Capítulo 3 3. Materiais cristalinos -Estrutura cristalina: Conceitos Fundamentais, célula unitária, - Sistemas cristalinos, - Polimorfismo e alotropia - Direções e planos cristalográficos, anisotropia, - Determinação das estruturas cristalinas por difração de raios-x. 1 Capítulo 3 A estrutura de sólidos cristalinos Por que estudar a estrutura de sólidos cristalinos? As propriedades de alguns materiais estão diretamente relacionadas às suas estruturas cristalinas. ex: Magnésio e Berílio que têm a mesma estrutura se deformam muito menos que ouro e prata que têm outra estrutura cristalina. Explica as diferenças significativas nas propriedades apresentadas por materiais cristalinos e não-cristalinos que possuem a mesma composição. Exemplo: cerâmicas e polímeros não cristalinos são normalmente opticamente transparentes; os mesmos materiais em forma cristalina tendem a ser opaco ou, na melhor das hipóteses, translúcidos. 2 ESTRUTURAS CRISTALINAS(CONT.) • Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos ou nãocristalinos de acordo com a regularidade na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos. • Material cristalino é aquele no qual os átomos encontram-se ordenados sobre longas distâncias atômicas formando uma estrutura tridimensional que se chama de rede cristalina • Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação 3 O Cristal Perfeito - Estrutura Cristalina Muitos materiais - metais, algumas cerâmicas, alguns polímeros - ao se solidificarem, se organizam numa rede geométrica 3D - a rede cristalina. Estes materiais cristalinos, têm uma estrutura altamente organizada, em contraposição aos materiais amorfos, nos quais não há ordem de longo alcance. Cristal 1 Fronteira Cristal 2 Fronteira entre dois cristais de TiO2. Carbono amorfo. Note a organização geométrica dos átomos. Note a desorganização na posição dos átomos. Imagens obtidas com Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET). 4 Nos Materiais Não-Cristalinos ou Amorfos não existe ordem de longo alcance na disposição dos átomos Ordenamento regular dos átomos Ordenamento somente a curtas distâncias As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende da estrutura cristalina, ou seja, da maneira na qual os átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos. Há um número grande de diferentes estruturas cristalinas, desde estruturas simples exibidas pelos metais até estruturas mais complexas exibidas pelos cerâmicos e polímeros 5 Célula Unitária (unidade básica repetitiva da estrutura tridimensional) Como a rede cristalina tem uma estrutura repetitiva, é possível descrevê-la a partir de uma estrutura básica, como um “tijolo”, que é repetida por todo o espaço. Células Não-Unitárias Célula Unitária Menor “tijolo” que repetido reproduz a rede cristalina 6 CÉLULA UNITÁRIA(CONT.) (unidade básica repetitiva da estrutura tridimensional) Consiste num pequeno grupos de átomos que formam um modelo repetitivo ao longo da estrutura tridimensional (analogia com elos da corrente) A célula unitária é escolhida para representar a simetria da estrutura cristalina Os átomos são representados como esferas rígidas 7 Sistemas Cristalinos Estes sistemas incluem tôdas as possíveis geometrias de divisão do espaço por superfícies planas contínuas Reticulado x, y, z = eixos a, b, c = comprimentos das arestas , , = ângulos interaxiais Célula Unitária Os 7 Sistemas Cristalinos Só existem 7 tipos de células unitárias que preenchem totalmente o espaço Cúbica a=b=c, ° Hexagonal* Romboédrica a=b=c, ° a=bc, °° Tetragonal a=bc, ° Monoclínica abc, ° Ortorrômbica abc, ° Triclínica abc, ° 9 Sistemas Cristalinos e Redes de Bravais Os sistemas cristalinos são apenas entidades geométricas. Quando posicionamos átomos dentro destes sistemas formamos redes (ou estruturas) cristalinas. Existem apenas 14 redes que permitem preencher o espaço 3D. Nós vamos estudar apenas as redes mais simples: a cúbica simples - cs (sc - simple cubic) a cúbica de corpo centrado - ccc (bcc - body centered cubic) a cúbica de face centrada - cfc (fcc - face centered cubic) a hexagonal compacta - hc (hcp - hexagonal close packed) 10 AS 14 REDES DE BRAVAIS Dos 7 sistemas cristalinos podemos identificar 14 tipos diferentes de células unitárias, conhecidas com redes de Bravais. Cada uma destas células unitárias tem certas características que ajudam a diferenciá-las das outras células unitárias. Além do mais, estas características também auxiliam na definição das propriedades de um material particular. As 14 Redes de Bravais Cúbica Simples Cúbica de Corpo Centrado Ortorrrômbica Simples Hexagonal Cúbica de Face Centrada Ortorrrômbica de Corpo Centrado Monoclínica Simples Ortorrrômbica de Base Centrada Tetragonal Simples Tetragonal de Corpo Centrado Ortorrrômbica de Face Centrada Monoclínica de Base Centrada Romboédrica Simples Triclínica 12 POLIMORFISMO OU ALOTROPIA •Alguns metais e não-metais podem ter mais de uma estrutura cristalina dependendo da temperatura e pressão. Esse fenômeno é conhecido como polimorfismo. • Geralmente as transformações polimorficas são acompanhadas de mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades físicas. EXEMPLO DE MATERIAIS QUE EXIBEM POLIMORFISMO • • • • • Ferro Titânio Carbono (grafite e diamente) SiC (chega ter 20 modificações cristalinas) Etc. ALOTROPIA DO FERRO ccc De 1394°C-PF cfc De 910-1394°C ccc Até 910°C • Na temperatura ambiente, o Ferro têm estrutura ccc, número de coordenação 8, fator de empacotamento de 0,68 e um raio atômico de 1,241Å. • A 910°C, o Ferro passa para estrutura cfc, número de coordenação 12, fator de empacotamento de 0,74 e um raio atômico de 1,292Å. • A 1394°C o ferro passa novamente para ccc. Estruturas Cristalinas dos Metais Como a ligação metálica é não direcional não há grandes restrições quanto ao número e posição de átomos vizinhos. Assim, os metais terão NC alto e empilhamento compacto. A maior parte dos metais se estrutura nas redes cfc, ccc e hc Daqui prá frente representaremos os átomos como esferas rígidas que se tocam. As esferas estarão centradas nos pontos da rede cristalina. 16 A rede ccc A rede cúbica de corpo centrado é uma rede cúbica na qual existe um átomo em cada vértice e um átomo no centro do cubo. Os átomos se tocam ao longo da diagonal. Fator de empacotamento atômico (APF - atomic packing factor) Volum e(átom os) a Volum e(célula) N (átom os)V (1átom o) R 3 a 4 3 N (átom os) R 1 átomo inteiro 1/8 de átomo 3 a3 Número de átomos na célula unitária 4 8 3 Na= 1 + 8x(1/8) = 2 2 R 3 R 3 Relação entre a e r 3 3 FEAccc 0,68 3 3 4R = a3 => a = 4R/3 NC = 8 64R 8 4R 17 3 3 O Fe, Cr, W cristalizam em ccc 3 FEA Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado (CCC) 2 átomos/c.u. N.C. = 8 F.E.A. = 0.68 Cr, Fe(a), W 18 A rede cfc A rede cúbica de face centrada é uma rede cúbica na qual existe um átomo em cada vértice e um átomo no centro de cada face do cubo. Os átomos se tocam ao longo das diagonais das faces do cubo. Al, Ag, Cu, Au a 1/8 de átomo R 1/2 átomo Número de átomos na célula unitária Na= 6x1/2 + 8x(1/8) = 4 Relação entre a e r 4R = a2 => a = 2R2 NC = 12 Fator de empacotamento atômico FEAcfc = Volume dos átomos = 0.74 Volume da célula A rede cfc é a mais compacta 19 Estrutura Cristalina Cúbica de Face Centrada (CFC) a = parâmetro de rede R = raio atômico 4 átomos/c.u. N. C. = 12 F.E. A. = 0.74 Al, Cu, Au, Pb, Ni, Pt, Ag 20 EST. HEXAGONAL COMPACTA • Cada átomo tangencia 3 átomos da camada de cima, 6 átomos no seu próprio plano e 3 na camada de baixo do seu plano • O número de coordenação para a estrutura HC é 12 e, portanto, o fator de empacotamento é o mesmo da cfc, ou seja, 0,74. a = parâmetro de rede R = raio atômico Relação entre R e a: a= 2R A rede hc A rede hexagonal compacta pode ser representada por um prisma com base hexagonal, com átomos na base e topo e um plano de átomos no meio da altura. Cd, Mg, Ti, Zn Número de átomos na célula unitária Na= 12x1/6 + 2x(1/2) + 3 = 6 Relação entre a e r 2R = a c c/2 FEA = 0.74 NC =12 A rede hc é tão compacta quanto a cfc a 22 A rede hc (cont.) Cálculo da razão c/a Vista de topo a/2 30º d dcos30° = a/2 d3/2 = a/2 d = a/3 a c/2 a a d a2 = a2/3 +c 2/4 c2 = 8a2/3 a a2 = d2 +(c/2)2 Razão c/a ideal c/a= 8/3 = 1.633 no entanto este valor varia em metais reais 23 A rede hc (cont.) Cálculo do fator de empacotamento atômico FEA Vatomos Vcelula 4 Vatomos 6 r 3 8r 3 3 Vcelula Abase Altura Ahexagono c 6 Atriang. c 3 a b h 2 a2 3 Atriang. 2 2 4 3 3 8 Vcelula 6 a 2 c 6 a2 a 3 2a 3 3 2 8r 3 4 4 3 Vista de topo a FEA 3 8r 0.74 3 3 2 3 2 8r h 60º a 24 Empacotamento ótimo O fator de empacotamento de 0.74, obtido nas redes cfc e hc, é o maior possível para empilhar esferas em 3D. A A B C A A C B C A B cfc A B C A C C A B C A B A B B C A B C A B C A C A B A A A B C A A hc 25 Empilhamento de planos compactos das estruturas CFC e HC 26 Cristalografia • Para poder descrever a estrutura cristalina é necessário escolher uma notação para posições, direções e planos. • Posições São definidas dentro de um cubo com lado unitário. 27 Direções Cristalográficas e Pontos do Retículo • Vetores vetor decomposição •Direção Cristalográfica Um vetor se posiciona de tal modo que ele passe pela origem do sistemas de coordenadas; O comprimento da projeção do vetor em cada um dos 3 eixos é determinado; Estes 3 números são reduzidos ao menor número inteiro; Eles são representados dentro de colchetes, [uvw] Índices de uma direção [120] x y z Projeções a/2 b 0c Projeções 1/2 1 0 Reduções 1 2 0 Representação [120] Direções cristalográficas As direções são definidas a partir da origem. Suas coordenadas são dadas pelos pontos que cruzam o cubo unitário. Se estes pontos forem fraccionais multiplica-se para obter números inteiros. [0 0 1] [1 1 1] [1 -1 1] 1 1 1 [0 1 1/2]=[0 2 1] [0 1 0] [1/2 1 0]=[1 2 0] [1 0 0] [1 1 0] 29 Direções cristalográficas (cont.) • Famílias de direções Formadas por posições semelhantes dentro da estrutura cristalina. <111> = [111],[111],[111],[111],[111],[111],[111],[111] • Ângulo entre direções no sistema cúbico Dado pelo produto escalar entre as direções, tratadas como vetores. D=ua +vb + wc D’=u’a +v’b + w’c Ex: [100] e [010] cos= 1.0 + 0.1 + 0.0 = 0 D.D’ = /D/ /D’/ cos 1 = 90° cos = D.D’/ /D/ /D’/ = uu’+vv’+ww’/ u2+v2+w2 u’2+v’2+w’2 Ex: [111] e [210] cos= 1.2 + 1.1 + 1.0 = 3 3.5 5 = 39.2° 30 DIREÇÕES NOS CRISTAIS • São representadas entre colchetes=[uvw] • Família de direções: <uvw> Algumas direções da família de direções <100> DIREÇÕES NOS CRISTAIS • São representadas entre colchetes= [hkl] • Se a subtração der negativa, coloca-se uma barra sobre o número As duas direções pertencem a mesma família? [101] DIREÇÕES NOS CRISTAIS • São representadas entre colchetes= [hkl] • Quando passa pela origem DIREÇÕES NOS CRISTAIS • São representadas entre colchetes= [hkl] Os números devem ser divididos ou multiplicados por um fator comum para dar números inteiros DIREÇÕES PARA O SISTEMA CÚBICO A simetria desta estrutura permite que as direções equivalentes sejam agrupadas para formar uma família de direções: • <100> para as faces • <110> para as diagonais das faces • <111> para a diagonal do cubo <110> <111> <100> DIREÇÕES PARA O SISTEMA CCC • No sistema ccc os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo, que corresponde a família de direções <111> • Então, a direção <111> é a de maior empacotamento atômico para o sistema ccc DIREÇÕES PARA O SISTEMA CFC • No sistema cfc os átomos se tocam ao longo da diagonal da face, que corresponde a família de direções <110> • Então, a direção <110> é a de maior empacotamento atômico para o sistema cfc PLANOS CRISTALINOS Por quê são importantes? · Para a determinação da estrutura cristalina Os métodos de difração medem diretamente a distância entre planos paralelos de pontos do reticulado cristalino. Esta informação é usada para determinar os parâmetros do reticulado de um cristal. Os métodos de difração também medem os ângulos entre os planos do reticulado. Estes são usados para determinar os ângulos interaxiais de um cristal. · Para a deformação plástica A deformação plástica (permanente) dos metais ocorre pelo deslizamento dos átomos, escorregando uns sobre os outros no cristal. Este deslizamento tende a acontecer preferencialmente ao longo de planos direções específicos do cristal. Planos cristalográficos • A notação para os planos utiliza os índices de Miller, que são obtidos da seguinte maneira: Obtém-se as intersecções do plano com os eixos. Obtém-se o inverso das intersecções. Multiplica-se para obter os menores números inteiros. 1 Intersecções: 1/2, 1 Inversos: 2, 0 ,1 Índices de Miller: (201) Em sistemas cúbicos o plano (hkl) é normal a direção [hkl] 1/2 41 Planos cristalográficos (cont.) • 1, • 0, 1, 0 • (010) Quando as intersecções com os eixos não são óbvias, deve-se deslocar o plano ou a origem até obter as intersecções corretas. • 11, • 1, 1, 0 • (110) • 1, -1, • 1, -1, 0 • (110) • 1/2, • 0, 2, 0 • (020) • 11, 1 • 1, 1, 1 • (111) • 1, -1, 1 • 1, -1, 1 • (111) 42 Planos da Rede Hexagonal c Os 3 eixos, a1, a2 e a3 axes estão contidos dentro da base planar; O ângulo entre eles é de 120o O eixo Z é perpendicular à base a 3 planar. [h' k ' l ' ] [hkil] 1 i (h k ) a2 -1 Índices de Miller-Bravais • 4 coordenadas • redundância a1 • , 1, -1, • 0, 1, -1, 0 • (0 1 1 0) Face do prisma 43 Resumo • Direções [uvw] • Famílias de direções <uvw> • Planos (hkl) (índices de Miller) Na hexagonal (hkil) (índices de Miller-Bravais) i = - (h + k) • Famílias de planos {hkl} 44 FAMÍLIA DE PLANOS {110} É paralelo à um eixo FAMÍLIA DE PLANOS {111} Intercepta os 3 eixos PLANOS NO SISTEMA CÚBICO A simetria do sistema cúbico faz com que a família de planos tenham o mesmo arranjamento e densidade Deformação em metais envolve deslizamento de planos atômicos. O deslizamento ocorre mais facilmente nos planos e direções de maior densidade atômica PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CCC • A família de planos {110} no sistema ccc é o de maior densidade atômica PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CFC • A família de planos {111} no sistema cfc é o de maior densidade atômica Fonte: Eleani Maria da Costa DEM/PUCRS Densidade Atômica Planar • Análogo ao fator de empacotamento atômico, que corresponde à densidade volumétrica de átomos, podemos definir a densidade atômica planar DAP = Área Total de Átomos/Área do Plano • Exemplo Calcule a DAP dos planos {100} na rede CFC Número total de átomos = 1 + 4*1/4 = 2 Área total de átomo = 2 x Área de 1 átomo = 2R2 Área do Plano = a2 e 4R = a2 => a = 2R2 1 átomo 1/4 de átomo DAP = 2R2/a2 = 2R2/8R2 = /4785 50 Densidade Atômica Linear • Análogo à DAP podemos definir a densidade atômica linear DAL = Comprimento Total de Átomos/Comprimento de uma direção (igual ao fator de empacotamento em uma dimensão) Fração de átomos interceptados por uma linha • Exemplo Calcule a DAL das direções <100> na rede CFC Número total de átomos = 1 + 1 = 2 Comprimento total de átomo = 2 x Raio de 1 átomo = 2R Comprimento da Direção = a e 4R = a2 => a = 2R2 DAL = 2R/a = 2R/ 2R2 = 1/2 .77 1/2 átomo 51 Planos e Direções Compactas • Como já vimos, as redes CFC e HC são as mais densas do ponto de vista volumétrico. • Por outro lado, em cada rede, existem planos e direções com valores diferentes de DAP e DAL. • Em cada rede, existe um certo número de planos e direções compactos (maior valor de DAP e DAL) As direções compactas estão contidas em planos compactos Estes planos e direções serão fundamentais na deformação mecânica de materiais. A deformação mecânica normalmente se dá através do deslizamento de planos. 52 Sistemas de deslizamento •O deslizamento ocorrerá mais facilmente em certos planos e direções do que em outros. •Em geral, o deslizamento ocorrerá paralelo a planos compactos, que preservam sua integridade. •Dentro de um plano de deslizamento existirão direções preferenciais para o deslizamento. •A combinação entre os planos e as direções forma os sistemas de deslizamento (slip systems), característicos das diferentes estruturas cristalinas. 53 Sistemas de deslizamento (cont.) O deslizamento é mais provável em planos e direções compactas porque nestes casos a distância que a rede precisa se deslocar é mínima. Dependendo da simetria da estrutura, outros sistemas de deslizamento podem estar presentes. Plano não denso Distância Plano denso Distância 54 Sistemas de deslizamento (cont.) Deslizamento de um plano compacto Pequeno deslizamento Pequena energia Mais provável Deslizamento de um plano não compacto Grande deslizamento Grande energia Menos provável 55 Sistemas de deslizamento (cont.) Direções de Deslizamento Número de Sistemas de Deslizamento CCC {110} {211} {321} <111> 6x2 = 12 12 24 -Fe, Mo, W CFC {111} <110> 4x3 = 12 Al, Cu, -Fe, Ni HC {0001} {1010} {1011} <1120> 3 3 6 Cd, Mg, Ti, Zn Estrutura Cristalina Planos de Deslizamento Geometria da Célula Unitária Exemplos A tabela mostra os sistemas de deslizamento das 3 redes básicas. Em vermelho aparecem os sistemas principais. Em cinza aparecem os secundários. Por exemplo: Como a rede CFC tem 4 vezes mais sistemas 56 primários que a HC, ela será muito mais dúctil. 57 Determinação da estrutura • Pergunta básica Como se pode determinar experimentalmente a estrutura cristalina de um material ? • Uma boa resposta Estudar os efeitos causados pelo material sobre um feixe de radiação. • Qual radiação seria mais sensível à estrutura ? Radiação cujo comprimento de onda seja semelhante ao espaçamento interplanar (da ordem de 0.1 nm). Difração de raios-x. 58 O espectro eletromagnético luz visível microondas raios-x raios gama UV infravermelho ondas de rádio Comprimento de onda (nm) Como os raios-x têm comprimento de onda da ordem da distância entre os planos atômicos, eles sofrem difração quando são transmitidos ou refletidos por um cristal. 59 DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA CRISTALINA POR DIFRAÇÃO DE RAIO X • O FENÔMENO DA DIFRAÇÃO: • Quando um feixe de raios x é dirigido à um material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal 60 Difração (revisão ?) • Difração é um fenômeno de interferência Interferência Construtiva + = -Considere as ondas 1 e 2 com o mesmo comprimento de onda (), em fase no ponto o-o’. - Quando dispersas (1’ e 2’) se a diferença no comprimento da trajetória corresponde a um número inteiro de comprimento de onda, encontram-se, ainda em fase, diz-se que elas se reforçam mutuamente ( interferem constritivamente uma na outra. + Interferência Destrutiva 61 A lei de Bragg Raios-X incidentes Raios-X difratados Planos atômicos = distância interplanar d A C B Diferença de caminho dos dois raios: AB + BC = 2AB = 2d sen Condição para interferência construtiva 2d sen = n onde n é um número inteiro e é o comprimento de onda do raio-x dhkl= a (h2+k2+l2)1/2 Válido para sistema cúbico 62 Métodos de difração de raios-X Laue Uma amostra mono-cristalina é exposta a raios-X com vários comprimentos de onda (poli-cromático). A lei de Bragg é satisfeita por diferentes conjuntos de planos, para diferentes comprimentos de onda. Para cada condição satisfeita, haverá uma forte intensidade difratada em um dado ângulo. Filme ou detetor Colimador Fonte de raios-X policromático 180°-2 Mono-cristal 63 TÉCNICAS DE DIFRAÇÃO • Técnica do pó: É bastante comum, o material a ser analisado encontra-se na forma de pó (partículas finas orientadas ao acaso) que são expostas à radiação x monocromática. O grande número de partículas com orientação diferente assegura que a lei de Bragg seja satisfeita para alguns planos cristalográficos O DIFRATOMÊTRO DE RAIOS X • • • Fonte • T= fonte de raio X S= amostra C= detector O= eixo no qual a amostra e o detector giram Métodos de difração de raios-X Difratômetro (ou método do pó) Uma amostra poli-cristalina é exposta a raios-X monocromático. O ângulo de incidência varia continuamente. Para certos ângulos, a Lei de Bragg é satisfeita para algum plano de algum dos mono-cristais, em orientação aleatória. Colimador Colimador Detetor Fonte de raios-X monocromático Amostra policristalina (pó) 66 • Ex: Espectro de difração para Al (Difratograma) = 0.1542 nm (CuK) Ângulo (2) Uma amostra desconhecida é analisada e seus picos comparados com os de materiais conhecidos e tabelados, permitindo assim a identificação do material. 67 A lei de Bragg (cont.) • A lei de Bragg relaciona quatro variáveis: 2d sen = n - o comprimento de onda dos raios-X – pode assumir apenas um valor (monocromático) – pode assumir muitos valores - raios-X “brancos” (policromáticos) d - o espaçamento entre os planos – pode variar aleatoriamente em função da posição relativa dos diversos mono-cristais que formam uma amostra poli-cristalina - o ângulo de incidência dos raios-X – pode variar continuamente dentro de uma faixa – pode assumir diferentes valores, em função do conjunto de planos que difrata o feixe de raios-X n - a ordem da difração 68 Para o ferro com estrutura cristalina CCC, compute (a) o espaçamento Interplanar,e (b) o ângulo de difração para o conjunto de planos (220). O parâmetro de rede para o ferro equivale a 0,2866 nm (2,866 A ). Ainda, admita que uma radiação monocromática como comprimento de onda de 0,1790 nm (1,790 A ) seja usada, e que ordem de reflexão seja de 1. O valor do espaçamento interplanar d é determinado através da equação: d a= 0,2866 nm, e a h2 k 2 l 2 d h = 2, k = 2 e l = 0, uma vez que estamos Considerando os planos (2 2 0) 0 ,2866 nm 0 ,1013nm ( 1 ,013 ( 2 )2 ( 2 )2 ( 0 )2 Aplicando a lei de Bragg; sen A) n = 2 d sen n ( 1 )( 0 ,1790 nm 0 ,884 2d ( 2 )( 0 ,1013nm ) sen 1 ( 0 ,884 ) 62 ,13 O ângulo de difração equivale a 2 2 = (2) (62,13º) = 124,26º 69 Raios X de um comprimento de onda desconhecido são difratados 43,4º por cobre CFC, o qual Possui um parâmetro celular a de 0,3615 nm. Determinações em separados indicam que esta Linha de difração para o cobre é de 1° ordem (n =1) para d111. a) Qual o comprimento de onda dos raios X ? b) Os mesmos raios X são usados para analisar tungstênio (CCC). Qual o ângulo, 2, para as linhas de difração de 2° ordem (n =2) de espaçãmento d010 ? Sendo: 2 = 43,4°, e usando as equações : d a n = 2 d sen h2 k 2 l 2 n =2 [ (1)=2[ a h2 k 2 l 2 ]sen 0 ,3615 nm ] sen 21,7 0 ,1543nm 12 12 12 70 b) Os mesmos raios X são usados para analisar tungstênio (CCC). Qual o ângulo, 2, para as linhas de difração de 2° ordem (n =2) de espaçãmento d010 ? Do apendice B ( Van vlack) RW= 0,1376 nm (accc)=4R/3 aw= 4( 0,1367nm/ 3 = 0,3157 nm n =2 [ a h2 k 2 l 2 ]sen sen = 2(0,154)nm0+1+0/(2)(0,3157nm) 2 = 58,4° 71