Avaliação da fortificação do leite humano a partir da primeira alimentação: efeitos em lactentes com menos de 31 semanas de idade gestacional. Apresentação: Alessandra Gelande de Souza, José Noleto Salles Neto e Wendel Antônio. Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Brasília, 22 de agosto de 2012 Clicar aqui Evaluation of human milk fortification from the time of the first feeding: effects on infants of less than 31 weeks gestational age. e depois Tillman S, Brandon DH, Silva SG. Em nature publishing group E escolha PDF J Perinatol. 2012 Jul;32(7):525-31 As taxas de sobrevivência de bebês de baixo peso continuam a melhorar apesar de seu número total ter aumentado nos últimos 10 anos. Exigências nutricionais são maiores para prematuros, pois a maioria dos depósitos de glicose, proteínas, minerais e ácidos graxos são feitos no terceiro trimestre de gestação. Lactentes pré-termos nascidos entre 24 e 29 semanas de gestação não conseguem atingir o peso médio de um feto com a mesma idade pósconcepção (IGpc) e 99% dos lactentes estão abaixo do percentil 10 com 36 semanas de IGpc. A oferta de nutrição precoce adequada para lactentes pré-termos pode minimizar o déficit nutricional e aumentar o crescimento e neurodesenvolvimento dessas crianças. Uma estratégia para atender às necessidades nutricionais do bebê prematuro é fortificação do leite humano. O leite humano, considerado melhor fonte de nutrição e melhor neurodesenvolvimento para todas as crianças, no entanto nem sempre satisfaz a demanda aumentada de proteínas e nutrientes apresentadas pelos pré-termos. O uso de fortificantes no esquema padrão (Standard) tem demonstrado aumentar o crescimento dos lactentes pré-termos. Novos métodos como o individualizado (voltado para o conteúdo real do leite humano) e o ajustado (modificação do conteúdo do leite baseado nos valores laboratoriais da criança) tem mostrado benefícios. Apesar desses avanços, ainda não há consenso sobre o método ideal de uso de fortificantes. Não existem dados na literatura do efeito do uso dos fortificantes do leite humano a partir da primeira alimentação. Pesquisas com esses fortificantes apontam segurança e benefício para os recém-nascidos (RN) pré-termos quando iniciados após o lactente alcançar o volume alimentar entre 100-150 ml kg. O fortificante, baseado em leite humano, demonstra segurança a partir de 40ml kg de volume alimentar. Fortificantes protéicos são benéficos quando iniciados após o volume alimentar da criança alcança 90ml kg. Propósito do presente estudo: avaliar o impacto do uso de fortificante de leite humano desde a primeira alimentação no crescimento e estado de mineralização óssea em lactentes com idade gestacional menor que 31 semanas. Estudo retrospectivo: visa comparar os efeitos da fortificação precoce do leite humano (a partir da primeira alimentação) com a estratégia de fortificação tardia (que inicia uma vez que o bebê chega a 50 a 80ml kg por dia de nutrição enteral). A fortificação foi feita com fortificantes em pó comercialmente disponíveis (Enfamil, Mead Johnson, LLC Evansville, IN, EUA), que foram adicionados ao leite da própria mãe ou do banco de leite se a mãe não tivesse condições de amamentar. Os dados foram recuperados a partir do banco de dados neonatal (Neodata) da Unidade de Terapia ia Intensiva Neonatal e por uma revisão de prontuários individuais após a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética. A prática de alimentação para lactentes com IGpc menor que 34 semanas incluem o inicio precoce de alimentação com aumento progressivo da quantidade (20ml kg por dia). Em associação, os lactentes recebem 125mg/kg de Lactinex (probiótico) a cada 12h até atingirem IGpc de v34. Antes da mudança da prática, era iniciado a fortificação do leite numa taxa de 24 calorias/onça (29ml) usando fortificante em pó para leite humano (Fortificação tardia). Média de volume alimentar na data da introdução do fortificante : 85 ml/kg. E a média de dias de vida no qual a introdução da fortificação ocorria era de 24. Intolerância alimentar era definida pelo aumento dos resíduos, êmese ou alteração do exame físico abdominal. A partir de junho de 2009, todo leite humano oferecido para lactentes com idade corrigida menor que 34 semanas foi fortificado com 24 calorias/onça a partir da primeira alimentação (fortificação precoce). Nenhum lactente com menos de 34 semanas recebeu leite sem fortificação. Pela disponibilidade de leite doado, foi possível incluir nesse estudo crianças com IGpc menor que 31 semanas, dando a cada uma tempo mínimo de oferta de leite fortificado de 3 semanas antes da avaliação. Para fortificar pequenos volumes de forma precisa, uma escala em gramas foi usada quando o volume usado em 24h era menor que 25 ml. Não houve outras alterações de prática durante esse estudo. Todos os lactentes admitidos na Unidade terciária de Cuidados Intensivos a neonatos nascidos com idade gestacional <31 semanas, nascidos entre junho de 2008 e junho de 2010. Realizado captura dos lactentes 01 ano antes e 01 ano após a mudança da prática de fortificação precoce para minimizar as praticas nutricionais ao longo dos anos que poderiam interferir nos resultados. Os lactentes que foram incluídos receberam leite exclusivo até IGpc de 34 semanas, não possuíam anomalias congênitas de grande relevância, tiveram nutrição enteral até pelo menos 48h antes da morte e, se transferidas para outra Unidade, não estiveram fora por mais de 7 dias. O total de 128 prematuros com <31 semanas foram admitidos nessa Unidade entre junho de 2008 e junho de 2010 e 95 desses foram elegíveis para a análise. A maioria das crianças excluídas foram alimentadas com fórmulas antes das 34 semanas de IGpc. Três crianças nascidas com 23 semanas tiveram perfuração gastrintestinal espontânea antes do inicio da alimentação e foram transferidas para outra unidade para avaliação cirúrgica. Duas crianças foram transferidas para outras unidades devido lotação e 04 foram excluídas porque o conteúdo do leite ofertado ultrapassava 26 calorias/onça antes de 34 semanas PMA. O grupo de crianças as quais foram ofertadas fortificação precoce (EFG) compreendia 53 lactentes e o que foi ofertada fortificação tardia (DFG) incluía 42 lactentes. As medidas de desfecho foram o crescimento na 34º semana de IGpc e o estado de mineralização óssea durante a internação. O crescimento foi medido pelo ganho de peso em gramas desde o nascimento até a IGpc de 34. A idade de 34 semanas foi escolhida, já que o banco de leite não garantia mais a oferta a partir dessa idade. Todos os pesos foram obtidos em balança eletrônica por enfermeiras registradas. Níveis séricos de fosfatase alcalina (não fracionada), cálcio e fósforo foram avaliados como parâmetros do estado de mineralização óssea Avaliação de segurança da fortificação precoce: Episódios de intolerância alimentar e enterocolite necrosante. A incidência de enterocolite necrosante foi contabilizada pela ocorrência dos sinais clínicos e radiológicos (pneumatose intestinal ou gás no sistema venoso). Hipóteses não direcionais foram testadas e o nível de significância foi estabelecido em p<0,05. O nível de significância não foi estabelecido para testes múltiplos devido a natureza exploratória do estudo. As diferenças demográficas e clínicas entre os grupos foram examinadas usando o t-teste independente e teste X(quiquadrado) O teste não paramétrico de Wilcoxon e o teste de Fisher foram aplicados quando os pressupostos dos testes acima não foram atendidos. Peso de nascimento e qualquer medida clínica ou demográfica na qual os grupos diferiram na linha de base (P<0.10) foram consideradas potenciais co-variáveis na análise de crescimento e estado de mineralização óssea. Análises dos métodos de covariância foram usados para testar diferenças no ganho médio de peso em 34 semanas PMA. Modelo de regressão aleatória foi utilizado para testar diferenças entre os grupos com relação aos valores de fosfatase alcalina, cálcio e fósforo ao longo do período de 27-38 semanas PMA controlando o estado inicial de mineralização óssea, peso ao nascer e outras covariáveis importantes. Um coeficiente de regressão aleatória foi também utilizado para examinar mudanças nos níveis de proteínas nos grupos no intervalo de 27-38 semanas PMA. Os grupos (EFG X DFG) diferiram significativamente no (tabela 1): Apgar no quinto minuto (p< 0,01), Dia de vida da primeira alimentação (p<0,05) e Incidência de sepse (p<0,05). Grupo que recebeu fortificação precoce (EFG) teve maior média de apgar no quinto minuto e menor tendência a sepse quando comparados com o grupo de fortificação tardia (DFG). Tabela 1 DFG: fortificante tardio EFG: fortificante precoce Análise inicial de modelo de covariância que testou a diferença no ganho médio de peso entre os dois grupos incluía dados como peso ao nascer, PIG (pequeno para a idade gestacional), idade materna, sexo, sepse, dia de vida da primeira alimentação e Apgar no quinto minuto como covariáveis Covariáveis : Idade materna, sexo, dia de vida da primeira alimentação e Apgar no quinto minuto foram omitidos do modelo final devido a falta de significância (p>0,10). Os grupos não diferiram significativamente com relação a média de ganho de peso com IGpc de 34 semanas (P<0.29), após controlado peso ao nascer , sepse e PIG (. A média de ganho ponderal ajustado para as covariáveis foi discretamente menor no grupo de fortificação precoce (728±249.3) quando comparado com o grupo de fortificação tardia (785±250.1). Como estudos prévios mostraram o benefício da fortificação em lactentes pré-termos menores, análises de covariância foram feitos em um subgrupo de 60 lactentes com idade <28 semanas. Os resultados mostraram que o grupo EFG (875±251) e o grupo de DFG (940±251) não diferiram significativamente. A análise dos modelos de regressão aleatória ajustadas para as covariáveis confirmaram que os níveis séricos de proteínas permaneceram estáveis de 27-38 semanas de IGpc em ambos os grupos. De maneira similar, o t-teste aplicado para média de proteína em cada grupo não demonstrou diferenças significante entre os grupos (p>0,05). A análise dos níveis séricos de minerais ósseos, após ajuste com peso ao nascer e sepse não indicaram um efeito significativo no grupo de fortificação no que diz respeito aos níveis de fosfatase alcalina, cálcio e fósforo entre 27º-38º semanas de IGpc (p>0,05). (Tabela 2) O estado de crescimento fetal, idade materna, Apgar no quinto minuto e dia da primeira alimentação foram retirados do modelo final. O cálcio: somente o nível inicial do cálcio era uma covariante significativa (P<0.001). O fósforo: aumentou significativamente de uma forma linear ao longo do intervalo de tempo em ambos os grupos (P<0.001), mas o padrão de mudança não diferiu entre os dois grupos Adicionalmente, o nível inicial de fósforo, o peso ao nascer e a sepse foram significativamente influenciados pelos níveis de fósforo todo o tempo (P<0.03). Uma relação significante de fosfatase alcalina foi observada em cada grupo ao longo do tempo, com os níveis de fosfatase alcalina constantes, mas não significativamente maior em DFG em relação ao EFG (P>0.05). Os valores de fosfatase alcalina foram dicotomizados em baixos níveis (<500UI_1) e altos níveis (>500 U l_1) para comparar a porcentagem de altos escores nas 27º até 38º semanas. Quando um valor da fosfatase alcalina era perdido, um valor estimado era imputado de modo que entre o grupo diferente na percentagem de crianças com valor de fosfatase alcalina era >500 em cada semana da IGpc (Figura 1d). O grupo DFG teve uma significância de maior proporção dos RN com fosfatase alcalina (>500 UI_1) do que o grupo EFG na 27º semana (P<0.02), 28º semana (P<0.02) e 29º semana (P<0.04). Os grupos não diferiram significativamente depois da 29º semana. Os grupos de fortificação precoce e tardia não diferem significativamente em relação ao aparecimento de intolerância alimentar (>0,05). Entre os dois grupos não foram encontrados diferenças significativas com relação às outras medidas de segurança. O grupo no qual foi introduzido fortificação precoce foi encontrado 5 casos de fezes com sangue, porém sem enterocolite. Apenas um lactente com fortificação tardia teve fezes com sangue. Um lactente com fortificação tardia teve diagnóstico de microcólon com 36 semanas de IGpc. Os dois grupos não tiveram diferenças estatisticamente significantes relacionadas as variáveis de segurança. Apesar da pequena amostra e poder estatístico insuficiente, os resultados apontaram que lactentes com fortificação precoce(EFG) obtiveram menor risco de intolerância alimentar em comparação com o grupo de fortificação tardia(DFG). O grupo DFG teve 1.31 vezes mais chance de ter intolerância alimentar em comparação ao EFG (Odds ratio=1.31/95% intervalo de confiança IC = 0,39-4.39) e o risco desse evento no DFG foi de 126% do que referido no EFG (Risco relativo = 1.26, 95% IC=0,44-3,63). A proporção de casos com sangue nas fezes sem enterocolite foi menor no DFG (ES= -0.66). Tabela 3 Crianças que receberam fortificação precoce do leite humano não diferiram no ganho ponderal com IGpc de 34 semanas quando comparadas com o grupo que teve o uso de fortificante tardio. O tempo médio que os lactentes receberam leite humano fortificado foi de cinco semanas, podendo não ser suficiente para um ganho ponderal cumulativo adequado. O estudo forneceu informações valiosas com relação a direção e magnitude do ganho ponderal , apesar da amostra pequena e do baixo poder estatístico. Seria de grande ajuda avaliar se há diferença entre crianças que recebem leite materno com aqueles que recebem leite do banco. Apesar de não haver diferenças significativas de peso na IGpc de 34 semanas, esse estudo foi considerado fraco para avaliar diferenças estatísticas nessa área. Possíveis justificativas: O ganho ponderal pode estar intimamente associado com o balanço acido-básico e a acidose pode de fato afetar o ganho ponderal. A incidência de acidose não foi avaliada. Dados recentes sugerem que a fortificação precoce é bem tolerada. Risco é maior de enterocolite necrosante com fortificante de origem bovina, quando comparado com fortificante com a proteína do leite humano Riscos relacionados ao desenvolvimento osteopenia da prematuridade: de Crianças que receberam fortificação precoce tiveram uma incidência significantemente menor de níveis séricos de fosfatase alcalina > 500, contando a partir de 33 semanas de IGpc. Dados mais recentes sugerem que a suplementação de cálcio de fósforo não precisa alcançar os valores ofertados em ambiente intrauterino A literatura mostra que o uso de fortificantes pode aumentar a osmolaridade do leite e diminuir a motilidade gástrica, assim como o esvaziamento gástrico. Dados atuais demonstram que essa afirmativa é pouco significante. Estudos adicionais avaliando a incidência de acidose metabólica com o uso da fortificação precoce também pode ser de grande ajuda. Também é necessário um estudo analisando a combinação de fortificante precoce com leite para pré-termos e seu impacto no crescimento e desenvolvimento de intolerância em lactentes com peso <1000g. É de interesse o estudo do impacto do uso de fortificantes em crianças com mãe de idade <20 anos e o estado nutricional materno. Esse estudo teve somente 7 mães com idades <20 anos, não tendo poder estatístico significante para essa análise. A fortificação do leite humano para prematuro é uma prática necessária (Bauer J et al, 2010), uma vez que o leite humano não é adequando para o pré-termo sem a adição de nutrientes. Assim, a fortificação é uma PRÁTICA COMUM! Nesse estudo preliminar, o uso precoce de fortificante a partir da primeira alimentação foi relacionado com menor incidência de altos níveis de fosfatase alcalina (seria de interesse avaliar a massa óssea quando adultos) e não foi relacionado a intolerância alimentar Até ser determinado um método otimizado de fortificação, parece prudente permanecer com o modelo antigo (standard) na primeira oportunidade de introdução Não houve conflitos de interesses nesse artigo. ABSTRACT REFERÊNCIAS (em forma de links) Behrman R, Butler A., Institute of Medicine (U.S.). Committee on Understanding Premature Birth and Assuring Healthy Outcomes. Preterm Birth: Causes, Consequences and Prevention. National Academics Press: Washington, DC, 2007. Shah M, Shah S. Nutrient deficiencies in the premature infant. Pediatr Clin N Am 2009; 56: 1069–1083. | Article | Ehrenkranz M, Younes N, Lemons J, Fanaroff A, Donovan E, Wright L et al. Longitudinal growth of hospitalized very low birth weight infants. 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Os RN que recebem leite humano de Banco precisam do fortificante, uma vez que o leite humano do Banco é originário de mães de RN a termo, com proteína, cálcio e fósforo insuficientes. Neu: não chegamos totalmente a este ponto ainda; o leite humano tem muitos benefícios; excelentes neonatologista sugerem que a fortificação do leite humano e deveria ser feito pelos pais para envolvê-los melhor. Por que os bancos de leite preconizam leites hipercalóricos sem fortificante? Elisabeth: Na verdade os Bancos de Leite não preconizam isto. São algumas pessoas que falam disto. O crematócrito avalia a quantidade de lipídeos e não de proteínas ou quantidade de lactose O que se perde muito nos processamentos e principalmente quando comparamos o leite humano dado por sonda e por infusão contínua é o lipídeo. A principal perda de gordura ocorre na infusão contínua. O que temos que fazer? Não usar a infusão contínua. Sempre usar a gavagem. Agora, proteína, só aumentamos se usarmos o fortificante. Não há outro jeito de aumentar a proteína se não usar o fortificante. Onde adicionar o fortificante, no lactário ou na UTI? Elisabeth: Vocês estão notando que eu estou usando a palavra fortificante, porque aqui no Brasil algumas pessoas dizem para não usar a palavra fortificante, pois não é politicamente correto. Vou dizer. Para mim, politicamente correto é nutrir adequadamente estes RN. Então, vou continuar usando fortificante mesmo. Sou muito intolerante quanto a esta questão, pois os prematuros extremos tem que receber calorias, proteínas para que eles tenham o melhor ganho de peso, perímetro cefálico e de preferência um crescimento semelhante ao intra-uterino. O fortificante deve ser feito no mínimo 6 horas antes, devido ao risco de aumentar a osmolaridade. O ideal é fazer no momento de administrar o leite. Efeitos do uso de aditivo no leite humano cru da própria mãe em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso Autor(es): Evelyn C. Martins, Vera L. J. Krebs. Apresentação:Eveline de Farias Rodrigues O uso de aditivo no leite humano cru da própria mãe proporcionou melhor crescimento, com aumento significativo do comprimento e do perímetro cefálico. 1,09 cm/semana (com fortificante) 0,87 cm/semana (controle) 0,73 cm/semana (controle) 1,02 cm/semana (com fortificante) Leite humano fortificado: menor risco de enterocolite necrosante do que a Fórmula. Complicações: Sem diferenças estatisticamente significativas para Distensão abdominal, intolerância digestiva, hipernatremia, infecção Artigo Integral! Leite humano exclusivo para o recém-nascido prétermo: evidências para o seu enriquecimento Autor(es): Paulo R. Margotto ..........Segundo Leone, pensar no leite humano como uma medicação que está sendo PRECRITA aos nossos RN pré-termos. Devemos usar o leite materno da própria mãe, enriquecê-lo em algum momento e este momento é bem precoce. É importante que conheçamos o nosso RN, avaliemos o seu grau de maturidade, avaliemos os riscos das nossas decisões e que estejamos próximos a eles no acompanhamento das conseqüências das nossas decisões, tendo a coragem de mudar a opção quando detectarmos que uma determinada direção nutricional está trazendo mais desvantagens que riscos. A adequação do leite humano (uso de aditivo) é INQUESTIONÁVEL, mas devemos reconhecer que dentro da população de RN prematuros, hoje, com o aumento da sobrevida de RN cada vez mais imaturo, se criou uma população heterogênea em que podemos e devemos distinguir diferentes níveis de atuação quanto às necessidades nutricionais. Segundo Schanler, no momento atual não é ético fazer estudos comparando o crescimento de recém-nascidos pré-termos recebendo leite humano enriquecido e leite humano não enriquecido, dado o corpo de evidências na literatura do seu inquestionável benefício. O enriquecimento do leite humano (LH) preserva os benefícios inquestionáveis do LH, sobretudo quando se usa o da própria mãe do RN pré-termo, mantendo-se o crescimento e a incorporação de nutrientes em níveis mais próximos aos intrauterinos. O enriquecimento do LH deve ser prescrito pelo médico, seguindo as recomendações específicas. Leite materno para prematuro: fortificar ou não Autor(es): Gilberto Pereira (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto Quais são os outros tipos de enriquecimento do leite humano: nos EUA há uma Companhia que está manipulando o leite humano; coleta leite humano de doadoras, faz a evaporação e enriquecimento e vende para os Hospitais. É um boa técnica sem dúvidas em termos da qualidade do produto, mas é muito recente, faltam dados clínicos de estudos sobre os efeitos do uso destes enriquecedores. Estes estudos estão sendo feitos agora. No Brasil, há um trabalho publicado, realizado em Ribeirão Preto: é realizada a evaporação a vácuo do leite humano, resultando em um produto com maior concentração de fósforo, potássio, lactose,proteína 3-4 vezes ao leite humano não enriquecido. Também existe um trabalho realizado na Universidade do Mato Grosso quando o leite é pasteurizado, faz evaporação cerca de 70% do volume original, resultando em um leite humano com maior teor de proteína ,gordura e lactose e de todos os outros minerais. No entanto a pasteurização faz uma redução dos níveis de imunoglobulinas como é de se esperar. Estas são duas opções brasileiras que estão sendo usadas, não sei por quantos Berçários no país. Estratégias para a alimentação do pré-termo: intravenoso e oral. Quando e como? Autor(es): William Ray (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto O padrão ouro para o RN a termo é o leite materno (os ácidos graxos de cadeia longa, como o ácido aracdônico e ducosahexanóico-DHA), são fundamentais para o desenvolvimento da retina e do sistema nervoso. Então, porque não usamos o leite materno para os prematuros? Acontece que é difícil obter a quantidade suficiente de leite materno. Ao se usar fórmulas, é importante a adição destes ácidos graxos de cadeia longa. Na verdade, no manuseio nutricional do pré-termo, ocorre uma precoce e severa deficiência de DHA que pode representar, com um mês de vida, por volta da metade do acúmulo fetal de DHA (Postnatal docosahexaenoic acid deficiency is an inevitable consequence of current recommendations and practice in preterm infants. Lapillonne A, Eleni dit Trolli S, KermorvantDuchemin E. Neonatology. 2010;98(4):397-403. Epub 2010 Nov 5. Artigo integral. Quanto de proteína e aminoácidos devemos oferecer aos recémnascidos pré-termos? -23-28 sem: 3,0-4,0g/kg/dia; -29-36sem: 2-3g/kg/dia; -recém-nascido a termo: 1,5 a 2 g/kg/dia Crematócrito e a composição nutricional do leite materno Autor(es): Christine D. Wang et al. Apresentação: Ana Cláudia de A. Dantas, Anelise A. Salge Prata, Paulo R. Margotto Maior crematócrito não é evidência de maior teor de proteína A variação do conteúdo energético do LEITE HUMANO está intimamente ligada à concentração lipídica, não havendo relação com os carboidratos e proteínas. LEITE HUMANO HIPERCALÓRICO NÃO É LEITE HUMANO HIPERTPROTEICO! Necessidade proteica dos pré-termos extremos: 3,8g/kg/dia! Dieta com leite humano exclusivo (leite humano fortificado com proteína do leite humano) é associado com menor taxa de enterocolite necrosante (ECN) do que dieta com leite humano fortificado com produto bovino ou fórmula Autor(es): Sullivan S et al. Apresentação: Dra. Elba, Dra.Joseleide Castro, Dr. Paulo R. Margotto Encontrou-se uma redução de 50% ENC (prevenção de 1300 a 1850 casos anualmente*) e ENC cirúrgica, quase 90% em lactentes alimentados com uma dieta exclusiva de leite humano em relação com uma dieta contendo produtos bovinos à base de leite. NNT (número necessário para tratamento) COM LEITE HUMANO EXCLUSIVO PARA PREVENIR UM CASO ENC: 10 e ECN CIRÚRGICA OU MORTE: 8 (nenhuma intervenção tem mostrado tão efetiva na redução da ENC) (*138.000 a 238000dl/caso) Fortificação ajustável do leite humano na alimentação do RN prétermo: faz a diferença? Autor(es): S Arslanoglu, GE Moro, EE Ziegler. Resumido por Vinicius Silveira Amaral e Paulo R. Margotto O estudo demonstrou viabilidade, segurança e efetividade do método de fortificação do leite materno, baseado na uréia sérica. A fortificação do leite materno é um desafio, pois não só a ingestão diminuída de proteína deve ser evitada, assim como a ingesta excessiva. Por isso, todo método de aumento da ingesta protéica, deveria ser individualizado. O método de análise periódica do leite materno é o mais usado para melhorar a ingesta protéica, mas ele depende da possibilidade de analisar o leite, não podendo ser utilizado em larga escala. A vantagem do método do presente estudo, é que não depende da análise do leite e é seguro contra ingesta hiperprotéica indevida. No entanto, o BUN é influenciado pela função renal e pelo estado de hidratação. A desvantagem do método baseado uréia, é não permitir o ajuste da ingesta de energia. Tem se demonstrado que o precoce crescimento do perímetro cefálico (PC) é um forte preditor do neurodesenvolvimento. RN pré-termo no grupo do regime de fortificação ajustável tiveram maior ganho do peso e do PC significativamente, do que RN no grupo do regime STD. Maior ingesta protéica parece ter sido primariamente a responsável pelo melhor crescimento no grupo de regime ADJ. O novo método de fortificação pode ser a solução para o problema da desnutrição protéica em RNPT amamentados com leite materno. AINDA na Rede Pública, em Brasília, não se fortifica o leite humano (Complemento Nutricional) para grupos selecionados de Recémnascidos, uma VEZ QUE AS EVIDÊNCIAS SÃO ÓBVIAS!!!!! O leite humano (LH) está indicado para os recém-nascidos (RN) tanto a termo como pré-termo (importância do DHA para a visão e neurodesenvolvimento), sendo que nos pré-termos <1500g é indiscutível a necessidade de sua fortificação à luz das evidências atuais. Quase 100% dos pré-termos extremos que saem da UTI Neonatal estão com o peso abaixo do percentil 10 (restrição do crescimento). O enriquecimento do leite humano do RN pré-termo com proteína resulta melhor crescimento, principalmente do perímetro cefálico (forte preditor de neurodesenvolvimento) e do comprimento, além de melhor mineralização óssea. O seu uso tem sido demonstrado ser seguro, inclusive usando precocemente na UTI Neonatal, como demonstrado por Tillman e cl. A fortificação com a proteína do próprio leite materno é o ideal. Palhares a Universidade do Mato Grosso tem patenteado dispositivo que permite a liofilização do leite materno, tornando realidade esta prática no seu Serviço. Forticando o leite humano, vamos permitir que o RN de muito baixo peso continue usufruindo todas as indescritíveis qualidades do LH, principalmente a proteção que confere contra as infecções hospitalares e a qualidade nutricional tão importante na edificação das estruturas funcionais cerebrais (visão, memória, aprendizado, inteligência). Nesta programação biológica, o LH desempenha transcendental papel de tal forma que frisamos as palavras de Forestes Cockburn “apenas uma pequena percentagem de RN humanos deve correr o risco de ingerir fórmulas artificiais". COM A FORTIFICAÇÃO DO LEITE HUMANO vamos evitar o uso de fórmulas para prétermos! O que se observa: na ausência do fortificante, os profissionais estão mesclando leite materno com fórmula especial para pré-termo! Assim, sugerimos que o fortificante do leite humano, que chamamos de Complemento Nutricional) fique na Farmácia do Hospital e seja liberado mediante preenchimento de formulário específico com justificativa para o seu uso, como é feito para certas medicações (imunoglobulina, antibióticos, etc). A atual Coordenação de Neonatologia da SES/DF (Dra. Martha Vieira) está trabalhando intensamente nesta linha. Não tem absolutamente NADA a ver com os Bancos de Leites! Paulo R. Margotto Dr. Paulo R. Margotto e Ddos José Noleto S.Neto, Alessandra Gelande de Souza e Wende A.A. Moreira Drs. Paulo R. Margotto. Renato Machado Fiori e Durval Palhares (Belo Horizonte, junho de 2012)