URTICÁRIA E ANGIOEDEMA KLEISER APARECIDA P. MENDES URTICÁRIA DEFINIÇÃO Edema central de tamanho variado circundado por eritema reflexo Prurido associado Natureza efêmera com pele retornando ao aspecto normal de 1 a 24 horas ANGIOEDEMA DEFINIÇÃO Edema súbito e acentuado da derme profunda e subcutâneo Maior freqüência do sintoma de dor em relação ao prurido Acometimento freqüente de mucosas Resolução do quadro em torno de 72 horas EPIDEMIOLOGIA 15 a 20% de prevalência 0,1 % da população tem urticária 50% urticária + angioedema 40% urticária 11% angioedema CLASSIFICAÇÃO URTICÁRIA ESPONTÂNEA URTICÁRIA FÍSICA OUTRAS URTICÁRIAS Zuberbier T et al. Allergy 2006:61:316 -320 URTICÁRIA ESPONTÂNEA AGUDA Duração de até 6 semanas CRÔNICA Duração maior que 6 semanas Crônica contínua diária ou quase diariamente durante a semana Crônica recidivante períodos livres de sintomas, variando em dias a semanas URTICÁRIA FÍSICA Dermografismo Urticária de pressão tardia Urticária de contato ao frio Urticária de contato ao calor Urticária solar Urticária / angioedema vibratório OUTRAS URTICÁRIAS Urticária colinérgica Urticária de contato (alérgica ou pseudoalérgica) Urticária aquagênica Anafilaxia/ urticária induzida por exercício DOENÇAS RELACIONADAS À URTICÁRIA POR ASPECTOS HISTÓRICOS Urticária pigmentosa (mastocitose) Urticária vasculite Urticária ao frio familiar (vasculite) Angioedema não histaminérgico SÍNDROMES ASSOCIADAS À URTICÁRIA E ANGIOEDEMA Síndrome de Muckle – Wells Síndrome de Schnitzler Síndrome de Gleich Síndrome de Well CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A ETIOPATOGENIA • IDIOPÁTICA • IMUNE • • • • Hipersensibilidade Tipo I (IgE dependente) Auto-imune (auto anticorpo) Imunocomplexos (urticária vasculite) Dependente do complemento (def. do inibidor de C1 esterase) • NÃO IMUNE • Agentes liberadores diretos dos mediadores dos mastócitos • AAS, AINH e pseudoalergenos alimentares • Inibidores da enzima conversora de angiotensina FISIOPATOLOGIA ATIVAÇÃO E DEGRANULAÇÃO DE MASTÓCITOS E BASÓFILOS LIBERAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS E CITOCINAS VASODILATAÇÃO LOCAL AUMENTO DE PERMEABILIDADE VASCULAR ERITEMA EDEMA FISIOPATOLOGIA expressão de moléculas de adesão endotelial Infiltrado inflamatório perivascular misto de intensidade variável – neutrófilos e/ou eosinófilos, basófilos, macrófagos e linfócitos helper (CD4 e CD8) do número de mastócitos Mediadores – histamina, PGD2, leucotrienos C4 e D4, fator ativador de plaquetas, anafilatoxinas, bradicininas, fatores liberadores de histamina, citocinas e quimocinas CAUSAS MEDICAMENTOS mecanismos imunológicos e não imunológicos penicilina, captopril, sulfonamidas contrastes radiográficos, opiácios AAS e antiinflamatórios não hormonais testes cutâneos com valor limitado ALIMENTOS superestimada mecanismos imunológicos e não imunológicos leite, ovo, camarão, peixe, amendoim morango, tomate, camarão, espinafre, linguiça, queijos - piora da urticária crônica aditivos e preservativos (corantes e derivados do ácido benzóico, sulfito, glutamato monossódico)= pseudoalergenos LÁTEX profissionais de saúde, indústria de borracha, múltiplos procedimentos cirúrgicos banana, abacate, kiwi REAÇÃO A PICADA DE INSETO INFECÇÃO • redução da gravidade da urticária VIRAL – hepatite B, coxsackiose A e B BACTERIANA – dentes, SPN, estômago PARASITÁRIA – ascaris, ancylostoma, estrongilóide, echinococo, Trichinela, Toxocara, fascíola, filária, esquistossoma FÚNGICA – candida, dermatófitos PROTOZOÁRIA – giárdia, tricomonas ESTÍMULOS FÍSICOS • Dermografismo Urticária colinérgica Urticária ao frio Urticária de pressão tardia Urticária solar Urticária aquagênica Urticária ao calor Urticária vibratória DERMOGRAFISMO 5%população da população 5% da Pressão leve – áreas de pressão “Primeiro coça, depois empola” Analgésicos, AINH, antibióticos, anticoncepcionais, álcool, calor, emocional Tipos: Imediato Tardio Criodependente URTICÁRIA AO FRIO URTICÁRIA SOLAR DOENÇAS SISTÊMICAS Malignidade – cólon, ovário, pulmão, linfomas e leucemias Doenças auto-imunes Doenças reumáticas - LES Doenças endócrinas – diabetes mellitus, hiperparatireoidismo Tireóide auto Ac antiperoxidase e antitireoglobulina 20% urticária crônica refratária (3 a 4% normal) OUTROS FATORES GASTRINA DEFICIÊNCIA DE DIAMINO OXIDASE Álcool e medicamentos FATOR PSICOLÓGICO IDIOPÁTICA 70% das urticárias crônicas URTICÁRIA AUTO-IMUNE 25 a 50 % urticárias crônicas idiopáticas Auto-Ac liberador de histamina Receptor FcRI (mais freqüente), IgE ou ambos IgG1 e IgG3 Teste cutâneo do soro autólogo 0,05 ml de soro ID, leitura em 30 minutos positivo = pápula >1,5mm do que controle negativo (solução salina) DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO • Anamnese • Anamnese • Anamnese • Anamnese • Anamnese • Anamnese • Anamnese ANAMNESE Quando começou Freqüência e duração da lesão Horário de aparecimento Associada a angioedema Prurido e/ ou dor História anterior de alergia Resposta a tratamento ANAMNESE maioria de diagnóstico das urticárias agudas estímulos físicos alimentos medicamentos aditivos alimentares sinais e sintomas associados inalantes e contactantes ocupações e “hobbies” menstruação e gravidez problemas emocionais EXAME FÍSICO Lesão cutânea característica Pesquisa de dermografismo Exame físico completo EXAMES COMPLEMENTARES nos casos de urticária crônica exames laboratoriais - doenças sistêmicas, angioedema hereditário e adquirido Testes de provocação - urticárias físicas Testes cutâneos - reações mediadas por IgE Teste cutâneo do soro autólogo BIÓPSIA DA LESÃO lesão que dura mais de 24 horas lesão que não coça ausência de resposta à terapêutica adequada DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ERITEMA MULTIFORME VASCULITE MASTOCITOSE REAÇÃO A PICADA DE INSETO RASH CUTÂNEO TRATAMENTO TRATAMENTO • Afastar ou evitar o(os) agente(s) causador(es) • Medicamento de emergência • Medicamento de controle – Órgão alvo – Anti-histamínico – Mastócitos e basófilos Imunomoduladores AFASTAR O AGENTE CAUSADOR PSEUDOALERGENOS • • Analgésicos e AINH Alimentares - controvérsia – – – – Salicilatos: maçã, damasco, morango, uva, tomate, pepino, laranja, pêssego Histamina: queijos fermentados, bebidas fermentadas, enlatados, espinafre, tomate Liberam histamina: peixes, tomate, morango, chocolate Tiamina: chocolate, queijos fermentados, peixes em conservas • Bebidas alcoólicas • • Medicamentos IECA – angioedema Aditivos alimentares TRATAMENTO • Afastar ou evitar o(os) agente(s) causador(es) • Medicamento de emergência • Medicamento de controle – Órgão alvo – Anti-histamínico – Mastócitos e basófilos Imunomoduladores ADRENALINA anafilaxia urticária de início súbito angioedema solução 1:1000 IM ou SC TRATAMENTO • Afastar ou evitar o(os) agente(s) causador(es) • Medicamento de emergência • Medicamento de controle – Órgão alvo – Anti-histamínico – Mastócitos e basófilos Imunomoduladores ANTI-HISTAMÍNICOS Considerações urticária aguda, crônica e angioedema pele – receptores H1 e H2 antagonistas dos receptores H1 e H2 ANTI-HISTAMÍNICOS Antagonistas dos receptores H1: clássicos e não clássicos Clássicos - eficazes com efeitos adversos (sedação e ação anticolinérgica) Não clássicos - menos eficazes e menos efeitos adversos TRATAMENTO • Afastar ou evitar o(os) agente(s) causador(es) • Medicamento de emergência • Medicamento de controle – Órgão alvo – Anti-histamínico – Mastócitos e basófilos Imunomoduladores CORTICÓIDES - QUANDO USAR alívio dos sintomas lesões infiltradas (não desaparecem à pressão), urticária de pressão cursos curtos corticóides de meia vida curta – prednisona, prednisolona OUTRAS MEDICAÇÕES Antagonista de leucotrienos Anti-inflamatórios não hormonais – urticária de pressão URTICÁRIA DE DIFÍCIL CONTROLE Imunossupressores – ciclosporina, metotrexato, azatioprina Hidroxicloroquina, sulfasalazina, dapsona Plasmaferese Imunoglobulina endovenosa 4º PASSO 2º PASSO 1º PASSO ANTILEUCOTRIENO 3º PASSO IMUNOMODULADORES CORTICÓIDE TRATAMENTO ANTIHISTAMÍNICO 1a Linha Maximizar o bloqueio dos receptores H1 e H2 com agentes anti-histamínicos, dependendo da gravidade dos sintomas da urticária: Doença leve Desloratadina 5mg/dia ou Fexofenadina 180mg/dia ou Cetirizina 10mg/dia, como monoterapia. Doença moderada Desloradadina 5mg ou Fexofenadina 180mg pela manhã e Cetirizina 10mg na hora do almoço ou antes de dormir. Doença grave Desloradadina 5mg ou Fexofenadina 180mg pela manhã, associada a Hidroxizina 25mg, 3 a 4 vezes ao dia; se necessário associar Cimetidina 400mg ou Ranitidina 150mg duas vezes ao dia. Podemos ainda utilizar a Doxepina 10 a 30mg ao dia, porém não deve ser associada à cimetidina 2a Linha Adicionar Montelucaste 10mg ao dia (antileucotrieno). Em caso de persistência dos sintomas com interferência na qualidade de vida introduzir corticosteróide oral em regime de dias alternados: Prednisolona 20mg ao dia ou equivalente. Após o controle desejado, reduzir a prednisolona em 2,5 a 5mg por semana, até a retirada completa 3a Linha Sendo a doença refratária ao uso de corticosteróide, ou suas doses muito elevadas para se obter controle da urticária, deve-se considerar o uso de medicamentos imunossupressores ou imunomoduladores, especialmente quando comprovada a existência de urticária crônica autoimune: Ciclosporina por no mínimo 3 meses (4mg/kg/dia por 4 semanas, depois 3mg/kg/dia por 4 semanas e finalmente 2mg/kg/dia por mais 6 semanas, ou Methotrexate 7,5 a 15mg via oral por semana, da mesma forma que empregado na psoríase, ou Imunoglobulina intravenosa na dose de 0,4g/kg por 5 dias, ou ainda Outros agentes: Hidroxicloroquina, Colchicina, Dapsona, Sulfassalazina ou Nifedipina ANGIOEDEMA ANGIOEDEMA ADQUIRIDO Deficiência adquirida do inibidor de C1 esterase Secundário a enfermidades sistêmicas (AEA tipo I) Associado a auto-anticorpos (AEA tipo II) Associado a doenças sistêmicas Por agentes externos (medicamentos, alimentos, estímulos físicos, insetos) Associado a urticária Idiopático não-histaminérgico Por deficiências enzimáticas França A. Urticária e Angioedema – diagnóstico e tratamento, 2006 ANGIOEDEMA HEREDITÁRIO Angioedema Familiar Angioedema Hereditário Tipo I – nível e função reduzidos Tipo II – nível normal, função reduzida Tipo III – antigo Estrogênio dependente – nível e função normais Angioedema Vibratório Familiar França A. Urticária e Angioedema – diagnóstico e tratamento, 2006 ANAMNESE E EX. FÍSICO Angioedema associado a trauma local, exercícios físicos, ciclo menstrual, stress, viroses crises podem iniciar no 1o. ano de vida, sendo mais intensas na idade escolar e adolescência; edema unifocal, endurecido, doloroso, pouco pruriginoso, mais comum em extremidades; não há urticária; no TGI, cólicas incapacitantes, vômitos; no T resp, edema de glote; no SNC,cefaléia, hemiparesia e convulsões; duração de 2 a 3 dias com desaparecimento gradual DIAGNÓSTICO C4 C1q C1 INH C1 INH QUANT FUNC AH TIPO I DIM N DIM DIM AH TIPO II DIM N N DIM AH TIPO III DIM N N DIM AA TIPO I DIM DIM DIM DIM AA TIPO II DIM DIM N ou DIM DIM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL •Anafilaxia •Síndrome de Melkersson-Rosenthal •Erisipelas •Celulite infecciosa •Dermatite de contato •Fotodermatite •Linfedema TRATAMENTO Crise Concentrado do C1 INH Plasma fresco congelado Antifibrinolíticos Androgênios atenuados Efedrina Epinefrina Anti-histamínicos Medidas de terapia intensiva Analgésicos narcóticos TRATAMENTO Profilaxia Curta Duração Concentrado purificado do C1 INH Plasma fresco congelado Antifibrinolíticos Androgênios atenuados Longa duração Androgênios atenuados Antifibrinolíticos Concentrado purificado do C1 INH Icatibant – inibidor de receptor B2 OBRIGADA ! [email protected]