Mulheres, álcool & drogas Qual o peso do gênero? Dra. Monica L. Zilberman [email protected] Princípios do tratamento Tentativa e ideação suicida são comuns – – – – investigar sintomatologia depressiva e traços impulsivos escolher farmacoterapia apropriada, prescrever quantidades menores, cuidado com interações (por ex., fluoxetina aumenta nível sérico de BDZ e CBZ) monitoramento baixo suporte social e familiar encorajar contato telefônico e seguimento regular Princípios do tratamento Transtorno de personalidade é muito frequente – – não devem desencorajar investimento, pois um melhor ajustamento pode ser alcançado quando o profissional é hábil em estabelecer uma relação efetiva de trabalho com a paciente estratégias específicas (por ex., TCC) podem ser úteis Princípios do tratamento Grávida sofre um duplo estigma – – – por usar drogas e por expôr o bebê a risco maioria pára ou diminui o uso, demonstrando preocupação com a prole abordagem não preconceituosa Testes de HIV, hepatites B e C, sífilis e outras são essenciais Princípios do tratamento Preocupação com ganho de peso – – – – pode descompensar transtorno alimentar latente aproveitar oportunidade para discutir escolhas nutricionais saudáveis e exercícios aconselhamento focado em assuntos da imagem corporal Cirurgia bariátrica (a capela/Y de Roux) Princípios do tratamento Grupos só de mulheres são úteis para acessar tópicos difíceis, como abuso sexual e vitimização – maioria destes grupos recebem mulheres com problemas com álcool e drogas e é importante atentar para a heterogeneidade dos problemas que surgem nas discussões do grupo e tratar com a mesma atenção – atividades para as crianças facilitam a freqüência ao tratamento – flexibilidade de horário e dias de tratamento (noites e finais de semana) Grupos de A.A. para mulheres - Grupo Jabaquara: R. Dos Jornalistas, 201 A Domingos às 14 horas - Grupo Santana: R. Gabriel Pizza, 122 - Sabados às 14 horas - Grupo Gomes Cardim: R. Platina, 192 Tatuapé Domingos às 17 horas - Grupo Consolação - Rua Da Consolação, 585 Proposito Feminino Domingos às 17 horas Prevenção e Políticas Públicas Importância dos vínculos Importância do relacionamento amoroso Oportunidades para afiliação/interação: grupos de AF, corais, círculos de leitura Depressão & gênero Lewinson PM et al. Clin Psychol Rev. 1998;18(2):765-94 Tratamento da depressão Depressão primária: uso de antidepressivos Diferenças farmacocinéticas: absorção, biodisponibilidade, distribuição, metabolismo e eliminação Mulheres apresentam concentrações plasmáticas mais elevadas, meia-vida mais longa e mais efeitos colaterais Influências hormonais Kornstein SG et al. Am J Psychiatry 2000;157(9):1445-52. Young AH. BJP 2001;179:561 Síntese de 5-HT (PET) 52% maior no homem do que na mulher Nishizawa S et al. Proc. Natl Acad. Sci. 1997;94:5308–13 Resposta a antidepressivos Mulheres tendem a responder pior aos tricíclicos e melhor aos SSRIs (paroxetina e sertralina) Impacto da idade (menopausa & TRH) Influência do estrógeno sobre a transmissão serotoninérgica (5-HT1 A) Venlafaxina, nefazodone, bupropiona: sem diferenças de gênero Kornstein SG et al. Am J Psychiatry 2000;157(9):144552 Estudando mulheres As mulheres consomem aprox. 80% das medicações (prescritas e OTC) nos EUA e 75% das grávidas necessitam de algum tipo de tratamento farmacológico 1993: o FDA liberou a inclusão de mulheres em idade reprodutiva em ensaios clínicos e os NIH estabeleceram diretrizes para a inclusão de mulheres e minorias nos ensaios clínicos Weisman SM & Schwartz D. Gend Med. 2007;4(1):3-7 Estudando mulheres A necessidade de ensaios específicos para mulheres ficou demonstrada no final da década passada, quando 8 de 10 medicações prescritas foram retiradas por conta de riscos importantes para a saúde feminina www.clinicaltrials.gov > 1500 estudos recrutando mulheres, mas somente 38 admitem mulheres prémenopausadas Weisman SM & Schwartz D. Gend Med. 2007;4(1):3-7 Longevidade Encurtamento dos telômeros (que leva à apoptose) é acelerado nos homens em função do maior tamanho corporal (maior demanda energética) Estrógeno protege as mulheres do estresse oxidativo (e do dano telomérico) 15% dos genes femininos escapam da inativação do cromossomo X “inativado” disponibilidade genética resiliência biológica às mulheres Personalidade & gênero Mulheres apresentam + evitação de dano, + dependência de gratificação e – autodirecionamento do que homens Depende da cultura: diferença é > em países desenvolvidos! Comportamento materno tem impacto maior na personalidade do que comportamento paterno, especialmente em homens cuidado paterno e super-proteção materna traços anti-sociais Personalidade & gênero Viés do gênero no diagnóstico clínico de transtornos de personalidade O estereótipo “feminino”: histriônico, borderline & dependente O estereótipo “masculino”: anti-social, narcisístico & obsessivo-compulsivo Traços de personalidade vs. transtornos Falta de sistematização na avaliação: “screening” & seguimento Implicações para Tratamento Gestação: Complicações Oportunidade de intervenção Teratogenicidade Abuso físico, sexual & emocional Violência doméstica Repercussão na família Por que tantos transt. psiquiátricos emergem na adolescência? Maturação da substância branca na adolescência redução de substância cinzenta “pruning” mielinização Paus T et al. Nat Rev Neurosci. 2008;9:947-57 Influência hormonal & ciclo menstrual Não explicam tudo: muitas diferenças persistem mesmo na ausência desses hormônios Influenciam uma série de comportamentos Em humanos, ciclo menstrual influencia desempenho em tarefas verbais e espaciais e modulam a circuitaria associada ao alerta Influencia o grau de assimetria hemisférica associada com várias tarefas cognitivas e a responsividade do cérebro aos efeitos de drogas de abuso (ex. cocaína) Aprendizado & estresse Esteróides sexuais modulam efeitos biocomportamentais do estresse Modelos animais: estresse incontrolável piora o aprendizado nas fêmeas e melhora o aprendizado nos machos (efeito dependente de estrógeno) Efeito desaparece com estresse controlável e com tx das fêmeas com fluoxetina Fluoxetina não afeta resposta ao estresse dos machos Dimorfismo sexual no cérebro adulto RNM 27 homens e 21 mulheres Volume de 45 regiões cerebrais/volume do cérebro Diferenças sexuais relacionadas à presença de receptores para esteróides sexuais em regiões cerebrais homólogas durante períodos críticos do desenvolvimento (estudos animais) Hipocampo: > Amígdala < Goldstein JM et al. Cereb Cortex. 2001;11:490–7 Amígdala & gênero Envolvimento preferencial da amígdala E na memória de material emocional nas mulheres e da amígdala D para o mesmo material nos homens (fMRI) Córtex pré-frontal & gênero O CPF é rico em receptores para hormônios sexuais e tem a mais alta concentração de receptores estrogênicos do cérebro humano Diferenças sexuais na “working memory” e tomada de decisões Lesões no CPF D prejudicam tomada de decisão nos homens mas não em mulheres, enquanto lesões à E prejudicam o desempenho de mulheres mas não de homens Missão (quase) impossível