INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES Internato em Pediatria Universidade Católica de Brasília Aline Vaz Camilo Coordenação: Carmem Lívia www.paulomargotto.com.br Brasília, 14 de agosto de 2015 RINOSSINUSITE • Sinusite é todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade paranasal. • Rinite (sintomas originários na cavidade nasal) e sinusite (sintomas originários dos seios paranasais) são doenças em continuidade. • A rinossinusite ocorre geralmente após uma infecção das vias aéreas superiores (IVAS) viral ou após uma inflamação alérgica . RINOSSINUSITE RINOSSINUSTES • Principais agentes: S. pneumoniae, H. Influenzae e M catarrhalis. • Diagnóstico clínico!!! • Quadro clínico: • Dor, • Febre, • Obstrução nasal e rinorréia, • Halitose e anosmia. RINOSSINUSITE •Exame físico: • Secreção purulenta, • Congestão da mucosa, • Dor à palpação. • Exames complementares: • Endoscopia nasal • Radiografia dos seios da face: NÃO REALIZAR!!! Baixa sensibilidade e especificidade. • Tomografia: útil para avaliar as complicações. RINOSSINUSITE •Tratamento • Hidratação adequada, • Umidificação do ambiente, • Evitar agentes alergenos, • Lavagem com solução salina, • Descongestionantes, cuidado com crianças menores, efeito rebote e rinite medicamentosa. Usar por no máximo três dias. *** • Descongestionantes orais + anti-histamínicos, • Spray nasal corticoesteroides: Mometasona pode ser administrada com cautela a partir dos 2 anos de idade. • Antibióticoterapia por 10 a 15 dias. RINOSSINUSITE RINOFARINGITE • Abrange quadros como o do resfriado comum e a rinite viral aguda. • Entre as IVAS é a mais comum da infância. • Causada principalmente por vírus – rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie e adenovírus. • Devido o processo inflamatório da mucosa nasal, pode ocorrer obstrução dos óstios dos seios paranasais e tubária, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária (sinusite e otite média aguda). RINOFARINGITE • Transmissão: aerossol ou pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios. •Contágio: é significativo em comunidades fechadas e semifechadas, como domicílio, creches (importante na morbidade de lactentes), escolas e outras coletividades. •Período de incubação: dois a cinco dias. •Período de contágio: desde algumas horas antes, até dois dias após o início dos sintomas. RINOFARINGITE • Quadro clínico: • dor de garganta, • coriza, • obstrução nasal, • espirros, • tosse seca, • febre de intensidade variável (podendo ser mais alta em menores de cinco anos) • Diarreia – alguns tipos de vírus. • Em lactentes • Inquietação, • Choro fácil, • Recusa alimentar, • Vômitos, • Alteração do sono, • Dificuldade respiratória por obstrução nasal – lactentes jovens. • Em crianças maiores: • Mialgia, • Calafrios RINOFARINGITE • Exame físico: • Congestão da mucosa nasal e faríngea, • hiperemia das membranas timpânicas. •Complicações • Otite média aguda • Sinusite • Fatores sugestivos de complicações: • persistência de febre além de 72 horas, • recorrência de hipertermia após este período, • prostração mais acentuada. •Infecções virais agudas são um dos fatores desencadeastes de asma aguda. •Taquipnéia, retrações ou gemência indicam a possibilidade de bronquiolite aguda, pneumonia ou laringite. RINOFARINGITE • Diagnóstico: Clínico! •Tratamento: • Repouso no período febril, hitrataçao dieta conforme aceitação e sintomáticos. • Higiene e desobstrução nasal: solução salina isotônica nas narinas, seguida de aspiração delicada das fossas nasais com aspiradores manuais apropriados. • Descongestionante nasal tópico: CUIDADO! Podem ser usados com moderação em crianças maiores, em um período máximo de cinco dias de uso (risco de rinite medicamentosa). Não apresenta segurança em crianças menores. • Antimicrobianos: não são indicados FARINGOAMIGDALIGE AGUDA ESTREPTOCÓCICA • Infecção aguda da orofaringe, na maioria das vezes, produzida por um estreptococo betahemolítico Streptococcus pyogenes do grupo A • Mais comum em crianças após os cinco anos de vida, mas pode ocorrer em menores de três anos. • Período de incubação: dois a cinco dias. • Contágio: contato direto com o doente, por secreções respiratórias. FARINGOAMIGDALIGE AGUDA ESTREPTOCÓCICA • Pode desencadear reações tardias como Febre Reumática e Glomerulonefrite Difusa Aguda. • Quadro clínico: • febre alta, • dor de garganta, • prostração, • cefaléia, • calafrios, • vômitos, • dor abdominal •Exame físico: • Congestão intensa e aumento de amígdalas, com presença de exsudato purulento, • petéquias no palato, • adenite cervical bilateral. FARINGOAMIGDALIGE AGUDA ESTREPTOCÓCICA • Diagnóstico: exame laboratorial de esfregaço da orofaringe. • Diagnóstico presuntivo: congestão faríngea, aumento significativo do volume amigdaliano (com ou sem exsudato), linfonodomegalia cervical dolorosa e ausência de coriza. • Tratamento geral: • Repouso no período febril e sintomáticos, • Estimular ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios ou gelados, • Irrigação da faringe com solução salina isotônica morna. FARINGOAMIGDALIGE AGUDA ESTREPTOCÓCICA • Tratamento específico: • Os antibióticos de primeira escolha são a penicilina G ou a amoxicilina!!! • Fenoximetilpenicilina (Penicilina V Oral) Doses: <27 kg: 400.000 U (250 mg), 8/8 horas, por 10 dias. >27 kg: 800.000 U (500 mg), 8/8 horas, por 10 dias. • Penicilina G benzatina: garante o tratamento em casos de suspeita de má adesão ao tratamento. Doses: <27kg: 600.000 U, IM, dose única. >27kg: 1.200.000 U, IM, dose única. • Amoxicilina: 40-50 mg/kg/dia, VO, 8/8 horas ou 12/12 horas, por 10 dias. • Eritromicina (alérgicos a penicilina): 2040mg/kg/dia, em 2-3 tomadas por dia, por 10 dias. • Cefalexina: dose: 30mg/kg/dia, 8/8h, por 10 dias. OTITE • Processo de natureza inflamatória, infecciosa ou não que ocupa focal ou generalizadamente a fenda auditiva. • A incidência de otite média durante o ano acompanha a de infecção viral das vias aéreas superiores (IVAS), ou seja, é maior nos meses de inverno. • O pico de incidência de OMA: entre 6 e 11 meses de idade; com um segundo pico entre 4 e 5 anos de idade. OTITE • Otite média aguda: • uma infecção aguda no ouvido médio com início rápido dos sinais e sintomas. •Otite média recorrente: • Três episódios de otite média aguda em seis meses ou quatro episódios em doze meses. •Otite média secretora: • É uma inflamação da orelha média em que há uma coleção líquida no seu espaço e a membrana timpânica está intacta. •Secreção ou efusão da orelha média: • É o líquido resultante da otite média. Essa secreção pode ser serosa (fina e líquida), mucóide (espessa e viscosa) ou purulenta (secreção purulenta). Essa efusão pode resultar de uma otite média aguda ou de uma otite média secretora. OTITE • A otite média é resultado da interação de múltiplos fatores de risco como os seguintes: • • • • • • • • • • infecção (viral ou bacteriana); fatores anatômicos (disfunção da tuba auditiva, fenda palatina e fenda palatina submucosa); imaturidade e deficiência imunológica; alergia; hospedeiro (idade, predisposição familiar, amamentaçao, sexo e raça); fatores ambientais e sociais (creche, fumante passivo); estação do ano; hipertrofia e infecções das adenóides; refluxo gastresofágico; chupeta. OTITE • Principais agentes: Streptococcus pneumoniae, Haemophillus influenzae e Moraxella catarrhalis. • Quadro clínico: • Avaliar fatores como: a posição em que é oferecida a mamadeira, a exposição à fumaça de cigarro, irmãos com história de otite média recorrente, creche, etc. • Obstrução nasal ou anomalias craniofaciais que afetam a orelha média (fenda palatina, fenda palatina submucosa e Síndrome de Down). • Patologias do nariz como pólipos, desvio de septo e tumores de rinofaringe podem estar associados à otite média. OTITE • Otite média aguda: • febre, • irritabilidade, cefaléia, anorexia, vômitos e diarréia. • Otalgia • otorréia pode ocorrer em otite média aguda supurada ou em crianças com perfuração ou tubo de ventilação. OTITE • Otite média secretora • Pouco sintomática, • A queixa principal da criança maior é a diminuição da audição ou uma sensação de “orelha entupida”, raramente acompanhados de tontura. OTITE • Otoscopia: • Na otite média aguda, a membrana timpânica está abaulada, hiperemiada, opaca, com aumento da vascularização, OTITE • Otoscopia: •Na otite média secretora: MT com protusão do cabo do martelo, de coloração azulada ou amarelada e com mobilidade diminuída. A visualização de nível hidroaéreo, ou bolhas de ar através da membrana timpânica, indica resolução da otite média secretora, pois revela permeabilidade da tuba auditiva. •Nos casos de otite média secretora persistente podemos encontrar atelectasia da membrana com retração importante. OTITE • Exames audiométricos: avaliação auditiva na otite média secretora. • A impedanciometria avalia o grau de resistência da membrana timpânica. Confirma a presença de secreção na orelha média ou a existência de pressão negativa na otite média secretora. •A miringotomia pode ser necessária para o diagnóstico etiológico naqueles casos de otite média aguda refratária ao tratamento com os antimicrobianos usuais. ADENÓIDE • Compostos de tecido linfoide • Formam o aspecto posterior do anel de Waldeyer. • A hipertrofia e a infecção coexistem. Como consequência há obstrução das trompas de Eustáquio, a secreção nasal não é drenada adequadamente e a passagem do ar pelo nariz é dificultada. ADENÓIDE •Quadro clínico: • • • • Respiração bucal, principalmente em posição supina, Rinite crônica, Diminuição do paladar e do olfato, Roncos, •Faces adenoideanas •Risco aumentado para otite média crônica e sinusite de repetição. ADENÓIDE • Drenagem de material purulento das adenóides para a porção inferior da faringe é causa de tosse noturna. • Apnéia obstrutiva do sono. •Diagnóstico: Nasofaringoscipia e radiografia do cavum. • Tratamento: Adenoidectomia. OBRIGADA! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SADY SELAIMEN DA COSTA (Org.). Guideline IVAS. Aborlccf, Brasília, v. 1, n. 1, p.1-196, 2003. 2. PITREZ, Paulo M.c.; PITREZ, José L.b.. Infecções agudas das vias aéreas superiores – diagnóstico e tratamento ambulatorial. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 1, n. 79, p.77-86, 2003. 3. PEREIRA, Maria Beatriz Rotta; RAMOS, Berenice Dias. Otite média aguda e secretora. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 1, n. 74, p.21-30, j1998. 4. EJZENBERGE,B. A conduta frente ao paciente com faringite aguda. J Pediatr (Rio J). 2005;81:1-2.