Indisciplina na Escola:
Alternativas teóricas e
práticas
Julio Groppa Aquino
A indisciplina e o sentimento de
vergonha
A indisciplina em sala de aula esta ligada a falta
de valores do nosso tempo;
Indisciplina decorre de mecanismos mentais
isolados do contexto social, cultural e histórico ou
sociológicos
Disciplina
X
Indisciplina:
Disciplina
–
comportamentos rígidos determinados por um
conjunto de normas e Indisciplina – revolta contra
essas normas ou o desconhecimento delas
A disciplina é condição necessária para arrancar o
homem de sua condição selvagem.
Vergonha
Vergonha é um sentimento inevitável
Vergonha e moral: vergonha esta ligada a dois
controles: interno (valores e construção da própria
imagem) e externo (exposição ao juízo alheio), e
está ligada o medo.
Associada a moral, o olhar alheio tem grande
responsabilidade.
Vergonha e Sociedade: tiranias da intimidade – o
homem contemporâneo restringe seu espaço de
ação moral em busca do prazer, marca de sua
autenticidade, nesse sentido o binômio vergonha
e moral se enfraquecem.
A indisciplina na sala de aula
Toda moral pede disciplina, mas nem toda disciplina pede
moral.
Nas instituições há o enfraquecimento da relação
vergonha/moral.
Não se valor na dignidade alheia, há desobediência, e se
afirma a dignidade revoltando-se contra a autoridade.
O olhar de reprovação do professor não surte efeito: os
cenários do aluno são outros, a platéia é outra.
Interesse pelo privado e íntimo.
Indisciplina em sala de aula não são falhas pedagógicas, por
isso não é fazer o aluno passar vergonha, é reforçar no
aluno o sentimento de sua dignidade como ser moral.
A criança, sua indisciplina e a
psicanálise.
Justifica-se por insuficiência nos métodos de ensino, estado
imaturo das capacidades psicológicas das crianças.
Aprendizagem, disciplina, e maturidade psicológica.
Indisciplina esta ligada as capacidades psicológicas? –
sadismo pedagógico
Decisões docentes arbitrárias e caprichosas
Na escola não imperam leis, e sim regras ou normas morais.
Lei é a expressão de vontade geral de renunciar a alguma
coisa.
Regra é princípio constitutivos de hábitos morais.
A lei é solidária a ética e a regra solidária a moral.
No entanto do ponto de vista da psicanálise cabe a nós
educadores ofertar cultura e não bondade psicoafetiva
A desordem na relação professor
aluno: Indisciplina, moralidade e
conhecimento
Função primordial da escola: veicular
os conhecimentos preconizados ou
conformar moralmente os sujeitos a
determinadas regras de conduta.
Visão da escola: conhecimento ou
valores
Disciplina: problema interdisciplinar
Olhar sócio histórico
A disciplina era imposta como castigo, ou
ameaça, através de medo, coação.
Professor: superior hierárquico, sua função
era modelar moralmente os alunos.
Escola: era um espaço social, pouco
democrático. Era elitista e conservadora.
A democratização deteriorava o ensino.
Portanto a qualidade do ensino cai,
principalmente o público, pela expansão às
camadas sociais.
Olhar psicológico
Indisciplina: carência do aluno
O reconhecimento da alteridade é condição sine qua non
(quer dizer condição indispensável, condição essencial.),
para a convivência em grupo e em sala de aula.
Escola e família responsáveis pela educação em sentido
amplo
Escola não é um espaço científico cultural, ao contrário é
também disciplinadora
A Escola desperdiça a força de trabalho qualificada; desvia
função; quebra o contrato pedagógico, cuja consequencia e
falta de comprometimento ético.
Há uma crise de paradigmas entre as relações familiares e
as ações escolares.
Indisciplina é um efeito entrepedagógico.
Relação professor-aluno
Escola equivale a praticas concretas
na relação professor- aluno.
Pautar em propostas de trabalho que
visem
conhecimento,
o
que
pressupõe a observância de regras ,
semelhanças e diferenças, de
regularidades e exceções.
Por uma nova ordem pedagógica
Papel da escola: fermentar a experiência do
individuo perante a aventura humana da
desconstrução e reconstrução do conhecimento.
Aluno: colocar em prática o pensamento lógico –
barulho e agitação passam a ser catalisadores do
ato de conhecer.
Docente: negociação constante
Quesitos:
vínculos
concretos
aluno/professor/relação; fidelidade ao contrato
pedagógico envolvendo ambas as partes;
permeabilidade para mudanças e intervenções.
Relação de Poder - Foucault
O que o poder faz não é reprimir, pois o próprio ato de
reprimir libera.
Poder: exercício móvel e mutável de forças no interior de
relações, e não algo que acontece de cima para baixo.
Política e poder significa ação de qualquer grupo
Principais características do poder disciplinar: vigilância
(olhar hierárquico) e sansão normalizadora.
Evita-se a punição como forma de recompensa da ação.
Vigilância esta ligada a transgressões de tempo, atividades,
maneira de ser, discurso, corpo e sexualidade.
A indisciplina faz parte da própria estratégia de poder, é
gerada pelos próprios mecanismos que visam ao seu
controle.
Poder em sua forma disciplinar, gera indisciplina
O que fazer: O educador é entender os acontecimentos
Indisciplina e Violência – a
ambiguidade dos conflitos na
escola
Violência: ordem e desordem, lógica do dever ser X a do
querer ser
Sociologia (Maffesoli): dois lados iluminado – explica a
existência do homem a partir de conjunto de leis
econômicas, políticas, educacionais;/ lado das sombras –
acentua a importância das múltiplas e minúsculas situações
do cotidiano onde predominam a fragmentação
e a
pluralidade do corpo social.
Em termo social tem como lógica o dever ser (Instituições)
Socialidade tem como lógica o querer viver.
Violência dos poderes instituídos – predomina a lógica do
querer viver
Indisciplina é uma forma de conflito que incorpora na
capacidade da resistência.
Escola – espaço de violência e
indisciplina
Ações do cumprimento de leis e normas X as
dinâmicas de grupos que estabelecem as suas
interações.
A escola não pode ser só vista como reprodutora
de experiências, conflitos, opressão, violência.
A escola se mostra como um lugar de extrema
tensão contra as forças antagônicas.
Quanto maior a repressão, maior a violência dos
alunos.
Construir práticas organizacionais que levem em
conta as características das crianças e jovens que
hoje frequentam a escola.
A indisciplina e o processo
educativo
Indisciplina é a incapacidade de se ajustar às
normas e padrões de comportamentos esperados.
Associação de disciplina a tirania.
Normas precisam ser entendidas como condição
necessária ao convívio e levar a atitude autonoma
e libertadora.
O disciplinador é aquele que educa , oferece
parâmetros e estabelece limites.
Indisciplina em vez de ser compreendida como
um pré requisito para aproveitamento escolar, é
encarada como resultado da prática educativa
realizada na escola.
Causas de Indisciplina
Educação recebida em casa
Núcleo Familiar
Falta de interesse dos pais em
acompanhar a vida escolar dos filhos
Personalidade do aluno
Traços inerentes a infância ou a própria
adolescência.
Responsabilidade ligada ao professor –
origem da indisciplina esta ligada a sua
falta de autoridade, de controle, de
aplicação de sansões.
Características do desenvolvimento
As características não são dadas a
priori, nem determinadas por
pressões sociais, são formadas pelas
interações do indivíduo com o meio.
A família, a escola e o aprendizado
da disciplina
Um comportamento mais ou menos indisciplinado de um indivíduo
depende de suas experiências , de suas histórias educativas, e
sempre terá relação com as características do grupo social e da
história a que pertence.
A família – primeiro contexto de socialização – exerce grande
poder de influência sobre crianças e adolescentes, portanto:
Pais autoritários: valorizam a obediência e as normas, terão filhos
obedientes, disciplinados, tímidos, apreensivos, pouco autônomos
e sem estima.
Pais permissivos: valorizam o diálogo e o afeto, filhos alegres e
dispostos e com dificuldade de assumir responsabilidades.
Pais democráticos: estimulam as crianças a expressarem suas
opiniões., demonstram flexibilidade, regras e limites claros e
explicados, filhos com autocontrole, auto-estima, capacidade de
iniciativa, autonomia e facilidade de relacionar-se
A escola não pode exprimir a sua tarefa educativa no que se refere
a disciplina.
Moralidade e indisciplina
Toda moral consiste num sistema de
regras, e a essência de toda moralidade
deve ser procurada no respeito que o
indivíduo adquire por essas regras.
Caminho Psicogenético: anomia (ausencia
de regras) heteronomia (criança já percebe
a existencia de regras) autonomia (sujeito
sabe que existem regras.
Perspectiva prática
Na indisciplina deve se observar o princípio da
regra, se este não for de justiça, a regra será
imoral e, portanto a indisciplina se torna um sinal
de autonomia.
O método de repressão reforça a heteronomia
A liberdade e a permissividade reforçam anomia
O rompimento dessa dicotomia só é possível com
a democratização da escola:
O professor estabelece regras com o grupo.
Coordenador e mediador de grupos não são
donos das regras, pois essa postura é incoerente
as idéias de respeito e reciprocidade.
Indisciplina e o cotidiano escolar
A prática pedagógica deve partir de
referencias ideológicas, morais,
sociais dos envolvidos na dinâmica
escolar (pais, professores, pais,
funcionários, diretores...)
Priorizar o processo de construção.
Os sentidos da indisciplina: regras
e métodos como práticas sociais
Corrente filosófica
Disciplina: conjunto das prescrições ou
regras destinadas a manter a boa ordem
Regras e disciplinas não são só
reguladoras (no sentido de permitir,
proibir), mas também constitutivas.
Ter disciplina para realizar algo não
significa ser disciplinado para tudo.
Não se pode exigir um comportamento
padronizado, deve se ensinar certas
maneiras de ensinar.
Indisciplina como matéria do
trabalho ético e político
A indisciplina é um sintoma de desvio de
comportamento individual por causa da
retirada do homem para o mundo privado.
Sala de aula um local de explicitação da
vontade individual diluindo o campo
político.
Processo educacional: dimensões éticas e
políticas.
Não basta dizer que dois mais dois são
quatro; há de avaliar como esse
conhecimento imprime uma nova direção
em si e no mundo.
Download

Indisciplina na Escola: Alternativas teóricas e práticas