Participação da Sociedade no processo de democratização do Estado brasileiro Estado para que e para quem? Ela quer ser um espaço participativo de discussão sobre os rumos do nosso país ◦ Concretamente: refletir sobre o papel do Estado na vida dos brasileiros. ◦ Realizar uma profunda e crítica análise das atuais instituições políticas e identificar o que nelas pode ser modificado ou criado de novo, para que o Estado não esteja a serviço dos interesses produtivistas e consumistas, mas esteja efetivamente a serviço do bem Comum e da dignidade das grandes maiorias nacionais. (Por Uma Reforma do Estado com participação democrática, doc. 91 da CNBB, n.110). As semanas sociais articulam as forças populares e intelectuais para debater questões sociais, políticas e econômicas relevantes e traçar perspectivas para o país, baseadas no Ensino Social da Igreja que reafirma a dignidade da pessoa humana e a promoção do bem comum. Com esta iniciativa a Igreja, movida pela fé, consciente de seu compromisso com a ação evangelizadora, fomenta a participação dos cristãos nas decisões sobre os rumos da sociedade brasileira, em vista da construção do bem comum. ◦ A experiência de fé não se dá isolada do mundo, dos problemas cotidianos, mas ela ilumina as atitudes do cristão diante destas realidades, em vista do Reino anunciado por Jesus. A Igreja na área social está “antenada” com as mudanças em curso no capitalismo mundial e é sensível às demandas dos movimentos sociais e às grandes aspirações dos povos, a começar dos mais pobres e excluídos. ◦ Ela busca a transformação da sociedade pelo viés da defesa da vida, da justiça e da solidariedade. Primeira Semana Social Brasileira foi realizada em 1991, com o tema “O mundo do trabalho, desafios e perspectivas” Segunda Semana Social Brasileira realizou-se de 1992 a 1994, trazendo como tema central “Brasil – alternativas e protagonistas”. Terceira Semana Social Brasileira de 1997 a 2000 assumiu como temática central a questão do perdão das dívidas com a proposta de resgate das dívidas sociais – justiça e solidariedade na construção de uma sociedade democrática. Quarta Semana Social Brasileira, realizada entre 2004 e 2006 com o tema “Mutirão pro um novo Brasil” Nos países ocidentais, o Estado mantém a tradição de regime democrático. Contudo sua operação a partir do modo capitalista de produção (maximização dos lucros e a acumulação de capital), faz com que o Estado, em lugar de exercer a função de juiz e de regular os interesses contraditórios, salvaguardando a defesa das camadas fragilizadas, seja tentado permanentemente a desempenhar a tarefa de privatizar os lucros e socializar as perdas. ◦ Fato notório, a título de exemplificação, é o que, por vezes, faz através dos impostos e incentivos, favorecendo em geral o crescimento a qualquer preço. Queremos um Estado a serviço das necessidades básicas da população e não movido pelo lucro e acumulação de capital ◦ Um Estado mais atento aos clamores que vem “da base”. ◦ Que procure combater a corrupção, danosa aos interesses da população. ◦ Um Estado atento ao desequilíbrio dado entre os “padrões de consumo” e as potencialidades da natureza. ◦ Um estado que tenha presente a contradição entre o crescimento econômico e o declínio social, em razão da concentração e da exclusão. ◦ Um Estado capaz de implementar políticas para socializar os bens que são produzidos (acesso a todos). ◦ Um Estado capaz de se fazer mais aberto às reivindicações por verdadeira democracia, por mais participação nas decisões do governo que dizem respeito à população. O grande desafio é substituir o privilégio de “viver bem”, em que alguns tudo podem e tudo querem porque se encontram no topo da pirâmide, pelo conceito de “bem Viver”, o qual, em lugar de inverter a pirâmide social, levará a uma relação nova com a natureza e com as coisas, com os animais e as pessoas Vivemos uma crise de dimensão civilizacional: ◦ Vemos que o nosso sistema administrativo traz seus muitos desafios e injustiças sociais; ◦ Vemos igualmente a necessidade de mudar os valores que governam nossa sociedade. Consumismo desenfreado/produtivismo. Mercantilização generalizada. Impactos ambientais das atividades econômicas. A procura de satisfação dos interesses privados em detrimento dos interesses, dos bens e dos serviços coletivos. Apesar do crescimento econômico que diminuiu a pobreza e fez crescer o consumismo, existe muito cansaço, desencanto e raiva social, gerando violências por parte “de quem não tem nada a perder, nem a esperar”, movidos pelas frustrações em meio às desigualdades sociais. Riqueza sem trabalho; Prazer sem escrúpulo; Comércio sem ética; Ciência sem humanidade; Conhecimento sem sabedoria; Política sem idealismo; Religião sem sacrifício. Economia e técnica não têm sentido, senão em função do ser humano, ao qual devem servir. Invocar a primazia do ser sobre o ter; da ética sobre a economia. A ética exige que os sistemas se adaptem às exigências do ser humano e não que o ser humano seja sacrificado em nome do sistema. O desenvolvimento é impossível sem pessoas retas, sem operadores econômicos e políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do bem comum. Queremos uma sociedade economicamente justa, socialmente igualitária, culturalmente diversificada, religiosamente plural e ambientalmente sustentável, em oposição a uma sociedade construída sobre a concentração da riqueza e do poder, sobre a concorrência violenta e o individualismo. O debate sobre o Estado quer contribuir na superação das contradições na estrutura do Estado que, por vezes, faz atestar que “falta Brasil para muitos brasileiros”. O Grito dos Excluídos quer dar ênfase: ◦ Direitos sociais: trabalho para todos, educação e saúde de qualidade, moradia, alimentação, acesso aos bens culturais (...) ◦ Estado e saúde pública ◦ Mineração X vida ◦ Drogas: sociedade adoecendo ◦ Violência social ◦ Juventude: exclusão social e violência Esperamos que os “gritos” levados neste dia 07 de setembro em Congonhas e nos encontros em preparação à 5ª Semana Social Brasileira se tornem pautas de reivindicação junto aos poderes locais, em busca de uma sociedade mais justa e de um Estado mais solidário para com todos