UTP - UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Érica Renata Kristel Ferreira de Mello
A ATUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS FREIGHT FORWARDERS (OPERADORES
LOGÍSTICOS) NO COMÉRCIO INTERNACIONAL
CURITIBA
2012
Érica Renata Kristel Ferreira de Mello
A ATUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS FREIGHT FORWARDERS (OPERADORES
LOGÍSTICOS) NO COMÉRCIO INTERNACIONAL
CURITIBA
2012
RESUMO
Este trabalho apresenta as principais nuances dos intermediadores de carga
internacionais que nada mais são que os operadores logísticos, empresas contratadas
pelo importador ou exportador para coordenar uma parcela ou o todo dos
procedimentos logísticos. Em um operador logístico podem ser oferecidos os serviços
de armazenagem, transporte, ge s t ã o i n t e g r a d a d a m a l h a l o g í s t i c a , gestão de
pedidos, serviços agregados e logística internacional. Um operador logístico pretende
gerar
tranqüilidade
e
equilíbrio
aos
seus
clientes, para que os mesmos possam focar em seu negócio
e c r i a r oportunidades de crescimento. Além disso, operadores logísticos
de alta tecnologia propõem aos clientes uma excelência operacional e um
diferencial competitivo pela agilidade na gestão e execução e têm o objetivo
de superar as expectativas do cliente, fazer alianças estratégicas com os
fornecedores, executar serviços de valor. Quando bem implementado o
operador logístico pode ajudar a reduzir custos totais visando aumentar a
margem de lucro, diminuir a complexidade de custos das funções logísticas
e melhorar os sistemas de informação logístico.
Palavras-chave: operadores logísticos, logística internacional, tecnologia, alianças
estratégicas.
ABSTRACT
This paper presents the main nuances of international freight brokers that are nothing
more than logistics operators, companies hired by the importer or exporter to coordinate
a portion or all of the logistical arrangements. In a logistic operator can be offered the
services of warehousing, transportation, integrated logistics network management,
order management, international logistics and value-added services. A logistics
operator intends to generate tranquility and balance to your customers so that they can
focus on their business and create opportunities for growth. In addition, high-tech
logistics operators offer customers an operational excellence and competitive
advantage for agile management and execution and aim to surpass customer
expectations, making strategic alliances with suppliers, servicing value. When properly
implemented the logistics operator can help reduce overall costs to increase profit
margins, reduce complexity cost of logistics functions and improve logistics information
systems.
Keywords: logistics operators, international logistics, technology, strategic alliances.
INTRODUÇÃO
A necessidade de busca pela competitividade e o crescente aumento das
demandas exigidas pelo mercado indica uma tendência à terceirização das atividades
que não fazem parte do foco de negócio das empresas. Diante deste cenário, surgiu
uma atividade especializada que busca agregar competitividade às empresas
inseridas ou não dentro da cadeia de suprimento, que são os chamados freight
forwarders ou operadores logísticos.
O intermediador de cargas internacionais tem como função dissociar atividades
relacionadas à cadeia de suprimentos de outras organizações ao coordenar uma
parcela ou a totalidade do planejamento, controle e movimentação de mercadorias em
âmbito global. A flexibilidade da prestação do serviço do IFF instiga pesquisas à seu
respeito, uma vez que o envolvimento deste no transporte pode variar em intensidade
e extensão, de acordo com a demanda do importador ou exportador contratante.
Objetiva-se, desta forma, estruturar o tema operadores de logística como um
assunto relativamente novo, ainda pouco explorado academicamente e com escassas
referências bibliográficas.
Quanto aos objetivos específicos: primeiramente será visto o conceito de
freight forwarder, bem como histórico, suas principais definições, tipos, modais de
transporte em que atuam, e os líderes de mercado atualmente; no segundo capítulo
será demonstrada a importância da presença de um operador logístico e de sua
tecnologia para o planejamento estratégico da ação e da distribuição internacional;
logo a seguir definir a responsabilidade do operador de transporte multimodal nos
trâmites logísticos do comércio entre países; e por fim, as alianças que os freight
forwarders têm feito a fim de lhe garantirem maior segurança e credibilidade em suas
ações no âmbito do comércio exterior e maior aquisição de vantagem competitiva.
Quanto à fundamentação teórica serão utilizadas as visões de Stewart e Pierre
David que ressaltam a importância desses operadores como importantes gestores
que atuam na exportação e importação de mercadorias.
1
OPERADORES LOGÍSTICOS
1.1 Conceito
Tendo em vista ser um tema relativamente novo no comércio internacional,
vale a princípio fixar bem seu conceito. Os freight forwarders ou operadores
logísticos “basicamente representam as empresas que cuidam, entre outros, da
movimentação, armazenagem, transporte, processamento de pedidos e controle de
estoques de seus clientes. Podem trabalhar para várias empresas, inclusive
concorrentes, mantendo acordos preestabelecidos e contratos de confidencialidade,
mas na busca incessante pela sinergia operacional, que é gerenciada pelo operador”
(CAXITO, 2012, p.: 222).
Ainda de acordo com Rodrigues (2000), os operadores logísticos seriam
“corretores de cargas, empresas de armazenagem ou qualquer outro agente
econômico que decida consolidar cargas de diversos embarcadores e negocie com
os transportadores fretes menores do que os que seriam obtidos individualmente
pelos embarcadores”. A diferença obtida no frete é o seu lucro. Além disso, o IFF*
presta serviço em seu próprio nome e emite um conhecimento de embarque próprio.
Para os embarcadores e consignatários (destinatários das cargas) individuais, o IFF
será o transportador, enquanto que na relação do IFF com o transportador efetivo, o
IFF será o embarcador e o consignatário. Na maioria das vezes, os operadores
logísticos são multinacionais ou empresas que se associam a outros agentes em
diversos países, para assim poderem oferecer aos seus clientes um serviço porta-aporta (door to door), principalmente para aqueles comerciantes que não têm uma
estrutura capaz de executar todas as atividades relacionadas à exportação e à
importação.
*International Freight Forwarders: Agentes de Carga Internacional
1.2 Histórico
Os operadores logísticos devem existir desde que existe comércio, mas
provavelmente eram conhecidos com retornos bem inferiores.
Com as grandes taxas de juros e fortes esforços em reduzir os níveis
de estoques durante as décadas de 70 e 80, uma mudança significativa ocorreu para
os
operadores
logísticos.
Os
gestores
decidiram
concentrar-se
nas
suas
competências fulcrais e deixar os outros assuntos à parte, dando assim lugar aos
operadores logísticos. Peter Drucker vê este tipo de serviço como em pleno
crescimento.
1.3 Definições
Tendo o conhecimento acerca do que basicamente são os operadores
logísticos e sua presença no comércio internacional, pode-se afirmar que as
empresas que optam pela parceria com estes estão diante de características que
envolvem tanto vantagens como aspectos financeiros, comerciais e operacionais,
bem como problemas e riscos.
Dentre as vantagens financeiras, têm-se: oferta de redução de custos por meio
de compartilhamento de equipamentos e mão-de-obra; redução da base de
funcionários diretos; diminuição de custos com avarias; seguro de ampla cobertura;
transformação de custos físicos em custos variáveis; redução de ativos; efetiva
adoção do conceito de logística integrada (tendência de mercado); e melhor
aproveitamento de cargas e destinos (modelo fracionado).
Quanto aos aspectos comerciais e operacionais podem ser mencionados:
melhor aproveitamento de cargas e destinos; foco do cliente em seu negócio principal;
melhoria de nível de serviço; padronização do serviço ao cliente fina; integração com
toda a cadeia de suprimentos envolvendo a relação com os fornecedores e clientes;
grande capacidade de implementação de mudanças e novos projetos; maior
capilaridade com a utilização das filiais do operador logístico; e redução nos níveis de
estoque, com o processo obedecendo a um fluxo estabelecido.
No que diz respeito aos problemas e riscos dos contratantes para com os
operadores, há de se citar: o pouco conhecimento do operador sobre a empresa e o
produto; dificuldade de identificação de parceiros logísticos; crença de que os custos
são mais relevantes no curto prazo; pouco conhecimento da importância da
integração com o operador logístico por parte da empresa cliente; escolha de
operador com conhecimento embrionário em determinado segmento; dependência
excessiva no longo prazo e perda de conhecimento da complexidade operacional; e
por fim, complexidade operacional e fase de implantação com prazos de
aprendizagem do operador sobre o produto do cliente.
De acordo com a necessidade do contratante/empresa, esta pode optar por
uma modalidade de operador, conforme será mostrado na subseção seguinte.
1.4Tipos de operadores logísticos
Uma das principais características dos operadores é vender serviço, no caso
serviços logísticos, dessa forma encontramos no mercado várias maneiras de
desenvolver essas parcerias estratégicas caracterizadas entre empresas e
operadores.
Nesse contexto, vale a pena citar os três principais tipos de operadores
existentes hoje no mercado.
O primeiro tipo são os chamados operadores no modelo multiclientes. Estes
normalmente são os detentores de instalações e tecnologias aptas a receberem
vários clientes, gerenciando suas necessidades logísticas a partir de um mesmo
Centro de Distribuição (CD), compatibilizando ou segregando produtos, oferecendo
áreas específicas de armazenagem, como áreas climatizadas, refrigeradas e secas.
O segundo tipo são os chamados operadores no modelo In-Company ou InHouse que assumem a gestão da logística em seu próprio cliente, utilizando-se de
suas instalações, podendo ou não oferecer a tecnologia também. São mais
conhecidos como “implantes”. Exemplos típicos de empresas que se utilizam desse
tipo de operador são empresas importadoras de circuitos elétricos como Siemens
Enterprise e Schneider Electric.
Na maioria das vezes a empresa possui o departamento de logística, mas não
está em seu core business executar a parte de armazenagem, transporte e
distribuição, e entende que é necessário entregar a gestão para especialistas,
otimizando seus resultados uma vez que o que se espera dessa etapa são resultados
como pontualidade e diagnóstico de estoque.
O terceiro tipo são os chamados operadores no modelo Full-Dedicated. Estes
oferecem o Centro de Distribuição para um único cliente, onde operador e cliente
desenvolvem uma gestão integrada no gerenciamento da logística. A participação da
empresa foco nesse formato é ativa, apresentando-se totalmente dedicada à
operação, mas com a mão de obra, equipamentos e instalações terceirizados e
mantendo as tomadas de decisões sob o seu domínio. A possibilidade de perda de
informações-chave se torna muito reduzida, pois, diferentemente, dos outros dois
tipos, o planejamento é da empresa foco. Para esse formato observamos os mais
altos índices de customização para o cliente.
1.5 Principais modais em que atuam
Atualmente, no meio logístico internacional, pode-se dizer que os IFF atuam
em dois modais principais: o modal marítimo e o aéreo de transporte de cargas.
Vale a pena, então, elucidar melhor as características desses dois tipos de
transporte internacionais.
1.5.1 Marítimo
A frota mercante mundial está registrada em mais de 150 países, tripulada por
mais de um milhão de marinheiros de todas as nacionalidades. O setor de transporte
marítimo internacional é responsável pelo transporte de 90% do comércio no mundo.
A marinha mercante é a chave para a economia global. Sem ela, o transporte de
matérias-primas e a exportação/importação, a preços acessíveis, de alimentos e de
bens manufaturados seriam impossíveis.
No que se refere a frete e, portanto, aos operadores de navios mercantes,
pode-se calcular uma receita anual estimada superior a US$ 380 bilhões na economia
global.
As transportadoras não proprietárias de navios que operam nesses trâmites do
transporte marítimo internacional são denominadas de NVOCC(Non-Vessel-Operating
Common Carriers). Como o próprio nome já diz se tratam de uma companhia de
navegação, que não têm navios próprios nem operam navios.
Apesar
disso,
as
NVOCCs
são
reguladas
pela
Comissão
Marítima
Federal(Federal Maritime Commission – FMC).
O modo de uma NVOCC operar é comprando espaço em um determinado
navio em determinada viagem e vender esse espaço a companhias que precisem
expedir carga.
A companhia de navegação é paga pelo espaço independentemente de a
NVOCC preencher sua alocação.
Na maioria dos casos, uma “NVOCC também atua como consolidador de frete
e agrega carga LCL(carga solta – menos de um contêiner) de vários clientes em um
contêiner cheio. Isso permite que pequenos fretadores se beneficiem da proteção de
um contêiner e lhes dá a oportunidade de expedir sem a proteção de embalagem
extra exigida pela carga a granel” (PIERRE, 2010, p.: 302).
Esse sistema acabou, digamos, por servir de base para o modelo seguido por
consolidadores no negócio de passageiros aéreos. Esses consolidadores compram
um bloco de assentos em um avião e os revende a clientes, em geral, por meio de
agências de viagens que oferecem descontos.
É nesse sentido que vale a pena comentar sobre a atuação dos operadores
logísticos no transporte aéreo internacional.
1.5.2 Aéreo
Nas últimas três décadas, o transporte aéreo cresceu com rapidez,
principalmente em virtude do advento das entregas em tempo determinado, conceito
criado pela Federal Express no mercado dos Estados Unidos, em 1981, e depois
adotado por quase todas as companhias áereas de carga comerciais. A Federal
Express (hoje denominada FedEx) é a maior companhia de frete aéreo do mundo.
Quanto à
estrutura das tarifas de carga
internacional, que
remete
principalmente aos operadores logísticos, esta não chega nem perto da estrutura
complicada do setor de carga marítima, com suas numerosas categorias. O frete
aéreo é cobrado em função de dois aspectos: peso e volume.
Para chegar ao custo de frete de determinada remessa, as companhias aéreas
calculam duas alternativas: a primeira baseia-se no peso real do carregamento; a
segunda no volume-peso, cálculo baseado no volume da carga. O volume-peso de
um carregamento é também chamado de peso dimensional. A companhia aérea
cobra o valor mais alto entre o volume-peso e o peso real da carga.
1.6 Liderança do mercado mundial
Segundo o Transport Intelligence (2009), entidade de pesquisa de análise do
mercado de logística, o ranking dos maiores operadores de logística é ocupado pela
DHL, Ceva e Kuehne + Nagel que conquistaram os três primeiros lugares.
A DHL Supply Chain, recentemente renomeada de DHL Exel Supply Chain, é
mais uma vez o maior operador do mundo. Em 2008, a empresa alemã teve receitas
superiores a 12 bilhões de euros, o que assegurou uma distância considerável à
frente de sua mais próxima rival, a Ceva. Na terceira posição, está a suíça Kuehne +
Nagel.
A DHL é líder tanto globalmente quanto no mercado doméstico europeu. A
Wincanton, por sua vez, não tem tanta força mundialmente, mas é a segunda mais na
Europa, seguida pela segunda colocada mundialmente, Ceva. Enquanto na Europa a
DHL goza de um liderança folgada, no mercado norte-americano a sua posição é
ameaçada por outros grandes fornecedores como: Penske Logistics, Caterpillar
Logistics Services, Ryder, UPS SCS, Schneider e Menlo.
Na região Ásia-Pacífico, a liderança é da gigante japonesa Hitachi, seguida
pelos operadores Sankyu e Mitsubishi. No entanto, se o mercado japonês for excluído
da conta, a DHL torna-se, como nas outras macro-regiões globais, o principal
operador logístico.
No ano de 2010, pelo prêmio do Instituto ILOS, a DHL e Kuehne + Nagel
permaneceram no ranking como os dois maiores operadores logísticos, graças à
disponibilidade de serviço de armazenagem para a empresa contratante.
A DHL manteve-se na posição graças a operações compartilhadas e
dedicadas. Dentre as operações compartilhadas têm-se solução sob medida,
flexibilidade e economia compartilhando espaço, colaboradores, equipamentos e
transportes. Quanto às operações dedicadas têm-se: solução especializada;
localidades de armazéns que oferecem sinergia de distribuição; processos de
operação, controles e informações de gestão de melhor desempenho; e, por fim, uma
grande rede de sistema de gestão de armazenagem e softwares interativos para
acelerar a produtividade e tornar as empresas mais rápidas e confiáveis.
A Kuehne + Nagel se diferencia por fornecer uma ampla gama de serviços de
armazenagem para várias indústrias em todo o mundo – multi-usuário ou ambiente
dedicado. Além disso, possui sistemas de informação baseados em um padrão
mundial que facilita a transferência uniforme das informações. Os armazéns e
serviços de gerenciamento de inventário garantem que todo material confiado à
Kuehne + Nagel é armazenado e gerido de uma forma segura, compatível e
profissional.
Diante do que foi apresentado, percebeu-se a ênfase dada à tecnologia,
ferramenta indispensável nos dias atuais para melhorar o fluxo de informações entre
operadores e empresas contratantes. É por isso que será dada atenção especial a
esse fator de produção no capítulo seguinte.
2
A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA E DO OPERADOR LOGÍSTICO NO
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Para as operações entre clientes e seus respectivos operadores logísticos, os
investimentos em TI são imprescindíveis para o sucesso da operação.
Algumas vantagens há de serem citadas, bem como desvantagens do uso de
compartilhamento de dados, os EDI (Eletronic Data Interchange) entre as empresas.
Dentre as vantagens, têm se: melhor comunicação e precisão dos dados; maior
rapidez no acesso à informação; maior produtividade nas transações de dados;
diminuição dos custos administrativos e de transações; redução do tempo de resposta
para reformulações; redução dos estoques; e maior agilidade na execução das
tomadas de decisões.
Entre as desvantagens, têm-se necessidade de padronização dos documentos;
custo relativamente alto de implementação; necessidade de softwares e hardwares
padronizados; necessidade de conscientização e padronização de todos os usuários;
flexibilidade relativamente baixa do sistema a processos manuais; dependência dos
provedores de serviços; e dependência da qualidade dos sistemas de comunicação
utilizados.
A decisão pela utilização de softwares compartilhados ou não vai de encontro
com a estratégia da empresa que, ao contratar um operador, pode buscar avanço nos
seus sistemas de gestão de estoque ou a expertise em operações, utilizando os seus
softwares, mas com a gestão de operações do operador ou entregando todo o
processo que vai integrar ERP*, WMS* e TMS*, aplicando o conceito de logística
integrada.
Diante do que foi apresentado até o momento e aliados ao uso da tecnologia,
há de se enfatizar a importância dos operadores logísticos no comércio internacional.
O volume total das atividades logísticas internacionais tem um custo aproximado de
15% do volume total do comércio internacional. Logo, percebe-se que há um impacto
muito grande desses atores (freight forwarders – operadores de logística) na
economia mundial através do pagamento de impostos sobre os lucros para o governo
de seus países e receita adicional para o governo.
Em um mercado cada vez mais competitivo é necessário, muitas vezes, que
indústrias utilizem ferramentas que possibilitem o aumento da competitividade visando
manter-se ou alcançar a liderança. Desta forma, uma considerável alternativa é a
utilização do Operador Logístico como elo facilitador assumindo tarefas e fazendo
com que as empresas se comprometam mais em seu foco de atividade.
A logística torna-se uma das principais variáveis de eficiência para o comércio
exterior. Tempo, prazo de entrega, assistência técnica e pronta entrega são itens
importantes nesse contexto. Deve-se, então, entender a logística não somente como
transporte, mas, sim, desde a comunicação até a entrega do produto ao cliente.
No entanto, o quesito transporte é fundamental para o melhor desempenho da
logística, ainda mais em um país como o Brasil, líder natural de um continente inteiro
e dono de um potencial incalculável em termos de produção.
Outra dificuldade para o comércio exterior é a precariedade no transporte
marítimo, tanto interno quanto externo. Infelizmente, o Brasil não é rota principal do
comércio exterior dentro deste modal. Os serviços portuários ainda não são
totalmente eficientes, dificultando as rotas dos navios. O governo federal deve
privatizar verdadeiramente os serviços portuários, propiciar concorrência nos
terminais privativos, buscar a implementação efetiva do transporte multimodal, buscar
*Enterprise Resource Planning/Warehouse Management System/Transportation Management System
desenvolver o transporte de cabotagem. Estas, entre outras medidas, fortaleceriam a
integração entre a logística e o comércio exterior.
2.1
Logística e terceirização – oportunidade dos operadores logísticos
A terceirização, na maioria das vezes, sempre foi vista como algo ruim no
mundo empresarial. E a preocupação trata-se com a perda de informações-chave dos
processos, a necessidade do comprometimento de terceiro, riscos comerciais em que
a imagem do fabricante será inevitavelmente associada à de uma empresa de
serviços e à dependência excessiva que pode ser desencadeada com a contratação
dos serviços de outra empresa, no caso um operador logístico.
Porém, há o lado positivo dessa contratação a partir do momento que a
empresa se dedica ao seu negócio principal, melhorando seus processos e tornandose cliente do desenvolvimento do seu próprio produto. Vale ressaltar também a
redução de investimento em ativos e a flexibilidade operacional. A logística custa
dinheiro e erros no gerenciamento logístico custam clientes.
Em tempos de concorrência crescente, em que se fala mais em conceder
redução dos custos do que em conseguir repassar um aumento destes, a otimização
dos processos de operação e o aproveitamento de todas as possibilidades de
potencial de redução nos custos se tornam, para muitas empresas, um fator crítico
para a sobrevivência. Segundo Hausller(2011) a contratação de um operador sinaliza
para as características a seguir:
a) Redução dos custos logísticos por meio do aproveitamento dos efeitos de
escala no prestador de serviços;
b) Transformação de custos fixos em variáveis;
c) Controle simplificado dos custos e trabalhos logísticos;
d) Aproveitamento do know-how logístico dos prestadores de serviços,
inclusive da TI(Tecnologia da Informação) instalada;
e) Concentração da empresa em suas competências principais;
f) Aumento na qualidade do serviço prestado aos clientes;
g) Simplificação nos processos da empresa;
3
A
RESPONSABILIDADE
JURÍDICA
DO
OPERADOR
LOGÍSTICO
E
PROBLEMAS POTENCIAIS
Ao mesmo tempo em que a terceirização das atividades de logística tem seu
lado positivo para a empresa contratante e as vantagens obtidas pelos operadores, há
que se considerar também os riscos e quais as responsabilidades/penalidades
jurídicas que esses operadores podem estar sujeitos.
O fato da cadeia logística envolver muitos atores, principalmente nos dias
atuais, faz com que o operador logístico possa vir a perder acesso a informações
chave do mercado, bem como demonstrar a incapacidade em cumprir as metas
combinadas, além da dependência excessiva da empresa contratante ao operador
logístico. Esses fatores supõem, portanto, a falta de domínio total dos freight
forwarders do processo logístico.
Tendo em vista tal fato, Os Freight Forwarders, conhecidos no Brasil como
agentes de cargas, são empresas com importante participação no comércio
internacional e responsáveis pela maioria dos fretes negociados ao redor do mundo.
Os serviços oferecidos pelos agentes de cargas aos importadores e exportadores
compreendem a contratação de frete internacional e nacional junto às agências
marítimas, companhias aéreas e demais transportadores.
Outros serviços envolvidos no transporte também são prestados pelos agentes,
como coordenação, consolidação e desconsolidação de cargas, armazenagem e
distribuição de mercadoria, assessoria nas questões aduaneiras e fiscais, contratação
de seguro, coleta e serviços logísticos.
Os agentes de cargas brasileiros trabalham em conexão com os agentes de
cargas internacionais, alguns como representante exclusivo, outros como um parceiro
comercial local. Para um agente brasileiro representar um agente internacional, é
preciso o registro da carta de apontamento (letter of appointment) fornecida pela
empresa estrangeira, no Departamento do Fundo da Marinha Mercante – DEFMM. A
atividade de agenciamento não possui normatização no âmbito privado e não há uma
regulamentação específica no Brasil, porém está sob o regime da legislação brasileira
nas suas diversas esferas.
A alta carga de responsabilidade da empresa de agenciamento, no exercício de
suas funções, requer cuidados com a possibilidade de responder por erro, omissão,
negligência, imprudência, multas aos clientes, atrasos, quebra de contrato e
incidentes no transporte de cargas. Os agentes estão expostos às ações
indenizatórias promovidas pelos seus próprios clientes visando à reparação de
prejuízos financeiros ocorridos pelos serviços para o qual foi contratado, e em
especial ações regressivas de ressarcimento das companhias seguradoras. Também
podem
ser
acionados,
transportadores,
pelas
armazéns
e
empresas
terceiros
de
marítimas,
modo
companhias
geral,
e
aéreas,
inclusive
ser
responsabilizados por ocorrências de culpa atribuída pela Receita Federal, Aduana e
órgãos governamentais.
Os importadores e exportadores, ao contratarem os serviços de um agente de
cargas, nem sabem para qual empresa de transporte suas cargas serão entregues,
mas, havendo extravio, perdas, faltas, danos e avarias às mercadorias, ou prejuízos
decorrentes de erros próprios ou de seus subcontratados, os agentes responderão
pelos prejuízos causados.
A tese de que os agentes são meros agenciadores de cargas e que atuam
apenas como intermediários, e não como transportador de fato, não é aceita pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ), e quando as ações chegam nessa instância, os
agentes normalmente são condenados ao pagamento dos prejuízos. No entendimento
do STJ, o agente de cargas tem responsabilidade objetiva (independente de culpa)
pela carga que lhe foi confiada para transporte e é responsável civilmente por
serviços da mesma natureza do transportador. Também responde pela operação de
transporte como um todo e pelos prejuízos totais que possam ocorrer com as
mercadorias de seus clientes.
Para o agente de cargas se manter competitivo em um ambiente dinâmico,
globalizado e com clientes cada vez mais exigentes, é fundamental se proteger com
um seguro de erros, omissões e responsabilidade civil pelo transporte da mercadoria
para o qual foi contratado. O seguro traz tranquilidade, permite ao agente de carga
desenvolver o seu trabalho com segurança e aumenta a credibilidade com seus
clientes.
4 AS ALIANÇAS REALIZADAS PELOS FREIGHT FORWARDERS E A AQUISIÇÃO
DE VANTAGEM COMPETITIVA
Apesar da versatilidade vista nas empresas de FF em sua prestação de
serviço para se garantirem ainda mais no mercado internacional, elas têm se utilizado
do uso de parceiros para viabilização do negócio que ocorre inclusive em território
nacional: os operadores logísticos instalam sua matriz em determinado estado e
utilizam parceiros para prestação de serviço em outras regiões. É relevante ressaltar
ainda que a divulgação do serviço, em nenhum dos cinco casos, sugere a utilização
de estrutura de terceiros.
O grau de participação desses operadores estudados no processo logístico
de seus clientes é determinado pelas necessidades e sistemáticas do cliente. Os
serviços prestados pelas organizações do estudo podem posicioná-las em diferentes
etapas da cadeia e podem ser categorizados em quatro áreas de atuação:
a) Despachante aduaneiro: responsável pela nacionalização de cargas importadas e
internacionalização de cargas para exportação junto à Receita Federal;
b) Intermediador de carga: prestadora de serviço que contrata transportadores dos
mais diversos modais e vende ao cliente com marca própria, podendo acrescentar
diversos serviços de acordo com a necessidade do contratante (inclusive das demais
categorias, como já elucidado anteriormente;
c) Agente: intermediador de negócios, que recebe percentual para representar o
cliente em determinado território; não possui envolvimento direto com o produto ou o
transporte do mesmo, agindo apenas como desmembramento da organização no
processo logístico ou staff;
d) Consolidador: responsável por reunir cargas de diversos clientes em lotes maiores,
de modo a facilitar o envio, agilizá-lo e reduzir custos ao cliente; também pode ser
considerado uma espécie de IFF, por geralmente não possuir meio de transporte
próprio.
No estudo de caso inicial, apenas três das quatro classificações acima
pareciam ser de relevante esclarecimento, todavia o papel do despachante foi
detectado como determinante na cadeia logística, inclusive por seu relacionamento
com a operação do forwarder. É importante ressaltar, ainda, que os forwarders
também são chamados pelos entrevistados em geral de “agentes de carga”, termo
que é substituído por IFFs(International Freight Forwarders) para fins didáticos. A
expressão “agente” está sendo utilizada somente para expressar agentes de
negócios, como trading companies, dealers e traders independentes, a fim de evitar
indistinção dos termos.
Essas alianças pressupõem a aquisição de vantagem competitiva por parte dos
operadores logísticos e essa vantagem é fortemente demandada pelas empresas.
Sendo assim a logística aparece como uma fatia muito importante dentro das
estratégias das empresas.
Fazer logística não é fácil e não se deve resumir apenas a uma etapa do
processo como muitos acreditam que seja: o transporte.
Cada segmento requer processos e operações com mais exatidão e com
economia de tempo.Este não pode ser armazenado, mas pode-se ganhá-lo para
outras atividades.
Uma combinação ideal seria a busca contínua por cumprir os indicadores de
desempenho de seu segmento, executando um correto Just in time, a fim de obter
como resultado o valioso tempo e resultados planejados.
A logística, com seu conjunto de atividades – armazenar, transportar e distribuir
– tem como objetivo a perfeita execução de suas operações e aparece como
facilitador para essa conquista de bons resultados. Muitas empresas encontram
dificuldades e até mesmo desconhecimento para a execução dessa atividade vital ao
perfeito funcionamento dos objetivos e metas estabelecidos por seus diretores e
gerentes. Mediante essa oportunidade, o número de operadores logísticos no Brasil
se fortalece, criando-se um segmento profissionalizado e altamente capacitado para
administrar os recursos daqueles que não compreendem o real significado da palavra
logística.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de operadores logísticos no Brasil e no mundo apesar de ser
recente já é uma realidade que apresenta problemas e oportunidades. As
oportunidades são oriundas do enorme potencial do mercado internacional, como
também pela efetiva adoção do conceito de logística integrada.
Alguns problemas encontrados: má qualidade de infra-estrutura física, pouco
conhecimento sobre a indústria, dificuldade de identificação de parceiros logísticos,
acreditar que os custos são mais relevantes, em detrimento da qualidade dos serviços
prestados; o pouco conhecimento acerca da importância de gerenciamento da cadeia
de suprimentos e dos operadores logísticos.
Em meio ao que foi exposto, o mercado de operadores logísticos realmente
vem evoluindo muito. Trata-se também de um segmento promissor e que tem muito a
crescer. Porém, para que se concretize, há muito a ser feito, o que envolve desde
capacitação de recursos humanos e maiores investimentos em tecnologia, visto que é
uma variável importante em sua vantagem competitiva, até uma relação mais
profissional entre cliente e prestadores de serviços. Desta forma, realizando parcerias
que não se restrinjam a reduzir custos, e sim em gerenciar melhor os negócios.
Os processos logísticos de grande parte das empresas são candidatos à
terceirização, visto as vantagens percebidas e aos baixos riscos envolvidos. Portanto,
nesse caso, a terceirização acabaria gerando vantagens, podendo ser, uma possível
fonte de redução de custos, aumento da qualidade dos serviços e maior foco no
investimento.
Vale enfatizar que a literatura apresenta diversas vantagens referentes à
contratação de operadores logísticos. Cabe à empresa contratante analisar se tais
benefícios se enquadram na sua realidade. Em contrapartida, optando por operar
internamente, a empresa consegue contar com uma maior autonomia e um domínio
sobre a tecnologia utilizada.
Como conclusão, o presente artigo proporcionou um entendimento à respeito
do processo de terceirização, tais como suas vantagens e seus motivadores. Ainda,
aprofundou o processo de decisão da contratação de um operador logístico por partes
das empresas importadoras e exportadoras, além de suas contribuições positivas ou
negativas, o que garantiu além de um ganho no conhecimento acadêmico, um ganho
prático.
Por fim, entende-se que a logística, por intermédio dos operadores logísticos, é
parte integrante, senão a principal variável de eficiência para o comércio exterior.
Tempo, prazo de entrega, assistência técnica e pronta-entrega são itens importantes
da variável. A logística internacional não é somente transporte internacional, mas,
sim, desde a comunicação até a entrega do produto ao importador/exportador.
REFERÊNCIAS
CAXITO, Fabiano. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011.
DAVID, Pierre. STEWART, Richard. Logística Internacional. São Paulo: Cengage
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ILOS
–
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a atuacao e importancia dos freight forwardes - TCC On-line