Uma experiência sociológica e etnográfica em uma Sala de Curetagem na
Maternidade Escola Januário Cicco - Natal/ RN
Fabiana Damasceno
Galvão
.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
OBJETO GERAL: Explorar a interrupção da gestação na Maternidade Escola Januário Cicco com o propósito de construir
um Diário de Campo. Compreendendo a teoria de Michel Foucault sobre o dispositivo da sexualidade e o bio-poder
como forma de técnicas diversas para obter a sujeição dos corpos e o controle das populações.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1.Esboçar questões sobre a proibição do aborto como um evento político exercido a partir das transformações de sistemas
culturais de dominação, como, a Igreja, o Direito e a Medicina, que atualmente agem de forma punitiva reforçando a
culpabilização da mulher em relação a essa prática;
2. Através de fotografias do corredor, da sala onde são realizadas curetagem e aborto legal da maternidade em questão,
elucidar a questão do bio- poder, em contradição ao descumprimento dos manuais de norma técnica, que preconiza a
humanização no atendimento ao aborto.
METODOLOGIA:
É
feita
uma
abordagem sobre o Aborto aliando
literatura feminista, teoria sociológica e
direitos
humanos
explorando
o
exercício dos profissionais da área
médica e o ambiente hospitalar
destinado ao serviço de curetagem e
aborto legal. Para tanto, foram
utilizadas
entrevistas
estruturadas,
pesquisa de bibliografia sobre o tema e
observação
participante
para
a
construção de um diário de campo,
fazendo uma fotografia do espaço
destinado ao serviço do aborto em
Natal.
FIGURA 1: Cartaz no corredor da MJEC [1]. Fonte: Autoria própria.
Material de Campo (em 28 de outubro de 2009).
FIGURA 2: Sala de Curetagem da MEJC. Fonte: Autoria própria.
Material de Campo (em 28 de outubro de 2009).
RESULTADOS: A pesquisa revelou que no ano de 2010 foram realizados
mensalmente em torno de 400 procedimentos relacionados ao aborto/pósaborto nas maternidades de Natal, dos quais cerca de 250 ocorrem na
Maternidade Escola Januário Cicco; 100 na maternidade do Hospital Santa
Catarina e 50 na Maternidade Leide Moraes. Os estudos, possibilitaram um
aprofundamento teórico sobre os dispositivos de poder estudados por Foucault, e
também presentes no ambiente hospitalar observado. Os dados revelam, que
mesmo com o discurso da proibição, um grande número de curetagens são
realizadas, em um ambiente que muitas vezes não segue as normas de
humanização.
REFERÊNCIAS
Figura: 3: Sala de Descanso? [2] Fonte: Autoria própria.
Material de Campo (em 09 de novembro de 2009).
BUTLER, Judith. Sujeitos do sexo/gênero/desejo. In: Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização brasileira, 2003. p. 15-60.
CAVALCANTE, Alcilene e XAVIER, Dulce (org.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de
Decidir, 2006.
CHAUÍ, Marilena. [O Conhecimento]. In: Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994. p.170-176.
ELANI CICLO: comprimidos. Responsável Técnico: Cíntia Delphino de Andrade. São Paulo: LIBBS, 2009. Bula de remédio.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1977.
______. O nascimento da medicina social. In: Microfísica do Poder. 24. ed. Rio de Janeiro: edições Graal, 1979. p. 79-98.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
JAMES, Clifford. Sobre a autoridade etnográfica. In: A experiência Etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro:
UFRJ, 1998.
MENEZES, Cynara. Na Idade Média. Carta Capital. São Paulo, ano 16, n. 617, p. 20-25, 13 out. 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Aborto e
Saúde Pública no Brasil: 20 anos. Brasília, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
______. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Norma Técnica: Atenção Humanizada ao
Abortamento. Brasília, 2005. (Série A. Normas e Manuais Técnicos; Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, caderno n. 4).
MOTTA, Alda Britto da; SARDENBERG, Cecilia; GOMES, Márcia (Org.). Um diálogo com Simone de Beauvoir e outras falas. Salvador: NEIM,
2000.
PRADO, Danda. O que é aborto. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.
SECRETARIA ESPECIAL DE POLITICAS PARA AS MULHERES. Revisão da Legislação Punitiva que trata da interrupção voluntaria da gravidez.
Brasília, 2005.
FIGURA 4: Sala de Descanso? [1] Fonte: Autoria própria.
Material de Campo (em 09 de novembro de 2009).
Download

Slide 1