A problemática das decisões financeiras: Decisão em incerteza . Em que medida a incerteza influencia as decisões? . Qual a atitude do investidor face ao risco? . Como modelizar a incerteza? . Quais os princípios de dominância estocástica? INCERTEZA A INCERTEZA É UMA SITUAÇÃO EM QUE O AGENTE ECONÓMICO VÊ AS CONSEQUÊNCIAS DAS SUAS DECISÕES DEPENDER DE FACTORES EXÓGENOS CUJOS ESTADOS DA NATUREZA NÃO PODEM SER PREVISTOS COM CERTEZA REPRESENTAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS E O PROBLEMA DE AVERSÃO AO RISCO: As preferências de um indivíduo têm uma representação da utilidade esperada se existir uma função u tal que um consumo aleatório x é preferível a um consumo aleatório y se e só se : E [u(x) ≥ E [u(y)] Onde E[.] é a expectativa de acordo com a probabilidade subjectiva de cada indivíduo. REPRESENTAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS E O PROBLEMA DE AVERSÃO AO RISCO Plano de investimento é uma variável aleatória cujas propriedades são especificadas em P. Podemos interpretar o plano de investimento como uma lotaria cujos prémios são definidos em Z. A probabilidade de obtenção de um resultado z é p(z). REPRESENTAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS Três axiomas (necessários e suficientes) para uma relação binária definida em P ter uma representação da utilidade esperada: Axioma 1 ≥ é uma relação de preferência em P Axioma 2 (axioma de substituição ou de independência): Para todo p,q,r € P e a € [0,1], p > q implica que ap + (1-a)r > aq +(1-a)r Axioma 3 (axioma de arquimedes) : para todo p,q,r €P, se p>q>r então existirá a,b€(0,1) tal que ap+(1-a)r>q>bq+(1-b)r Formalização do risco A decisão do investidor é subjectiva Existem linhas de acção a tomar O resultado futuro é função dos estados de natureza considerados no momento da decisão. Os estados da natureza deverão ser mutuamente exclusivos e exaustivos Os estados da natureza encontram-se fora do controle do decisor. Para cada linha de acção existe uma consequência Existe uma matriz de resultados (payoff matrix) Payoff matrix Estados da natureza E1 E2 C11 C21 C12 C22 E3 ….. Ej ……… En Linhas de acção A1 A2 . . .Ai . . . Am Ci1 Ci2 C13 …… C1j ……….C1n C23 …… C2j ……….C2n Ci3 …… Cij ……….Cin Cm1 Cm2 ……….Cmn Cm3 …… Cmj Aversão ao risco, exemplo… Suponha que a um agente económico é dada a escolha de uma das seguintes hipóteses: Escollha 1: obter certo $1,000,000 • Esolha 2: Mandar uma moeda ao ar • Se sair cara, ganhar $3,000,000 • Se sair coroa, não ganhar nada Cálculo da utilidade esperada: • EU(escolha1) = $1,000,000 • EU(escolha2) = 0.5 * $0 + 0.5 * $3,000,000 = $1,500,000 Porque muita gente prefere a escolha 1? 04-11-2015 Economia Financeira MEMBF Aversão ao risco Porque a maior parte das pessoas são “avessas ao risco” As funções de utilidade poderão ser : • Para o primeiro milhão U($1M) = 10 • Para o segundo milhão U($2M) = 15 (Não 20) • Para o terceiro milhão U($3M) = 18 (Não 30) • …. 04-11-2015 Economia Financeira MEMBF Aversão ao risco 25 Utility 20 15 10 5 0 0 1M 2M Money EU(Escolha1) = U($1M) = 10 EU(Escolha 2) = 0.5*U(0) + 0.5*U($3M =18) = 9 Preferimos com certeza $1M 04-11-2015 Economia Financeira MEMBF 3M 4M Funções de utilidade e de aversão ao risco (Modelo de Arrow (1970) e de Pratt (1964) - 1 U’(R) : mede a utilidade marginal da riqueza U’’ (R) : mede a variação da utilidade marginal em relação à variação da riqueza Π = ½ σ2z (- U’’ (R) / U’(R) ) em que Π é o prémio de risco em relação a uma dada riqueza. ARA : Absolute Risk Aversion: (- U’’ (R) / U’(R) ) Medindo a aversão ao risco U(W) tangent lines U(Y+h) U[0.5(Y+h)+0.5(Y-h)] 0.5U(Y+h)+0.5U(Y-h) U(Y-h) Y-h Y Y+h Função de utilidade estritamente concâva W Medidas de aversão ao risco de Arrow-Pratt (i) Aversão absoluta ao risco U" (Y) = R A (Y) U' (Y) (ii) Aversão relativa ao risco Y U" (Y) = R R (Y) U' (Y) -AAR: -Se o investidor aumenta o montante investido em ativos com risco, quando a sua riqueza aumenta, então o investidor exibe uma aversão absoluta ao risco decrescente. -- Se o investidor mantém o montante investido em ativos com risco, quando a sua riqueza aumenta , então o investidor tem uma aversão absoluta ao risco constante. -- Se o investidor diminui o montante investido em activos com risco, quando a sua riqueza aumenta, então o investidor exibe uma aversão ao risco crescente. ARR: -R(W) = - W.U’’(W) / U’(W) -- Se a percentagem de riqueza investida em activos com risco aumenta, quando risco do a riqueza aumenta, então o investidor exibe uma aversão relativa decrescente. -- Se a percentagem de riqueza investida em activos com risco se mantém constante, quando a riqueza aumenta, então o investidor exibe uma aversão relativa constante. -Se a percentagem de riqueza investida em activos com risco diminui, quando a riqueza aumenta, então o investidor exibe uma aversão relativa crescente. (i) Aversão absoluta ao risco p Y+h 1-p Y-h Y p(Y,h) ½ + ¼ h RA (Y) U" (Y) = R A (Y) U' (Y) (ii) Aversão relativa ao risco p Y(1+q) =- Y 1-p p(Y,q) 1 2 + Y U" (Y) R R (Y) U' (Y) Y(1-q) 1 4 q R R (Y) Nivel de aversão relativa ao risco de um investidor 1- (Y CE ) 1- Y=0 Y=100,000 (Y 50,000)1 - 12 (Y 100,000)1 - = + 1- 1- 1 2 =0 CE = 75,000 (neutralidade ao risco) =1 CE = 70,711 =2 CE = 66,246 =5 CE = 58,566 = 10 CE = 53,991 = 20 CE = 51,858 = 30 CE = 51,209 =5 CE = 66,530 equivalente certo Dominação estocástica PROBLEMA: Em que condições podemos dizer sem ambiguidade que um indivíduo prefere um activo com risco a um outro activo com risco? (partindo da hipótese que o indivíduo é “nonsatiable” e com aversão ao risco) Está associado com a dominação estocástica e com o conceito de menor risco entre os activos com risco Dominação estocástica de primeiro grau Dois activos com risco (A e B) Um activo (A é dominante sobre outro activo B (A ≥FSD B) se todos os indivíduos possuirem uma função de utilidade em riqueza que seja contínua e crescente preferem A a B ou se mostrem indiferentes a A e B O domínio encontra-se dependente dos retornos esperados face a cada estado de natureza considerado: Z 0 1 /2 1 FA(z) ¼ ¾ 1 FB(z) ½ 4/5 1 PA(0) = ¼ PB (1) 1/5 PA(0) e PB(1) = ¼ * 1/5 = 1/20 Dominação estocástica conceitos Postulados da utilidade esperada levam-nos a definir dois conceitos de dominação alternativos que são mais fracos e de mais ampla utilização que o conceito de dominação em cada estado da natureza. São conceitos interessantes na medida em que descrevem situações em que os rankings entre alternativas de risco são preference-free, i.e., podem ser definidos independentemente dos trade-offs específicos (entre retorno, risco e outras características das distribuições de probabilidade) representadas pela função de utilidade de um agente. Dominação estocástica de primeiro grau e segundo grau- definições DEF 1 : Um activo A domina um activo B, estocásticamente de primeiro grau, se e sòmente se, para toda a U(.), independente dos estados da natureza , com u’>0, Eu(A(z~)) ≥ Eu(B(y~)) DEf 2: Um Activo A domina um activo B estocásticamente de segundo grau se, toda a pessoa com aversão ao risco e para toda a U(.), com u’>0 , continua excepto num subconjunto [0,1] e u’’<0 , Eu(A(z~)) ≥ Eu(B(y~)), prefira o activo A. E (z~) = E(y~) mas S(x)= ⌡x0(FA(z) – FB(z))dz <=0 todo x ε[0,1] Exemplo de alternatives de investimento Estados da natureza Probabilidades Investmento Z1 Investmento Z2 1 2 3 .4 10 .4 100 .2 100 10 100 2000 EZ1 = 64, z = 44 EZ2 = 444, z = 779 1 2 Pr obability F1 1.0 0.9 F2 0.8 0.7 0.6 0.5 F 1 and F 2 0.4 0.3 0.2 0.1 Payoff 0 10 100 2000 ~ F ( Definição : Considere FA (~ e x ) B x ) a distribuição acumulada de duas funções de duas variáveis aleatórias (cash payoffs) que, sem perda de generalidade, assumem valores no intervalo a, b. Dizemos que FA (~ x ) domina estocasticamente em primeira ordem (FSD) FB (~x) se e somente se FA(x) FB(x) para todo o X. a, b Teorema1- FSD : Considere FA (~ x ), FB (~ x ) , duas distribuições de probabilidade acumuladas referente aos resultados aleatórios ~ x a, b x ) se e só se Então FA (~ x ) FSD FB (~ EA U(~ x) EBU(~ x) para todas as funções de utilidade não decrescentes U( ) 1 0.9 0.8 FB 0.7 FA 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 X First Order Stochastic Dominance: A More General Representation 13 14 Table 3-2 Two Independent Investments Investment 3 Payoff 4 5 12 Investment 4 Prob. 0.25 0.50 0.25 Payoff 1 6 8 Prob. 0.33 0.33 0.33 1 0.9 0.8 0.7 0.6 investment 4 0.5 0.4 0.3 0.2 investment 3 0.1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Figure 3-6 Second Order Stochastic Dominance Illustrated Dominação estocástica 2ª ordem Suponha que pode alterar uma função F(.) de modo a manter a média mas alterando a variância. Suponha que G(.) é a função que se obtém desta transformação, isto é, G(.) é uma média preservada da dispersão de F(.) Ex: F(.) é tal com a probabilidade p=1/2 Obtem 2, p ex, com prob p=1/2, obtem 3 cuja media de pagamento será 5/2 Seja G(.) com probabilidade p=1/4, obterá (1,2,3,4) com média também de 5/2 Qual prefere F(.) ou G(.)? Dominação estocástica Se for avesso ao risco preferirá F(.) a G(.). Pode provar que F(.) domina estocasticamente em segunda ordem G(.) u x dF x u x dG x Dominação estocástica 2ª ordem Resultado: se G(.) é uma media preservada de F(.), então F(.) domina estocasticamente em segunda ordem G(.) Demonstração: Considere x uma lotaria com distribuição de acordo com F(.). Suponha que tornaremos aleatório x de forma a que o pagamento final seja x+z onde z se encontra distribuido de acordo com a função H(z) com média zero. Por outro lado, x+z tem a mesma média mas com variância diferente. Definimos G(.) como uma lotaria final reduzida, i.e. a função que tem uma probabilidade associada a cada x utilizando a transformação de F(.). G(.) é uma média preservada com outra variância de F(.). Teorema SSD (Rothschild&Stiglitz) Seja F e G com mesma média e considere T(x) 0. Todo o indivíduo com aversão ao risco (U’>0 e U”<0) prefere F a G: EFU(x) EGU(x) Distribuição da média com maior ou menor risco ~ xB ~ xA ~ z (3.8) fA x f B x x fA xdx x f B xdx Figure 3-7 Mean Preserving Spread ~ x , Payoff Prémio de risco e equivalência certa Teorema 3.1 (Desigualdade de Jensen): Seja g( ) uma função concâva no intervalo [a,b], e uma variável aleatória ~x tal que Pr ob(~ x a, b) 1 Suponha que as expectativas E(~x) e Eg( ) existem; Então Eg(~ x ) gE(~ x ) Por outro lado, se g( ) é estritamente concava, então a desigualdade é estrita. Que tipo de jogo prefere? Jogo A Jogo B 90 reds to win $96 05 blues to win $14 05 whites to win $12 85 reds to win $96 05 blues to win $90 10 whites to win $12 70% preferiram B Que tipo de jogo prefere? Jogo C Jogo D 85 05 05 05 85 05 05 05 reds to win $96 greens to win $96 blues to win $14 whites to win $12 reds to win $96 greens to win $90 blues to win $12 whites to win $12 90% preferem C a D Conceitos finais de aplicação: Default (Crédito) e Prémio de risco 6-2C O prémio de default é uma compensação extra efetuado aos investidores por suportarem um risco adicional que incorrem é um incentivo para que os investidores avessos ao risco participem. Se se repetir um investmento infinitamente, a média d epagamento de default seria 0. Haverá um pagamento positivo se tudo correr bem e um pagamento negativo em situação de default (falência). • Devemos distinguir o prémio de default do risco de prémio. O primeiro é uma compensação extra e o segundo um custo de oportunidade! 37 6-2.C Generalização Numa situação de risco neutral : Taxa de juro do mercado ≥ Taxa de juro esperada Taxa de juro do mercado = Prémio temporal + Prémio de Default Taxa de juro experada =Prémio temporal (sem considerar o prémio de risco, prémio d eliquidez, taxa de imposto, prémio de contrato etc… 38 Important: 6-2C O val em situação de incerteza : (Cash Flow) 1 (Discount Rate) Assim como em incerteza a taxa TIR deverá ser uma taxa a obter através dos cash flows esperados. 39 TPC 1 Considere que a função de utilidade da riqueza (w) de um indivíduo é dada pela seguinte expressão: U(w) = 50W-0,5W2 Considere também os seguintes projectos de investimento: X Valor monetário 10 40 25 Y Probabilidade 0,1 0,2 0,7 Valor monetário 20 45 40 Probabilidade 0,05 0,05 0,9 a. Caracterize o comportamento do indivíduo face ao risco b. Diga qual dos projectos o indivíduo escolheria c. Qual o prémio de risco associado a cada um dos projectos Conclusão O mercado financeiro permitiu dissociar o consumo da produção. Mas a decisão em incerteza veio acrescentar à decisão uma função de utilidade perante a riqueza É possível fazer escolhas atendendo à aleatoriedade dos ativos, mas podem acontecer situações de dominância estocástica. . Construir portefólio eficientes e decidir de acordo com a aversão ao risco do investidor… (unidade 3)