www.paulomargotto.com.br Hospital Regional de Sobradinho -HRS Internato- Bloco de pediatria Alessandra Gelande de Souza Brasília, 17 de novembro de 2011 Definições • Choque: “Síndrome clínica, com diferentes etiologias, que leva à incapacidade do organismo em suprir os tecidos com uma quantidade adequada de oxigênio". Internation Surviving Sepsis Campaing, 2008. Definições • O termo sepsis tem origem grega e significa pútrido. • Septicemia : quando o processo de putrefação atingia o sangue. Reinhart K, 2005. Definições • Infecção: – fenômeno microbiano caracterizado por resposta inflamatória reacional à presença de microorganismos ou à invasão de tecidos normalmente estéreis àqueles microrganismos. • Bacteremia: – presença de bactérias viáveis no sangue. Definições: DEFINIÇÕES DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL CONSENSO DE SEPSE -2005 • • • • Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) Taquicardia ou bradicardia (<1 ano); Taquipneia; Febre (>38,5°C) ou hipotermia (<36°C); Leucocitose ou leucopenia {exceto em casos pós -QT} ou 10% de formas jovens. Presença de dois critérios seguintes, sendo que um deles deve ser anormalidades de temperatura ou contagem de leucócitos. Sinais vitais e valores laboratoriais que definem SIRS de acordo com a idade Idade Frequência cardíaca Frequência Respiratória Leucócitos (x1.000) mm3 Pressão arterial (mmHg) 0-7 Dias >180 <100 >50 >34 <65 7-29 dias >180 <100 >40 >19,5 ou <5 <75 1 mês a 1 ano >180 <90 >34 >17,5 ou <5 <100 2 a 5 anos >140 NA* >22 >15,5 ou <6 <94 6-12 anos >130 NA* >18 >13,5 ou <4,5 <105 13 a 18 anos >110 NA* >14 >11 ou <4,5 <117 Definições Outro Bacteremia Infecção Fungemia Sepse SIRS Trauma Parasitemia Viremia Queimadura Outro Pancreatite Definições • Sepse: – SIRS + infecção documentada. • Sepse grave: – Sepse + difunção cardiovascular ou SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo) ou sepse + duas ou mais disfunções. • Choque séptico: – Sepse com disfunção cardiovascular após infusão de 40mL/kg de fluido. Definições • Síndrome da Disfunção de Múltiplos Órgãos: – Difunção de mais de um órgão. • SDRA; • CIVD (Coagulação Intravascular Dissseminada); • IRA (Insuficiência Respiratória Aguda); • Disfunção do SNC; • Difunção hepatobiliar; • Hemorragia digestiva. Critérios diagnósticos para disfunções no choque séptico/sepse Disfunção Cardiovascular : após 40mL/Kg de fluido isotônico, após a primeira hora Hipotensão; Necessidade de fármaco vasoativo; Ou dois dos seguintes: acidose metabólica sem causa aparente, aumento do lactato; oligúria; perfusão periférica lenta; diferencial entre temperatura axilar (TAX) central e periférica >3°C. Disfunção Respiratória PaO2/FiO2 <300 na ausência de cardiopatia cianótica ou doenças pulmonares prévias. PaCO2 > 65 torr, ou 20mmHg acima da linha de base do PCO2 do paciente. Necessidade de FiO2 >50% para manter a saturação > 92% Necessidade de ventilação não invasiva (VNI) ou Ventilação Mecânica (VM). Disfunção Neurológica Escala do coma de Glasgow ≤11. Ou mudança aguda no estado mental com diminuição no escore da ECG ≥3 da linha de base normal. Disfunção Hematológica Contagem de plaquetas <80.000/mm3 ou um declínio de 50% na contagem de plaquetas do maior valor relatado nos últimos 3 dias Distúrbio da coagulação: INR>2 Disfunção renal Nível de creatinina sérica 2 vezes ou mais o limite para a idade. Disfunção Hepática Bilirrubina Total ≥4 (fora do período neonatal) Transaminases 2 vezes acima do limite superior para a idade. Epidemiologia • A sepse grave e o choque séptico são importantes causas de morbidade em pediatria. • A mortalidade está em torno de 20-40%, apesar dos avanços na terapia intensiva pediátrica. • Cerca de 30-58% das crianças com sepse grave desenvolvem choque séptico. • Em 2005, 70% das quase 85.000 mortes de crianças e adolescentes abaixo de 19 anos foram atribuídas a causas que podem culminar com sepse grave ou choque séptico. SIM, Ministério da Saúde, 2007. Etiologia Microrganismos causadores de sepse por idade Neonatos Lactentes e crianças E. coli Streptococcus pneumoniae Klebsiella Neisseria meningitidis Enterobacter Haemophilus influenzae B Streptococcus do grupo B Staphylococcus aureus Listeria monocytogenes Streptococcus do grupo A Data from Sparrow A, Willis F. Management of septic shock in childhood. Emerg Med Australas 2004; 16:126. Etiologia • Agentes virais: – – – – – – Virus Herpes Simplex; Varicela Zoster; Citomegalovírus; Epstein-Barr; Adenovírus; Influenza. • Fungos: – Candida sp; – Malassezia sp; – Aspergillus sp. Modelo de endotoxinas de bácteiras gram-negativas Bactéria sofre lise Lipídio A Ligação do LPS com o Lipídio A Formam um complexo Liga-se aos macrófagos e neotrófilos Liga-se ao CD14 Co-receptor Toll-like Translocação do fator nuclear кB Produção de citocinas TNF-α, IL-1, IL6,IL-8, NO, tromboxane A2, prostaciclina. Ciotocinas Pró inlamatórias IL-4 e IL-10, receptores antagonistas... Citocinas Antinflamatóiras Disfunção endotelial Integrinas: GPIIb e IIIa. L-selectina e ICAM-1 Expressão do Fator tecidual Liga-se ao fator VIIa Óxido nítrico Citotóxico e citostático Microtrombose difusa e hipóxia tecidual Inibição da trombólise (PAI-1) CIVD Vasodilatação EROS Vasoplegia Disfunção mitocondrial Dependência patológica da VO2 Intensa vasoplegia ↓vasopressina; Ativação dos canais K+ ATP no músculo liso vascular. Depressão miocárdica por : TNF , Ilβ e NO Perda da função sistólica e ↓FE do VE Extravazamento capilar Hipotensão e ↓RVS Mecanismos compensatórios: DC inadequado ↓ Aumento do tônus adrenérgico ↑FC e ↓fluxo sanguíneo para órgãos menos nobres. Após reposição adequada de volume DC normal ou ↑ ↓FEVE ↓RVS ↓Pressões de enchimento ↑RVPulmonar Choque hiperdinâmico ↓Trabalho sistólico E o que acontece comigo ? Repercussões hemodinâmicas • No adulto, a causa de pior prognóstico do efeito da sepse no coração é a diminuição da RVS. Na criança, a causa predominante de pior prognóstico é a falência cardíaca. • A disfunção cardiovascular na sepse aumenta a mortalidade para 70-90% • Ceneviva et al 1998 (mortalidade): – 58% com ↓DC e ↑RVS. – 22% com ↓DC e ↓RVS. – 10% com ↑ DC e ↑RVS. Repercussões hemodinâmicas Crianças: • Choque séptico marcado por severa hipovolemia. • Baixa reserva cardíaca: – Não conseguem dobrar a FC; – A resposta a↓DC: vasoconstrição periférica. • O ↑RVS faz da hipotensão um sinal tardio. • Uso de adrenalina, mesmo que em acesso periférico. • Redução da oferta de oxigênio e não um déficit na sua extração que é o grande determinante do alto consumo de oxigênio pela criança. TEO2= DO2/VO2 Repercussões hemodinâmicas Adultos •Óbito: paralisia vasomotora •Disfunção miocárdica por : ↓FE DC mantido (↑FC) e dilatação ventricular Crianças •Óbito : hipovolemia grave •Respondem bem à reposição volêmica •Disfunção miocárdica: DC baixo RVS alta Outras diferenças • Trombocitopenia: – Púrpura trombocitopênica, microangiopatia trombótica e CIVD. – Disfunção da enzima ADAMTS 13. • Linfohistiocitose hemofagocítica: – Desordem inflamatória sistêmica causada pela excessiva ativação e proliferação do sistema fagocítico nuclear. – Progressiva lesão orgânica. Acidose e hipóxia Neonatos ↑ Resistência vascular pulmonar ↑Pressão arterial pulmonar Patência do ducto arterioso Hipertensão pulmonar Falência de VD Hepatomegaila e regurgitação da tricúspide Neonatos • Objetivos do tratamento: – Diminuir a pressão pulmonar: NO, oxigênio, inibidores da fosfodiesterase. • Adulto: – O choque está associado ao aumento do NO, levando a hipotensão e SDMO. Síndrome da depleção imune • Comum em adultos e crianças; • Autópsia: depleção linfocítica por apoptose, que leva ao estado de anergia. • Susceptibilidade à infecções secundárias. • Terapias imunomoduladoras. Reconhecimento precoce • Primeiro sinal de choque: – Elevação da FC. • Perfusão sistêmica: – Pele: • Coloração , temperatura, enchimento capilar (<2seg). – Cérebro: • Alerta, responsivo à voz, à dor ou não responsivo. – Perfusão renal: • DU <1mL/kg/h (redução do fluxo renal). – PA: • Pobre indicador de homeostase. Tipos de Choque • Choque frio : – Diminuição da perfusão e da amplitude dos pulsos, extremidades frias e marmóreas ou diminuição do DU <1mL/kg/h. • Choque quente: – Rápida perfusão e aumento da amplitude dos pulsos. • Choque refratário à fluidos/dopamina: – Choque persistente após ≥60mL/kg de ressuscitação fluídica e infusão de dopamina 10mcg/kg/min. American College of Critical Care Medicine,2005. Tipos de choque • Choque refratário à catecolaminas: – Choque persistente apesar do uso de ação direta das catecolaminas; epinefrina ou da norepinefrina. • Choque refratário: – Choque persistente apesar do uso de agentes inotrópicos, vasopressores, vasodilatadores e da homeostase do metabolismo da glicose, cálcio e hormonal (tireoide, hidrocortisona e insulina). American College of Critical Care Medicine,2005. Objetivos do tratamento • Correção do DC e da função cardiovascular. • Prognóstico bom: – Índice cardíaco alto (3,3 a 6L/min/m2) • Índice cardíaco: – Suporte inotrópico; – Diminuição do pós-carga (vasodilatadores); – Ressuscitação volêmica. Relembrando... DC= DS x FC PA= DCx RVS DC depende : •Pré-carga •Pós-carga •Contratilidade miocárdica •FC PAM-PVC Perfusão tecidual= RVS Pressão de perfusão = PAM-PVC Receptores miocárdicos Fármacos PDE III Inotrópico Receptor β 1 adrenérgico Adenilciclase ↑AMPc Inibidores da PDE III Abertura dos canais de cálcio ↑Captação de cálcio para o retículo sarcoplamático Melhor contração na sístole Melhor relaxamento durante a diastóle Receptores vasculares periféricos • Receptores β1 adrenérgicos: – Redução do cálcio intracelular (vasodilatação). • Receptores α1 adrenérgico: – Vasoconstrição periférica. • Receptores α2 adrenérgico: – Pré-sinápticos: feed-back negativo dentro da célula sináptica inibindo a adenilciclase, o AMPc e a liberação de neurotransmissores (vasodilatação). – Pós-sinápticos: vasoconstrição. Manejo incial: • Estabilização da via áerea e respiração adequada: – Oferta extra de Oxigênio. • Acesso IV ou IO; • Ressuscitação volêmica: – Solução salina 0,9% ou Ringer Lactato. – Apenas 25-30% do volume infundido permanece no espaço intravascular; – O edema interticial é esperado e não deve ser confundido com hipervolemia; – Problema: utilização de volumes insuficientes. SF 0,9%: 20mL/Kg por 5-10min Dopamina Sem resposta FC, perfusão, pulso, diurese, consciência, ScvO2, PVC Não responde SF 0,9% 40 a 60mL/kg em 1 hora Não responde Suporte farmacológico Garcia e colaboradores,2004. Manejo inicial • Iniciar antibioticoterapia criteriosa em até 1 hora após o reconhecimento do choque séptico ( após obter duas amostras de hemocultura ) baseado em culturas prévias ou local estimado do foco; • > 50% das culturas são negativas; • Redução da mortalidade de 50% para 10%. Kumar, et al.,2004. Drogas vasoativas: Inotrópicos x Vasopressores Vasopressores Inotrópicos Melhoram o DC em pacientes com déficit cardíaco: ↑DC (↑contratilidade ou a ↑FC); Administrados com vasopressores. Usados no choque: •Adrenalina; •Dobutamina; •Milrinona. Necessários em pacientes com RVS baixa: ↑RVS e o ↑tônus arterial. Iniciados para restaurar a perfusão de órgãos vitais. Dopamina e Noradrenalina: possuem também efeitos inotrópicos (podem aumentar a FR e a contratilidade). Usados no choque: •Dopamina; • Noradrenalina; •Vasopressina. Medicamentos no choque Medicamento Receptores Inotropismo Vasodilatação Vasopressão Via Adrenalina α2 e β1 0,05 a 0,02mcg/kg/min 0,2 a 0,5mcg/kg/min _ EV, IO, IT, acesso central Dobutamina 1α e 2α e β1 β2 5a 20mcg/kg/min Dopamina Dopaminérgico, αeβ adrenérgico 5-10 mcg/kg/min Milrinona 0,25 a 0,75 (até no máx 1)mcg/kg/min Nitroprussiato Noradrenalina Vasopressina EV, central, periférico discutível 10 a 15mcg/kg/min EV periférico, central 0,25 a 0,75 (até no máx 1)mcg/kg/min EV periférico, central. 0,5 a 10mcg/kg/min EV periférico, central. 0,05 a 0,2mcg/kg/min V1,V2, V3, ORT 0,0005 a 0,008U/Kg/min EV, central Peculiaridades das drogas vasoativas: Inotrópicos Adrenalina Efeitos no miocárdio: Inotroprismo e cronotropismo. Dose inicial: 0,02mcg/kg/min (titulada até resposta desejada). Objetivo: baixo DC e má perfusão periférica. Efeito β2 adrenérgico: até 0,3mcg/kg/min. Efeito α1 adrenérgico: >0,3 até 0,5mcg/kg/min. Associação com vasodilatador: quando RSV elevada. OBS: Hiperglicemia; Ácido lático elevado. Dobutamina Agonista sintético que estimula os receptores: β1, β2, α1 e α2 adrenérgicos. Objetivo: aumenta a contratilidade miocárdica e a FC e diminui a RVS (abstinência reflexa do tônus simpático). Melhor perfusão esplâncnica com doses de 5mcg/kg/min. Via de administração : controversa. OBS: Queda da PA e taquicardia importantes; Arritmia atrial ou ventricular; Aumento do consumo de O2 pelo miocárdio. Milrinona Inibidor da PDE III; Funcionamento sinérgico com as catecolaminas. Meia-vida: 2-6h. Dose de ataque: 0,25-0,5mcg/kg entre 10-30min, o que pode precisar de nova expansão volumétrica ou associação com vasopressores. Ou "mini-doses de ataque", em um tempo mais prolongado para evitar a hipotensão. Infusão contínua: 0,25-0,75mcg/kg/min podendo chegar até 1mcg/kg/min. OBS: Pode demorar muito tempo até atingir níveis séricos estáveis ; Arritmias e hipotensão (suspensão imediata); Excreção por via renal. Peculiaridades das drogas vasoativas: Vasopressores Dopamina Precursora da noradrenalina na medula adrenal e neurotransmissor no SNC. Efeitos dose-dependente: Dose de 3 a 5mcg/kg/min: ativa receptores dopaminérgicos (80-100%) e βadrenérgicos (5-20%); Dose de 5-10mcg/kg/min: ativa receptores β-adrenérgicos e poucos αadrenérgicos. Dose >10mcg/kg/min: ativa predominantemente os recepotores α-adrenérgicos. Objetivo: choque com baixa RVS. Choque refratário à dopamina: responsivos à noradrenalina. Doses baixas melhoram a perfusão renal? • Aumento da morbimortalidade; • ↓do consumo de O2 e do pH gátrico intestinal, apesar da melhora do fluxo explâncnico; • Piora da mobilidade gátrica; • Piora da hipoxemia; • Alteração da hipófise anterior e da imunidade celular; • Piora da função tireoidiana. Noradrenalina Potente vasopressor que redireciona o suporte sanguíneo do músculo esquelético para circulação esplâncnica. Ação nos receptores: α-1,α-2 e β-1. Naturalmente produzida na medula adrenal e age sem intermediários. Dose inicial: 0,02mcg/kg/min (titulação). Objetivo: Melhorar a RVS e a pressão diastólica e diminuir a pressão de pulso. OBS: Não age na falha miocárdica. Peculiaridades das drogas vasoativas: Vasopressores Vasopressina Administração exógena: Aumento da PA e melhora a diurese. Indicação: Choque refratário que não respondeu a doses ≥1mcg/kg/min de noradrenalina, em pacientes não-hipovolêmicos e que já usaram corticóide. Receptores: •V1: músculo liso, circulação sistêmica, esplâncnica, renal e coronariana. Sua ativação melhora a vasoconstriçao. •V2: ações antidiuréticas no néfron. •V3: mensageiros na hipófese anterior. •Receptores de Ocitocina (OTR): miométrio, células mamárias mioepiteliais, células endoteliais (promove aumento do cálcio intracelular e ativa a NOS). Dose inicial: diluição de 20U/mL com 0,0005U/Kg/min gradativamente até 0,002U/kg/min (dose ideal). Se necessário ir até dose máx (0,008U/kg/min). Se houver resposta, reduzir a dose de noradrenalina até doses inferiores a 0,4mcg/kg/min e só depois diminuir a vasopressina para 0,00025 U/Kg/min até sua retirada. OBS: Hiponatremia (evita-se o uso por mais de 24h). Isquemia mesentérica, coronariana e cutânea em doses altas. Pode associar a inotrópico: se DC baixo. Peculiaridades das drogas vasoativas: Vasodilatadores Pacientes pediáticos com RVS muito elevada. ↑RVS: mediadores orgânicos e efeito alfa vasoconstritor das drogas simpaticomiméticas. Objeivo: ↓tônus arterial, melhorando o DC, por reduzir a pós-carga, sem alterar a contratilidade. Principais usados: • Nitrovasodilatadores por sua meia-vida curta. • Nitroprussiato de sódio e nitroglicerina em infusão contínua com 0,5 até uso máx de 10ug/kg/min. Pode-se associar inotrópicos. OBS: Toxicidadade do nitroprussiato: acúmulo de tiocianato (IRC ou uso prolongado). Prefere-se usar milrinona como vasodilatador: Em pacientes em que foram usadas aminas simpaticomiméticas; Sem melhora clínica após usos das aminas (hipóxia grave ou elevação da RVS). Ao utilizar milrinona como vasodilatador: Preferir associação com noradrenalina e abandonar a adrenalina. Outros medicamentos: • Três novos medicamentos com atividade inibidora da PDE III tem sido usados no choque séptico refratário a drogas: – Levosimedana : aumento da sensibilidade do mecanismo contrátil do cálcio. – Enoximona : seletivo para o AMPc das celulas β-1 miocárdicas. – Fenodolpam: Agente dopaminérgico pós-sináptico seletivo D1. Fatores importantes para ação dos medicamentos vasoativos • Cálcio: – Necessário para função contrátil do miocárdio; – Reposição deve ser feita para manter níveis séricos normais. • Hormônio da tireóide: – Síndrome hipotireóidea; – Não há dados referentes aos seu uso em crianças; – Deve ser considerado o uso em: • Trissomia do 21 e com patologia do SNC • Empiricamente na dose de 0,1 a 0,2mcg/kg/h (liotironina-t-3 injetável). Fatores importantes para ação dos medicamentos vasoativos • Hidrocortisona: – Uso controverso; – Estudo CORTICUS 2004 : não houve diferença de mortalidade entre os grupos, mesmo naqueles com resposta inadequado ao teste adrenal com ACTH. – Em crianças: • Alta associação com a síndrome de disfunção adrenal e pior prognóstico. – Estudo de Casartelli e colaboradores 2005: • As crianças que evoluiram para óbito apresentaram um cortisol basal mais alto do que as que sobreviveram. Fatores importantes para ação dos medicamentos vasoativos • Hidrocortisona _ O último consenso de pediatria recomenda o seu uso em: – Insuficiência adrenal absolulta (pico de cortisol após estimulação com ACTH < 18mcg/mL); – Falência do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal; – Choque refratário à catecolaminas. • Dose: titulada de 2mg/Kg até 50mg/Kg (em doses intermitentes ou infusão contínua). 0 min 5 min Reconhecer o déficit do estado mental e da perfusão Iniciar O2 de alto fluxo Estabelecer acesso intravenoso/intraósseo (IV/VO) Iniciar ressuscitação: push de 20cc/kg de solução salina ou cristalóide até 60, até melhora da perfusão ou hepatomegalia Corrigir hipoglicemia e hipocalemia Iniciar antibioticoterapia (ATB) Inotrópico se necessário Choque não revertido 15 min Choque refratário a líquidos: iniciar inotróico IV/IO Choque frio: titular dopamina (central), se reverter ou adrenalia se persistir Choque quente: titular noradrenalina Choque não revertido 60min Dopamina até 10mcg/kg/ min Adrenalina 0,05 a 0,3 ncg/kg/min Choque resistente a catecolaminas: iniciar com hidrocortisona se houver risco de insuficiência suprarrenal UTI Brierley et al., 2009 Casos especiais Tipos de choque Choque resistente catecolaminas Alternativa farmacológica às Uso de outra droga ou combinações de agentes vasoativos. Choque frio resistente a Adrenalina 0,2 e 0,5µg/kg/min. dopamina, ↓PA, ↓DC e Se FC não muito alta: 2µg/kg/min. RVS alta Acima dessa dose: associar vasodilatador. Choque frio resistente a Nitroprussiato de sódio: 0,5 até 10µg/kg/min. catecolaminas, PA Milrinona + noradrenalia (abandonar o uso de normal, ↓DC e RVS alta adrenalina). Choque quente resistente Noradrenalina 0,2-5µg/kg/min. a catecolaminas, ↓PA, DC Mantém a dobutamina 20µg/kg/min (manter a alto e ↓RVS ação inotrópica). Milrinona : em caso de normalização da PA por altas doses de noradrenalia. Retira dobutamina. Biomarcadores • Cerca de 178 biomarcadores estão em estudo. – Proteína C reativa; – Procalcitonia; – Ferritina; – CD64; – Citoninas; – Lactato; – Proteína amilóide A sérica; – Ceruloplasmina; – Glicoproteína ácida alfa 1; – Hepcidina; – Proteína ligante de lipopolissacarídeo; – Pentraxina 3. Marcadores de gravidade na criança • Procalcitonina: – Picos na inflamação: aumenta em 3-4h e pico em 6h e platô até 24h. – Permite diferenciar sepse do choque séptico: • < 0,5ng/mL: sepse improvável podendo haver infecção localizada; • ≥0,5 e <2ng/mL:sepse possível; • ≥2ng/mL e <10ng/mL: infecção bacteriana complicada por inflamação sistêmica. • ≥10ng/mL: Choque séptico Marcadores de gravidade na criança • Proteína C reativa: – Liga-se ao polissacarídeo-C do pneumococo. – Eleva-se na fase aguda. – Deve ser aliada a sinais clínicos para diagnóstico de infecção. • IL-6: – Presente em 100% das crianças com choque séptico. • IL-8; 12; • Lipoproteína carrgadora de protéina: – Valor: 46,3mg/L (100% de especificidade e sensibilidade). • PNA • Endotoxina: – Exclui sepse e infeção, mas não exclui a resposta do hospedeiro. • IL-18: – Sua neutralização leva à redução do dano tecidual. Bibliografia: • • • • • • • • • Lawrence K. Pediatric sepsis and multiorgan disfunction syndrome: progress and continued challenges.Medical college of Georgia children´s medical center. Elsevier Inc. 2011;323-337pp. Westphal, G; Gonçalves , A; Fillho, M; Silva. E et al, Diretrizes para tratamento da sepse grave/choque séptico- Avaliação da perfusão tecidual. Rev. Brasileira de terapia intensiva, 2011; 23(1):6-12. P, R.A. Carvalho ; A Trota de E. Avanços no diagnóstico e tratamento da sepse. Jornal de pediatria. 2003;79 (supl.2). RJK, Aneja, JK Carcillo, Differences between adult and pediatric septic shock. Minerva Anestesiol 2011; 77:986-62. Troster. E. J. Choque séptico, Congresso norte-nordeste de medicina intensiva 2007, João Pessoa, PB. www.paulomargotto.com.br (Choque no recém-nascido) Irazuzta, J.; Sullivan, K.J.; Garcia, P e Piva, J. Pedro. Pharmacologic support of infants and children in septic shock, Jornal de Pediatria, 2007;83. Goldstein, B.; Giroir, B; Randolph, A. and members of the international consensus conference on pediatric sepsis. International pediatric sepsis consensus conference: Definitions for sepsis and organ dysfunction in pediatrics, Pediatric crit med 2005 vol. ¨6, No.!. Piva, J. Pedro e Carvalho, W. Brunow. Programa de atualização em terapia intensiva pediátirca (PROTIPED), Associação de medicina intensiva brasileira. Módulos 2 e 3. La Torre, F. Passarelli, M Lúica, César, R Grigolli e Pcchini R. Emergências em Pediatria- protocolos da santa casa. Ed Manole, 2010, 1105pág.