AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
O LÚDICO COMO FERRAMENTA AUXILIADORA NO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
José Roberto Cardoso
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
COLIDER/2012
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
O LÚDICO COMO FERRAMENTA AUXILIADORA NO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
José Roberto Cardoso
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de
especialização em Educação Infantil e
Alfabetização.”
COLIDER/2012
RESUMO
Há muito tempo discute-se a questão dos jogos e brincadeiras e sua
importância no desenvolvimento da criança. Atualmente, vários pesquisadores
mostram preocupação em compreender este fenômeno buscando, principalmente,
responder questões como: a função que estas atividades exercem sobre o
desenvolvimento infantil; motivos pelos quais a criança deve brincar; o que a
brincadeira proporciona à criança no que diz respeito à aprendizagem etc. A fim de
discutir estas e outras questões relacionadas ao tema “brincadeira” e considerando
que o brincar tem uma importância característica para a criança, a presente
pesquisa pretende apresentar uma definição de brincadeira, relatar sobre a
brincadeira e sua relevância na educação e, por fim, analisar as possíveis
contribuições que a brincadeira proporciona ao desenvolvimento infantil devendo ser
valorizada e privilegiada no contexto educacional. E por tornar-se a dimensão lúdica
alvo de tantas atenções e desejos, faz-se necessariamente e fundamental
resgatarmos a sua essência. Viver ludicamente significa uma forma de intervenção
no mundo, indica que não apenas estamos inseridos no mundo, mas, sobretudo,
que somos parte desse conhecimento prático e que essas reflexões são as nossas
ferramentas para exercermos um protagonismo lúdico e ativo.
Utilizou-se como metodologia para a realização desta pesquisa leituras de
livros, artigos de revistas, textos e aulas acompanhadas durante o período desta
pós-graduação, buscando assim identificar, descrever e analisar a utilização do
lúdico no ensino-aprendizagem na educação infantil. A fundamentação teórica está
baseada em alguns autores, experiências, pesquisas e estudos sobre brincadeiras,
brinquedos e jogos.
A pesquisa demonstrou o significado do brincar, conceituando os principais
termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando também fundamental
compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com
o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói
conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente, e ainda ressalta os benefícios que
o brincar proporciona no ensino-aprendizagem infantil.
Palavras-chave: brincadeira, jogos, criança, educação, desenvolvimento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 04
1. A importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil ........................ 07
2. O desenvolvimento motor, cognitivo, sócio-afetivo através dos jogos e
brincadeiras ............................................................................................................. 10
3. A Ludicidade e o educador na Escola .............................................................. 18
Considerações Finais ........................................................................................... 222
Referências Bibliográficas ..................................................................................... 24
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa traz uma ampla visão da importância do lúdico no processo
ensino-aprendizagem e na formação da personalidade humana. A criança necessita
de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser
uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria com professoraluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. E quando o
educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas, percebese um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando.
SANTOS (2002), refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do
latim ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos,
brinquedos e divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento
da aprendizagem do indivíduo.
A conscientização desta importância cabe ao educador, que se torna
responsável pela aprendizagem e deve trabalhar a criança em sua múltipla
formação, nos aspectos biológicos, sociais, cognitivos e afetivo- emocionais. Através
dos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades
de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Pela variedade
de estímulos que oferecem, pela atmosfera de alegria e encantamento que
proporcionam e, principalmente, pela presença de certas normas, o jogo e a
brincadeira devem fazer parte do cotidiano escolar nas diversas áreas do
conhecimento. Dão ao aluno oportunidade para se desenvolver e atendem às suas
necessidades básicas no processo ensino-aprendizagem. A criança precisa brincar,
inventar e criar para crescer e manter seu equilíbrio com o mundo. Nos jogos e
brincadeiras infantis são reconhecidos os mecanismos de identificação cultural e de
formação educativa. Veremos conforme os capítulos o importância dos jogos e
brincadeiras na educação infantil e o processo de ensino-aprendizagem e no
desenvolvimento motor, cognitivo, sócio-afetivo, através dos jogos e brincadeiras e
como a ludicidade contribuem nesse desenvolvimento.
Como problematização analisou se a ludicidade auxilia no desenvolvimento
motor, cognitivo e sócio-afetivo através de suas atividades? Quais os motivos pelos
quais a criança deve brincar? E o que a brincadeira proporciona à criança no que diz
respeito à aprendizagem é relevante no contexto educacional?
05
As Hipóteses em análise foram se a adaptação e utilização do lúdico pelo
professor em sala de aula pode sanar e/ou gerar melhorias significativas no
processo de construção do conhecimento; as atividades diversificadas e dinâmicas
podem motivar a inserção de novos métodos na prática pedagógica do professor em
sala e o desenvolvimento de atividades lúdicas pelos alunos juntamente com o
professor promoverá mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem.
Tem-se como objetivo geral no presente projeto analisar importância do
brincar no desenvolvimento e aprendizagem na educação infantil, conhecer o
significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato
de brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde a
criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros,
estabelece
relações
sociais,
constrói
conhecimentos,
desenvolvendo-se
integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no ensinoaprendizagem infantil. Ainda este estudo traz algumas considerações sobre os
jogos, brincadeiras e brinquedos e como influenciam na socialização das crianças.
Objetiva-se Especificamente definir a ludicidade, ressaltando a importância
do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico,
social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo; Demonstrar que o lúdico na educação
infantil proporciona a criança o estabelecimento de regras constituídas por si e em
grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade; analisar a importância
do lúdico na Educação Infantil e refletir sobre o desenvolvimento e a aprendizagem
se ocorre de forma significativa.
A escolha desse tema se justifica devido há muitos pesquisadores que
denominarem o século XXI como o século da ludicidade, viveu em tempos em que
diversão, lazer, entreterimento apresentam-se como condições muito perquiridas
pela sociedade.
Logo, na atividade lúdica o que importa não é apenas o produto da atividade,
o que dela resulta, mas a própia ação, o momento vivido. Possibilita a quem a
vivência, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de
realidade, de resignificação e percepção, momentos de auto conhecimento e
conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momento de vida.
Pois, uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou
brinquedos, o que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma "atitude"
06
lúdica do educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade,
envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente
uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade
exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de
conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes.
Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades
nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre pessoas,
possibilitadas especialmente pelos jogos de faz-de-conta e os de
alternância respectivamente. Ao brincar, a criança passa a compreender as
características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e
os acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, ao tomar o papel do outro na
brincadeira, começa a perceber as diferentes perspectivas de uma situação,
o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior característicos de seu
pensamento verbal. (OLIVEIRA, 2002, p. 160).
Desta forma, destacar a atividade ludica na educação infantil se faz
importante diante de todas as contribuições que essa prática oferece quando
realizada adequadamente.
No primeiro capítulo veremos a importância dos jogos e brincadeiras na
educação infantil bem como seus benefícios nessa fase tão importante no processo
escolar da criança, apontando algumas brincadeiras e suas contribuições na
construção do conhecimento.
No segundo capítulo discorre-se sobre o desenvolvimento motor, cognitivo,
sócio-afetivo através dos jogos e brincadeiras onde se destaca segundo os vários
autores que a atividade lúdica tem como consequência a socialização e
integralização da criança entre seu mundo e o mundo real de forma que sua
aprendizagem acontece espontaneamente mesmo com a utilização de regras.
Já no terceiro capítulo destaca-se o trabalho e a interação do
educador/professor na escola e as habilidades e a produtividade que o mesmo pode
adquirir e usufruir com a utilização adequada com a inserção da ludicidade em sua
prática pedagógica. A união desses três capítulos nos traz um breve, porém amplo
conhecimento sobre o que o lúdico pode contribuir na educação e no
desenvolvimento tanto das crianças e dos educadores no processo de ensinoaprendizagem.
1. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Os jogos da criança pequena são fundamentais para o seu desenvolvimento
e para a aprendizagem, pois envolvem diversão e ao mesmo tempo uma postura de
seriedade. A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção
de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo.
Na educação, não podemos deixar de nos referir ao Referencial curricular
nacional para a educação infantil (BRASIL,1998, p.23), que ressalta a importância
da brincadeira quando afirma que educar significa “propiciar situações de cuidados,
brincadeiras e aprendizagens orientadas.”
A escola, atenta aos inúmeros benefícios que a brincadeira traz, bem como
nas possibilidades que elas criam de se trabalhar diferentes conteúdos em forma
lúdica, deve “lutar” sempre para que tais atividades sejam privilegiadas e bem
aceitas pelas crianças e pelos adultos responsáveis. Vale lembrar que não são
necessários espaços muito estruturados ou objetos complexos para que ocorra uma
brincadeira. Espaços simples, com objetos fáceis de serem encontrados e
manipulados podem se transformar em grandes aliados do educador. Pense um
instante: o que as brincadeiras como esconde-esconde, pega-pega, passa-anel,
bingo, boliche, morto - vivo; queimada, pular corda, corre cutia favorecem várias
habilidades e conhecimentos. Todas elas propiciam cooperação, estabelecimento e
cumprimento de regras, aprendizagem de se colocar no lugar do outro etc.
O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator do desenvolvimento
infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas e hoje é questão de
consenso a importância do lúdico. Dentre as contribuições mais importantes destes
estudos, segundo NEGRINE (1994, p. 41), podemos destacar:
As atividades lúdicas possibilitam fomentar a "resiliência", pois permitem a
formação do autoconceito positivo;
As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que
através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive
socialmente e opera mentalmente.
08
O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da
criança na sociedade;
Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação
e a educação;
Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social,
pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias,
estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça
habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói
seu próprio conhecimento.
Brincando,
segundo
NASCIMENTO
(2000),
a
criança
desenvolve
potencialidades; ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, calcula, classifica,
compõe, conceitua e cria. O brinquedo e a brincadeira traduzem o mundo para a
realidade infantil, possibilitando a criança a desenvolver a sua inteligência, sua
sensibilidade, habilidades e criatividade, além de aprender a socializar-se com
outras crianças e com os adultos.
Desde o nascimento o ser humano vai passando por fases na busca de
construção do conhecimento. A conquista do ser humano do símbolo, segundo
PIMENTA (2011), passa por diferentes fases, tendo origem nos processos mais
primitivos da infância. Como já dito anteriormente, a criança aprende pelo corpo, é
através dele que se relaciona com o meio circundante. É observando, olhando,
conhecendo, tocando, manipulando e experimentando que se vai construindo
conhecimento. Neste jogo, o da busca do conhecimento, onde se pode brincar, jogar
e estabelecer um espaço e tempo mágico, onde tudo é possível, um espaço
confiável, onde a imaginação pode desenvolver-se de forma sadia, onde se pode
viver entre o real e o imaginário, este é o lugar e tempo propício para crescer e
produzir conhecimento.
É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o
seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por meio da
ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e
discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando
sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e sem motivações,
os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos e
realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. ZANLUCHI
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(2005, p.91), afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação
lúdica de seu dia-a-dia”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar,
estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções
dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar
da sua vida.
Para OLIVEIRA (1990), as atividades lúdicas é a essência da infância. Por
isso, ao abordar este tema não podemos deixar de nos referir também à criança. Ao
retornar a história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a
criança nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela não tinha
existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, ou adulto
em miniatura. Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e
nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho,
colaborando na geração da renda familiar.
Uma criança com possibilidades lúdicas variadas, segundo LOPES (2001,
p.37), terá mais riqueza de criatividade, relacionamentos, capacidade crítica e de
opinião. O contato, a exploração do meio a ambiente, brinquedos, expressão
musical, artes, dança, teatro e vivências corporais ampliam sua visão de mundo na
medida que com ele interage. Assim sendo, ela própria vai instituindo seus limites,
desafios e criando novos brinquedos. Muitos autores contemporâneos definem o
lúdico como um estado de prazer, com razão própria de ser, contendo em si mesmo
o seu objetivo. As crianças brincam por brincar, seu interesse vem de uma
motivação interna de curiosidade e experimentação, podem se sujeitar às regras
externas, mas jamais vão brincar sem desejo.
O jogo é importante para o indivíduo dando a possibilidade de se
expressar graças à prática lúdica. A brincadeira infantil, segundo VYGOTSKI (1991),
possibilita com que a criança lide com a fantasia, com o medo, com a imaginação e
com o faz-de-conta. Junto com o processo de formação da personalidade constrói a
sua identidade. Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas revelam,
por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades
privilegiadas nas quais o movimento é aprendido e tem um significado.
2. O DESENVOLVIMENTO MOTOR, COGNITIVO, SÓCIO-AFETIVO ATRAVÉS
DOS JOGOS E BRINCADEIRAS
Brincar é uma forma de a criança exercitar sua imaginação. A imaginação,
segundo BETTLHEIM (1988), é uma forma que permite às crianças relacionarem
seus interesses e suas necessidades com a realidade de um mundo que pouco
conhecem. A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza,
desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo.
De acordo com BROUGÈRE (1997), o brincar exige uma aprendizagem;
sendo assim o professor terá este papel fundamental de inserir a criança na
brincadeira,
criando
espaços,
oportunidades
e
interagindo
com
ela.
O
desenvolvimento infantil está em processo acelerado de mudanças, e as crianças
estão desenvolvendo suas potencialidades precocemente em relação às teorias
existentes. Diante dos avanços tecnológicos, a criança deste novo milênio está
evoluindo. O cuidado com o recém-nascido, e os estímulos que o bebê hoje recebe
são muito diferentes dos cuidados de algumas décadas atrás. A mudança de hábitos
e atitudes dos adultos para com o recém-nascido ocasionou alterações em todo o
desenvolvimento infantil. As diferentes áreas do cérebro humano se desenvolvem
por meio de estímulos que a criança recebe ao longo dos sete primeiros anos de
vida. Como os estímulos são diferentes, as reações também são. Os padrões de
comportamento para como bebê e para com a criança na primeira infância se
modificaram, e as crianças de hoje são mais espertas e mais inteligentes do que as
crianças de algumas décadas atrás, gerando situações inesperadas. Atualmente,
pais trabalham fora, as famílias são menos numerosas, e as crianças frequentam,
desde cedo, berçários, creches e escolinhas maternais, onde recebem estímulos
diferentes dos que recebiam aquelas que eram criadas em casa pelos irmãos e que
só eram levadas para a escola aos sete anos. É, portanto, com essas crianças que o
educador tem que saber lidar, tem que reconhecer suas necessidades e procurar
atendê-las dentro do contexto educacional atual.
O brincar é um direito assegurado na Constituição Federal do Brasil. É uma
necessidade para as crianças, pois, segundo FERREIRA (2007), é fundamental para
o seu desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo, sendo uma ferramenta para a
construção do seu caráter. O desenvolvimento psicomotor é a base de sua relação
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com o mundo, pois é através de seu corpo que ela vai se relacionar consigo mesmo,
com os outros, com os objetos, enfim, com o mundo ao seu redor. O jogo através do
desenvolvimento psicomotor contribui para as relações entre a psiquê e o motor,
promove a união entre a ação e o pensamento, assim é uma atividade integradora
do corpo como um todo, não segue o modelo cartesiano de divisão corporal. O fator
afetivo inclui os relacionamentos intra e inter pessoais; ao brincar a criança vai
experimentar diversas situações, positivas (quando vence uma brincadeira, alcança
um objetivo, entra em acordo com os colegas, etc.) e negativas (perde alguma
atividade, não consegue realizar o esperado, entra em conflitos com os colegas,
etc.) e é através destas situações que a criança aprenderá a conviver com os outros.
Por fim, o aspecto cognitivo se refere ao desenvolvimento do intelecto durante as
atividades lúdicas. As crianças aprendem brincando, aumentam seu conhecimento
através dos parceiros e podem vivenciar a aprendizagem. Quando a criança busca
superar situações desagradáveis. É como se ela zombasse de suas próprias
limitações e as enfraquecesse. Em cada momento do seu processo de
desenvolvimento, a criança utiliza-se de instrumentos diferentes e sempre
adequados às suas condições de pensamento. À medida que ela cresce, as
brincadeiras modificam-se, evoluem.
Segundo OLIVEIRA (2000) apud FANTACHOLI, (2009), o brincar não
significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas
mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo,
ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se
estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode
desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a
imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da
personalidade
como
afetividade,
motricidade,
inteligência,
sociabilidade
e
criatividade.
VYGOTSKY (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia
histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os
outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por
ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume
uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito,
rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação
12
de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à brincadeira como uma maneira de
expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos
adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos
conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A criança por intermédio da
brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes
situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos,
significados e atitudes.
De acordo com o Referencial curricular nacional da educação infantil
(BRASIL, 1998, p. 27):
O principal indicador da brincadeira, entre as
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros
crianças agem frente à realidade de maneira
substituindo suas ações cotidianas pelas ações
assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
crianças, é o papel que
papéis na brincadeira, as
não-literal, transferindo e
e características do papel
O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira
que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança
desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que
proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua
identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes
inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso
que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um
excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, CARVALHO (1992,
p.14) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental
importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que
está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir
coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real
valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
CARVALHO (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
NEGRINE
(1994),
em
estudos
realizados
sobre
aprendizagem
e
desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo
toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas
através da atividade lúdica." (p.20). Segundo esse autor, é fundamental que os
professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação
com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.
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A criação de espaços e tempos para os jogos e brincadeiras é uma das
tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação
infantil. Cabe-nos organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de
brincadeiras, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um
jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma
atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos, ou seja,
observando e respeitando as diferenças de cada indivíduo.
Segundo SEVERINO (1991, p. 29-40), os profissionais das escolas infantis
precisam manter um comportamento ético para com as crianças, não permitindo que
estas sejam expostas ao ridículo ou que passem por situações constrangedoras.
Alguns adultos, na tentativa de fazer com que as crianças lhes sejam obedientes,
deflagram nelas sentimentos de insegurança e desamparo, fazendo-as se sentirem
temerosas de perder o afeto, a proteção e a confiança dos adultos.
O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus alunos
para selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser
suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que
despertam pelo material de que são feitos. Lembrando sempre da importância de
respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças.
Uma observação atenta pode indicar o professor que sua participação seria
interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, introduzindo novos
personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as
crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem.
Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um
caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é
ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da
sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer
várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos
caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo
e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar é
preparar para a vida. (KAMI, 1991, p. 125).
As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo,
aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade.
(VYGOTSKY, 1989). PIAGET (1998), diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório
das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática
educativa.
Conforme afirma OLIVEIRA (2000, p. 19):
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O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o
fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e
até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca,
por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura
materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos,
e de ser uma mãe boa, forte e confiável.
Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança,
ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados
que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as
dimensões da vida social.
Segundo VYGOTSKY, LURIA & LEONTIEV (1998, p. 125), O brinquedo “(...)
surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais
amplo dos adultos”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a
criança observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por diante. À
medida que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se formou, a criança
utiliza-se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços.
Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar
é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é
promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o
conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico
promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o
sentido. Assim, GOÉS (2008, p. 37, apud FANTACHOLLI, (2009,), afirma ainda
que:
(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser
melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido
como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda
sua capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes
mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos
nesse processo.
O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,
assim o ato de brincar na escola sob a perspectiva de Lima (2005, n.p.) está
relacionada ao professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que consigam
convencê-lo e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para aprendizagem
e para o desenvolvimento da criança. OLIVEIRA (1997, p. 57), acrescenta o fato que
a:
Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,
habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o
meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos
15
fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o
indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da
informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,
justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de
aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no
processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente,
sempre envolvendo interação social.
Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de
aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no
desenvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais
contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
De acordo com KISHIMOTO (2002), o jogo é considerado uma atividade
lúdica que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz
muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso
natural da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo obtém
prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo
mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e
espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e
cognitiva.
A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as
brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se
relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade
e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para
deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da educação infantil.
Na escola é possível o professor se soltar e trabalhar os jogos como forma
de difundir os conteúdos. Para isso, entende-se ser necessários a vivência, a
percepção e o sentido, ou seja, o educador precisa selecionar situações importantes
dentro da vivência em sala de aula; perceber o que sentiu como sentiu e de que
forma isso influencia o processo de aprendizagem; além de compreender que no
vivenciar, no brincar, a criança é mais espontânea. Sem dúvida, os conteúdos
podem ser trabalhados com o uso do jogo. A criança pode trabalhar ou fixar um
conteúdo com a atividade lúdica. Mas, para isso, o jogo é uma das estratégias e não
a única.
Pense no desenvolvimento social. Como criar oportunidades lúdicas para a
criança incrementar o seu repertório social bem como desenvolver relações inter-
16
pessoais? Quando a criança brinca de faz de conta, por exemplo, ela deve supor o
que o outro pensa tentar coordenar seu comportamento com o de seu parceiro,
procurar regular seu comportamento de acordo com regras sociais e culturais. Além
disso, para VYGOTSKY (1984), a criança, ao brincar de faz de conta, cria uma
situação imaginária podendo assumir diferentes papéis, como o papel de um adulto.
A criança passa a se comportar como se ela fosse realmente mais velha, seguindo
as regras que esta situação propõe. Nesse sentido, a brincadeira pode ser
considerada um recurso utilizado pela criança, podendo favorecer tanto os
processos que estão em formação ou que serão completados.
Os jogos simbólicos também chamados de “faz-de-conta”. Por meio deles, a
criança expressa a sua capacidade de representar dramaticamente. Entre 1 (um)
ano e meio e 3 (três) anos de idade, segundo BETTLHEIM (1988), a criança começa
a imitar suas ações cotidiana se passa a atribuir vida aos objetos. No jogo de “fazde-conta”, a criança experimenta diferentes papéis sociais, funções sociais
generalizadas a partir da observação do mundo dos adultos. Dos 4 (quatro) aos 7
(sete) anos, a busca pela aproximação ao real vai caracterizar os jogos simbólicos.
A criança desejará imitar de forma mais coerente. Nos jogos de regras é necessário
que haja cooperação entre os jogadores e isso exige, certamente, um nível de
relações sociais mais elevados. As brincadeiras e os jogos são espaços
privilegiados para o desenvolvimento infantil e para a sua aprendizagem. Cientes da
importância dos jogos e das brincadeiras na Educação Infantil, o professor deve
elaborar propostas de trabalho que incorporem as atividades lúdicas. Deve também,
propor jogos e brincadeiras. Não há necessidade de o jogo ser espontâneo,
idealizado pela criança.
Associar a educação da criança ao jogo não é algo novo. Os jogos
constituíram sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de
recrear e de educar ao mesmo tempo. A relação entre o jogo e a educação são
antigas, Gregos e Romanos, segundo BEZERRA (2007), já falavam da importância
do jogo para educar a criança. Portanto a partir do século XVIII que se expande a
imagem da criança como ser distinto do adulto o brincar destaca-se como típico da
idade.
As brincadeiras acompanham a criança pré-escolar e penetram nas
instituições infantis criadas a partir de então. Nesse período da vida da criança, são
17
relevantes todos os aspectos de sua formação, pois, segundo BEZERRA (2007),
como ser bio-psico-social-cultural dá os passos definitivos para uma futura
escolarização e sociabilidade adequadas como membro do grupo social que
pertence.
Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona
idéias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis
com o seu crescimento físico e o seu desenvolvimento global. O jogo e a brincadeira
exigem movimentação física, envolvimento emocional e provoca desafio mental.
Neste contexto, a criança só ou com companheiros integra-se ou socializa-se. O
movimento resulta da expressão interna de um organismo que, vivo se expressa.
Segundo KISHIMOTO (1996, p. 37), “... os jogos colaboram para a emergência do
papel comunicativo da linguagem, a aprendizagem das convenções sociais e a
aquisição das habilidades sociais.” Nessa perspectiva podemos dizer que os jogos e
as brincadeiras, apresentam uma evolução que acompanha o desenvolvimento
físico, emocional e cognitivo da criança.
3. A LUDICIDADE E O EDUCADOR NA ESCOLA
Hoje, as influências teóricas e contextuais avançaram nas formas de pensar
e fazer a educação das crianças de zero a seis anos. As contribuições de Piaget,
Emília Ferreiro, Freinet, Vygotsky, Wallon, entre outros, segundo UVA (2005), assim
como experiências concretas na realidade brasileira, permitem uma perspectiva em
que se prioriza na Educação Infantil as bases
primeiras de formação para
cidadania, percebendo-se a criança como um ser humano pleno. Os primeiros anos
de vida são de extrema importância para a formação do ser humano, tendo em vista
a concepção da criança como um indivíduo em sua totalidade. Este fato torna cada
vez mais evidente a preocupação que se deve ter com a criança de zero a seis
anos.
A teoria de Piaget para a prática da educação infantil, segundo UVA (2005),
merece destaque porque alguns princípios básicos que a orientam e enfocam a
importância da ação, o simbolismo, a atividade de grupo, a integração das áreas do
conhecimento, tem como eixo central as atividades.
Portanto, é importante a efetivação de um projeto de Educação Infantil que
represente uma tendência pedagógica criativa, com fundamentação psico-sóciocultural, cuja meta básica favoreça a implantação de escolas públicas e/ou privadas,
que reconheça e valorize as diferenças existentes entre as crianças, estimulando a
todas, sem distinções, no que se refere ao seu desenvolvimento pleno, à construção
de sua identidade pessoal, de sua sociabilidade e de seu próprio conhecimento, de
forma prazerosa e criativa, dando importância à necessidade do lúdico e do jogo, tal
característica da faixa etária em questão.
A ação pedagógica possibilitará a interação com outras crianças, além dos
adultos, pois, ao interagir com os seus pares a criança tem o seu ponto de vista
confrontado com os de outras, sendo que, principalmente em situações
discordantes, se sentirá motivada a rever sua idéia e a argumentar. Este conflito,
segundo UVA (2005), dará oportunidade para que a criança reflita, discuta e se
posicione, exercitando a sua autonomia, seu senso crítico e a formação de valores
como solidariedade e cooperação tão necessários à vida atual.
Ainda segundo UVA (2005), é preciso enfatizar igualmente a multiplicidade
de fatores que estão presentes nessas relações exigindo um olhar multidisciplinar
que se expresse nas suas ações pedagógicas, que se diferenciam da escola básica,
19
que envolve, sobretudo, além da dimensão cognitiva, as dimensões lúdica, criativa e
afetiva, numa perspectiva da autonomia e da liberdade. Cabe sempre ressaltar a
importância de perceber, na escola de Educação Infantil, não apenas caráter
propedêutico, assistencialista ou compensatório, mas sua finalidade própria de
cuidar e educar, de formar a base para a construção da cidadania.
O desenvolvimento da criança e seu consequente aprendizado, segundo
FANTACHOLI (2011), ocorrem quando participa ativamente, seja discutindo as
regras do jogo, seja propondo soluções para resolvê-los. É de extrema importância
que o professor também participe e que proponha desafios em busca de uma
solução e de participação coletiva, o papel do educador neste caso será de
incentivador da atividade. A intervenção do professor é necessária e conveniente no
processo de ensino-aprendizagem, além da interação social, ser indispensável para
o desenvolvimento do conhecimento.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para
o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser
e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural.
Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um
elemento essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar
apenas um caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da
sociedade. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher
caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com
as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar.
A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras
na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao educador. Brinquedos não
devem ser explorados somente como lazer, mas também como elementos bastante
enriquecedores para promover a aprendizagem.
Os educadores precisam estar cientes de que a brincadeira para o educando
é necessária e que ela traz enormes contribuições no desenvolvimento da habilidade
de aprender a pensar.
Quando refletem sobre as possibilidades de intervenção e de ensino com a
utilização do lúdico, os educadores sempre relatam experiências em que estão
20
presentes sentimentos e posicionamentos que evidenciam a relação entre educador
e educando. Nessa perspectiva, se o educador souber observar as perguntas que
seus alunos fazem, a maneira como exploram objetos e brinquedos, ele irá perceber
que existem inúmeras possibilidades de intervenção durante as atividades
pedagógicas desenvolvidas na sala de aula. O lúdico como prático pedagógico
requer estudo, conhecimento e pesquisa por parte do educador.
Nessa perspectiva, segundo o Referencial curricular nacional da educação
infantil (BRASIL, 1998, p. 30):
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,
organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que
articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e
cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos
conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.
Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no
parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e
garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de
experiências educativas e sociais variadas.
O educador, segundo FANTACHOLI (2011), deverá propiciar a exploração
da curiosidade infantil, incentivando o desenvolvimento da criatividade, das
diferentes formas de linguagem, do senso crítico e de progressiva autonomia. Como
também ser ativo quanto às crianças, criativo e interessado em ajudá-las a
crescerem e serem felizes, fazendo das atividades lúdicas na educação Infantil
excelentes instrumentos facilitadores do ensino-aprendizagem.
As atividades lúdicas, juntamente com a boa pretensão dos educadores, são
caminhos que contribuem para o bem-estar, entretenimento das crianças,
garantindo-lhes uma agradável estadia na creche ou escola.
Certamente, a
experiência dos educadores, além de somar-se ao que estou propondo, irá contribuir
para maior alcance de objetivos em seu plano educativo.
A escola deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento
através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a
participação ativa da criança no seu meio. Conceituar as tendências da Educação
Infantil é, antes de tudo, conceituar a prática pedagógica, como uma prática social
orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, inserida no contexto da prática
social.
A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe a
relação teoria e prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca
necessária das condições à sua realização.
21
O lado teórico é representado por um conjunto de idéias constituído pelas
teorias pedagógicas, sistematizado a partir da prática realizada dentro das
condições concretas de vida e de trabalho. A finalidade da teoria pedagógica é
elaborar ou transformar idealmente, e não realmente, a matéria-prima.
Na singeleza de cada ação do profissional da Educação Infantil há uma
resposta e equilibração da criança, não somente pelo que se diz, mas, sim pelo
exemplo que se dá a cada dia de nossa ação. Antes de se iniciar qualquer trabalho
deve-se ter em mente os propósitos, aonde se querem chegar e como se vai fazer
para alcançá-los.
Reconhecido o papel de cada criança no grupo, do professor como mediador
do trabalho pedagógico, pressupõe um aspecto de respeito mútuo, onde é por meio
das diversidades e divergências que cada ser irá projetar-se no mundo como um
indivíduo que desde a Educação Infantil tem o seu espaço reconhecido e sabe que
são portadores de direitos e deveres para uma sociedade tão carente de valores
inerentes a nossa vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de pesquisa bibliográfica vemos que a criança aprende enquanto
brinca. De alguma forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos
indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança estabelece
com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue extravasar suas
tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades, é por
meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro, se
conhece e conhece o outro.
Além da interação, a brincadeira, o que brinquedo e o jogo proporcionam
são fundamentais como; mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a
atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a
aprendizagem. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver
capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção,
afetividade, o hábito de concentrar-se, dentre outras habilidades. Nessa perspectiva,
as brincadeiras, os brinquedos e os jogos vêm contribuir significamente para o
importante desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas do aluno.
Entendo ainda que o primeiro passo para se trazer o lúdico, a brincadeira
para dentro da escola, é o resgate da infância dos próprios educadores, a memória.
"Do que brincavam, como brincavam, lembrarem-se de uma figura especial. É um
momento de humanizar as relações, de resgatar o sentimento e lembrar como eles
eram e o que sentiam quando viviam o momento que as crianças, seus alunos,
estão vivendo agora. Todo mundo foi criança e teve essa vivência.
A educação lúdica, além de ajudar, influencia a formação do educando,
propicia à criança muito benefício, pois proporciona a ela prazer, criatividade,
coordenação motora que vai desencadeando seu aprendizado. Ela também contribui
com o educador, pois através dela se pode educar com criatividade e
responsabilidade, descobrindo maneiras interessantes para serem trabalhadas
conforme a realidade do educando.
Os jogos e os brinquedos constituem-se hoje em objetos privilegiados da
educação infantil, desde que inseridos numa proposta educativa que se baseia na
atividade e na interação delas.
23
A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica,
podem
desenvolver
diferentes
atividades
que
contribuem
para
inúmeras
aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos para o
educando, também funciona como exercícios necessários e úteis à vida.
Brincadeiras e
jogos
são
elementos
indispensáveis
para que
haja
uma
aprendizagem com divertimento, que proporcione prazer no ato de aprender, e que
facilite as práticas pedagógicas em sala de aula.
Cabe às famílias, escolas e instituições que atuam na fase da infância
responsabilizar-se pela disponibilização de espaços que darão oportunidades para o
desenvolvimento de projetos e programas lúdicos para o mundo infantil que, por
natureza, é infinitamente rico, criativo, curioso e investigatório de conhecimento,
possibilitando crianças mais felizes integradas na sociedade.
O lúdico é um importante componente na aprendizagem. É pelo lúdico e com
o lúdico que o sujeito vai se construindo e se apropriando da realidade, tecendo
suas relações sociais e exercitando-se de corpo inteiro. Na vivência lúdica
experimenta situações novas, desafios, aventuras. No espaço lúdico ele também vai
formando seus conhecimentos vão somando aquisições de valores, aprendendo
limites, trabalhando a auto-estima, além de superar seus medos e adquirir
autoconfiança.
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