Sepse Neonatal AVANÇOS Paulo R. Margotto Prof. Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul www.paulomargotto.com.br, [email protected] II Congresso Paraibano de Saúde Materno-Infantil(Campina Grande 28 a 2 de junho de 2012) Uso Racional de Antibióticos Objetivo: evitar esta situação! Quando usar? Quando suspender o antibiótico? Uso Racional de Antibióticos Objetivo: evitar esta situação Frankenbusch K et al, 2006 Sepse Neonatal Análise de fatores de riscos na introdução de antibióticos Consultem: VII Congresso Paraibano de Pediatria, João Pessoa, PB (13 a 15/9/2012): Uso Racional de Antibióticos (UTI Neonatal)-Avanços Autor(es): Paulo R. Margotto SEPSE: hemocultura positiva + resposta inflamatória sistêmica e SEPSE NEONATAL?:falta consenso! Ohlin, 2011: What is neonatal sepsis? Precoce* até 3 dias de vida →Relaciona-se a fatores da gestação e parto 85% nas primeiras 24h 5% entre 24-48h 10 % > 48h Tardia * Após 3 dias de vida → Relaciona-se a fatores ambientais Principais fatores de risco: -cateter vascular central (RR:3,81; IC a 85%: 2,32-6,25) -nutrição parenteral (RR: 5,72; IC a 95%: 3,49-9,49) Vieira M Sohn,2001 NICHD;VON* Polin, 2012 SEPSE NEONATAL SEPSE LIKE Erros inatos do metabolismo Desconforto respiratório/apnéia/Hipotonia Sucção débil, Vômitos,Diarréia e desidratação Letargia /coma/Convulsões/hipoglicemia Coartação da Aorta Este diagnóstico deve ser considerado para todos os recém-nascidos que apresentam com acidose, insuficiência cardíaca congestiva, deficiente perfusão ou choque, falência de múltiplos órgãos e condição que se assemelha a sepse, apesar pressão sanguínea normal e fortes pulsos femorais Tokel et al (2002) / Cardoso (2012) SEPSE NEONATAL Apresentação Clínica: Multissistêmica e Inespecífica Hipo ou Hipertermia Hiperglicemia e hipoglicemia Apnéia, bradipnéia, gemência, taquidispnéia Palidez, cianose, pele marmórea, enchimento capilar lentificado (> 3 seg) Icterícia idiopática Hiperglicemia e hipoglicemia Taquicardia, bradicardia, hipotensão Vômitos, resíduos gástricos, distensão abdominal. Hemorragias (CIVD) Vieira M SEPSE NEONATAL Sepse Precoce: até 3 dias de vida Streptococcus do grupo ß Enterobactérias gram-negativas (origem materna) - E. coli - Klebsiella sp - Enterobacter 100 a 200 mg/Kg/dia 12/12 h 2,5-5 mg/Kg/dia -1 X/dia + Ampicilina Gentamicina Punção lombar:hemocultura negativa, curso clínico e exames laboratoriais fortemente sugerem sepse e piora com a antibioticoterapia A probabilidade de meningite é extremamente baixa na sepse suspeita Vieira M,2006 , Polin, 2012 SEPSE NEONATAL Streptococcus do Grupo B(GBS) Agente mais importante na pneumonia neonatal mortalidade está entre 20-30% 15-30% de seqüelas neurológicas nos sobreviventes que apresentaram meningite. Fatores de risco mãe colonizada:>25 x risco infecção neonatal prematuridade (<37 semanas) corioamnionite,febre intraparto (>=38 oC, rotura prematura de membranas ≥18 horas RN anterior afetado Com esforço da prevenção:1,7/1000 (anos 90) para 0,340,37/1000! MÃES COLONIZADAS:10-30% (VAGINA OU RETO) MMWR,Nov 19/2010/vol 59/No. RR-10 SEPSE NEONATAL Streptococcus do Grupo B(GBS) Aquisição vertical: GBS LA após início do TP ou rotura membranas (pode ocorrer com membranas intactas) pulmão fetal bacteremia Exposição ao GBS no canal de parto A CESARIANA NÃO PREVINE (os dados são limitados) rastreamento universal de todas as gestantes entre 35 – 37 semanas para GBS Profilaxia intraparto com Penicilina G nas gestantes com GBS + ou na ausência de cultura, se fatores de risco presentes MMWR,Nov 19/2010/vol 59/No. RR-10 Consultem Amorim M SEPSE NEONATAL Streptococcus do Grupo B(GBS) Pneumonia intrauterina Diagnostico Diferencial: Doença da Membrana Hialina - - Rx de Tórax: mesmo padrão Hipotensão Drogas inotrópicas e vasoativas Acidose metabólica Resposta ruim ao surfactante História materna: RPM, febre materna Leucograma alterado: leucopenia Neutropenia total (87% dos caso) I/T (91% dos casos) Imaturos (só em 42%) PCR: (24-48hs após) SUGESTIVO DE PNEUMONIA INTRA-UTERINA Manroe,1977 SEPSE NEONATAL Streptococcus do Grupo B(GBS) RN A TERMO! (1200 casos/ano:70% RN a termo!) 21/3/2012-RN 38sem6d;8/9 Apgar; 3475g;leve DR Alojam Conjunto -Com 8 hs de vida: apnéia, cianose, má perfusão-Quadro de choque séptico Leucograma: TN:8628;I:2544 ;I/T:0,3 -CPAP/ tratamento para o choque/Ampicilina+Gentamicina 2 dias:ar ambiente Hemocultura: Streptococcus agalactiae Risco de morte (pré-termo):7.7; 95% CI, 4.9-12.3]). MMWR,Nov 19/2010/vol 59/No. RR-10 SEPSE NEONATAL Ampicilina ou penicilina + gentamicina? Metsva et al, 2010 Qual deveria ser usado? depende da sensibilidade SEPSE NEONATAL Sepse tardia: após 3 dias de vida Germes -Bactérias gram-positivas: Staphylococcus coagulase-negativa (S. epidermidis) -Bactérias gram-negativas Enterobacter sp Klebsiella sp:34%-produtoras de betalactamase Citrobacter sp Serratia Pseudomonas aeruginosa Acinetobacter sp Stenotrophomonas maltophia Burkhodelia cepacea Margotto, PR. Vieira M,2006 SEPSE NEONATAL Uso Racional de Antibióticos Sepse tardia > 72 h (Realizar Punção Lombar, sempre que possível) Relaciona-se com: Perfil da microbiota da sua Unidade (vária com o local) Tempo de internação no diagnóstico da sepse Momento epidemiológico (SURTO) Complexidade da Unidade Afeta 25% dos RN de muito baixo peso 18-43%:gram-negativos (última década) Samanta, 2011 SEPSE NEONATAL Fatores de risco para sepse tardia por gram-negativo Após análise de regressão logística multivariada: apenas a duração da nutrição parenteral total manteve-se independentemente associada a sepse tardia por gram- (p=0,001) Samanta, 2011 SEPSE NEONATAL Stoll,2004 -34% (45/134) dos RN de muito baixo peso com meningite comprovada tiveram hemocultura negativa (1/3) -Risco para meningite: MENOR idade gestacional e SEPSE anterior SEPSE NEONATAL Atraso na realização do LCR Rajesh et al (2010): Leuc/glicose: significativa com 2-4 hs (leucócitos; queda entre 23 e 58%)recomenda-se análise imediata Equações da reta para a predicção do verdadeiro valor do número de leucócitos do LCR e o verdadeiro valor da glicose do LCR a partir do tempo de atraso em analisar as amostras (geradas pelos modelos de regressão linear) Um dado alarmante do estudo é a alta quantidade de meningites que não seriam diagnosticados se as amostras forem processadas após algumas horas SEPSE NEONATAL Atraso na realização do LCR Correção do Líquor em função do atraso na sua realização Por exemplo: o verdadeiro valor do número de leucócitos pode ser obtido multiplicando a contagem de 4 h por 1,3 e adicionar 5% do valor da proteina. As equações de regressão linear podem ajudar a corrigir um atraso na análise do LCR. SEPSE NEONATAL USO DE RANITIDINA (droga não liberada) Terrin G (2012):91 com ranitidina/183 controles. No grupo da ranitidina: infecções (OR 5.5; IC a 95%:2.9-10.4, P < 0,001) Sepse, Pneumonia,ITU Enterocolite necrosante (OR 6.6; IC a 95%: 1.7–25.0 Taxa de mortalidade :6 vezes maior O suco gástrico é o maior mecanismo de defesa não imune SEPSE NEONATAL Considerações sobre Staphylococcus epidermidis Frequente causa de sepse tardia nas UTI Neonatais Fatores de risco: análise univariada Análise multivariada: duração da nutrição parenteral foi o principal fator preditivo na nossa população. O risco aumentou 51% para cada dia de NPT nos RN com neutropenia, uso de hidrocortisona e dias de antibioticoterapia. A introdução de dieta enteral precoce pode ser benéfica Anderson-Berry, 2011 para prevenir e reduzir a infecção por S. epidermidis SEPSE NEONATAL SEPSE NOSOCOMIAL Fidel-Rimom, 2004 (Israel):início dieta -Grupo sepse (4,8 dias) P=0,0001 -Grupo não sepse ( 2,8 dias) Queda da sepse a cada ano com a Nutrição Eenteral precoce (r2=0,89) SEPSE NEONATAL Nutrição Enteral Plena (NEP) Precoce: 10 dias; 14 dias: meta razoável Rennestad et al, 2005 (Noruega) 462 RN <28 Semanas/<1000g Se não alcançar NEP com 14 dias Risco para sepse tardia:3,7 (IC A 95%:2,0-6,9) SEPSE NEONATAL Causas das suspensões de dieta Canal arterial com repercussão hemodinâmica (suspender) (Não suspender devido o uso de indometacina!) RN infectado: suspender se presença de íleo RN com diástole reversa ou zero (fluxo sang. artérias umbilical pré-natal): suspender por 48-72 horas se ASFIXIA! RN em transfusão sanguínea: -Neu (2010): não suspender (controverso) -El-Dib (2011): suspender enterocolite necrosante (5.3 a 1.3% p<0.047) SEPSE NEONATAL Causas das suspensões de dieta -Outros: aspirado verde, alguma distensão abdominal, apnéia, insuficiência cardíaca, icterícia, irritação na pele, alto nível de uréia, hiperglicemia, medo de sepse, hipotermia (medo de sepse), anomalia eletrolítica, episódio trombótico, baixo gasto energético, policitemia, talvez tenha indicação de cirurgia, baixos níveis de saturação de oxigênio, está no ventilador, o recémnascido não parece estar bem e outras, outras.... Hay W, 2012 SEPSE NEONATAL Considerações sobre Serratia marcescens S.marcescens: descrita em 1823 (inicialmente, não patogênica);pertence à família Enterobacteriaceae Importante característica: produzir betalactamase que confere resistência aos antibióticos betalactâmicos Fatores de risco: nutrição parenteral e duração, enterocolite necrosante, ventilação mecânica, cateter central Bizarro, 2007;Samanta,2010;Guler, 2009;Teertstra,2005;Hirooka,2007; Bayramoglu, 2011 SEPSE NEONATAL Sepse por Serratia x Púrpura fulminante Teertstra et al descreveram, em 2005, um caso em púrpura fulminante em um prematuro em choque séptico por S. marcescens . No caso foi descrito hemocultura, cultura de LCR e de secreção ocula foi positiva para S. marcescens Púrpura fulminante é extremamente raro em recém nascidos e na maioria das vezes é devido a deficiência de proteína C. Considerar a sepse por S.marcescens no diagnóstico de púrpura fulminante SEPSE NEONATAL Sepse por Serratia marcescens e Púrpura Fulminante Extensas lesões cutâneas purpúricas progressivas na perna e na região pubiana e glútea de um bebê prematuro Teertstra et al, 2005 SEPSE NEONATAL Considerações sobre Klebsiella pneumoniae Klebsiella pneumoniae produtora de beta- lactamase de espectro ampliado (BLEA):30% O principal mecanismo de resistência em Gram - é a produção de beta-lactamases. A produção dessas enzimas confere às bactérias a capacidade de hidrolisar os antibióticos beta-lactâmicos. Devido à : maior utilização das cefalosporinas de terceira e quarta gerações necessidade freqüente de procedimentos invasivos não adoção de medidas específicas de controle de infecção hospitalar. Fatores de risco: ventilação mecânica, RN de muito baixo peso, Nutrição parenteral total, antibioticoterapia prévia, cateter umbilical SEPSE NEONATAL Exames Complementares Hemograma (HC) ( Manroe e cl) - total de neutrófilos - I/T : VPP: 43% /VPN : 100% Mais úteis para excluir RN infectados! Imaturos Neutropenia: melhor marcador (mais Espec. que a neutrofilia) - Leucocitose > 25000/mm3 - Leucopenia < 5000/mm3 Realizar com 12 horas de vida - Contagem de Plaquetas: < 150000/mm3 - Proteina C Reativa - Gasometria: Acidose metabólica persistente pH < 7,25 (RN >=1500g) pH:<7,20 (RN<1500g) / HCO3- < 15 Os exames laboratoriais tentam aumentar a avaliação clinica; havendo conflito entre história clínica e exames laboratoriais, INICIAR A ANTIBIOTICOTERAPIA (Os sinais clínicos são os sinais mais importantes!) Polin, 2012;Chirico, 2011; Margotto,PR,2012 SEPSE NEONATAL ÍNDICES DE NEUTRÓFILOS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL ÍNDICES DE NEUTRÓFILOS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL ÍNDICES DE NEUTRÓFILOS Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL ÍNDICES DE NEUTRÓFILOS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL Mouzinho,1994 SEPSE NEONATAL Células p/mm3 Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Manroe et al, 1979 SEPSE NEONATAL Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Manroe et al, 1979 Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Stoll BJ, 2005 Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS/ESCS SEPSE NEONATAL ÍNDICES DE NEUTRÓFILOS inibidor do fator de estimulação de colônias de granulócitos (Zuppa AA et al, 2002) Sexo feminino: 2000 neutrófilos/mm3 a mais x sexo masculino* Trabalho de parto difícil: 3500 neutrófilos/mm3 a mais* Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Manroe et al, 1979 ; Schmutz, 2008* Procianoy et al (2010):Sepse e neutropenia em RN de mãe com pré-eclâmpsia A neutropenia foi mais freqüente nos RN do grupo da pré-eclâmpsia; sem diferença na sepse entre os dois grupos Procianoy et al (2010):Sepse e neutropenia em RN de mãe com pré-eclâmpsia Sem diferença na incidência de sepse e pneumonia entre os grupos nos 3 estratos de IG; a neutropenia foi associada com pré-eclâmpsia nos RN<32semanas, mas não foi associada com sepse em nenhum dos 3 estratos de IG. SEPSE NEONATAL Exames Complementares Interleucinas (IL): glicoproteinas (mediadores da resposta inflamatória) -TNF – α: pico: 1 h; com 3 h: desaparece -IL-1-ß:pico: 2h; com 4 h: desaparece -IL-6:pico: 3h; com 6h: desaparece (mais valiosa) -Proteina C Reativa: sintetizada no fígado em resposta a IL 24 - 48h após o início da sepse (vida média: 19h) Procianoy, 2002 SEPSE NEONATAL PCR - resposta de fase aguda - esperar 12-24 horas tem alta sensibilidade. Como todos os testes, a PCR é um valor para VPN -2 PCR normais,excluindo a colhida ao nascimento, tem um VPN de 99%. O VPP é de 35%. - MENOR RESPOSTA EM PRÉ-TERMOS Taxa de produção é o único determinante significativo de seu nível plasmático respalda o uso clínico da PCR para monitorização da atividade da doença em condições agudas (transporte transplacentário: insignificante!) ; Hofer, 2012;Polin 2007 SEPSE NEONATAL Exames Complementares Proteína C Reativa a medida que a infecção é tratada Bomela e cl (2000): PCR repetida: VPN de 99% Ehl e cl (1997): RN > 1500g, não entubada, s/ cateteres centrais: -PCR negativa 24 h após o antibiótico identificou 120 de 121 RN não necessitando de antibioticoterapia PCR seriada: sucesso da terapêutica? delimita a duração do antibiótico ? Posen, De Lemos, 1998 SEPSE NEONATAL PROCALCITONINA Aumenta rapidamente após o contato com a endotoxina bacteriana (4 hs e atingem níveis de pico com 4-6 hs) (Hofer, 2012) Vazzalwar R et al. (2005) - a procalcitonina (PCT) gera a calcitocina nas células C da glândula tireóide. A origem da PCT relatada durante a sepse é extratireóide e pensa-se que a sua secreção seja induzida pelas toxinas bacterianas. - Os níveis de PCT diminuíram com 24-48hs e 5 dias após o inicio da antibioticoterapia, o que não ocorreu com a PCR Vazzalwar R et al. (2005); Yu et al (2010) --a PCT foi mais sensível do que a PCR na predicção da sepse tardia do RN pré-termo de muito baixo peso. SEPSE TARDIA -Auriti C et al (2012): PCT >2,4ng/mL: iniciar antibioticoterapia (VPP de 50%; diagnóstico de falso+:10%) SEPSE NEONATAL Hemocultura: Periférica; cateter central >7dias: incluir a (Padrão ouro) central -volume de sangue: Schelonka RL et al ,1996; Connel TG et al, 2007: quanto mais sangue, maior será a probabilidade da hemocultura ser positiva 0,5 ml: 80% de probabilidade de ser positividade; 1 ml:97% de probabilidade de ser positiva e 2 ml de sangue: 100% de probabilidade de ser positiva.; 0,5 ml de sangue é inadequado quanto à sensibilidade e o tempo na detecção da bacteremia Culturas de superfícies, urocultura, aspirado gástrico: sem valor no diagnóstico da sepse precoce SEPSE NEONATAL Hemocultura -quanto mais sítios maior será a positividade? Sarkar S et al, 2006: única hemocultura com volume sanguíneo de 1 ml deve ser suficiente para documentar “verdadeiros” Gram positivos, Gram negativos ou sepse fúngica em neonatos Sepse em neonatos pode ser detectada sem perda de precisão com uma única hemocultura com volume sanguíneo ≥ 1ml - SEPSE NEONATAL Hemocultura -tempo para a positividade? Kumar Y et al, 2001: 99% das culturas (sistema automatizado) para bactérias tornam-se positiva em 36 horas, sendo este tempo mais do que suficiente; um período de 36 horas é suficiente para excluir sepse nos recém-nascidos assintomáticos e 3 dias de incubação é suficiente para detectar todas as infecções clinicamente importantes SEPSE NEONATAL HEMOCULTURAS CONSIDERADAS CONTAMINADAS PARA ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVA (Scon) (Tese de Mestrado de Denise Nogueira da Gama Cordeiro, UnB, 17/12/2007) Se os RN apresentam: 1) apenas fatores de risco para infecção (CAVU, CVC, PICC, dissecção venosa, VM, CPAP nasal, NPT, procedimentos cirúrgicos, drenagem) e/o u apenas um dos sistemas orgânicos acometidos ou 2) evolução satisfatória do quadro infeccioso sem o uso de antibióticos específicos ou 3) o isolamento concomitante de outro agente etiológico em hemocultura. c SEPSE NEONATAL HEMOCULTURAS CONSIDERADAS POSITIVAS ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVA PARA (Tese de Mestrado de .Denise Nogueira da Gama Cordeiro, UnB,17/12/2007) Se os recém-nascidos apresentam três ou mais dos seguintes critérios: 1) procedimentos invasivos até duas semanas antes e depois da coleta da hemocultura: -CAVU (cateter arterial ou venoso umbilical), -CVC (cateter venoso central), -PICC (cateter central de inserção periférica -Dissecção venosa, -VM (ventilação mecânica), -CPAP nasal, NPT (nutrição parenteral total), procedimentos cirúrgicos, drenagem; SEPSE NEONATAL HEMOCULTURAS CONSIDERADAS POSITIVAS PARA ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVA (Tese de Mestrado de Denise Nogueira da Gama Cordeiro, UnB, 7/12/2007) 2) quadro clínico (na semana que antecedeu e na semana que sucedeu o isolamento do SCoN): taquipnéia e/ou episódios de apnéia, hipertermia ou hipotermia e outros sintomas como hipoatividade, letargia, baixa digestibilidade, vômitos, icterícia, distensão abdominal; -presença de dois sinais clínicos alterados de sistemas orgânicos diferentes (respiratório, circulatório, instabilidade da temperatura, dificuldade na alimentação, alteração hematológica) e um procedimento invasivo. 3) envolvimento de um ou dois sistemas orgânicos e que não receberam antibioticoterapia específica. SEPSE NEONATAL ANTIBIOTICOTERAPIA Esquemas: depende do conhecimento da microbiota da Unidade. No HRAS, no momento: -80% -cocos gram-positivos (98%: Estafilococos coagulase negativa (epidermidis, capitis, hominis) -20%: gram-negativos (Klebsiella, Enterobacter) Primeiro esquema: ampicilina + gentamicina Segundo esquema: vancomicina + amicacina (se meningite: vancomicina + cefepime) Se foco abdominal evidente: Piperacilina + tazobactan (TazocinR):cobertura para anaeróbios; menor resistência aos antimicrobianos Meropenem: reservado para Klebsiella produtora de beta- lactamase de espectro ampliado (BLEA) ou (Extended-Spectrum Betalactamase - ESBL SEPSE NEONATAL Antibióticos-doses Consultem: Infecções bacterianas Paulo R. Margotto, Martha Gonçalves, Marta David Rocha Moura SEPSE NEONATAL Meningite LCR*: PL em toda sepse tardia > 15 mm3 : Suspeito > 20/mm3 : Meningite Proteína: > 100 mg% Glicose: 80 % da glicemia Quando fazer PL: RN mais estável -hemocultura positiva -sinais clínicos e laboratoriais de infecção -RN que pioram com o uso do antibiótico PL atraumática: < 1000 hemácias/mm3 Descontar hemácias : nº hemácias /700 Descontar proteínas: 1000 hemácias : descontar 1,5 mg% Polin, 2012; Polin (2007) SEPSE NEONATAL Meningite Precoce: Ampicilina Gentamicina Meningite Tardia: Vancomicina + + Amicacina Enterocolite Necrosante: Piperacilina +Tazobactan (TazocinR) Se Insuficência Renal: Vancomicina Teicoplanina Ceftriaxone é contra-indicada no RN (risco de kernicterus!). Cuidado com o uso em soluções que contem cálcio (espasmo vascular ou infarto)(Bladey, 2009) Polin 2012; Margotto P, 2012 SEPSE NEONATAL Meningite Resposta clínica adequada: não necessário controle liquórico; duração do tratamento: 14dias (GBS);21 dias (gram-negativo) Não usamos dexametasona: sem melhora no prognóstico - Complicações: * Abscesso cerebral (LCR : 18-100 cel - linfócitos) * Ventriculite ( 73 - 100%) ( LCR - 50 cel) Ultrassom cerebral semanal Margotto P, 2012 SEPSE NEONATAL Meningite Neonatal Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Margotto,PR,2002 SEPSE NEONATAL Infecção Pós-Natal e Lesão Cerebral Glass HC et al (Pediatrics, agosto de 2008): 133 RN <34 semanas com RM (quando estável; a termo ou quando transferido) -12 RN (9%) com lesão progressiva na substância branca Regressão logística (ajuste para a idade gestacional) Infecção recorrente:OR:8,3 (IC a 95%:1,5-45,3) SEPSE NEONATAL Gangrena venosa-Sthaphylococcus aureus phlegmasia cerulea dolens:PCD:edema de extremidades, cianose e dor Ibrahim, 2001 SEPSE NEONATAL Gangrena venosa- Sthaphylococcus aureus Margotto P, 2008 SEPSE NEONATAL Gangrena venosa: Sthaphylococcus aureus :MECANISMO - trombose venosa profunda 2ária a lesão endotelial e ao choque séptico - alfa-toxina - coagulase (proteina extracelular - potente toxina de lesão de membrana) - se liga a plaquetas e monócitos citocinas início da produção de mediadores inflamatórios (causam os sintomas do choque severo) do S.aureus) - se liga a protrombina complexo staphylothrombin conversão do fibrinogênio em fibrina Ibrahim H (2001 SEPSE NEONATAL USO DA IMUNOGLOBULINA NA SEPSE INIS Collaborative Group, 2011:3493 RN (1759-IMUNOGLOBULINA/1734: PLACEBO N Engl J Med 2011;365:1201-1211 SEPSE NEONATAL Uso de imunoglobulina Endovenosa USO DA IMUNOGLOBULINA NA SEPSE N Engl J Med 2011;365:1201-1211 SEPSE NEONATAL Uso de imunoglobulina Endovenosa USO DA IMUNOGLOBULINA NA SEPSE Morte ou desabilidade aos 2 anos: RR:,1,0 (0,92-1,08) Mensagem! A terapia com a imunoglobulina intravenosa não tem efeito no prognóstico dos recém-nascidos com sepse suspeita ou comprovada N Engl J Med 2011;365:1201-1211 SEPSE NEONATAL O diagnóstico e tratamento de neonatos com suspeita de sepse de início precoce baseia-se em princípios científicos modificados pela "arte e experiência" do profissional A terapia antimicrobiana deve ser descontinuada em 48 horas em situações clínica em que a probabilidade da sepse é baixa. Artigo Integral! Management of Neonates With Suspected or Proven Early-Onset Bacterial Sepsis. Polin RA; the COMMITTEE ON FETUS AND NEWBORN. Pediatrics. 2012 May;129(5):1006-1015. Epub 2012 Apr 30. Infecção Fúngica Conduta: Terapia Empírica precoce x Profilaxia TERAPIA EMPÍRICA PRECOCE Terapia fungicida em RN com fatores de risco para sepse fúngica (colher culturas) Benefício: ( mortalidade) : benefício maior que o risco das complicações da anfotericina ) Sanchez, 2001 Margotto, PR. Unid Neonatal,HRAS Makhoull, 2001 Infecção Fúngica Hemocultura: baixa sensibilidade (29% com um órgão afetado-10 ml de sangue!); com 4 órgãos afetados:80%) Fazer o diagnóstico, iniciar o tratamento precoce Para evitar a progressão Os três seguintes critérios: -RN <1500g ou RN com mal estado geral -Clínica da infecção e/ou neutropenia (<1500 neutrófilos), trombocitopenia e/ou hiperglicemia de difícil controle -Uso de antibióticos de amplo espectro ou pelo menos 7 dias (cefalosporina de terceira geração, carbapenêmicos e/ou vancomicina) Procianoy, 2005 Procianoy,2006 Infecção Fúngica Com um ou mais dos seguintes fatores associados: -Nutrição parenteral com lipídeos -Uso de corticosteróides Baharwani,2008 -Uso de bloqueador H2 -Ventilação mecânica -Candidíase mucocutânea INICIAR ANFOTERICNA B na dose de 1 mg/kg/dia, após a coleta de hemocultura e líquor Deve ser feito rastreamento: FUNDO DE OLHO, ecocardiografia e ecoabodminal e cerebral (em 60% pode haver comprometimento renal, cardíaco e oftalmológico) Baharwani ,2008Procianoy, 2005 , ,Makhoul, 2001 ,Margotto PR Infecção Fúngica Greenberg RG et al (2012):136 RN 39 RN: terapia empírica/ 97 RN: controle Melhor neurodesenvolvimento ou morte OR:0,27;IC a 95%:0,08-0,89-P=0,03) (18-22 meses) Uso Racional de Antibióticos Ações de combate à Infecção na UTIN Lavagem das mãos: mãos sujas são mãos assassinas! Lavem as mãos!!!!! Mãos Sujas!!!!! Franz Novaes,2008 Mãos após lavagem com água e sabão Franz Novaes,2008 Mãos após anti-sepsia com álcool 70% Franz Novaes,2008 Aliança Franz Novaes,2008 Pano de Limpeza Franz Novaes,2008 Dinheiro Franz Novaes,2008 Cabelo Franz Novaes,2008 Mãos Sujas!!!!! Oelberg et al (2000) marcador de DNA no gancho do telefone 8 horas após, 80% de amostras tinham o marcador a partir do telefone contaminado -locais mais consistentemente positivos para o marcador: os analisadores de gasometria, mouse do computador, telefone, prontuários médicos, ventiladores, botões de controle de calor radiante, monitores dos pacientes, e mãos das pessoas, sala de estar da Enfermagem, sala do café dos Staffs, área de estar dos Residentes Uma pessoa que contamina um equipamento tem um potencial de disseminar em toda a Unidade. Basta que uma pessoa não respeite as técnicas para causar um surto de infecção Uso Racional de Antibióticos Prevenção da Infecção na UTI Neonatal Há mais de 150 anos Semmelweiss observou que a mortalidade materna periparto podia ser reduzida se os médicos lavassem as mãos antes da assistência Schelonka, 2006 Uso Racional de Antibióticos LAVEM AS MÃOS! USEM ÁLCOOL A 70% “Mãos sujas no Berçário são mãos assassinas!” E AGORA? “Tudo parece impossível até que seja feito” (Nelson Mandela) Obrigado pela atenção! www.paulomargotto.com.br [email protected]