ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DOM BOSCO – CURSO DE PEDAGOGIA LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO DE TEXTO ACADÊMICO 1º ANO – 2009 – PROFESSORA MARIA JOSÉ DE SOUZA CORRÊA POBRE JOVEM BRASIL O IBGE divulgou que 46% dos jovens brasileiros vivem na pobreza. E ninguém questionou a gravidade deste dado. O dia parecia igual aos outros. Ao acordar, comecei minha leitura matinal, mas algumas questões pareciam não sair de minha mente. Quantas pessoas falam ser o que não são? Quantas pessoas vivem sonhos que não são seus? Quantas pessoas reproduzem e assimilam mazelas de nossa sociedade? Quantas pessoas confundem o “ter” com o “ser”? Parecemos viver numa sociedade somente fundamentada no “ter”, nas aparências e nos status que o dinheiro pode oferecer, e estar excluído deste processo é razão de muito sofrimento e dificuldades de sobrevivência. Assistimos às pessoas consumindo nos shoppings, dirigindo seus carros na solidão dos vidros fumês, e em raros momentos nos perguntamos se elas são realmente felizes. Ao tentar continuar minha leitura, mais uma informação reforçou minhas reflexões sobre o caráter conflituoso dessa realidade. O IBGE divulgou em sua última síntese de Indicadores Sociais que 46% dos jovens brasileiros vivem na pobreza, ou seja, os jovens são os mais pobres entre os pobres brasileiros. Não vi ninguém questionando a gravidade deste dado. Parecia ser natural, como muitas outras situações que a rotina nos faz naturalizar. Estamos falando de seres humanos de 0 a 17 anos que estão começando a conhecer a vida, a construir sua identidade e que deveriam ser amparados tanto do ponto de vista socioeconômico como afetivo. Esses jovens deveriam estar em famílias cuja convivência os entregasse ao mundo prontos para desvendá-lo com criatividade e esperança. Eles deveriam conhecer o belo, o bom, a poesia, a música, a literatura. Mas, ao contrário, conhecem as agruras da vida já no nascedouro, e são tragados pela sociedade do “ter”. Sabemos como é difícil uma família assumir as responsabilidades da criação de seus filhos quando a violência da fome, da falta de moradia e da insegurança está presente à mesa, no dia-a-dia. Sabemos também como hoje as escolas têm dificuldade de dialogar com esses jovens e dar sentido à prática educacional como ferramenta de superação desta realidade. O que resta então a esses 46% de brasileiros pobres? Resta a eles que nós, todos nós, tenhamos coragem de assumir um pacto pela juventude brasileira e construir uma sociedade fundamentada no “ser”, que nos envolvamos com seus problemas, que visitemos suas escolas, que não os deixemos nas mãos da indústria das drogas, a começar pelas lícitas, que entram pela porta da frente das nossas casas. O poder público precisa rever suas prioridades de investimentos e implementar políticas voltadas ao jovem, dando-lhe oportunidade de acesso aos bens culturais e, acima de tudo, promover os valores culturais que são próprios da juventude. A exemplo da música do grupo Titãs, o jovem não quer só comida, ele quer comida, diversão e arte. O jovem quer lazer, o jovem quer amar... O jovem quer a paz!!! Acredito nisto pelo contato que tenho com centenas de jovens que frequentam nossos projetos sociais na Unaerp. Somente os jovens podem experimentar outra realidade. Somente pessoas movidas por sonhos e idealismo podem conhecer, mesmo que no campo das ideias, um outro mundo. Isto sempre foi missâo histórica da juventude e precisamos enxergar o poder transformador dessa parcela da população, que se revela através da sua música, de suas gravuras, de suas tribos. Quem acredita que o “ser” é mais verdadeiro que o “ter”, com certeza, está do lado desses 46% de jovens brasileiros. Vamos juntos resgatar nossos sonhos, fortalecer nossos ideais e transformar nossa sociedade do “ser”. Priscilla Bonini Ribeiro é administradora de empresas, mestre em Educação e diretora geral da Unaerp campus Guarujá (Artigo na revista Ensino superior) Textos para análise: (exercícios) I- A esfera mágica Fabricada atualmente em larga escala, a caneta esferográfica parecer ser um objeto simples; no entanto, é constituída por inúmeras partes que se agrupam. Em sua constituição, verificamos a presença dos seguintes elementos: um tubo cilíndrico, fino, comprido, de plástico, dentro do qual é colocada a tinta azul; uma ponta de acrílico em forma de cone que se liga a uma das extremidades do tubo. Na ponta deste cone há uma esfera minúscula através da qual a tinta sai, passando para o papel. Há também um tubo cilíndrico maior, de acrílico, que envolve o tubo de plástico, e duas tampas: uma interna e outra maior e externa em cada uma das extremidades do cilindro de acrílico. Se observarmos a caneta fechada com a tampa, veremos que ela assume a forma de um cilindro de aproximadamente quinze centímetros de comprimento e meio centímetro de diâmetro. Por ser constituída de materiais leves, como plástico e acrílico, seu peso é muito pequeno. O tudo externo é translúcido e as tampas de plástico apresentam a mesma cor da tinta da caneta: azul. A tampa externa tem o formato de cone alongado e dela sai uma pequena haste. A caneta esferográfica encontra-se hoje em todos os lugares, entre os quais escolas, firmas, escritórios e consultórios. Estará presente sempre que alguém quiser escrever algo sem sujar suas mãos de tinta. (Autor desconhecido) II- O caboclo, o padre e o estudante Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo com bagageiro um caboclo. Deram-lhe numa casa um pequeno queijo de cabra. Não sabendo dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com os seus recursos oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o. Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve de contar o seu sonho. O frade disse ter sonhado com a escada de Jacob e descreveu-a brilhantemente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então narrou que sonhara já dentro do céu à espera do padre que subia. O caboclo sorriu e falou: – Eu sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá dentro do céu, rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava: – Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmicês esqueceram o queijo. Então, Vosmicês respondiam de longe, do céu: – Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, não queremos queijo. O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levantei-me enquanto vosmicês dormiam e comi o queijo. Luís da Câmara Cascudo