humanidade. Criminalização da Homofobia • Representa um instrumento de garantia da igualdade. • Todos os anos, mais de 100 homossexuais são barbaramente assassinados no Brasil, vítimas de crimes homofóbicos: 1 assassinato a cada 3 dias, em média • 2.802 homossexuais assassinados no Brasil entre 1980 e 2007 (Fonte: GGB) Violência e Discriminação Pesquisas realizadas nas Paradas LGBT no Rio de Janeiro (2004), São Paulo (2005) e Pernambuco (2006): 56% dos LGBT entrevistados já sofreram agressão verbal 19% já sofreram agressão física 69% já sofreram discriminação por ser LGBT (CLAM, 2007). Violência e Discriminação Pesquisas das Paradas LGBT: Quem mais sofreu violência física: Travestis e transexuais - 72% Gays - 22% Lésbicas - 9% (CLAM, 2007) Destinos fora da norma heterossexual Só há dois destinos aos fora da norma heterossexual: serem vítimas da violência homofóbica ou serem refugiados de sua patrulha moral. ( Antropóloga, Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Apresentação na Audiência Pública Homofobia nas Escolas. Camara dos Deputados. Novembro de 2011). O que fazer na escola? Segundo a coordenadora de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Miriam Abramovay, o trabalho de conscientização nas escolas deve começar o mais cedo possível, pois quanto mais jovem o aluno mais homofóbico ele se apresenta. Estudo coordenado por ela em 2009 mostrou que, entre estudantes de 11 anos de idade, 48,7% manifestaram preconceito contra homossexuais. Na faixa de 13 a 14 anos, o índice cai para 38,4%. homens são mais homofóbicos que O mesmo levantamento apontou que os as mulheres. Dos estudantes do sexo masculino pesquisados, 45% disseram que não gostariam de ter colega de classe HOMOSSEXUAL, contra apenas 15% das meninas. Em trabalho anterior, 55% dos homens ouvidos relataram que não gostariam de ter um vizinho gay. Entre as mulheres, o índice foi de 40%. Um terço dos entrevistados se disse indiferente. "Observamos que, quase sempre, indiferente quer dizer sim, o que torna esses números muito chocantes", explicou. (MN) HOMOFOBIA E NÃO Bullying ??? Segundo Diniz - Bullying é um neologismo com origem na língua inglesa que diz algo como “provocação”. A provocação entre crianças é parte de uma socialização naturalizada – se provoca para se reconhecer os limites e se definir frente ao outro como um espelho. Mas há outra raiz no conceito de bullying: quem provoca e agride é o “valentão”. Há desigualdade de força e de potência no sujeito que atua pelo bullying. O ator do bullying é alguém que sabe que tem força – e aqui é força física. Ele atua sozinho ou em grupo. Alguns dizem que o bullying sempre existiu. Sim, me lembro do meu tempo de escola – sempre havia provocações contra os gordinhos, as meninas vesgas ou as crianças com deficiência. Me lembro também do sofrimento dessas crianças. Em geral, eram crianças solitárias. Tento imaginar as consequências dessas provocações injustas para os adultos de hoje. Elas foram refugiadas da fúria contra a diferença marcada no corpo. Elas são sobreviventes do bullying escolar, de um tempo em que o neologismo não nos socorria para expressar a indignação pela provocação injusta. Bullying - é uma violência contra o corpo fora da norma - Aqui está a chave do bullying............... Segue - Vejam que não falo em normal, pois norma e normal se confundem para a imposição das regras sob o corpo. O corpo que foge da regra – seja nos olhos da menina vesga, nas pernas do menino cadeirante, ou no cabelo da menina negra – é matéria suficiente para ação do indivíduo ou do grupo provocador. Por isso, estranho o uso do neologismo de bullying para algo tão antigo e persistente ao universo escolar, e com tantas ramificações na discriminação. A discriminação pelo corpo acompanhou a socialização de todos nós nesta sala e acompanha a vida de todas as crianças. Vivemos em uma ordem social que discrimina e oprime a diferença no corpo. BULLYING NOS PERMITIU ESCREVER ALGO SILENCIOSO •O bullying é um neologismo paradoxal. Ao mesmo tempo potente, pois nos permitiu entrar na escola e descrever algo silencioso: a homofobia nas práticas de provocação entre crianças ou entre professores e crianças. •Também esconde seu próprio fundamento na sexualidade: retiramos a sexualidade do bullying, não falamos em homofobia. •A naturalização do bullying como algo comum e permanente à infância e à escola esconde sua matriz heternormativa. O bullying não é espontâneo nas crianças, não pode ser natural à socialização das crianças. •A origem do bullying que nos interessa hoje é a homofobia, um conceito poderoso e que precisa ser potencializado na escola. O bullying na escola é uma expressão primária e permanente da homofobia em nossa vida social. O neologismo bullying é palatável às escolas, às famílias, à moral heterossexual. Não falamos em crianças e adolescentes e suas práticas sexuais fora da norma. Falamos em “provocações” e protegidas por um neologismo que a distância lingüística não nos provoca diretamente. Sentimos diferentemente, como se fosse, falsamente, um novo fenômeno. Não é. A homofobia está na escola, assim como na Avenida Paulista. O bullying na escola é uma expressão primária e permanente da homofobia em nossa vida social. A recomendação de Diniz, que compartilho é que reconheçamos a força política do conceito de homofobia. Não falamos de bullying apenas, mas de crianças e adolescentes refugiado pela fúria homofóbica, que precisamos proteger para que não se transformem em vítimas da homofobia no futuro ou mesmo na escola. Quem são as vítimas de bullying? O menino que se tranveste, a menina que gosta de outras meninas, o transexual que não sabe que banheiro usar na escola. Com raras exceções de uma política inclusiva à violência corporal, raramente ouve-se falar em bullying contra as crianças obesas ou com impedimentos corporais. Quando os gordinhos aparecem, são como um apêndice da diversidade no bullying. O alvo são os fora da norma heterossexual. Quando o tema é a cor da pele, não falamos em bullying. Temos um nome para o bullying com fundamento na cor da pele: racismo. O bullying sexual tem um nome, homofobia. Mudanças Históricas importantes • Em 1985, o Conselho Federal de Medicina, antecipando-se à Organização Mundial de Saúde, tornou sem efeito a classificação da homossexualidade como doença, até então denominada ‗desvio ou transtorno sexual‘. DOENÇA 17 de maio de 1990 Assembléia-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) retira a homossexualidade da sua lista de doenças mentais: "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão". A resolução entrou em vigor em 1993