XIV Encontro Nacional da ABET – 2015 – Campinas
GT10 – Condições de trabalho e saúde
ASPECTOS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, SUBJETIVIDADE E PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA
Dóris Lieth Peçanha
Profa. Dra. Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, SP.
Academia Paulista de Psicologia, Cad. nº19
Daniel Perdigão Campana
Mestre pela Escola de Engenharia de São Carlos EESC-USP, Universidade de São Paulo,
Bolsista técnico FAPESP
Cibele Coury
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSCar, São Carlos,
SP
Campinas, 2015.
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ASPECTOS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, SUBJETIVIDADE E PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA
RESUMO
O objetivo deste estudo é refletir, criticamente, sobre o impacto de novas formas de gestão sobre
a subjetividade e saúde das pessoas nas organizações de trabalho. Pesquisas indicam muitas
consequências negativas da reestruturação produtiva na saúde dos trabalhadores e na organização
do trabalho. Também relevantes são as noções de competência, trabalho em equipe, participação
e a chamada autonomia visando mobilizar a capacidade cognitiva dos trabalhadores em prol da
produção. Contudo, poucas são as investigações, no âmbito organizacional, que se preocupam
com o conteúdo simbólico do trabalho, com seus aspectos invisíveis, com as relações subjetivas
do trabalhador com sua atividade, com o sofrimento e o desgaste gerado pelo trabalho, com seus
efeitos negativos ou positivos sobre a saúde física e mental. Assim, o presente estudo serve-se
ainda da psicodinâmica do trabalho a fim de contribuir com alternativas de construção de
organizações laborais mais emancipadoras e saudáveis. Concluímos que a subjetividade constitui
o nexo que liga trabalho e saúde.
Palavras-chave: reestruturação produtiva, subjetividade, psicodinâmica do trabalho, saúde.
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INTRODUÇÃO
Apresentamos um estudo exploratório, de caráter histórico e crítico, sobre aspectos da
reestruturação produtiva, em especial, a precarização dos vínculos laborais, discutindo elementos
como o desenvolvimento de competências, autonomia, trabalho em equipe e construção da saúde
no ambiente laboral.
Este trabalho encontra justificativa teórica na pouca reflexão sobre as contradições do
mundo organizacional contemporâneo (ABREU; RESENDE, 2001; DALDON; LANCMAN,
2013). Tal fato desarma muitos profissionais que lidam com organizações de trabalho. Nesse
contexto, lembramos a importância da “necessidade de utilização consciente de conceitos,
métodos e ferramentas, bem como a reflexão crítica quanto à natureza do dado obtido ou do
fenômeno captado” (Peçanha, 2005, p.60). Dessa forma, temos o objetivo de refletir criticamente
sobre o impacto das novas formas de gestão sobre a subjetividade e saúde dos membros de uma
organização.
De imediato, importa explicitar o que entendemos por posicionamento crítico e o fazemos
no contexto das organizações e do trabalho, recorrendo a Salerno (2004). O autor concebe como
"crítica" (grifo do autor, p. 21)
“...a literatura que estuda a organização e o trabalho em uma perspectiva
implícita ou explícita de transformação social. Isso exclui os trabalhos
voltados apenas à análise da organização sob o prisma da empresa ou dos
negócios (como os manuais ou textos que discutem uma técnica ou
sistema do ponto de vista da eficiência do processo em si, etc.)” (p.21).
No que diz respeito ao aspecto histórico, o fenômeno da reestruturação do capitalismo,
iniciado nos anos 60 e 70, teve sua impulsão com a crise de acumulação do padrão
taylorista/fordista. Tal crise explicitava a necessidade do capital reformular suas forças
produtivas e formas de exploração para garantir uma sobrevivência que fosse pautada na
expansão significativa de lucros e maior competitividade (ANTUNES, 2001). Este modo de
produção, baseado na acumulação flexível, possibilitava uma produção direcionada à demanda do
mercado através de novos arranjos produtivos e técnicas de gestão da força de trabalho (RACHID
et al., 2006).
No capitalismo, o controle sobre o trabalho tem como fundamento principal a exploração
da mais-valia que regula as relações entre capital e trabalho, incluindo distribuição e apropriação
da mais-valia, como mecanismos de coesão social. Dessa forma, o debate sobre gestão dos
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processos de trabalho não pode prescindir do seu aspecto ideológico e crítico (HELOANI, 2003),
daí a importância do conteúdo aqui apresentado.
Com base em reflexões sobre a saúde (PEÇANHA; SANTOS, 2011; PEÇANHA, 2015),
entendemos que ela permanece como um ideal a ser perseguido. Portanto nos parece mais realista
falar de processo saúde-doença, cientes de que as organizações de trabalho contemporâneas
fazem uma modelagem individualista da subjetividade (HELOANI, 2013), ainda que esta seja
negada, como veremos ao longo da discussão.
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REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
A reestruturação produtiva foi concebida por Gomes (2011) como algo dinâmico, em que
elementos novos e antigos coexistem na mesma empresa, sejam eles relacionados às técnicas, as
relações de trabalho e/ou a lógica espacial das indústrias. A autora entende que a reestruturação
produtiva pode ser compreendida como um processo de mudança social, tecnológica, espacial e
organizacional, caracterizando-se por ter ritmo, movimento e temporalidade no interior e no
exterior das organizações (GOMES, 2011).
Partindo da concepção de reestruturação produtiva apresentada por Gomes (2011),
destacamos a necessidade de contextualizar historicamente esse fenômeno econômico e social. A
reestruturação produtiva surgiu das técnicas e métodos aplicados pelas indústrias japonesas desde
a década de 1950 (OHNO, 1997). Este modelo foi apresentado no ocidente pelo MIT
(Massachusetts Institute of Technology) a fim de ser utilizado como solução para problemas da
organização da produção, incluindo mudanças na organização do trabalho (WOMACK; JONES;
ROOS, 1992). Muitas técnicas de gestão japonesas foram importadas por diferentes países em
diversos setores durante os anos de 1970 e 1980. A primeira técnica utilizada pela indústria
manufatureira ocidental foi a dos CCQ’s (Círculos de Controle de Qualidade), Kanban, Just in
Time. Mais tarde, ferramentas foram adicionadas como o TQC (Total Quality Control), Kaizen,
5S’s, TPM (Total Productive Maintenance) e outras (ZILBOVICIUS, 1997). No Brasil, a
intensificação do processo de reestruturação produtiva ocorreu no final da década de 80 e no
início dos anos 90, continuando até os dias de hoje (PINTO, 2013).
Por parte da empresa, a adoção de modelos de terceirização baseados na produção enxuta
implica no foco em atividades consideradas estratégicas, ou seja, na atividade de excelência,
caracterizada pelo domínio tecnológico e capacidade de produzir com maior qualidade e menores
custos (NAVARRO, 2003). Ainda sob a justificativa de obtenção de ganhos na racionalização,
eficiência e produtividade, a empresa reduz a diversidade das formas de produção e dos processos
de trabalho aumentando o controle sobre todo o processo produtivo (RACHID et al., 2006). No
decorrer deste processo, alguns riscos relacionados à instabilidade do mercado e à ausência de um
crescimento sustentado da demanda, são transferidos para terceiros (LEITE; RIZEK, 1998).
Em tese (OHNO, 1997), o conjunto de mudanças na organização do trabalho deveria
também prover uma maior coletividade e autonomia por parte dos grupos de trabalhadores,
podendo se constituir uma possibilidade de maior qualificação, estímulo e envolvimento dos
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operários em suas funções e tarefas. Por parte da empresa, a adoção de modelos de terceirização
baseados na produção enxuta implica ainda em reduzir a diversidade das formas de produção e
dos processos de trabalho aumentando o controle sobre todo o processo produtivo, intensificando
seu ritmo. A produção enxuta tem entre suas premissas a fabricação exclusiva dos produtos que
são exigidos pelo mercado, com alta qualidade, no menor tempo possível e com o menor custo
(RACHID et al., 2006). Para atender a essas exigências de flexibilidade de produção torna-se
necessário não somente uma estrutura flexível, mas também uma mão de obra multifuncional
(ANTUNES, 1995).
O sentido da flexibilidade para o trabalhador dá-se principalmente através da
flexibilização de cargos e supressão de níveis hierárquicos, com adoção da multifuncionalidade
ou polivalência a fim de garantir a continuidade da acumulação e reprodução do capital
(RACHID et al., 2006). Sob o ponto de vista do trabalhador a multifuncionalidade é ambígua. Ao
mesmo tempo em que o trabalhador opera várias máquinas, estas não podem ser integradas, pois,
desta maneira, não poderiam garantir a flexibilidade da produção em massa. Assim, apesar da
polivalência e da flexibilização dos cargos há, no toyotismo, uma continuidade do trabalho
fragmentado e desqualificado (MORAES NETO, 2003). O autor sugere que a reestruturação
produtiva cria o “trabalhador multifuncional - desqualificado” (p.105). Portanto, a reestruturação
amplia o escopo operacional e intensifica o ritmo de trabalho, o que gera sobrecarga e sentimento
de insatisfação nos indivíduos.
Revisões da literatura discutidas por Tumolo (2001) mostram um consenso a respeito das
consequências negativas da produção tal qual vem sendo aplicada, como intensificação do ritmo
de trabalho e diminuição dos postos de trabalho e, concomitantemente, um empenho das
empresas no sentido de afastar e neutralizar a ação sindical, valendo-se de diversos mecanismos,
como participação controlada dos trabalhadores, perseguição e mesmo demissão de ativistas
sindicais.
Garcia (2000) coloca a hipótese de que a alta demanda de trabalho e baixa possibilidade
de interferir na organização do trabalho são determinantes para uma condição de estresse no
trabalhadores. Por outro lado, em revisão bibliográfica, comparando os achados de dois autores
(LANDSBERGIS et al., 1998), constatou que foram encontrados também casos onde a produção
enxuta não se mostrava tão nociva à saúde dos operários. Porém, isto não apareceu ligado às
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peculiaridades do modelo, mas sim à ação que operários e sindicatos empreenderam modificando
as condições de trabalho estressantes.
Os estudos acadêmicos de enfoque crítico têm procurado sintetizar e fomentar reflexões
sobre a relação entre o fenômeno da reestruturação produtiva e suas consequências sobre a saúde
do trabalhador a fim de oferecer perspectivas de mudança (ANTUNES, 2001; BERNARDO,
2006; DALDON; LANCMAN, 2013; HELOANI; CAPITÃO, 2003; LANCMAN, 2004;
SALERNO, 1992; TUMOLO, 2001).
Os trabalhadores sofrem com a perda da exclusividade de seu saber em determinada
função e aumentam suas zonas de insegurança. Ao mesmo tempo, estes se defrontam com tarefas
mais simples que desqualificam o seu trabalho e diminuem seu poder sobre a produção
(DEJOURS, 1999). A multifuncionalidade e desqualificação são apropriadas pelo discurso
contemporâneo empresarial com uma suposta igualdade e neutralidade de tratamento. Tal
neutralidade é reproduzida na maioria das produções acadêmicas em organizações, embora no
âmbito da ciência, cada vez mais o conhecimento não é considerado objetivo, nem isento dos
valores do pesquisador, pois se trata de um
processo de construção com inúmeros
condicionantes: subjetivos, históricos etc (Peçanha, 2005).
A respeito do contexto e das consequências sociais da adoção de uma produção enxuta,
destaca-se que essa flexibilidade, baseada na polivalência, usualmente só é exequível em virtude
da precarização do trabalho (FARIA; RACHID, 2006). Isto ocorre na medida em que a
simplificação das funções não exige qualificação por parte dos funcionários, os quais são
treinados de forma padronizada e em pouco tempo de serviço. Outra adaptação flexível torna-se
possível na medida em que o contingente de funcionários possa ser rapidamente adaptado em
função da demanda, apoiando-se em horas extras, trabalhadores temporários e subcontratados, o
que reflete uma facilidade para admissão ou demissão. Tal fato vem encontrando muitas
resistências organizacionais ou legais (PONTES; ZANAROTTI, 2006; FARIA; RACHID, 2006).
O projeto de Lei da Terceirização (PL 4330/04) votado e aprovado pela Câmara dos
deputados em sete de abril de 2015 trouxe à tona no Brasil o debate sobre a precarização dos
vínculos laborais. O tema precarização laboral foi abordado por diversos autores (ABREU;
RESENDE, 2001; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1999; TOLDRA et al., 2010) como
característicos da reestruturação produtiva.
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Importantes no contexto da reestruturação produtiva, tanto no discurso acadêmico quanto
no meio empresarial, são as noções de competência, trabalho em equipe, participação e
autonomia que serão discutidas a seguir. As mesmas objetivam a utilização da capacidade
cognitiva dos trabalhadores em prol da produção e sua maior responsabilização pela qualidade
dos produtos.
A competência, capacidade de aprendizagem dos indivíduos e disposição em assumir
responsabilidades e riscos (BERNARDO, 2006), contribui também para a flexibilização das
relações de trabalho, pois coloca a pessoa em constante avaliação. O trabalhador passa a ser
individualmente responsabilizado pelo aproveitamento de suas potencialidades (BERNARDO,
2006). A questão da avaliação individual, quando o trabalho real é coletivo e intangível, vem
sendo muito discutida por Dejours (2009).
A noção de trabalho em equipe é outro ponto paradoxal, porque, ao mesmo tempo em que
é incentivada a aquisição e valorização da cooperação e adaptabilidade, ocorre um estímulo à
competitividade. Dessa forma, a noção de equipe, encontrada no discurso empresarial é
questionada criticamente, por exemplo, pelos autores das ciências sociais (ANTUNES, 1995;
SALERNO, 1992). Estes destacam a existência de contradições entre a proposta de trabalho
enunciada e os objetivos não explicitados. Entre estes objetivos, o principal seria a busca da
desmobilização coletiva dos trabalhadores. Muitas empresas obtem êxito em cooptar as formas de
resistência coletiva e sindicatos, institucionalizando sindicatos patronais ou mesmo cooptando
ideologicamente os trabalhadores através da manipulação ideológica e psicológica.
O tema da participação primeiramente pertencia ao discurso sindical, onde remetia tanto à
negociação salarial quanto a questões ligadas ao cotidiano dos trabalhadores. Nos anos 80 houve
um aprofundamento dessa temática ligada às discussões de democracia industrial. Na mesma
época, com a ascensão do modelo japonês surgem os CCQS e este termo passa a ser apropriado
pelo discurso empresarial, destacando o papel de Peter Senge (1990) no seu livro a “Quinta
Disciplina” que encontrou grande acolhida entre empresários e acadêmico. Segundo Bernardo
(2006), o discurso da participação é muitas vezes vivido pelos trabalhadores como
obrigatoriedade de participar em atividades que não dizem respeito aos seus interesses.
Entretanto, o argumento gerencial é de que este tipo de mobilização gerado pela ideia de
participação facilita a aceitação dos trabalhadores em relação a mudanças organizacionais e
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auxilia na obtenção de determinados comportamentos produtivos. Como vemos, temos aqui a
manipulação da subjetividade de que fala Heloani, (2013).
A ideia de autonomia surge no discurso das organizações, a partir dos anos 90, na medida
em que procura atender a necessidade de responder com eficiência as exigências de mercado e
aos requisitos da flexibilidade, principalmente no que concerne à competitividade e ao
desempenho. Na prática o que ocorre é que este conceito não é discutido quanto à execução da
tarefa. Ao contrário, circunscreve-se dentro de um limite bem definido em termos dos objetivos
da produção, de qualidade, de prazo e de regras disciplinares.
Por fim, a organização flexível, além de não eliminar certos fatores de risco para saúde,
instituídos pelo taylorismo-fordismo como o parcelamento de tarefas e intensificação do trabalho,
acrescenta novos aspectos. Estes são vivenciados pelos trabalhadores como formas de violência
psicológica (assédio, ameaças, pressões etc.) e física (sobrecarga, ritmo de trabalho além do
suportável). As referidas formas de violência têm como consequência o sofrimento mental e o
comprometimento físico (somático e osteomuscular) (BERNARDO, 2006), sempre mediados
pela subjetividade.
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SUBJETIVIDADE
O que é?
O termo subjetividade tem sido cada vez mais utilizado, em diversas comunicações, tanto
no senso comum, como no meio acadêmico, principalmente nas ciências humanas. Porém, nas
últimas, sua utilização ocorre, muitas vezes, de forma imprecisa, vaga ou à revelia de suas
delimitações conceituais. Tal banalização dificulta a compreensão e discussão científica com
bases epistemológicas adequadas. Portanto, a seguir, tratamos de explicitar o conceito de
subjetividade.
Segundo Marilena Chauí, o termo subjetividade é fundamental ao pensamento moderno e
refere-se à consciência. “Eu, pessoa, cidadão e sujeito constituem a consciência como
subjetividade ativa, sede da razão e do pensamento, capaz de identidade consigo mesma, virtude,
direitos e verdade.” (CHAUÍ, 2000, p.148). A subjetividade se manifesta como uma atividade
que sabe de si mesma, mas isso não significa que a consciência esteja sempre inteiramente alerta.
De acordo com as bases da discussão filosófica da ontologia e da linguagem (BERGSON,
1907/1964; NIETZSCHE, 1999), a subjetividade é algo em constante mutação, influenciada por
representações/auto-representações e por ações passadas. No entanto, ocorre no campo do
imprevisível de uma ação, sempre no tempo presente.
“A subjetividade humana se exprime num objeto produzido por ela e a
objetividade do produto é a materialização externa da subjetividade. Pelo
trabalho, os seres humanos estendem sua humanidade à Natureza. É nesse
sentido que o trabalho é praxis: ação em que o agente e o produto de sua
ação são idênticos, pois o agente se exterioriza na ação produtora e no
produto, ao mesmo tempo em que este interioriza uma capacidade
criadora humana, ou a subjetividade.” (CHAUÍ, 2000, p.543)
Freud, na ótica da psicanálise, utiliza-se da fenomenologia enquanto método clínico,
embora recorra à hermenêutica enquanto arte da interpretação dos significados em um todo, o
todo do inconsciente. Contudo, a psicanálise recebe críticas provenientes de autores positivistas
por, segundo eles, não cumprir os critérios de cientificidade das ciências naturais. Seu objeto de
investigação não é passível de ser analisado em termos de variáveis, pois "em psicanálise não há
'fatos', no sentido das ciências experimentais" (RAFAELLI, 2008). Além do que, para Freud, o
universal não tem espaço a não ser no momento em que se particulariza, e neste ponto diferenciase em muito da fenomenologia (MARIOTO, 2005).
A subjetividade em Freud dá-se pautada no seu aspecto de construção intersubjetiva, na
medida em que todas as “instâncias do parelho psíquico se fundamentam no campo da
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intersubjetividade” (RAFAELLI, 2008). Todavia, a relação entre o inconsciente e o consciente,
mediada pelo corpo, ocorre em grande instância na relação entre as dimensões do mundo interno
e externo, nas quais se configuram a importância do trabalho e da sexualidade.
Dessa forma a subjetividade, segundo uma abordagem psicanalítica possibilita uma
compreensão clínica teórico-crítica que reconhece as determinações inconscientes não só dos
indivíduos, mas também dos grupos, das instituições, das organizações, na cultura e na política
(VOLNOVICH, 1996).
De acordo com Christophe Dejours (2004), a subjetividade está duplamente centrada na
sexualidade e no trabalho. De maneira que, o desenvolvimento da subjetividade na teoria
psicodinâmica do trabalho passa pela relação entre o sofrimento e o real, enquanto que na teoria
psicanalítica, passa, antes de tudo pelas pulsões e seus destinos. A subjetividade só se
experimenta na singularidade do corpo, não somente no plano de afetividade, mas no de um vira-ser, com implicações no registro da saúde na relação com o trabalho e a libido.
Pode ser – mas isto ainda precisa ser demonstrado – que as relações entre
sofrimento e pulsão sejam bem mais estreitas do que se acredita de
imediato. Sofrimento e pulsão poderiam, precisamente, encontrar um
denominador comum no trabalho, de uma parte, e de outra, no corpo.
Freud, com efeito, definiu a pulsão como ‘a quantidade de exigência de
trabalho imposta ao psiquismo devido as suas relações com o corpo’
(Freud, 1915 apud Dejours, 2004, p.31).
Conquanto esta seria uma resolução simplificada, demandou um estudo arqueológico
exaustivo realizado por Dejours em relação as diferentes noções de trabalho em Freud. Isso lhe
permitiu chegar a uma relação mais direta entre o conceito de pulsão e as contribuições da teoria
do trabalhar originadas na clínica. Trata-se, portanto, de trazer para a discussão política a questão
do trabalho e da subjetividade enquanto fundamento da própria concepção de ação (DEJOURS,
2004).
Subjetividade, trabalho e saúde.
Na área organizacional, são poucas as pesquisas que se preocupam com o conteúdo
simbólico do trabalho, com seus aspectos invisíveis, com as relações subjetivas do trabalhador
com sua atividade, com o sofrimento e o desgaste gerado pelo trabalho e com seus efeitos sobre a
saúde física e mental dos sujeitos (PEÇANHA; CAMPANA, 2010). Entretanto, a questão da
subjetividade aparece nos estudos mais específicos sobre o tema trabalho (HELOANI, 2013) e,
segundo esta perspectiva, o trabalhador não pode ser reduzido a um mero recurso humano, pois é
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portador de um mundo psíquico subjetivo. Da mesma forma, o trabalho não pode ser considerado
como mais um insumo na contabilidade dos economistas. Há, sobretudo, uma contradição entre a
lógica das empresas, voltada para o lucro e para a produtividade, pautada em uma racionalidade
exclusivamente técnica e a inteligência dos sujeitos. Estes, em sua subjetividade, possuem um
número infinito de variáveis complexas, de acordo com sua personalidade, expectativas afetivas,
interesses, sentimentos, e reações emocionais, que pertencem a sua vida psíquica (LANCMAN,
2004) e contribuem para caracterizar uma racionalidade humana.
Além da violência e do sofrimento mental causado aos sujeitos pelas condições
contraditórias, anteriormente descritas, os efeitos para o coletivo de trabalho podem ser também
devastadores, pois denigrem as relações sociais em função, muitas vezes, de descompensações e
descargas de agressividade advindas de um trabalho estressante. Assim, sempre que situações
rígidas, repetitivas e frustrantes referentes à organização e às condições no trabalho se
contrapõem entre a relação do sujeito e seu trabalho, acontece o sofrimento psíquico. Pois é
justamente esse tipo de sofrimento que colabora para o desenvolvimento de transtornos ou
doenças psicossomáticas, estresse, esgotamento (burnout), bem como vivências depressivas, de
pânico, patologias mentais, como neuroses e crises psicóticas, levando mesmo o indivíduo ao
suicídio. Tudo isso face à dificuldade de negociações e adaptações, considerando que fica minada
a possibilidade de criação e muitas vezes de reflexão por parte do trabalhador para com a
estrutura e dinâmica organizacional. Além disso, o medo é cada vez mais usado como um
instrumento gerencial poderoso, pois inibe e coage sujeitos e equipes de trabalho. Instaurada a
cultura do medo, o assédio moral reina poderoso.
Apoiando as ideias de Chauí (2000), a questão da subjetividade é particularmente
relevante para uma área de estudos denominada psicodinâmica do trabalho para a qual o trabalho
não se reduz a uma atividade de produção no mundo objetivo. O trabalho é sempre uma prova
para a subjetividade, na qual esta é fortalecida, desenvolvida ou, ao contrário, diminuída e morta.
Nessa perspectiva todos os sofrimentos decorrentes da reestruturação produtiva põem ser
concebidos como um ponto de partida onde se concentra a subjetividade. Assim o sofrimento é
afetividade absoluta, impressão subjetiva do mundo e, ao mesmo tempo, origem de um
movimento inteligente que parte para conquistar o mundo, para se auto-transformar (DEJOURS,
2009).
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Vemos, assim, como o sofrimento no trabalho pode equacionar-se de maneira diferente,
possibilitando a adaptação, contribuindo para a realização e construção da identidade social do
sujeito e obtenção de saúde (PEÇANHA, 2013). Dessa forma, falando em termos de
psicodinâmica do trabalho, diante da atividade prescrita, ocorre um processo de mobilização e
engajamento da inteligência e do corpo para dar cabo do que não é oferecido pela estrutura
técnica e organizacional. No entanto, para que este engajamento e mobilização, sejam bem
sucedidos, devem atingir também um nível de inserção coletiva, pois quando restritos ao âmbito
individual, não são suficientes para mudar a realidade do trabalho (MENDES, 2007).
Por fim, na subjetividade reside o essencial da construção cooperativa e coletiva do real
do trabalho e a reestruturação produtiva nega a subjetividade, mas laça mão da competitividade a
fim de obter crescentes lucros ou o exercício autocrático do poder.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizarmos este artigo que trata de aspectos da reestruturação produtiva,
subjetividade e processo saúde-doença, acreditamos ter ficado explícito que o nexo que liga
trabalho e saúde é a subjetividade. Não por acaso esse termo é colocado entre os outros dois. A
reestruturação produtiva com toda a sua carga de sofrimento relatada ao longo desta exposição,
constituiu uma grande prova para a subjetividade. A possibilidade de humanização e a própria
vida, no sentido amplo do termo, são colocadas em risco através dessas novas formas de
organização do trabalho e de gestão, especificas do neoliberalismo. Para os trabalhadores, a saúde
constrói-se no trabalho na medida em que são capazes de mobilizar inteligência e corpo,
construindo o real do trabalho que está além do alcance dos resultados prescritos. Tudo isso, sem
dispor de condições ideais, mas enfrentando conflitos, construindo e afirmando um saber próprio,
bem como sua auto-estima, fortalecida pela cooperação no coletivo de trabalho. Dessa forma, no
ambiente de trabalho também pode ser possível a auto-afirmação e o desenvolvimento da
identidade quando os trabalhadores trocam conhecimentos, cooperam, obtém reconhecimento de
seus pares e, assim, constroem história e também uma identidade social (ASSUNÇÃO, 2003;
PEÇANHA, 2009).
Como tratamos na presente exposição, o sofrimento, no mundo do trabalho, pode assumir
a função de promotor de saúde mas também pode constituir um instrumento para obtenção da
produtividade. Portanto, os modos de subjetivação e as mediações dos sujeitos para com o
sofrimento podem ser exploradas em nome de uma ideologia produtivista, do desempenho e da
“excelência”. Assim, para que se construa uma realidade voltada para emancipação social e
humana, tornam-se fundamentais as oportunidades oferecidas pela organização do trabalho, em
termos de liberdade de expressão pela fala e ação efetiva (MENDES, 2007).
Tendo em vista a perspectiva crítica adotada, o que caracteriza as novas formas de divisão
do trabalho, inspiradas no modelo japonês, não é a superação das relações de trabalho tayloristasfordistas, e nem tão pouco a humanização destas relações; o que de fato ocorre é o
aperfeiçoamento do sistema já existente (HELOANI, 2003). E torna-se ainda mais prejudicial à
saúde física e mental na medida em que nega o sofrimento produzido, procurando estabelecer um
convencimento psíquico de que os trabalhados estão, ou deveriam estar, satisfeitos e felizes com
o seu emprego. Alimenta-se, assim, uma ambiguidade conflituosa no íntimo dos sujeitos
trabalhadores, reforçando a banalização deste mal.
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Outra questão importante é a negação da subjetividade. Como se viu, o essencial da
construção do real do trabalho está na subjetividade e a reestruturação produtiva visa
precisamente sacrificar à subjetividade, ou moldá-la (HELOANI, 2013), em nome do lucro e da
competitividade.
Se o trabalho pode gerar o pior, como acontece atualmente com a reestruturação
produtiva, ele também pode gerar o melhor (DEJOURS, 2009) isso depende de nós e de nossa
capacidade de pensar criticamente as relações entre trabalho, subjetividade e saúde.
Fica o desafio para que, interdisciplinarmente, as diferentes áreas do conhecimento, em
ação conjunta entre seus atores, possam desenvolver iniciativas que incluam as demandas
políticas cotidianas e alternativas para a construção de uma perspectiva mais emancipadora para o
mundo do trabalho. Nesse contexto, surge o problema de como se reconfigurarão, por exemplo,
as forças sindicais diante de uma nova conjuntura de forças políticas. E, ainda, de como será
oportunizada a participação democrática dos sujeitos que se encontram nas linhas de produção,
independentemente de representações ideológicas. Enfim, permanecem as questões de quanto as
ideologias e os interesses envolvidos nas questões de trabalho, encontram-se defasadas frente às
reais demandas de desenvolvimento do ser humano e de promoção de uma vida sustentável no
planeta.
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Referências
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