13º Congresso Brasileiro de Polímeros 18 e 22 de Outubro de 2015 Natal - RN - Brasil ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO DE POLIPROPILENO SOB MÚLTIPLAS EXTRUSÕES Raiza F. de Oliveira1*(IC), Erik S. Silva2(D), Adriano L. A. Mattos2,3(D), José K. M. A. Rego2(D), José H. O. Nascimento4 e Edson N. Ito5** em Engenharia de Materiais – UFRN, ²Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais – PPgCEM/UFRN, ³Embrapa Agroindústria Tropical, 4Departamento de Engenharia Têxtil – UFRN, 5Departamento de Engenharia de Materiais – DEMat/UFRN 1Graduação Endereço: Av. Sen. Salgado Filho, 3000, CEP: 59078-970, Natal-RN. e-mail: [email protected]*; [email protected]** Resumo Resultados Durante o processamento por extrusão, os polímeros são expostos a severas taxas de cisalhamento e altas temperaturas as quais causam a sua degradação termomecânica levando a uma redução de sua massa molar, podendo modificar suas propriedades mecânicas, reológicas e ópticas. O objetivo desse trabalho foi avaliar a degradação do polipropileno copolímero sob a influência de múltiplas extrusões. As caracterizações foram feitas por medidas de índice de fluidez, análise por espectrofotometria e ensaio de tração. Os resultados das medidas de índice de fluidez mostraram um aumento para os materiais reprocessados quando comparados ao copolímero virgem. A espectrofotometria confirmou a variação da cor com o aumento do número de extrusões. E os resultados do ensaio de tração indicaram que não houve mudanças significativas nas propriedades mecânicas do polímero. Introdução O polipropileno é um termoplástico semicristalino amplamente utilizado em diversas aplicações, geralmente, após a sua síntese, esse polímero passa por diferentes etapas de processamento que resultam em diversas reações que podem alterar sua estrutura e, consequentemente, suas propriedades [1]. O conjunto de reações que envolvem quebra de ligações primárias na cadeia principal ou em grupos laterais do polímero e formação de outras ligações, com consequentes mudanças da estrutura química e alteração da massa molar pode definir o conceito de degradação [2]. Mudanças nas propriedades do polipropileno podem ser originadas através de mudanças químicas no material por pós-cristalização, degradação por envelhecimento físico [3], degradação térmica pelo efeito da taxa de cisalhamento e do aquecimento viscoso durante o processo de extrusão e moldagem por injeção [2]. González-González et al. [4] estudaram a influência de múltiplas extrusões realizadas em 19 ciclos em polipropileno, variando a temperatura da matriz, observando um aumento do índice de fluidez, que segundo os autores é mais significativo para temperaturas mais elevadas da matriz. Martins e De Paoli [5] trabalharam com 13 ciclos de extrusão e também obtiveram um aumento no índice de fluidez em relação ao polipropileno virgem. Um parâmetro que pode ser um indicador de degradação é a mudança na cor como consequência de qualquer tipo de degradação. Portanto, o amarelamento do polipropileno devido aos ciclos sucessivos de reciclagem é uma indicação de degradação, tal como foi também observado para o policarbonato (PC) e para o terpolímero acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS) [6]. O objetivo desse trabalho foi avaliar a degradação do polipropileno sob a influência das múltiplas extrusões por meio das propriedades reológicas, ópticas e mecânicas. Experimental Polipropileno (PP) CP 191XP (Braskem) Extrusão (extrusora dupla rosca) Temperatura:90/105/120/130/ 140/150/160/170/180°C Rotação da rosca: 250 RPM Alimentador: 80 RPM Índice de fluidez (MFI) Temperatura:180°C Carga: 2,16 kg Figura 2 – Medidas de índice de fluidez do PP virgem e após submetidos às múltiplas extrusões. Tabela 1- Resultados obtidos na análise de espectrofotometria. Ciclo L* a* b* DE*ab PP V 69,49 ± 0,03 -0,16 ± 0,16 -0,6 ± 0,14 PP 1° 68,54 ± 0,59 -0,21 ± 0,11 0,72 ± 0,04 1,32 ± 0,10 PP 2º 69,03 ± 0,04 -0,21 ± 0,18 1,81 ± 0,08 2,47 ± 0,18 PP 3º 67,49 ± 0,07 -0,29 ± 0,10 2,69 ± 0,13 3,47 ± 0,24 PP 4º 66,98 ± 0,09 -0,38 ± 0,10 3,52 ± 0,20 4,42 ± 0,29 PP 5º 66,62 ± 0,13 -0,45 ± 0,13 4,51 ± 0,27 5,48 ± 0,35 PP 6º 65,74 ± 0,18 -0,52 ± 0,37 5,78 ± 0,35 6,99 ± 0,40 PP 7º 65,49 ± 0,20 -0,55 ± 0,47 6,44 ± 0,40 7,71 ± 0,43 PP 8º 64,93 ± 0,21 -0,58 ± 0,53 6,83 ± 0,43 8,30 ± 0,45 PP 9º 64,95 ± 0,26 -0,61 ± 0,80 7,90 ± 0,50 9,28 ± 0,51 PP 10º 64,95 ± 0,26 -0,63 ± 0,89 8,26 ± 0,53 9,62 ± 0,54 Tabela 2 – Resultados obtidos no ensaio de tração. Ciclo Resistência Módulo de Alongamento na Máxima (MPa) Elasticidade (GPa) Ruptura (%) PP V 14,79 ± 0,07 0,74 ± 0,02 5,37 ± 0,20 PP 1° 15,06 ± 0,14 0,73 ± 0,03 6,53 ± 1,38 PP 2º 15,28 ± 0,08 0,75 ± 0,01 6,17 ± 0,60 PP 3º 15,19 ± 0,39 0,75 ± 0,05 5,53 ± 1,34 PP 4º 15,45 ± 0,08 0,76 ± 0,02 5,91 ± 0,88 PP 5º 15,51 ± 0,06 0,75 ± 0,02 5,19 ± 0,43 PP 6º 15,51 ± 0,24 0,73 ± 0,02 5,60 ± 1,11 PP 7º 15,42 ± 0,07 0,75 ± 0,01 5,19 ± 0,43 PP 8º 15,51 ± 0,09 0,73 ± 0,02 5,60 ± 0,59 PP 9º 15,27 ± 0,19 0,74 ± 0,03 4,69 ± 0,55 PP 10º 15,22 ± 0,12 0,75 ± 0,01 4,65 ± 0,27 Conclusão Apesar do índice de fluidez indicar degradação por cisão de cadeia e a espectrofotometria a mudança de cor, as múltiplas extrusões não foram suficientes para promover mudanças nas propriedades mecânicas do polipropileno copolímero, tornando vantajoso o reaproveitamento desse polímero com aumento de sua vida útil. Referências Injeção Ensaio mecânico sob tração (ASTM D638) Temperatura: 190/200/210/220/230°C Temperatura do molde: 30°C Tempo de resfriamento: 45s Figura 3– Variação da cor das amostras injetadas à medida que aumenta o número de extrusões. Espectrofotometria Konica Minolta 2600d da Mathis Sistema CIELab Figura 1 – Fluxograma da metodologia utilizada no trabalho. 1. D. C. Grillo; C. A. Caceres; S. V. Canevarolo in Anais do 11º Congresso Brasileiro de Polímeros, Campos do Jordão, 2011. 2.M. A. de Paoli, Degradação e Estabilização de Polímeros. Ed.: Artliber Editora Ltda, São Paulo, 2009. 3.R. Strapasson, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2004. 4.V.A. González-González; G. N. Velázquez; J.L.A. Sánchez, Polymer Degradation and Stability, 1998, 60, 33. 5.M. H. Martins; M.A. De Paoli, Polymer Degradation and Stability, 2002, 78, 491. 6.Progress in Polymer Degradation and Stability Research, H. W. Moeller, Ed.: Nova Science Publishers, New York, 2008, 38. Agradecimentos: