FORMAÇÃO PERMANENTE – Diocese de Leopoldina
Seminário da Floresta – Juiz de Fora- MG
25-27 de Maio de 2015
A pastoral presbiteral e a fidelidade
no ministério
"Corramos com perseverança com os
olhos fixos em Jesus" (Hb 12, 1-2).
Pe. Jésus Benedito dos Santos ([email protected])
Conta-se que certa vez um porco foi se queixar
com à vaca e dizia: “Eu dou minha
carne,
minha banha, meus ossos e ninguém gosta
de mim,
não sou valorizado, enquanto você,
vaca, dá apenas leite e é muito respeitada e
valorizada”. Disse
a
vaca:
“Talvez
seja
porque eu dou um pouco de mim, todos os
dias, enquanto você só é lembrado depois de
morto”.
O papa Francisco tem se mostrado um papa missionário. Ele
mesmo já declarou, reiteradas
vezes, que é preciso que os
padres saiam de sua zona de
conforto e busquem o contato
com a “face de Cristo”, que
não está nos palácios ou nos
poderosos, mas principalmente
nos rincões, nos pobres.
Sem
a
misericórdia,
temos
hoje
poucas
possibilidades de nos inserir em um mundo de
‘feridos’, que têm necessidade de compreensão,
de perdão, de amor - (EG 139- 141)
“Vejo com clareza que aquilo de que a Igreja
mais precisa hoje é a capacidade de curar as
feridas e de aquecer o coração dos fieis, a
proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de
campanha depois de uma batalha. É inútil
perguntar a um ferido grave se tem o colesterol
ou o nível de açúcar altos. Primeiro, deve-se
cura as feridas. Depois podemos no ocupar com
o restante”(Em entrevista à Revista Civiltà
Cattolica).
Para quantos estão feridos por antigas divisões, resulta
difícil
aceitar
que
os
exortemos
ao
perdão
e
à
reconciliação, porque pensam que ignoramos a sua dor ou
pretendemos fazer-lhes perder a memória e os ideais.
Mas,
se
virem
o
testemunho
de
comunidades
autenticamente fraternas e reconciliadas, isso é sempre
uma luz que atrai. Por isso me dói muito comprovar como
nalgumas comunidades cristãs, e mesmo entre pessoas
consagradas, se dá espaço a várias formas de ódio,
divisão, calúnia, difamação, vingança, ciúme, a desejos de
impor
as
próprias
ideias
a
todo
o
custo,
e
até
perseguições que parecem uma implacável caça às
bruxas.
Quem
queremos
comportamentos? (EG 100)
evangelizar
com
estes
Uma Igreja “em saída”
A alegria do Evangelho é para todo o povo,
não se pode excluir ninguém (EG 23).
A igreja “em saída” é a comunidade de
discípulos missionário que “primeireiam”
(tomar a iniciativa), que se envolvem, que
acompanham, que frutificam e festejam –
Convidam os excluídos – tem “cheiro de
ovelha(EG 24)
Há muitos católicos não evangelizados que não fizeram a experiência
pessoal com Jesus Cristo, têm fraca identidade cristã e pouca pertença
eclesial. O Documento de Aparecida reconheceu que muitos católicos que
deixaram as comunidades e procuram outras denominações religiosas não
querem deixar a Igreja; na realidade, buscam verdadeiramente Deus (Dap
225 – CNBB, 100, 317)
O Papa Francisco disse, em seu discurso no
14 de outubro de 2013: “É necessário o
oxigênio do Evangelho, do sopro do Espírito
de Cristo Ressuscitado, que volta a acendêla nos corações. A Igreja é a casa cujas
portas estão sempre abertas, não somente
para que cada um possa encontrar
acolhimento no seu interior e aí respirar o
amor e a esperança, mas também a fim de
que possamos sair para levar este amor e
esta esperança. O Espírito Santo nos
impele para sairmos do nosso espaço e nos
orienta até às periferias da humanidade”.
A missão deve ser acompanhada da
alegria. Podemos dizer que a alegria
pertence à pedagogia da missão.
“... que o mundo do nosso tempo, que
procura ora na angústia ora com
esperança, possa receber a Boa Nova
dos lábios, não de evangelizadores
tristes e descoroçoados, impacientes ou
ansiosos, mas sim de ministros do
Evangelho cuja vida irradie fervor, pois
foram quem recebeu primeiro em si a
alegria de Cristo”. (EG 10)
Relações humanizadas
“Todavia,
quando
nestas
duas
relações, quer com o Bispo quer com
o presbítero, entra a diplomacia, não
tem o Espírito do Senhor, porque
falta
o
espírito
de
liberdade”
(Encontro com bispos, presbíteros e
seminaristas, em Caserta, Itália, 2607-2014) - Papa Francisco).
Resplandecer a face de Cristo
“Do meio das trevas brilhe a luz. Foi Ele
mesmo que reluziu em nossos corações,
para fazer brilhar o conhecimento da
glória de Deus, que resplandece na face
de Cristo” (2Cor 4,6)
Três pontos ajudam a
compreender as
dificuldades e o
empenho do Papa
Francisco em renovar
a Igreja.
Primeiro: Ser Igreja não só para si, mas o mundo. Este
desafio não aparece de saída. Mas é a missão
fundamental deixada por Jesus (Mt 28, 16-20) e que
traz muitas consequências. O papa precisa falar para
dentro e para fora da igreja; e claro, com o mesmo
Espírito, mas por linguagens diferentes. O papa
acompanha o que se passa no mundo. Mostra
solidariedade com os que sofrem, sem olhar suas
crenças; dialoga com governantes; interage na mídia
ate com pessoas críticas e descrentes. Para dentro diz
que a igreja não pode ser uma ONG fechada, mas ser
comunidade que vive em missão e contribuir com a
dignidade e justiça solidária no mundo.
Segundo: Ser Igreja com o poder de Jesus.
Mas o poder de Jesus não é impor nem
acumular prestígio para dominar (Mc 10 3545), mas serviço para o bem da
humanidade. O papa mostrou isto com a
cerimônia do lava-pés fora do Vaticano, com
presidiário em 2013.Para se reunir com o
presidente da Itália, foi com seu carro
simples, se escolta; não se mostrou como
chefe de Estado. Dentro da Igreja nem todos
gostam disto, muitos gostam dos privilégios.
Terceiro: Ser Igreja participativa. Este é outro
desafio enorme, de solução difícil, mas que
toca nas estruturas das organização da Igreja. A
necessidade de diferentes serviços na Igreja
acabou gerando privilégios que dificultam a
participação. Jesus alertou: “Um só e vosso
mestre, e vós todos sois irmãos” (Mt 23, 1-12).
O papa Francisco renova com formas mais
participativas em suas próprias decisões. Criou
o conselho de cardeais, convocou o sínodo da
Família para 2014, escreveu a primeira
exortação apostólica “A alegria do Evangelho”.
O
Papa
Francisco
catalisa
um
sonho
de
renovação da Igreja: Profeticamente ele aponta
para a miséria de uma Igreja fechada sobre si
mesma, “autorreferencial”, e a necessidade de
“sair para as ruas”. Acena para um perfil de um
novo
papa:
“um
homem
que,
desde
a
contemplação e a adoração de Jesus Cristo,
ajude a Igreja a sair de si em direção às
periferias existenciais; que ajude a Igreja ser
fecunda, que vive a doce e confortadora alegria
de evangelizar” (EG 9-10)
Acredito que o grande acerto do
novo estilo papal, com sua clara
opção de orientar a Igreja por estes
caminhos, reside justamente em ter
assumido a evidência eclesiológica
de que seu ofício é pastoral. Ao
pastor cabe organizar a Igreja,
fomentar a prática e procurar
orientá-la para o serviço da missão.
“Eu sou uma missão nesta
terra, e para isso estou neste
mundo. É preciso
considerarmo-nos como que
marcados a fogo por esta
missão de iluminar, abençoar,
vivificar, levantar, curar,
libertar” (EG 273).
Papa Francisco e a Igreja no Brasil
A Igreja no Brasil, com o Concílio Vaticano II, recebeu um
novo impulso. As conferências episcopais tornaram-se
decisivas para a ação evangelizadora. A convite de João
XXIII, os bispos brasileiros apresentaram o seu primeiro
plano pastoral e, “desde daquele início, cresceu uma
verdadeira tradição pastoral no Brasil, que fez com que a
Igreja não fosse um transatlântico à deriva, mas tivesse
sempre uma bússola” (Papa Francisco, encontro com o
episcopado brasileiro – JMJ).
De forma especial, a Exortação Apostólica Evangelli Gaudium propõe a revisão da
situação atual da paróquia que, apesar dos ventos contrários, ‘não é um estrutura
caduca, precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas
muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da
comunidade (CNBB, 100, 2). Cont
Download

Pastoral presbiteral-motivação