Ensino Médio
3ª Série.
Geografia.
Tão polêmico quanto grandioso, leilão de Libra é
crucial para Petrobras.
O leilão do campo super-gigante (volumes recuperáveis
acima de 5 bilhões de barris de óleo) de Libra reveste-se de
importância fundamental para o Brasil.
Trata-se de uma vitrine internacional de sua política de
Estado, de sua organização, de sua tecnologia, de suas
instituições, de seu incentivo ao investimento produtivo e de
seu compromisso com o conceito de competitividade
gerando avanço industrial e social.
De maneira inédita no mundo, um campo de óleo desta magnitude é
colocado em leilão para a iniciativa privada.
Resguardando o interesse nacional, a Petrobrás capitaneará um seleto
grupo de investidores que bancarão um pequeno risco geológico inicial
na fase de exploração e um enorme fluxo de caixa negativo em um
período de seis a dez anos.
Entretanto, este risco e exposição financeira serão compensados com a
produção plena de um volume imenso de petróleo ao longo de cerca de
25 anos, quando a produção poderá alcançar 1,4 milhão de barris por
dia e o volume final recuperado será algo entre 8 e 12 bilhões de barris.
Tecnologicamente, a Petrobrás é a empresa mais bem
preparada no mundo para ser a operadora líder no pré-sal.
Mas, se é tão bom assim, porque algumas grandes
petrolíferas não participarão do leilão? Jamais saberemos
com certeza. Provavelmente, uma mistura de estratégias
corporativas, políticas de investimentos e orgulho.
Podemos sofismar também que os sinais negativos emitidos
pelo governo brasileiro na interferência danosa exercida
sobre o controle de preços da Petrobrás pode ter criado um
clima de insegurança econômica para o empreendimento,
que terá uma outra estatal com poder de influenciar o seu
destino.
Um aspecto, entretanto, é certo. Não foi o potencial geológico de Libra
que os afastou.
Uma estrutura com 500 km² de área, com um poço nela perfurado que
demonstrou a existência de 327m de reservatórios porosos com óleo
de 270 API, que já produziram óleo em testes de formação, e
circundado por outros campos super-gigantes é o sonho de consumo
de qualquer empresa petrolífera.
Portanto, caberá ao Estado brasileiro, uma vez assinado o contrato com
o consórcio vencedor, cuidar para que a segurança jurídica, contratual
e econômica do País pelas próximas décadas só cause arrependimento
naqueles que deixaram de participar. Neste aspecto, a escolha de
executivos com forte perfil técnico, com experiência na Petrobrás e na
iniciativa privada para a diretoria da pré-sal, em vez de políticos, foi
um sinal extremamente positivo para a indústria petrolífera.
O consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total,
CNPC e CNOOC arrematou nesta segunda-feira (21) o
campo de Libra e foi o vencedor do primeiro leilão do présal sob o regime de partilha – em que parte do petróleo
extraído fica com a União.
Único a apresentar proposta, contrariando previsões do
governo, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do
excedente em óleo extraído do campo – percentual mínimo
fixado pelo governo no edital.
Nesse leilão, vencia quem oferecesse ao governo a maior
fatia de óleo – o regime se chama partilha porque as
empresas repartem a produção com a União.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster; a diretora-geral da ANP,
Magda Chambriand; e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, sobem ao palco ao lado de representantes das
empresas que integram o consórcio vencedor .
O consórcio vencedor também terá que pagar à União um bônus de
assinatura do contrato de concessão no valor de R$ 15 bilhões.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo(ANP), esse valor deve ser
pago de uma vez.
O pagamento tem que estar depositado para que o contrato seja
assinado – o que a Magda Chambriard, diretora geral da agência,
previu que aconteça em cerca de 30 dias. A Petrobras deverá arcar com
40% desse pagamento.
A Petrobras terá a maior participação no consórcio vencedor, de 40%.
Isso porque, embora a proposta aponte uma fatia de 10% para a estatal,
a empresa tem direito, pelas regras do edital, a outros 30%. A francesa
Total e a Shell terão, cada uma, 20%. Já as chinesas CNPC e CNOOC
terão 10% cada.
Apesar da proposta única, o ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, e a diretora-geral da ANP, Magda
Chambriard, adotaram um discurso otimista nas respostas
aos jornalistas que os questionaram sobre o resultado do
leilão, diferente da previsão do governo.
“O que aconteceu foi um sucesso absoluto, onde Libra vai ter
resultado da ordem de trilhão de reais ao longo de 35 anos
[para o governo]. Ninguém pode ficar triste com isso”, disse
Chambriard. "Houve competição e o resultado não poderia
ter sido melhor".
A diretora-geral da ANP apontou que as empresas que
formam o consórcio estão entre as maiores do setor de
energia no mundo.
Ela disse ainda que, somados os ganhos com o bônus de
assinatura, a partilha do óleo, o retorno da participação na
Petrobras e o pagamento de royalties pelas concessionárias,
entre outros, a União deve ficar com o equivalente a cerca
de 80% do óleo extraído de Libra.
Sobre a desistência de grandes petroleiras do leilão, Magda
disse que a BP procurou a ANP e mostrou interesse em
participar da exploração do campo de Libra, mas a empresa
ficou com receio devido aos prejuízos que teve com o
desastre ambiental no Golfo do México.
Analistas ouvidos pelo G1 afirmam que a entrada das
empresas Total e Shell no consórcio vencedor surpreendeu.
Isso porque o regime de partilha é visto por eles como
desvantajoso para as empresas participantes.
“Já era esperado que teria só um consórcio e que a Petrobras
entraria. Eu acho que a única surpresa é a Shell e a Total
terem entrado, porque num primeiro momento as pessoas
achavam que elas não entrariam”, disse o ex-presidente da
Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, também
disse, em entrevista à Globonews, ter ficado surpreso com a entrada
das duas empresas no consórcio. Ele também avaliou que o fato de ter
apenas uma proposta é ruim para o Brasil.
"Era esperado o passe mínimo. Quando não tem concorrente, você dá
uma oferta mínima, porque teria a certeza que não haveria concorrente,
o que é ruim para o país. Se tivesse concorrente, teria um excedente
para a união maior do que 41,65%".
Outro fato que surpreendeu no resultado do leilão foi a pequena
participação das estatais chinesas. CNPC e CNOOC terão 10% do
consórcio cada. Analistas do setor acreditavam que as empresas
asiáticas liderariam a rodada, devido à grande necessidade de petróleo
na China, que é um dos maiores consumidores mundiais.
A exploração do campo de Libra, leiloado nesta segundafeira, deve dobrar as reservas nacionais de petróleo, de
acordo com a ANP.
A agência estima que o volume de óleo recuperável na
exploração de Libra seja de 8 bilhões a 12 bilhões de barris
– as reservas nacionais são hoje de 15,3 bilhões de barris.
As reservas de gás somam atualmente 459,3 bilhões de
metros cúbicos e também devem duplicar com Libra.
Mapa mostra áreas do pré-sal (Foto: Editoria de Arte/G1)
O campo de Libra fica na chamada Bacia de Santos, a cerca de 170
quilômetros do litoral do estado do Rio de Janeiro.
A sua área é de cerca de 1.500 quilômetros quadrados. De acordo com
o governo, é a maior área para exploração de petróleo do mundo.
A estimativa é que Libra chegue a produzir 1,4 milhão de barris por
dia, quase cinco vezes a produção do campo de Marlim Sul, que hoje
ocupa a liderança no Brasil com 284 mil barris diários.
Segundo a ANP, o maior campo do mundo, de Ghawar Field, na
Arábia Saudita, tem de 75 bilhões a 83 bilhões de barris recuperáveis
e produção média diária de 5 milhões de barris.
O óleo presente no campo de Libra é do tipo leve, que tem
maior valor de mercado.
A ANP estima que, entre 2013 e 2016, sejam investidos cerca
de R$ 400 bilhões no setor de petróleo e gás no país – boa
parte desse valor vai ser demandada pela exploração de
Libra, com a compra de bens e serviços.
Segundo especialistas, o início da produção pode levar de 5 a
10 anos, a depender da geologia do local e dos investimentos
feitos pela empresa vencedora. O pico da produção pode
levar 15 anos para ser atingido.
Sobre o modelo de partilha, o presidente da Shell do Brasil, André
Araujo, disse que já conhece as condições do contrato há bastante
tempo e não é uma surpresa que vem hoje para eles.
"Com a experiência que nós temos em exploração de águas profundas
a gente via poder contribuir com esse consórcio e a gente sabe que é
do interesse de todo mundo que faz parte desee consórcio que ele seja
bem sucedido".
Ele não quis comentar a estratégia do consórcio." Eu estou muito
satisfeito porque ele se compõe da empresa líder em exploração em
águas profundas. Estamos satisfeitos porque a Petrobras teve 10% e
mostra o interessa da Petrobras dentro do projeto.
Nós temos outras companhias que têm experiência internacional em
exploração de águas profundas e isso faz com que o consórcio tenha
um bom desenho".
O leilão, realizado no hotel Windsor, no Rio de Janeiro, foi
marcado ainda pelos protestos do lado de fora e que
deixaram pelo menos cinco pessoas feridas. Para conter os
manifestantes, homens da Força Nacional de Segurança
usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não houve
deslizes na atuação das forças de segurança. "Foi tudo muito
bem feito. Eu acho que mostrou um padrão de excelência na
segurança do evento tão importante na história do país."
Download

Apresentação do PowerPoint