X CURSO NACIONAL DE ATUALIZAÇÃO EM PNEUMOLOGIA 02 a 04 DE ABRIL DE 2009 SÃO PAULO Quilotórax Evaldo Marchi Pleura - InCor - FMUSP e FM Jundiaí São Paulo INTRODUÇÃO • Quilotórax acúmulo de linfa no espaço pleural • Incidência: Causa pouco freqüente de DP 0,25% a 0,5% em cirurgia torácica • Quilo aspecto leitoso (LP rico em gorduras) • Mecanismo: obstrução de drenagem do quilo laceração do ducto torácico ANATOMIA Origem cisterna do quilo (L2 – L3) Drena linfáticos: intestino, fígado, pulmão, parede abdominal, MMII, pelve Tórax Hiato aórtico entre a veia ázigos e aorta retro-esôfago cruza para a esquerda em T4 Entra no pescoço anteriormente veias jugular interna e subclávia esq Vias colaterais sistema complexo COMPOSIÇÃO DO QUILO Quilo estéril (ácidos graxos e lecitina) Proteínas: ½ plasma (absorvida por linfáticos) Predomina linfócitos drenagem quilotórax depleta imunidade Após 14 dias de drenagem torácica desnutrição e maior tendência à sepse Ann Thorac Surg 1997; 63(2):327 ETIOLOGIA • Congênito • Traumático • Procedimentos diagnósticos • Neoplasias • Infecções • Miscelânia ETIOLOGIA Congênito • Rara - homens > muheres (2:1) • Mortalidade: 15 - 30% • Má-formaçao linfática (cromossômicas, vasculares) • • • • • Atresia do ducto torácico Fístula congênita ducto torácico – pleura Trauma no parto Linfangiectasia Linfangiomatose Trauma Cervical – Excisão de linfonodos – Dissecção radical do pescoço Torácico – Ligadura de canal arterial persistente (PCA) – Correção de coarctação de aorta – Esofagectomia – Ressecção de aneurisma de aorta torácica – Ressecção de tumor mediastinal – Pneumectomia esquerda – Cirurgias de artéria subclávia esquerda – Simpatectomia Abdominal – Simpatectomia – Dissecção radical de linfonodos ETIOLOGIA Procedimentos Diagnósticos – Arteriografia lombar – Cateterização de veia subclávia – Cateterização de câmaras cardíacas esq Neoplasias (50% das causas em adultos) – Benignas – Malignas: Linfoproliferativas (+ prevalente) Pulmonar Gástrica Esofago ETIOLOGIA Infecções – – – – Linfadenite tuberculosa Mediastinite inespecífica Linfangite ascendente Filariose Miscelânia – – – – – – – Trombose venosa profunda subclávia - jugulares Sd. da Unha Amarela Linfangioleiomiomatose (LAM) Sarcoidose – Amiloidose Sd. de Noonam – Sd. de Gohram Pancreatite – Cirrose hepática Espontânea ETIOLOGIA Lesões Iatrogênicas Procedimentos cirúrgicos Estreito superior esq. tórax Procedimentos diagnósticos Arteriografia trans-lombar Cateterização venosa central (v. jugular ou subclávia esq.) Derrame Pleural. Roca, 2004 DIAGNÓSTICO • Apresentação insidiosa • Raro: Taquipnéia, taquicardia e hipotensão • Trauma: latência 2 – 10 dias • Toracocentese: líquido leitoso inodoro • Triglicérides > 110 mg/dL quilotórax • Menos utilizados: quilomicrons • Não traumáticos: procurar neoplasia (linfoma) • Imagem: achados inespecíficos TC Tórax auxilia DIAGNÓSTICO Outros Exames • Ultrassonografia e RNM: achados pouco específicos Linfangiografia • Local de lesão e más-formações linfáticas • Permite embolização • Disponibilidade limitada em nosso meio. DIAGNÓSTICO Linfangiografia Eur J Cardiothorac Surg 2008; 33:435 Linfangiografia Eur J Cardiothorac Surg 2008; 33:435 Embolização – Ducto Torácico 56 anos, masculino Linfoma não Hodgkin QT e RT há 13 anos Sem sinais de recidiva Quilotórax recidivante Linfangiografia Eur J Cardiothorac Surg 2007; 32:536 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Pseudoquilotórax • Diferencial com Quilotórax • Ocorre em pleuras espessadas - calcificadas • Aspecto leitoso: complexos de lecitina-globulina (não linfa) • Aparência quilosa • Tuberculose ( 50%) e Artrite reumatóide • Colesterol LP elevado ( > 200 mg/dL) • Cristais de Colesterol (Sudam III negativo) TRATAMENTO Clínico Conservador • Em 25 - 50% fechamento espontâneo da fístula • Jejum + nutrição parenteral • Dieta com triglicérides de cadeia média (via portal) • Drenagem pleural: expansão pulmonar • Somatostatina - Octreotídeo TRATAMENTO Somatostatina • Bloqueio de secreções gástrica, biliar, pancreática e intestinal • secreções digestivas fluxo do ducto torácico • Efeitos adversos: dor abdominal, diarréia, náuseas, hiperglicemia, colelitíase • Dose : 1 - 4 µg/kg/min I.V. 5 - 40 µg/kg/dia S.C. 8 x 8 h TRATAMENTO Octreotídeo • • • • • • Análogo da somatostatina linfa – liga ao receptor de somatostatina resistência arteriolar esplâncnica fluxo sanguíneo gastrointestinal secreção bíleo-pancreática 100 μg I.V. 8 x 8 h TRATAMENTO Pleurodese • Talco, tetraciclina ou nitrato de prata • Associada ao tratamento clínico Radio - Quimioterapia • Linfomas mediastinais e carcinomas • Irradiação cadeia linfática mediastinal (2.000 rads) TRATAMENTO CIRURGIA • Após 2 a 3 semanas se falha no tratamento clínico • Perda de linfa maior: 1.500 mL/dia em adultos 100 mL/dia em crianças • Depleção nutricional iminente • Encarceramento pulmonar cirurgia CIRURGIA • Ligadura direta ou em massa do ducto torácico • Sutura da fístula do ducto torácico • Pleurectomia e pleurodese • Anastomose do ducto torácico à veia ázigos • Uso de adesivos biológicos (cola de fibrina) • Shunt pleuro-peritoneal Derrame Pleural. Ed. Roca, 2004 Derrame Pleural Ed. Roca, 2004 Quilotórax pós-operatório Tratamento conservador: Drenagem torácica por até 2 semanas Resolução Persistência do extravazamento > 200 mL/24h < 200 mL/24h CTVA Tratamento conservador por mais 1 semana Extravazamento não identificado Extravazamento identificado Cola biológica Pleurodese Clipagem Resolução Persistência do extravazamento Persistência do extravazamento Resolução Cirurgia aberta REFERÊNCIAS Nair SK, Petko M, Hayward MP. Aetiology and management of chylothorax in adults. Eur J Cardiothor Surg 32 (2007) 362-69. Light RW. Pleural Diseases. Williams & Wilkins. 2005. Pêgo-Fernandes PM, Neto DMM, Jatene FB. Quilotórax. In: Vargas FS, Teixeira LR, Marchi E. Derrame pleural. São Paulo: Roca; 2004. p.385-93. Merrigan BA, Winter DC, Sullivan GCO. Chylothorax. Br J Surg 1997; 84:15–20 Doerr CH, Miller D, Ryu JH. Chylothorax. Semin Respir Crit Care Med 2001; 22:617–626 Goldfarb JP. 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