Jornal da Ciência 1/9/05 11:38 PM Notícias Segunda-Feira, 10 de janeiro de 2005 JC e-mail 2682, de 06 de Janeiro de 2005. Clique na capa abaixo para ver as matérias principais. Dano bloqueia a compreensão de feições Anterior Sobre a evolução química, ou prébiótica, artigo de Ricardo Ferreira Próxima Estudo nos EUA mostra que lesão cerebral na amídgala impede mulher de ‘ver’ medo no rosto das pessoas Célula-tronco trata Parkinson em macaco Ricardo Bonalume Neto escreve para a ‘Folha de SP’: Índice de Noticías - imprimir ‘Olhe nos meus olhos’. Essa clássica frase de quem pretende demonstrar uma emoção -raiva, medo ou amor- para outra pessoa acabou de ganhar nova explicação clínica e um vínculo a uma região específica do cérebro. - enviar - comentário Pesquisadores mostraram como uma paciente com uma rara lesão cerebral era incapaz de reconhecer o medo através de expressões faciais. Mas a mulher conseguia reconhecer a emoção quando era instruída a olhar direto para os olhos da face em questão. charges A descoberta é mais uma relacionada a uma importante área do cérebro, a amígdala. Ela está relacionada a mecanismos ligados à tomada de decisões. veja mais A paciente em questão, conhecida pelas iniciais SM, é uma mulher de 38 anos que teve lesão ‘bilateral’ rara (nos dois lados do cérebro). SM é incapaz de reconhecer o medo através de expressões faciais, mas o faz quando lhe pedem para olhar nos olhos da face que passa a informação, o que mostra que a lesão a impede em primeiro lugar de buscar a informação nos olhos, mas não de reconhecê-la. O estudo, feito por Ralph Adolphs, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, de Pasadena, oeste dos EUA, e mais cinco colegas, está publicado na edição de hoje da revista científica britânica ‘Nature’ (http://www.nature.com). Dez anos atrás a equipe já tinha mostrado a incapacidade de SM de reconhecer o medo em expressões faciais. Desde então estudos mostraram o papel da amígdala no processo. Voltando a estudar a mulher, eles descobriram agora que ela não reconhece o medo por causa da incapacidade de interpretar especificamente as dicas passadas pelos olhos da face com medo justamente o aspecto facial mais importante nessa forma de comunicação não-verbal. http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24549 Page 1 of 2 Jornal da Ciência 1/9/05 11:38 PM O curioso é que SM costuma evitar olhar para os olhos de todos os rostos, seja qual for a expressão, mas apenas a sua percepção do medo é que é afetada. Comentando esse fato, em artigo na mesma edição da ‘Nature’,o pesquisador Patrik Vuilleumier, do Centro Médico Universitário de Genebra, Suíça, diz que ‘isso sugere que dicas visuais fornecidas pelos olhos são particularmente críticas para reconhecer o medo; outras emoções faciais podem presumivelmente ser reconhecidas sem olhar para os olhos -a felicidade pode ser inferida pelo sorriso, por exemplo’. A evolução biológica ajuda a entender o motivo. Demonstrar medo é uma maneira de um indivíduo comunicar uma possível ameaça, e perceber isso rapidamente pode ser fundamental para a sobrevivência de outros membros da espécie. ‘É plausível que outros defeitos no julgamento social resultando de danos bilaterais na amígdala possam ser atribuídos, ao menos em parte, ao mesmo mecanismo’, escrevem os autores. ‘É intrigante considerar a possibilidade de que distúrbios como o autismo, que também mostram fixações diminuídas nas características das faces e processamento diminuído das emoções das faces, possam se beneficiar da visão instruída como vimos em SM.’ O novo estudo teve uma contrapartida bem diferente no ano passado, também envolvendo a amígdala. Um médico ficou cego depois de dois derrames, mas ainda mantinha a capacidade de reconhecer expressões faciais, usando a amígdala, que não é envolvida com a visão. Os derrames afetaram os centros visuais no córtex cerebral, que processam as informações vindas dos olhos, mas não afetaram os olhos ou os nervos ópticos. Segundo os autores do estudo, as áreas do córtex visual não servem necessariamente para o processamento de expressões emocionais, ao contrário da amígdala, também vista como o ‘centro do medo’ no cérebro. (Folha de SP, 6/1) Expediente • Contato • Site da SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC©2002 Todos os direitos reservados / All rights reserved http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24549 Navegue por aqui Selecione Page 2 of 2