MICROBIOTA DA ORELHA DE CÃES SEM OTITE DA REGIÃO DE CURITIBA/PR Lucas Lubasinski Daniel IC Voluntária Prof. Luiz Felipe Caron; Isabela Dall’Agnol Canto A otite externa é uma doença inflamatória que acomete o meato acústico externo de forma crônica ou aguda, sendo motivo de 4 a 20 % dos atendimentos veterinários segundo estudos. Sua causa é multifatorial, dependente de fatores predisponentes, que alteram o microambiente do meato, favorecendo a otite; fatores primários, os quais causam a otite e nem sempre podem ser solucionados; e fatores perpetuantes, que exacerbam e mantém o processo inflamatório local, caso das infecções bacterianas. Este estudo teve como objetivo identificar as bactérias presentes no meato acústico externo de cães sem sinais clínicos de otite externa, observando se permanecem as mesmas durante a otite, por meio da comparação com trabalhos já publicados sobre o assunto. Foram coletadas 25 amostras do meato acústico de cães sem sinais de otite por meio de swabs estéreis, no Hospital Veterinário UFPR, clínicas e propriedades particulares em Curitiba, as amostras foram semeadas em meio de cultura, incubados em estufa bacteriológica por 24-48 horas a 37ºC, as colônias foram isoladas e analisadas realizando testes bioquímicos. Merchant, S. R. Microbiology of the ear of the dog and cat. In: Gotthelf, L. N. Small animal ear diseases: An illustrated guide, 2. Ed. St. Louis: Elsevier. 2005. p. 187 – 201. Radlinski, M. G., Mason, D. E. Diseases of the ear. In: Ettinger, S. J., Feldman, E. C. Textbook of veterinary internal medicine Vol 1 7 Ed. St. Louis: Elsevier. 2010. Medleau, L., Hnilica, K. A. Doenças das pálpebras, unhas, saco anal e conduto auditivo. In: __. Dermatologia de pequenos animais. 1. Ed. Roca. 2003. Foram coletadas amostras de cães com idade variando entre 4 meses e 12 anos, sendo 16 fêmeas (64%) e 9 machos (36%), das raças SRD, Yorkshire, Pastor Belga, Pinscher, Golden Retriever, Spitz Alemão, Pastor Alemão, Shih-Tzu e Cocker. 32 colônias bacterianas de 7 diferentes grupos foram isoladas de 17 (68%) amostras, sendo 12 (48%) das amostras com crescimento de múltiplos isolados 8 (32%) sem crescimento bacteriano, somando 32 isolados bacterianos. Bacilos Gram Negativos (Enterobacteriaceae e Pseudomonas sp.) foram a bactéria mais observada (25%), seguida de Staphylococcus Coagulase Negativos (21,9%), Staphylococcus aureus (15,6%), Micrococcus sp. e Corynebacterium sp. (12,5% cada), Streptococcus sp. (9,4%) e Bacillus sp. (3,1%). Em estudos semelhantes realizados anteriormente, Staphylococcus foi o gênero predominante (variando as porcentagens de SCN e SCP) seguido pelos bacilos gram positivos e mais raramente bacilos gram negativos, além disso, os mesmos gêneros foram isolados de animais que apresentavam otite externa. Colônias bacterianas isoladas em Ágar Chocolate Provas bioquímicas realizadas em tubos de ensaio Os resultados sugerem que as infecções bacterianas presentes nas otites externas caninas são bactérias comensais do meato acústico externo, que são afetadas por mudanças no seu microambiente devido à outros fatores, inerentes ao animal ou seu manejo, e se proliferam causando infecções oportunistas. O aumento no índice de isolados de bacilos gram negativos pode ser atribuído à pequena amostra utilizada, ou a fatores regionais.