Limnologia Espacial: radiação PAR e UV José Fernandes Bezerra Neto Radiação Solar RFA Espectro da radiação solar: http://www.physicsclassroom.com/ Ultravioleta (UV) 100—400 nm UV-C < 280 nm UV-B 280-320 nm UV-A 320-400 nm Pequeno comprimento de onda = alta frequência = Fótons de alta energia Pequena fração (~ 3 %) da distribuição diária da energia Causa danos aos organismos Visível 400-700 nm Radiação fotossintéticamente ativa RFA Nesta faixa de radiação, a frequência varia de cerca de 400 trilhões de ciclos/seg ( luz vermelha) a quase 800 trilhõesde ciclos/seg (luz violeta) ~ 46 % da distribuição diária da energia Radiação infravermelha 700-3000 nm Comprimento de onda longo=baixa freqüência= Fótons de baixa energia ~ 51 % da distribuição diária da energia Transfere calor para a superfície da água Sol Sombreamento, Reflexão, Absorção Sol Sombreamento, Reflexão, Absorção Reflexão da superfície Dispersão, Absorção (calor) (= atenuação) O que acontece quando a luz entra na coluna de água? • Nas camadas profundas de um lago, há menos energia radiante Isto é chamado atenuação da luz •Atenuação da luz = diminuição da energia radiante com a profundidade devido à dispersão e a absorção. Plotando perfis de luz Luz x x Lei de Bouguer x x Na água pura (sem dispersão, sem fotossíntese) Para um dado comprimento de onda Uma fração constante da luz é absorvida exponencialmente (transferida como calor) com a profundidade % of surface light 0 0 5 depth (m) 10 15 20 25 30 35 25 50 75 100 A diminuição da quantidade da luz com a profundidade Pode ser estimada por: Iz = I0 e-k z d Aonde: I0 = Intensidade da luz na superfície da água Iz = Intensidade da luz na prof. z kd = Coeficiente de atenuação vertical z = profundidade (m) I0 e Id são medidos com um radiômetro ln I0 – ln Iz kd = z O decaimento da luz na água é exponencial e kd é a taxa deste decaimento 0 25 50 75 0 5 10 depth (m) Quanto maior kd mais rápido a luz é atenuada com a profundidade % of surface light 15 20 25 30 35 10% 20% 100 O “Kd” nos informa sobre a penetração da luz na água Altos valores de kd baixa penetração da luz na água Pequeno kd elevada penetração da luz na água Perfis de luz – atenuação I(z) = I(0) * [ e-kz ] Ln I(z) = -nz + Ln I(0) O gráfico semi-log da luz vs prof. Irá linearizar a atenuação exponencial luz vs prof. Light (% surface) 0 20 40 60 80 Ln light Intensity 100 0.00 0 10 15 4.00 6.00 0 A A 5 B Depth (m) Depth (m) 5 2.00 10 15 20 20 B 8.00 Calculando o coeficiente de extinção Sub-aquático % da superf. ln % 0 1280 100 4.61 1 1040 81 4.40 3 655 51 3.94 5 447 35 3.55 7 332 26 3.26 9 245 19 2.95 11 178 14 2.63 13 132 10 2.33 15 97.5 7.6 2.03 17 71.5 5.6 1.72 19 53.2 4.2 1.42 21 40.4 3.2 1.15 23 30.9 2.4 0.88 25 23.9 1.9 0.62 27 18.4 1.4 0.36 0 5 10 15 20 25 30 25 30 Prof. (m etros) Fração ln da luz da superfície Prof. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 % da luz da superfície (PAR) Intensidade da luz (PAR; uE m-2 seg-1) Lago Petit Extinção da luz 20 Outubro 1991 5.0 4.0 3.0 2.0 0.146 1.0 0.0 0 5 10 15 Prof. (m etros) 20 Relembrando: Quais os fatores que influenciam a atenuação da luz na água? • A própria água • Partículas suspensas (sólidos suspensos e algas) Clorofila a absorve em 2 picos: 670-680 nm (vermelho-laranja, profundidades rasas) e 435 nm (azul-violeta, águas profundas) • Substâncias dissolvidas (carbono orgânico dissolvido) – picos de absorção na faixa do UV-A e UV-B. Refratárias Carbono orgânico dissolvido Moléculas aromáticas Origem terrestre Alóctone Absorção de luz na faixa do UV COD CDOM COR Autóctone Algas e macrófitas Moléculas alifáticas Lábeis Baixa capacidade de absorver luz -1 Kd UVB (m ) 150 120 90 60 Kd = 7.27*DOC + 4.85 r2 = 0.51 30 0 0 5 10 15 20 DOC (mg C/L) 25 30 150 -1 Kd UVB (m ) 120 Peterson et al. (2002)wetlands Graneli et al. (1996)Lagos temperados 90 60 30 0 0 5 10 15 20 -1 DOC (mg C L ) 25 30 Coeficiente de extinção da luz • Medida da taxa de atenuação da luz na água • Composto pelos fatores: ηt = ηw + ηp + ηc aonde: ηt = coeficiente de extinção total ηw = coeficiente de extinção da água ηp = coeficiente de extinção de partículas ηc = coeficiente de extinção de subst. dissolvidas Fatores controladores de Kd: Estudo de caso • Análise de correlação: correlaciona kd e [chla, STS, aCDOM] na estação chuvosa (Tampa Bay (USA), Out. 2004) kd kd_380 kd_443 aCDOM(400) 0.58 0.79 TSS 0.02 0.4 Chls 0.26 0.70 [aCDOM,TSS, Chl] 0.52 0.82 kd_490 kd_555 kd_589 0.78 0.74 0.77 0.51 0.70 0.71 0.77 0.77 0.77 0.88 0.91 0.90 kd_625 kd_689 kdPAR 0.77 0.65 0.69 0.74 0.78 0.79 0.77 0.71 0.77 0.91 0.90 0.92 Comparação de kd em áreas de um mesmo ambiente 2.6 2.4 2.2 2 1.8 1.6 1.4 1.2 1 0.8 0.6 0.4 N Reservatório de Furnas – Minas Gerais 0.2 Comparação de kd em áreas de um mesmo ambiente N 15 Km Reservatório de Furnas – Minas Gerais Reservatório de Três Marias – Variação do coeficiente de atenuação PAR Comparação de kd em áreas de um mesmo ambiente 0.78 0.74 0.7 0.66 0.62 0.58 0.54 0.5 0.46 0.42 0.38 0.34 0.3 N Reservatório de Furnas – Minas Gerais Comparação de kd em áreas de um mesmo ambiente Reservatório de Três Marias – Minas Gerais Análise da variação do coeficiente de atenuação da luz ao longo do ano (variação sazonal) 1,2 1,6 Lagoa Carioca 1,4 Lagoa Gambazinho 1,0 1,2 0,8 1,0 Ko /PAR (m -1) 0,6 0,8 0,4 0,6 0,4 0,2 1,4 1,2 Lagoa Dom Helvécio 1,2 1,0 1,0 0,8 0,8 0,6 0,6 Lagoa Jacaré 0,4 0,4 J A S O N D 2004 J F M A M J 2005 J J A S O N D 2004 J F M A M J 2005 Variação sazonal dos valores do coeficiente de atenuação escalar da luz (Ko) para os lagos estudados no período de julho de 2004 a junho de 2005. J Rio Grande 12 reservatórios Extensão: 1.390 km Bacia de drenagem: 143.000 km2 Seqüência de reservatórios em cascata no rio Grande (distâncias horizontais representam quilômetros). Fonte: CEMIG. Projeto UV - CNPq Perfil - Furnas Ln µWatts/cm²/nm µWatts/cm²/nm 0 10 20 30 40 50 60 1 70 2 3 4 5 1 2 Kd 305 nm = 3,066 Prof. (m) 3 Kd 320 nm = 2,179 4 5 Edz305nm Edz320nm Edz340nm 12 Kd 340 nm = 1,600 Ln Edz305nm Ln Edz320nm Ln Edz340nm Ln µEinsteins/m²/s µEinsteins/m²/s 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 2 3 4 5 6 7 8 0 Kd PAR = 0,299 2 Prof. (m) 4 6 EdzPAR 8 10 12 14 Ln EdzPAR 9 Perfil - Estreito Ln µWatts/cm²/nm µWatts/cm²/nm 0 10 20 30 40 50 60 1 70 2 3 4 5 1 2 Kd 305 nm = 3,427 Prof. (m) 3 4 5 11 12 Edz305nm Edz320nm Edz340nm 13 Ln Edz305nm Ln Edz320nm Ln Edz340nm 14 Kd 320 nm = 2,409 15 Ln µEinsteins/m²/s µEinsteins/m²/s Kd 340 nm = 1,724 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 2 3 4 5 6 7 0 2 Kd PAR = 0,296 Prof. (m) 4 6 EdzPAR 8 10 12 14 Ln EdzPAR 8 Absorção de CDOM Radiação UV e Mudanças Climáticas??? 380 370 CO 2 (µL/L) 360 350 340 330 320 310 1960 1970 1980 Year 1990 2000 2010 Radiação UV e as mudanças globais Depleção do ozônio na estratosfera UV-B Aumento dos aerossóis, ozônio (troposfera) Aumento da frequência de ventos UV-A e UV-B mistura vertical Aumento do gases do efeito-estufa Variação da nebulosidade UV-A e UV-B + UV-B + + Variação da UVR na superfície da Terra Variação da penetração de UV na coluna de água (UNEP/WMO, 2002; McKenzie et al., 2003; Häder et al., 2003). Radiação UVB Mudanças na hidrologia e na biogeoquímica induzidas pelas mudanças globais Ácidos fúlvicos Qualidade & Quantidade da MOD Ácidos húmicos Humina Toxicidade & biodisponibilidade de metais Penetração da Radiação UVB Estrutura e função das comunidades A foto-degradação da matéria orgânica dissolvida (MOD) • MOD tem um efeito de • bloquear os efeitos do sol nos ecossistemas aquáticos. Como MOD é degradado, sua absorbância diminui, tornando-se um problema ecológico de relevância. 90% do Ozônio está na estratosfera Image: http://see.gsfc.nasa.gov/edu/SEES/strat/class/Chap_1/index.htm O buraco na camada de ozônio • Crescimento da área média do buraco na camada de ozônio de 1979 a 2002. • Buraco na camada de ozônio = área no qual a camada de ozônio foi menor do que 220 DU • 1 unidade Dobson (DU) é definida como uma camada de 0.01 mm de espessura em condições de temperatura e pressão padrão. Imagem: http://toms.gsfc.nasa.gov/multi/oz_hole_area.jpg Efeitos sobre os sistemas aquáticos > 30% da proteína animal mundial para o consumo do homem vem do mar. Teme-se que um aumento dos níveis de exposição ao UV possa ter impactos adversos sobre a produtividade. • Altos níveis de exposição nos trópicos e subtrópicos podem afetar a distribuição do fitoplâncton, que constitui a base das cadeias tróficas aquáticas. • UVB pode também causar danos aos organismos em estágios iniciais, tais como peixes, caranguejos, anfíbios e outros animais. Os efeitos mais severos seriam a diminuição da capacidade reprodutiva e problemas no desenvolvimento larval. Diminuição O3 O problema da radiação UV aumento UVB 1 - Molecular 2 - Celular DNA PSII Mutações Pigmentos 4 - Comunidade 5 - Ecossistema (Efeitos biogeoquímicos) (ingestão e fixação) Crescim. Comp. Sp. Diversid. Export. C (Rubisco, ATPases, etc.) Nutrientes Fotossint. 3 - População Lipideos-proteínas- Motilid. Competição Interações tróficas Pc:Rc Transferência p/ os níveis tróf. Super. Dano : Reparo Custo metabólico dos mecanismos de defesa No contexto do aquecimento global, Produção líquida Respiração mudanças causada pela radiação UV a nível de Da comunidade comunidade Comunidade podem ser mais importantes do que aquelas causadas nos níveis tróficos inferiores, Porque afetam os ciclos biogeoquímicos e os Biomassa Autotrófica : Biomassa Heterotrófica Fluxos de carbono. Export C Transfer. para os níveis superiores Atmosfera UVA UVB aerossóis CO2 7.5 Gt C yr-1 CO2. : 750 Gt C Oceano Troca de CO2 Gases UVA UVB fotossíntese Produção fitoplâncton fotodegradação Primária 50 Gt C yr-1 CO2 bactéria ~ 30 Gt C ano-1 Respiração COD 700 Gt C nutrientes - 100 m Mineralização Fluxos de carbono orgânico Tedetti et al., 2003 - 4000 m Sedimento Efeitos sobre os ciclos biogeoquímicos • A ciclagem de nitrogênio pode ser afetada pelo aumento de UVB através da inibição da nitrificação pelas bactérias e pela foto-decomposição de espécies inorgânicas simples tais como nitrato. Efeitos da radiação UV sobre a mineralização da MOD (adaptado de Obernosterer, 2000) sol UVR UVR interface água-ar nitratos MOD fotólise fotólise Fotoprodutos disponíveis radicais fotoprodutos refratários - radicais OH Açúcares aminoácidos - + Bactéria - Produção bacteriana, Efciência de crescimento Produção de CO2 QUESTÕES?