Demências
Humberto Figueiredo
Assistente Hospitalar de Psiquiatria
Centro Hospitalar do Médio Tejo
Demência
• Termo clínico genérico
– Não define etiologia
– Não é uma doença, é uma síndrome
(A) Demências com comprometimento estrutural do SNC
•Doenças de Alzheimer
•Demência frontotemporal
1. Demência é a principal•Demência por corpos de Lewy
manifestação da doença:
•Degeneração corticobasal
•Doença de Creutzfeldt-Jakob
•Mistos (degenerativa e vascular)
•Doença de Parkinson
•Doença de Huntington
•Paralisia supranuclear progressiva
2. Demência pode ser a principal
•Degeneração espinocerebelar
manifestação
(freqüente
•Demência vascular (enfarte único, CADASIL,
associação):
doença de Biswanger, vasculite, arterites)
•Hidrocefalia de pressão normal
•Esclerose múltipla
•TCE
(Dem.
Pós-traumática;
hematoma
subdural crónico; síndroma do Pugilista)
3. Demência pode ocorrer em•Infecções
(D.
Creutzfldt-Jacob;
HIV,
associação a:
neurossífilis, sequelas de meningite/encefalite,
meningites crónicas, neurocisticercose…)
•Tumores cerebrais
(B) Demências sem comprometimento demonstrável do SNC
•Álcool
(encefalopatia
alcoólica,
D
de
Marchiafava-Bignani)
•Intoxicações por metais pesados (chumbo,
1. Demência provocada por
mercúrio,
alumínio,
arsénio,
bismuto),
fatores tóxicos:
monóxido de carbono, brometos, compostos
orgânicos
• Induzida por medicamentos (barbitúricos)
•Hipotiroidismo
•Hipoparatireoidismo
•Hepatopatia crónica
•Doenças da hipofise e S. renal
•Doença de Wilson
2.
Demência
associada
a
•IRC, uremia (demência dialítica)
doenças sistêmicas e alterações
•Deficiências (B12, ácido fólico, niacina
metabólicas:
(pelagra)
•DPOC
•Hipoglicemia de repetição
•Encefalopatia pós-anóxica
•Síndrome paraneoplásica
3. outros
•D. Whipple
•D. Behçet
•S. Sjogren
•Simulação
(C) Pseudodemências:
Distúrbio cognitivo
atribuído a doenças
psiquiátricas:
•Depressão (pseudodemência
depressiva)
•Esquizofrenia (hipofrontalidade)
•Síndrome de Ganser
(pseudodemência histérica)
•Intoxicação por substâncias
psicoativas (abuso e dependência de
depressores do SNC)
Definição de demência
• Síndrome
– Caracterizada por declínio cognitivo
• Comparado a nível prévio
– BPSD
– Intensidade e duração suficiente para rebate
• na vida social, ocupacional e AVDs
Sintomas base da disfunção cognitiva das
demências são a nível da:
–
–
–
–
–
Memória (recente-tardia)
Orientação (TEP)
Linguagem (anomia-afasia-mutismo)
Atenção/concentração
Funções executivas
• (início, planeamento, organização, sequenciação, abstracção e
controlo das actividades)
– Raciocínio/abstracção (pensamento abstracto)
– Julgamento/crítica
– Praxis (Apraxia: Dificuldade de organizar um acto motor
intencional; ex: comer, vestir, escrever…)
– Gnosis (Agnosia=dificuldade em interpretar uma
informação sensorial; ex: prosapognosia…)
BPSD
Geralmente definem-se 7 domínios principais nos BPSD:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Domínio da psicose (alucinações, delírios, síndromes de
identificação errónea ou falsas identificações)
Domínio do humor (depressão, desinibição, euforia, mania,
irritabilidade)
Domínio da ansiedade
Domínio psicomotor (vaguear, vocalizações repetitivas,
agitação, agressividade, violência, comportamento motor
aberrante)
Domínio neurovegetativo (sono, apetite, sexualidade)
Apatia
Reacção catastrófica
Em termos genéricos há 4 tipos de
tratamentos para as demências
1. Tratamento das causa tratáveis de demência
2. Tratamentos para os défices cognitivos das
demências
3. Tratamento dos BPSD
4. Tratamentos dos factores de risco modificáveis
que podem agravar o curso da demência (DM,
HTA, dislipidémias…)
BPSD
• Tradicionalmente:
– o declínio cognitivo era a marca essencial que
definia a demência e sua progressão
• Visão errada
BPSD
– Muito frequentes
–
–
–
–
• em 60-98% dos casos de demência
• + nas etapas tardias
presentes ao longo de toda evolução
tipo e severidade são indicadores de severidade e
progressão da demência
Controlo dos BPSD é fundamental no tratamento
A perda de memória causa menos sofrimento aos
cuidadores e doentes, do que os BPSD
BPSD
– Podem preceder o declínio cognitivo
• Ex: na DCLewy frequentemente alucinações, delírios e síndromes
de identificação errónea precedem declínio cognitivo.
– Há demências em que a parte cognitiva não é essencial
• DFT, DCL, DP, e na DA os BPSD podem dominar a apresentação
clínica
• Maioria das decisões terapêuticas sobre BPSD, não memória
• Correcção destes sintomas
•
•
pode fazer a diferença entre a continuação dos cuidados domiciliários e o internamento
ou institucionalização
tem impacto tremendo nos doentes, familiares, e sociedade
BPSD
Cronologia
Jost BC, Grossberg GT. The evolution of psychiatric symptoms in
AD: a natural history study. J A Geriat Soc 1996; 44: 1078-81
BPSD
Etiologia
• O modelo mais adequado para compreender a etiologia,
gravidade e perpetuação dos BPSD deve incorporar aspectos
– Da doença
• (biológicos) (neuropatológicos, bioquímicos e genéticos…)
–
–
–
–
Ach modula cognição, emoções, motivação e comportamento
Há aumento dos rec. a2 adrenérgicos nos DA agressivos, em estudo pós-mortem
DA com psicose têm > densidade de NFTs (2x os não psicóticos) no neocórtex (pat.frontal)
> NFTs no córtex orbitofrontal = comportamento motor aberrante, principalmente agitação
• (médicos) (delirium, dor, álcool, HE, obstipação, ITU, farmacológica…)
• (psiquiátricos ) (psicose ou depressão associada a agitação…)
– Do doente
• Psicológicos (personalidade pré-mórbida, forma como lida com stress…);
• Físicos: Défices sensoriais (quadros psicóticos…)
• Dificuldades na expressão (afasia, disartria condicionam ansiedade e revolta)
– Do meio
• factores ambientais (alterações rotinas sociais e ambientais…)
• resposta do cuidador (mudança de cuidador, relação, tolerância,
personalidade, psicopatologia…)
• actos específicos (banho, vestir…)
BPSD
Consequências
Consequências dos BPSD
• maior declínio cognitivo e funcional
• maior sobrecarga física e emocional para o cuidador
– causa frequente de absentismo, ansiedade, insónia e depressão
(“S. burnout/exaustão do cuidador”).
• perigo para próprio
– (negligência na medicação, fugas, recusa alimentar e medicação (ex:
delírio de envenenamento), destruição muscular, desidratação, IR,
suicídio na depressão e psicose, quedas, acidentes)
•
•
•
•
•
•
perigo para outros (hetero-agressividade)
perigo para bens jurídicos de relevante valor
aumento da utilização de psicofármacos
internamentos mais prolongados
institucionalização mais precoce
grandes custos para a sociedade
– 30% dos custos com a DA são atribuídos ao manejo dos BPSD
BPSD
Fenomenologia
Incidência dos delírios e alucinações
na demência
Prevalência de psicose na DA
Cerca de 50 a 60% dos
doentes com DA
desenvolvem psicose no
prazo de 3 a 4 anos
Fenomenologia dos BPSD
Psicose
• Delírios + frequentes são de conteúdo
paranóide (40%):
– roubo
– envenenamento
– infidelidade
– abandono
• (prosapognosia impede de reconhecer familiares)
– ser ameaçado ou abusado pelos cuidadores
Fenomenologia dos BPSD
Psicose
• Em cerca de 25% dos casos o tema delirante:
– é sobre a natureza do seu domicílio
• (que não estão em sua casa)
– ou relativamente as pessoas à sua volta
• (que não é realmente a esposa, a filha, etc..)
• São também comuns os delírios:
– hipocondríacos
– e a síndrome de Capgras
• Alucinações podem ser auditivas, visuais, tácteis,
olfactivas
– As visuais são mais frequentes que as auditivas
Fenomenologia dos BPSD
Psicose
• A psicose na DA pode reflectir um subtipo
comportamental caracterizado por
•
•
•
•
•
uma deterioração mais rápida da demência,
maior probabilidade de agressividade,
maior sobrecarga para o cuidador
hospitalização e institucionalização mais precoce
os que têm psicose apresentam densidade de NTFs no
córtex 2,3 vezes superior (maior gravidade histológica)
Fenomenologia dos BPSD
Agitação psicomotora
– Talvez o complexo de sintomas mais comum e mais
debilitante na DA
– Aumenta com a severidade da demência
• 30% nos estados iniciais
• 50% nas fases graves
– É relativamente persistente em cada doente
– É uma razão comum para tratamento psiquiátrico
Fenomenologia dos BPSD
Agitação psicomotora
– A nível motor manifesta-se por:
• uma actividade motora repetitiva, improdutiva, não
dirigida:
–
–
–
–
inquietação,
incapacidade de permanecer sentado
andar de um lado para o outro sem objectivo (deambular),
repetição de actos diversos (vestir e despir, retorcer as mãos,
puxar a roupa)
– Agitação verbal: verbalização pode ir desde expressões repetidas
de apreensão e medo até à incoerência sobre pressão, gritos e
pragas (Spar, 2005).
Fenomenologia dos BPSD
Agitação psicomotora
• A nível psíquico
– irritabilidade, cólera, ansiedade, medo,
– resistência ou recusa de cuidados
– Muitas vezes acompanhada de:
• diminuição da atenção e concentração
• aumento da FC, FR e TA
• crenças persecutórias e agressividade verbal e física
Agitação psicomotora
Síndroma do pôr-do-sol
– Padrão específico e frequente de agitação
– Sintomas pioram agudamente, num intervalo regular,
todos os dias, geralmente no final do dia, ao anoitecer
– (se bem que se pode verificar noutras alturas).
– Está associado quer com delirium, quer demência.
– O início recente deve fazer pensar num delirium.
– Pode estar relacionado com
•
•
•
•
Menos melatonina
Pouca/tipo de exposição à luz
Inversão dos ciclos de sono
Horário da medicação
– …entre outros factores
• Delirium
Agitação psicomotora – Etiologia
Síndroma do pôr-do-sol
• Tratamentos cronobiológicos úteis:
– Melatonina,
– Fototerapia
• exposição à luz artificial ou à luz solar nas horas matinais
• Dado o risco, AP ficam reservados para síndromes do
pôr-do-sol severos
• Se optar por AP, fazer 1 a 2 horas antes da hora em que a alteração
comportamental irá previsivelmente decorrer.
• Por exemplo pode usar-se
• 25 mg de quetiapina,
• 0,5 mg de risperidona,
• as 17 horas e antes de deitar
Fenomenologia dos BPSD
Agressividade
• Em cerca de 25% dos doentes em fases moderadas ou
severas de DA
– A frequência tende a aumentar com a severidade da
demência e pode ser relativamente persistente
• Ao contrário da agitação, não dirigida, a agressividade é
um comportamento dirigido
– (auto ou hetero-dirigido),
– na forma física (motora) ou verbal
• Pode ser:
– a agressividade verbal (explosão verbal, gritos…),
– a agressividade física (morder, bater, resistência
agressiva aos cuidados…)
Fenomenologia dos BPSD
Agressividade
• Há 2 tipos de agressividade na demência
– 1) A agressividade impulsiva
• Ocorre espontaneamente,
• Originada por factores internos e biológicos como a psicose ,
mania, depressão, e a própria demência.
– 2) A resistência agressiva
• Habitualmente desencadeada por intervenções do
cuidador
– particularmente as focadas nos cuidados pessoais.
• Essa agressividade pode decorrer
– da frustração por já não conseguir desempenhar
– ou por já não entender o propósito das mesmas
Fenomenologia dos BPSD
Depressão
• Depressão major, é relativamente rara (DA)
comparativamente à demência vascular
– (3,2% vs 21,2% na DV)
– e está associada a estados mais iniciais
• Apesar da depressão major ser rara, os sintomas
depressivos e apatia são frequentes,
– ocorrendo em 20 a 25% dos doentes com DA
• A depressão pode agravar o défice cognitivo
(pseudodemência).
Fenomenologia dos BPSD
Apatia
• Apresentam interesse, motivação ou iniciativa
diminuídos para as actividades em que estão
envolvidos
• O espectro de emoções é mais estreito, com perda
da gama completa de recursos afectivos, como o
“calor”, o humor
• À medida que a doença progride ficam sentados
todo o dia no mesmo local, fazendo pouco ou nada
• Esta constelação de sintomas é frequentemente
conhecida por sintomas negativos da demência
• Parece associada a doença mais severa
• Não respondem à medicação antidepressiva e pode
inclusive agravar com os ISRS
Fenomenologia dos BPSD
Ansiedade
• Frequente principalmente nas fases iniciais,
– onde ocorrem em 40% dos doentes
• Pode manifestar-se por :
– Medos (inespecíficos, de estar sozinho, de doenças, da
morte, da dependência...)
– Preocupação excessiva com afazeres reais ou imaginários
• (ansiedade antecipatória…agita na noite antes da consulta)
– Somatizações
– Agitação
• Podem ser incapazes de exprimir sentimentos de apreensão, de medo
• Assim, sintomas mais objectivos como a agitação ligeira podem reflectir
ansiedade e responder aos ansiolíticos habituais
BPSD
Tratamento farmacológico
BPSD - AP
• Inicialmente uso disseminado
• Actualmente restrição por EACV
Regras do uso de AP na demência:
• Ponderar a real necessidade
– Avaliar sintoma-alvo
• AP são efectivos nos sintomas psicóticos (alucinações,
delírios), agitação, agressividade, delirium
– Usar apenas nos BPSD mais severos
• Se ligeiros tentar primeiro métodos não farmacológicos
BPSD - AP
– Avaliar subtipo de demência
• Ter em consideração DCLewy antes de prescrever qualquer AP
• Demência de Parkinson usar AP com menos EPS
– Comorbilidades
• Avaliar sempre factores de risco cardiovascular
• ECG – arritmias, intervalo QTc
• Durante o tratamento ser vigilante e tratar factores de risco, para
baixar a probabilidade de EACV (FA, HTA, DM, dislipidémias)
– Alternativas terapêuticas
BPSD - AP
• Abordar com cuidadores riscos/ benefício do AP
• Começar com doses baixas
• Aumentar lentamente
– Mínimo 2 dias antes de escalar a dose
• Demenciados doses < que não demenciados
• Não fazer medicação ad eternum
•
•
•
•
•
Ver doente brevemente ou deixar contacto
Revisões frequentes
Disponibilidade para ajustes até via telefónica
Não deve exceder 2 meses sem uma revisão
Se após interrupção voltarem sintomas, reiniciar
BPSD - AP
• APt e APa são eficazes nos BPSD
• Devido ao melhor perfil de efeitos 2º preferir
atípicos, apesar da indicação off-label
• Usar os menos anticolinérgicos (cognição…)
• Ex: de quetiapina, risperidona, olanzapina
BPSD - AP
Doses dos AP nas BPSD
Medicamento Início (mg/dia)
Dose (mg)
• Haloperidol
0.5
0.5-2 id (5mg!)
• Risperidona
0.5
0.5-2 id
• Clozapina
6.25 (1/4 de cp)
10-100 id
• Olanzapina
2.5
5-10 id
• Quetiapina
25
25-150 id
A dose inicial de 0.5 mg/dia, e máxima de 2 mg/dia equivalentes de haloperidol.
BPSD guidelines
BPSD
AD
BPSD - Antidepressivos
• Os AD devem ser sempre equacionados se
• Agitação, Apatia, Distúrbio do humor
– ISRS e ADT eficazes na depressão
– ISRS melhor tolerados
– Trazodona (50-100mg) e mirtazapina (15-45 mg)
• Distúrbios do sono, agitação, agressão, impulsividade, ansiedade,
depressão
– 1 estudo trazodona com eficácia=haloperidol
– Paroxetina – efeitos anticolinérgicos
– Fluvoxamina – interacções farmacológicas
– ISRS, particularmente citalopram, escitalopram ou
sertralina, drogas de escolha na depressão no idoso
– ADT: Evitar no idoso
BPSD
BZD
BPSD – BZD
• BPSD que respondem melhor às BZD são:
– Ansiedade, tensão, irritabilidade, insónias
– Diminuem agitação na mesma extensão dos APt
• Demenciados muito sensíveis aos ef. adversos:
– Agravamento cognitivo/confusional, amnésia, paradoxal,
sedação diurna, ataxia, quedas, particularmente com as de
longa duração
• Preferir semivida curta
– (oxazepam ou lorazepam) - que não acumulam
• Lorazepam 1-2,5mg
– útil para distúrbios episódicos ou agitação que pode ser
antecipada (1-2 horas antes).
• Em períodos curtos (4 a 6 S). Depois desmame gradual.
BPSD - Buspirona
• Resultados dúbios na agitação
– Alguns estudos positivos outros sem benefícios na agitação
• Com base nos dados disponíveis não pode ser
recomendada para BPSD moderados e severos,
• Útil na gestão da ansiedade suave em pacientes
com demência em doses de 20-60 mg/dia.
BPSD - Zolpidem
• Os hipnóticos zolpidem e zopiclone são mais
seguros do que as BZD.
• Zolpidem 10 mg pode ser usado nas
perturbações do sono.
BPSD
Apatia
•
•
•
•
•
Metilfenidato 10-20mg/dia
Modafinil 100mg/dia
Bupropion 150-450 mg/dia
Amissulprida 25-50 mg/dia
IAchE
BPSD
AChEIs
BPSD - AChEIs
• Apesar de apenas autorizados sintomas
cognitivos
• Têm efeitos benéficos nos BPSD
– (instalados e diminuem seu surgimento)
– melhoram o défice colinérgico
• que acompanha a neurodegeneração, em alguns
tipos de demências
BPSD - AchEIs
• Melhorias estatisticamente significativas em 10
de 12 domínios do NPI
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
delírios,
alucinações
ansiedade
apatia
euforia
elação do humor
irritabilidade
comportamento motor aberrante
comportamento nocturno
alterações do apetite
•Estudos mostram o uso de rivastigmina na DA permite redução de
tratamento concomitante com AP e BZDs, mas não AD
Bartorelli L. Giraldi C. et al; Effects of switching from na AChEI to a dual
AChEI in AD. Current Med Res and Opinion. Vol. 21, 11, 2005, 1809-1817
Memantina
• Deve ser considerada para o controlo de BPSD
e cognição na DA
• Pode ser usado em associação com IAchE
Quando começar os antidemenciais?
• Os IAchE podem retardar a progressão da DA,
pelo que, o tratamento deve ser iniciado o
mais precocemente possível
Quando parar os antidemenciais?
• Guidelines da NICE (UK) referem:
– Não devem ser iniciados se MMSE < 12
– Interromper abaixo desse valor
• No SNS italiano
– Iniciar apenas se MMSE>14
– Parar se <10
Quando parar os antidemenciais?
• Contudo estas regras não tiveram em conta os dados da literatura
mostrando que os IAchE são clinicamente eficazes mesmo nas fases
avançadas da DA
• A decisão de parar deve ser seguida de observação pois em muitos
nota-se deterioração cognitiva e funcional.
– Muitas vezes esse declínio é rápido
• O tratamento deve ser continuado nos doentes com DA que ainda
beneficiem com eles, mesmo com MMSE < 10.
• Só devem ser parados se:
– Efeitos secundários
– Ci
– Dúvidas sobre a sua eficácia
BPSD
Avaliação e plano terapêutico
Avaliação e plano terapêutico
• Antes de medicar clarificar questões:
– Definir qual o problema a ser “tratado”
• Qual o problema apresentado
• Estamos na presença de um BPSD?
–
–
–
–
–
Delirium?
Causa médica (infecções, dor, HE…?)
Causa farmacológica?
Outra doença psiquiátrica?
Causas relacionais/ambientais?
Avaliação e plano terapêutico
– Caracterizar o “problema”
• Sua frequência, gravidade, impacto
– para doente, para cuidador
– Ex: 1 vez por semana.
» Enviusamento cognitivo. Na consulta refere: sempre agitado…
» Fazemos uma prescrição contínua quando podia ser SOS ou nem ser
necessária
» Sensato fazer calendário da agitação em que se aponta os dias e
circunstâncias em que agitou
• Em que circunstâncias/contexto surge?
– Pode mudar-se essas circunstâncias? (ambiente, forma de prestar cuidados e
interacção…)
– uma agitação psicótica aborda-se de forma diferente da agitação apenas
contextual (ex: quando se veste ou no banho…)
» Banho: música, aromaterapia, parar
– Um doente entrou num lar há pouco
» revela tristeza, ansiedade e agitação
» pode não necessitar mais que apoio e tempo
Avaliação e plano terapêutico
– Avaliar consequências do BPSD
• Aspectos de segurança (como quedas, agressões, risco
de suicídio, homicídio, desnutrição, desidratação)
• Desgaste do cuidador
• Respostas a estas questões determinam o tipo de
intervenção posterior.
BPSD
Tratamento não farmacológico
Simplificação dos comportamentos
Técnica ABC
• Tarefa complexa=agitação
– Ex: lavar os dentes
– reduzir a tarefa a subtarefas mais simples
• Fará apenas 1 delas de cada vez
• pegar na escova, apertar a embalagem da pasta,
esfregar os dentes…
• Recuperando sentimento de controlo
• e diminuindo a agressividade
Ambiente
• Um ambiente não familiar ou desestruturado
pode aumentar a confusão (Sadock, 2005).
• Diminuem agitação, ansiedade, psicose:
– Iluminação adequada
• As áreas escuras ou cinzentas são vistas como buracos
no chão ou esconderijos para estranhos.
– Restaurar visão e audição
Ambiente
– Fornecer objectos familiares (ex: fotografias)
– Não introduzir demasiadas mudanças
• Ambiente familiar
• Se necessárias devem ser graduais
• Qualquer mudança, por pequena que seja pode gerar
ansiedade, agitação e angústia.
– Não mudar de lugar os quadros, fotos, objectos
pessoais. Não são meros objectos, são pontos de
referência e orientação
Ambiente
• Tapar os espelhos
– pois ao ver a sua imagem fica confuso e assustado
– (prosapognosia).
• Evitar contenção física pois pode aumentar
agitação, confusão, e ansiedade.
– Idealmente deve haver supervisão e permissão
para deixar os doentes vaguear num ambiente
seguro, em vez da contenção física
Agitação, agressividade
• Ex: controlar agitação ao vestir
– Sr. X começou a aparecer no centro de dia com várias
equimoses nos braços.
– A esposa foi confrontada com a situação.
– Refere que ele fica agressivo quando o vai vestir e tem de fazer
muita força para o conter.
• Medidas adequadas para mudar o comportamento:
– 1. Dizer à Sra. que a carrinha espera um pouco
– 2. Que a ajudarão se necessitar
– 3. Vesti-lo por etapas. Parar quando começar a agitar. Dar
tempo. Afastar-se. Depois voltar.
– 4. Usar roupas fáceis de vestir como fatos de treino. Não
camisas (botões)...
Alterações do sono
– …regras básicas de higiene do sono…
•
•
•
•
não dormir durante o dia
ser activo dentro das suas possibilidades
cama sempre a mesma hora
…
– Avaliar número real de horas dormidas!
Tempo Médio de Sono Por Idade (horas)
Horas (média)
20
15
16
14
14
12
12
11
10
10
9
8,5
8,5
8
7
7
5
6,5
0
0 0.3 0.5 2
3
4
6
10 12 18 20 30 45 50 80
Idade
Horas (média)
(Rente, 2004)
5,5
Avanço e atraso de fase
•
Tratamento
–
–
–
–
Exposição à luz solar ou artificial no fim da
tarde
Exercício físico à tarde
Melatonina após 4 horas da manhã
Cronoterapia é pouco eficaz
Avanço na fase
Atraso na fase
18 19 20 21 22 23 24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 horas
Sono normal
Fenomenologia dos BPSD
Sono
• Problemas de sono são observados em 25-43% dos
doentes
• São dos que mais sobrecarregam prestadores
– comprometendo capacidade de lidar com doente em casa
– as alterações do sono quando associadas com agitação são
causa frequente de institucionalização
• Sono fragmentado
• Inversão do ciclo
• Avanço de fase de sono com despertar aparentemente
precoce
Tratamento não farmacológico
Ideias delirantes e alucinações
– Não confrontar nem questionar a veracidade das
afirmações
– Não levantar a voz
– Desviar a atenção do problema e distrair o doente
para outra coisa
– Nunca perder a paciência nem se ofender
Tratamento não farmacológico
Apoio aos cuidadores
•
•
•
•
•
•
•
•
É útil em todas as fases da demência
Educação para compreensão da doença
Inclui conselhos práticos para lidar com a psicopatologia
Informação e encaminhamento para os recursos
comunitários
Criação de oportunidade para exprimir emoções e receios
Avaliação da psicopatologia do cuidador
Aconselhamento face à decisão, muitas vezes dolorosa de
institucionalizar o familiar
Assistência no processo de luto
Tratamento não farmacológico
Apoio aos cuidadores
• Educação dos cuidadores associada a
– Menor taxa de depressão e ansiedade dos cuidadores
– Melhoria da forma como lidam com BPSD
– Diminuir sentimentos de culpa se por vezes perderem a
paciência com alguns comportamentos dos doentes
– Menor taxa de institucionalização dos doentes
– Melhoria da qualidade de vida
Institucionalização
• Não há um momento definido
• Dependerá sempre:
–
–
–
–
da evolução da doença
da psicopatologia
das dependências
do cuidador e sua capacidade de gerir a situação
• O domicílio será sempre a melhor opção
– a menos desestruturante,
– e que mantém o doente mais próximo da sua realidade
• O centro-de-dia deve ser a opção seguinte
• Institucionalização completa quando não há outras viáveis