Caso Clinico - Pneumonias
Apresentação: Érica Renata de Medeiros
Soraya Vasconcelos Almeida
Coordenação: Luciana Sugai;Sueli R. Falcão
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 20/7/2011
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Identificação: LTF, 9 anos, natural de
Brasilia, procedente da Cidade Ocidental
(GO)
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QP: dor torácica há 2 dias
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HDA:
Mãe refere início de quadro gripal com
tosse seca, febre não termometrada e dispnéia
há 3 dias. Há 2 dias evoluiu com precordialgia,
irradiando para ombro esquerdo e região
epigástrica.Associado refere náuseas.
Procurou atendimento médico com
cardiologista. Após avaliação clínica , foi
encaminhado a avaliação pediátrica.
Paciente evoluiu com dispnéia e dor
torácica intensa.

ANTECEDENTES:
Nascido de parto cesárea, a termo, sem intercorrências.
Crescimento e desenvolvimento adequados.
Refere herniorrafia inguinal no primeiro mês de vida.
Apresenta Dislipidemia e Sobrepeso.
Nega outras doenças. Nega alergias. Nega outras internações.

ANTECEDENTES FAMILIARES:
Mãe, 31anos, hígida. G4P1A2.
Pai, 34anos, tem hipertrigliceridemia
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HÁBITOS DE VIDA:
Reside em casa de alvenaria, saneamento básico completo.
Contato com gatos periodicamente e contato com tabagistas (tios).
EXAME FÍSICO
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REG, acianotico, anicterico, taquidispneico, facies de dor,
SaO2 ar amb: 82%.
Oroscopia: sem alterações
AR: tórax com expansibilidade diminuída, macicez a
percussão em HE, MV + e muito diminuído a esquerda,
creptos em base direita, retração de fúrcula leve, tiragem
intercostal leve. FR: 50 ipm
AC: RCR em 2T, com bulhas hipofonéticas, ausência de
sopros. FC: 108bpm
Abd: globoso, flácido, indolor a palpação, ausência de VMG.
Ext: bem perfundidas, sem edema.
Hipóteses ???
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9 anos
Tosse seca + febre + dispneia há 3 dias
Precordialgia irradiando p/ ombro esq e epig há 2 d
Dislipidemia e Sobrepeso
Contato com tabagistas e gatos
REG SaO2 82%
Tórax com expansibilidade diminuída, macicez a
percussão em HE, MV + e muito diminuído a
esquerda, creptos em base direita, retração de
fúrcula leve, tiragem intercostal leve. FR: 50 ipm
bulhas hipofonéticas
Exames
◦ 21/06
Gasometria arterial: pH 7.39 pCO2 36 pO2
86,5 HCO3 21,4 BE -3
 Hg 12,1 Ht 35,9 Plaq 183.000
Leu 19370 (85 seg, 08 bast, 1 eos, 2mon, 4 linf)
 Ureia 103; creatinina 1,1
 BNP: 370 (0-85)
 Troponina: 0,01 (ate 0,12) CKMB: 1,63 (ate 6)

RX
•
21/06
Diagnóstico

Pneumonia + Derrame Pleural a esquerda
Etiologia Provável ???
-Iniciado Ceftriaxona + Oxacilina
 -Mascara de Venturi 3l/min – SaO2: 95%
 - Drenagem de tórax, em 22/06 (00.05h),
com saída de secreção purulenta
esverdeada

Evolução

22/06: Paciente afebril, com melhora da
dispnéia, ausencia de dor. Foi trocado ATB
para P. Cristalina

Paciente evoluiu bem, fez uso de Penicilina
Cristalina 200000U/kg/d por 13 dias.
Recebeu alta em uso de Amoxicilina
500mg 8/8h por 8 dias
Evolução
Escola Superior de ciências da Saúde
Internato - Pediatria
Coordenador: Dra. Luciana Sugai
Pneumonias
Érica Renata
Soraya Vasconcelos
Pneumonia

Define um quadro genérico de “inflamação do
parênquima pulmonar”, provocado na maioria das vezes
por agentes infecciosos.

20%
Outras causas:
 Aspiração de alimentos ou suco gástrico
 Corpos estranhos
 Pneumonite induzida por drogas ou radiação
Epidemiologia

As Infecções Respiratórias Agudas (IRA) são uma
causa comum de morbidade na faixa etária
pediátrica,sendo a pneumonia a forma mais séria de
todas as IRA

Infecções respiratórias agudas (IRA):
◦ 4 a 6/ano2-3% evoluem para pneumonia

Pneumonia: 80 % das morte por IRA
Epidemiologia

IRA em menores de 5 anos:
◦ Uma das 5 principais causas de óbito em países em
desenvolvimento
◦ No Brasil:
 2ª causa de óbito em menores 5 anos

Embora a freqüência anual de IRA nos primeiros
anos de vida seja uniforme em todo o mundo a
incidência de pneumonia é 5 a 10 vezes maior nos
países em desenvolvimento que nos países
desenvolvidos
Fatores de Risco
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
Idade < 09 meses
Nº pessoas domicílio, escolaridade, ausência paterna
Idade materna < 20 anos, berçário e creche
Peso ao nascer < 2.500 g
Desnutrição
Falta de aleitamento materno
História prévia de pneumonia
Imunizações incompletas
Doenças pulmonares pré-existentes
Alterações anatômicas
Refluxo gastroesofágico
Doenças neurológicas
Comorbidades
imunodeficiências
Fisiopatologia
 Aspiração de patógenos das VAS
 Hematogênica
 Disseminação por contigüidade
Proteção Respiratória Natural
•Nariz
•Filtração das partículas
•Faringe e Traquéia
•Reflexo da epiglote
•Reflexo da tosse
•Adesão e expulsão de partículas pelo
muco secretado pelas células ciliadas
•Pulmão
•Substâncias imunes locais (complemento,
antiproteases, lisoenzimas e fibronectina)
Fisiopatologia

A infecção ocorre quando um ou mais desses
mecanismos estão alterados e/ ou são suplantados pela
virulência do agente infeccioso

Infecção viral prévia




↑ secreção
↓ atividade ciliar
↓ da ação bactericida dos macrófagos alveolares
Alteram a produção de anticorpos
Fisiopatologia

Broncopneumonias
◦ Não obedece a segmentação pulmonar
◦ Limites irregulares
◦ Únicas ou múltiplas; dispersas ou confluentes; uni ou
bilaterais
◦ Trama vaso-brônquica aumentada
◦ Pode ocorrer pneumatoceles
◦ Mais comum em pacientes com defesas imunitárias
baixas
◦ S. aureus

Pneumonias lobares
◦ Opacificação homogênea do parênquima
◦ Obedece a segmentação pulmonar
◦ Presença de broncogramas aéreos
◦ Pneumococo

Pneumonias Intersticiais
◦ Aumento da trama broncovascular
◦ Espessamento peribrônquico e hiperinsuflação
◦ Vírus, Mycoplasma
Etiologia
Quadro Clínico

História anterior de IVAS
◦ Surgimento ou piora da febre e aparecimento de
taquipnéia e esforço respiratório


Virais: febre > 39º e melhora rápida com anti-térmicos
Bacterianas: mantêm a prostração
Quadro Clínico

Gerais
◦ Febre, calafrios, cefaléia, irritabilidade, letargia e dor
abdominal, dor torácica

Pulmonares
◦ Batimento de asa de nariz, taquipnéia, dispnéia, tiragem
intercostal e abdominal
◦ Tosse
◦ ↑ FR, ausculta muitas vezes pobre
SUSPEITA CLÍNICA: TAQUIPNÉIA + TOSSE + FEBRE
Avaliação da gravidade
Sinais de Hipoxemia
• Sudorese
• Palidez
• Alternância entre
sonolência e agitação
Internação hospitalar

< de 2 meses:
Grave Internação
Se houver hipoxemia não
responsiva, instabilidade
hemodinâmica e falência
respiratória
Terapia Intensiva
2 meses a 5 anos:
 Sinais de gravidade
 SpO2 < 92%, cianose
 FR > 50 irpm
 Falha do tto ambul.
 Doença grave associada
 Sinais radiológicos de
gravidade (derrame pleural,
pneumatoceles, abscesso)
Diagnóstico
Radiológico
 Avaliar extensão do acometimento
 Sugere etiologia do processo
◦ Vírus: Espessamentos brônquicos e peribrônquicos,
infiltrados intersticiais, adenopatia hilar, hiperinsuflação e
atelectasia
◦ Bactérias: Padrão alveolar-segmentar ou lobar,
broncograma aéreo, abscessos, pneumatoceles,
espessamento ou derrame pleurais e imagens
arredondadas

Presença de complicações
◦ Derrame pleural, atelectasia, pneumotórax
Diagnóstico
Pneumonia Lobar
Broncopneumonia
Pneumonia Viral
Diagnóstico

Leucograma:
◦ Pouco valor na diferenciação Vírus x Bactérias
◦ Solicitar apenas em pacientes internados

Proteína C Reativa:
◦ Não usar rotineiramente

Hemocultura:
◦ Todos os casos internados
◦ Valor epidemiológico e perfil de sensibilidade aos ATBs

Anticorpos específicos-Sorologias:
◦ Chlamydia e Micoplasma
Diagnóstico

Técnicas invasivas:
◦ Punção aspirativa e lavado broncopulmonar
 Terapia intensiva e sem resposta ao tto

Pesquisa de Gram e cultura do escarro:
◦ Não usar rotineiramente

Isolamento de vírus e testes sorológicos:
◦ PCR e cultura IF (S=90%)

Teste de Aglutinação de latex:
◦ Líquido pleural e urina (S=73%)
◦ Anti-pneumococo e anti-hemófilo B
Diagnóstico Diferencial






Asma, infecções virais de vias aéreas superiores,
pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar,
mucoviscidose, atelectasia e corpo estranho;
Tuberculose;
Quando os sintomas gastrintestinais são intensos
excluir causas como apendicite aguda e abscesso
hepático;
Meningite (prostração, convulsões);
Nem sempre é fácil diferenciar quadros de
broncoespasmo de PN;
ICC descompensada com hiperfluxo pulmonar;
Tratamento Ambulatorial
Tratar a febre, alimentação e hidratação;
 Observar sinais de piora;
 Marcar retorno em 48 h;
 Amoxicilina (ou Pen procaína);
 > 6 anos: Macrolídeos
 Suspender ATB após 3 a 5 dias de melhora clínica (7 a
10 dias de tratamento)

Tto Pacientes Internados








Oxigenoterapia : para todas as crianças classificadas como tendo
pneumonia grave. Deve ser estimulado o uso de oxímetros
Administração de líquidos
Nutrição
Tratamento fisioterápico
Tratamento da febre e da dor
A mudança de via parenteral para via oral deve ser realizada após o
segundo dia de estabilização clinica
No paciente sem complicação o ATB pode ser suspenso entre 3 e
5 dias após o desaparecimento dos sintomas clínicos
Em quadros acompanhados por sibilos e insuficiência respiratória,
opta-se pela introdução de broncodilatadores e corticosteróides
Tto Pacientes Internados
Tratamento
Pneumonia Pneumococica
Streptococcus Pneumoniae
Causa mais comum de infecção
pulmonar bacteriana
 Colonização de nasofaringe: 90%
das crianças entre 6 meses e 5 anos
 Principal fator de risco: idade

◦ Resposta imune inadequada aos
polissacarídeos capsulares do
pneumococo (2 anos)

Aspiração das VAS ou nasofaringe
Streptococcus Pneumoniae
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Lactentes
◦ Infecção leve do trato respiratório superior
 Obstrução nasal, irritabilidade e redução do apetite
 Duração de vários dias
◦ Início abrupto de febre alta (≥ 39° C)
acompanhada de inquietude e apreensão
◦ Dificuldade respiratória
 Gemência, batimento de asa de nariz, tiragem,
taquicardia e taquipnéia
◦ Exame físico tórax é variável
Streptococcus Pneumoniae
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Crianças e adolescentes
Infecção respiratória alta leve e breve
Início de calafrio e febre alta
Tosse e dor torácica
Retrações costais, batimento de asa de
nariz, MV ↓ e estertores crepitantes
◦ Sinais clássicos de consolidação (2°-3°
dia)
◦ Pode haver derrame pleural
◦
◦
◦
◦
Streptococcus Pneumoniae
PADRÃO RADIOGRÁFICO
 Classicamente: lobar com hepatização
◦ Broncopneumonia (disseminação parede
bronquiolar ou hematogênica)

Resolução radiográfica pode levar
semanas
◦ Não é necessário radiografias seriadas
durante doença
Derrame pleural (principal agente):
parapneumônico
 Empiema: retardo do ATB
 Pode ocorrer pneumatoceles

Streptococcus Pneumoniae
TRATAMENTO
 Domiciliar
◦ Penicilina procaína, ampicilina e
amoxacilina por 07 dias
◦ Reavaliação em 48 horas



Internação
◦ Menores de 2 meses, derrame pleural,
empiema
◦ Penicilina cristalina
Sensibilidade intermediária (20%):  doses
Resistência: avaliar associação de vancomicina
(raro)
Pneumonia Estafilocócica
Staphylococcus aureos





Infecção grave e rapidamente progressiva
Morbidade prolongada e alta mortalidade
NÃO é causa habitual de PNM em
crianças hígidas
Mais comum em menores de 01 ano
Furunculose, abscessos, osteomielite,
hospitalização recente alertam para o
diagnóstico
Staphylococcus aureus
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Infecção respiratória alta (01 semana antes)
 Mudança abrupta da condição clínica
◦ Febre alta, tosse, dificuldade respiratória,
toxemia
◦ Distúrbios gastrintestinais (diarreia, vômitos,
distensão abdominal)
 Progressão rápida dos sintomas
 Febre persistente (>2 sem), mesmo com ATB
Staphylococcus aureus
PADRÃO RADIOGRÁFICO
 Rápida progressão de broncopneumonia
para derrame ou piopneumotórax
 Derrame pleural em 50% casos
 Pneumatoceles em 30% casos
 Pode haver formação de abscesso
pulmonar

Radiografias de tórax seriadas (se
suspeita)
Staphylococcus aureus
TRATAMENTO
 Antibioticoterapia
◦ Oxacilina, cefalotina, clindamicina
◦ Resistência: vancomicina
◦ Tratar por 21 dias
Drenagem pleural ou de coleção
purulenta
 Oxigênio

Complicação e Falha Terapêutica


Permanece com febre ou clinicamente instável após 4872 h de ATB
Complicações?
•
•
•
•
•

Derrame pleural
Abscesso Pulmonar
Atelectasia
Pneumatocele
Pneumotórax
Falha Terapêutica?
Derrame Pleural
Complicação mais freqüente da pneumonia bacteriana
 No Brasil, ocorre em torno de 40% das crianças
hospitalizadas por pneumonias
 Os principais agentes etiológicos são:

 Streptococcus pneumoniae (64%)
 Haemophilus influenzae (7%)
 Staphylococcus aureus (15%)
Derrame Pleural
Quadro clínico



Semelhante a da pneumonia não complicada
Presença de febre por um período maior
Ao exame: murmúrio vesicular diminuído, macicez à
percussão, frêmito tóraco-vocal diminuído ou ausente e
postura antálgica (pseudoescoliose).
Derrame Pleural
Diagnóstico Radiológico:
Derrame Pleural
Derrame Pleural

Ultra-sonografia: apenas em caso de dúvida, pode auxiliar
na confirmação da presença de derrame e na identificação do
melhor local para toracocentese ou drenagem

tomografia de tórax: diferencia o espessamento pleural
de pulmão consolidado e também avalia o comprometimento intra
parênquimatoso, identificando outras complicações como, por
exemplo, o abscesso pulmonar
Derrame Pleural

Toracocentese Diagnóstica: Sempre deve ser
realizada
 O líquido deve ser enviado para exame bacterioscópico e
cultura, incluindo a pesquisa de bacilo álcool-ácidoresistente
 Se o líquido não for purulento, a análise bioquímica (pH,
glicose) pode identificar características de empiema e
direcionar à necessidade de drenagem

Tratamento
Prevenção
Desnutrição, baixo peso nascer e
desmame precoce
 Vacinação:

◦ PNI
◦ Antipneumocócica conjugada 7-valente
◦ Anti-Haemophilus influenzae tipo B
Bibliografia
Diretrizes brasileiras em pneumonia
adquirida na comunidade em pediatria –
2007.
 Nelson (Tratado de pediatria) 17ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier 2005.
 Marcondes, E. et al; Pediatria Básica
volume 2. 8ª ed. São Paulo: Sarvier 1999.

Obrigada!!!
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Caso Clínico: Pneumonias