IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:
EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS
10 a 12 de novembro de 2010
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
PROJETO FEIRA DE ITABAIANA: RELATOS DE UMA ATIVIDADE E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR
Crislaine Barreto de Gois (UFS)1
Antônio Carlos Pinto Oliveira (UFS)
Sérgio Matos Santos (UFS)
Edinéia Tavares Lopes (UFS)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivos apresentar as ações realizadas, por meio do PIBID, em um
projeto desenvolvido no Colégio Estadual Murilo Braga e que visa desenvolver temasproblemas no processo de ensino-aprendizagem; refletir os desafios encontrados na realização
dessas atividades e refletir como o desenvolvimento dessas atividades se relaciona com a
formação do futuro professor de Química. A atividade a ser apresentada neste trabalho referese ao projeto Feira de Itabaiana: aspectos social, cultural e ambiental. Desse modo, o projeto
tem como objetivo realizar, junto a um grupo de alunos dessa escola, um estudo da Feira de
Itabaiana, considerando seus aspectos sociais, culturais e ambientais. Alguns professores da
escola participam do desenvolvimento do projeto junto com a equipe do PIBID de Química de
Itabaiana. Algumas dificuldades foram encontradas no desenvolvimento do projeto, como a
participação dos professores, a organização didática-pedagógica do colégio e,
consequentemente, a dinâmica escolar. Mas destaca-se que o maior desafio encontrado se
refere a participação efetiva dos professores nas atividades do PIBID. Percebe-se que essas
atividades de iniciação a docência vem a ser um período de experiências para o futuro
professor, possibilitando a proposição de um ensino de mais qualidade para os alunos da
Educação Básica e um aprofundamento das experiências pedagógicas para os acadêmicos
envolvidos. Nessas atividades o acadêmico, futuro professor de química, tem oportunidade de
conhecer alguns dos desafios referentes à profissão, como as dificuldades e possibilidades
acerca do processo de ensino aprendizagem de conteúdos químicos e a complexidade
referentes a dinâmica de funcionamento da realidade escolar.
Palavras-Chave: iniciação á docência, projeto Feira de Itabaiana, ensino de química
INTRODUÇÃO
O Programa de Iniciação à Docência da Universidade Federal de Sergipe, na área de
Química (PIBID/UFS/QUI), tem como objetivo propiciar ao Licenciando em Química atuar
como tutor, com a finalidade de estimular o processo de aprendizagem dos estudantes da
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Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Química/UFS e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência – PIBID. E-mail: [email protected]
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Educação Básica, utilizando-se de experiências metodológicas e práticas docentes inovadoras,
articuladas com a realidade local da escola.
O PIBID/UFS/QUI, desenvolvido no campus de Itabaiana (PIBID/UFS/QUI-ITA), é
desenvolvido em duas escolas: Colégio Estadual Murilo Braga e Colégio Estadual Dr.
Augusto César Leite. O PIBID/UFS/QUI-ITA) visa proporcionar aos acadêmicos do curso de
Licenciatura em Química uma reflexão sobre o ensino de Química a partir do
desenvolvimento de diversas atividades no âmbito escolar. Atualmente, é composto por cinco
bolsistas, seis voluntários e uma coordenadora.
Assim, a partir do diálogo com a equipe escolar, diversas atividades têm sido
desenvolvidas, como: levantamento de dados sobre o ambiente escolar, monitoria, construção
e desenvolvimento de Unidades Didáticas e Projeto Temático.
Essas atividades são devolvidas a partir da compreensão que os “saberes oriundos
das experiências do trabalho cotidiano contribuem para a formação profissional do professor”
(TARDIF, 2002).
Assim, esse trabalho tem como objetivos apresentar as ações realizadas em um
projeto desenvolvido no Colégio Estadual Murilo Braga e que visa desenvolver temasproblemas no processo de ensino-aprendizagem; refletir os desafios encontrados na realização
dessas atividades; refletir como o desenvolvimento dessas ações se relacionam com a
formação do futuro professor de Química.
O tema-problema elencado tem como objetivo geral estudar a feira de Itabaiana,
considerando os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Além das contribuições
que estas atividades desenvolvidas pelo PIBIB/UFS/QUI-ITA propiciam para os acadêmicos
envolvidos no mesmo.
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METODOLOGIA
Atualmente, são desenvolvidas duas atividades no Colégio Murilo Braga,
distribuídas entre os bolsistas: a atividade de monitoria de química e o projeto “Feira de
Itabaiana: aspectos social, cultural e ambiental.
O projeto “Feira de Itabaiana” foi proposto a partir de uma solicitação da direção da
escola para que a equipe do PIBID/UFS/QUI-ITA contribuísse na realização do Projeto
Ensino Médio Inovador. Propusemos contribuir desenvolvendo um projeto que abordassem
questões sociais, culturais e ambientais (temas-problemas). Apresentamos aos professores das
várias áreas, coordenação e direção do Colégio Murilo Braga algumas propostas de temas e,
nessa reunião, os optamos pelo projeto “Feira de Itabaiana: aspectos social, cultural e
ambiental”.
O Projeto Feira foi subdividido em quatro temas. O tema 1 “Feira de Itabaiana:
aspectos socioambientais” tem como objetivo identificar aspectos sociais, econômicos e
culturais acerca dos trabalhadores da feira de Itabaiana. O tema 2: “Principais produtos
comercializados na feira e sua origem”, que visa identificar quais são os alimentos
comercializados e o local de produção. O tema 3 “Da Produção à Comercialização: os
cuidados com os alimentos” tem por objetivos reconhecer os cuidados na produção,
transporte, armazenamento e comercialização desses alimentos; busca também compreender
como ocorre o uso da terra e do solo, como são utilizados os agrotóxicos. “O papel da escola
na veiculação de informações relacionadas ao uso de agrotóxicos na produção de alimento”,
tema 4, busca identificar o papel da escola na veiculação de informações relacionadas ao uso
de agrotóxicos na produção de alimentos.
Os temas 1,2 e 4 são desenvolvidos diretamente no Colégio Estadual Murilo Braga
(CEMB) e o tema 3 no Colégio Estadual Doutor Augusto César Leite (CEACL).
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RESULTADOS
Os objetivos do ensino de Ciências, na atualidade, apontam a necessidade da
formação para uma cidadania participativa e consciente. Para Moreira (2003), o objetivo do
ensino de ciências é:
fazer com que o aluno venha a compartilhar significados no contexto das
ciências, ou seja, interpretar o mundo desde o ponto de vista das ciências,
manejar alguns conceitos, leis e teorias cientificas, abordar problemas
raciocinando
cientificamente,
identificar
aspectos
históricos,
epistemológicos, sociais e culturais das ciências (MOREIRA, 2003, p. 1).
Sendo assim, é importante para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos um
ensino contextualizado que enfatize situações do cotidiano para uma melhor aprendizagem, de
forma que contribua positivamente para a sua formação.
Desse modo, o trabalho com situações-problemas visam levar o estudante a
socializar suas ideias e opiniões sobre o tema estudado. Procura-se aprofundar os
conhecimentos identificados (conceitos, procedimentos, atitudes) e levar os estudantes à
sistematização dos conhecimentos, expressando, assim, sua aprendizagem (GIORDAN, 1999;
MOREIRA, 2003; MALDANER, 2003).
Nesse sentido, que se podem destacar as contribuições que as novas situaçõesproblemas vêm trazendo, também, para a fundamentação do saber por parte do profissional
que vivência essas novas experiências no ambiente escolar. Em Tardif (2002)
compreendemos que esse saber oriundo das experiências do trabalho cotidiano de certa forma
contribui para a base do desenvolvimento da prática e da competência inicial do profissional,
possibilitando assim a produção de seus próprios saberes profissionais.
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Nessa linha de pensamento que a equipe do PIBID/UFS/QUI-ITA desenvolve, entre
outras atividades, o Projeto “Feira de Itabaiana”: aspectos sociais, ambientais e culturais”. A
proposição da Feira de Itabaiana situação de estudo deve-se ao fato do município de Itabaiana
se destacar entre uma das principais cidades do estado com maior concentração de atividades
comerciais, com a presença de estabelecimentos atacadistas, varejistas e a produção de
cereais, frutas e verduras que abastecem todo o estado. A feira de Itabaiana é o espaço onde
todos esses produtos que são produzidos nas redondezas são comercializados, como também,
os produtos vindos de outros municípios. O próprio comércio local é beneficiado com as
vendas, pois a disposição física da feira, em meio ao centro comercial, contribui para tal.
São realizadas atividades como, encontros semanais para a fundamentação teórica e
metodológica necessária, por parte dos bolsistas e voluntários. Após esse levantamento, a
primeira atividade desenvolvida com os alunos da escola foi à leitura de textos sobre temas
que seria aprofundado mais tarde no projeto. As leituras partiram do livro “Natureza e
Agroquímicos” de Samuel Murguel Brando, que aborda algumas temáticas referentes ao
equilíbrio do meio ambiente; o uso de inseticidas, herbicidas; a descoberta do DDT;
agrotóxicos; fertilizantes e adubos.
Foi realizada a primeira visita, com caráter exploratório, na feira de Itabaiana. As
observações foram relacionadas com o sub tema 1 do projeto, “Feira de Itabaiana: aspectos
socioambientais” e sub tema 2, “Principais produtos comercializados na feira e sua origem”.
Em relação a esta primeira visita à feira, os alunos foram divididos em dois grupos e em
seguida receberam algumas orientações para a realização da coleta de dados.
O grupo 1 ficou responsável por: Localizar onde é realizada a feira; identificar os
setores; quais os produtos e onde e como são comercializados; identificar as mercadorias que
são vendidas, tanto no mercado como na feira livre; observar a comercialização; identificar
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quais recursos utilizados na comercialização dos produtos em geral. Já o grupo 2 ficou
responsável por: identificar os alimentos comercializados; conhecer onde e como esses
alimentos são vendidos; conhecer como esses alimentos chegam à feira e ao mercado para
serem comercializados.
Além, dessas observações os alunos poderiam fazer outras anotações e tirarem fotos
do ambiente. Após a visita foi solicitado aos alunos que produzissem um relatório com todas
as observações. Os alunos identificaram quais são as mercadorias e alimentos comercializados
na feira, além das formas de comercialização desses produtos. Em etapas posteriores,
planejaremos visitas aos locais de produção, realização de entrevistas aos comerciantes e
produtores, para aprofundar os estudos sobre a temática.
Até o momento, os dados obtidos na realização das atividades ajudaram a alcançar os
objetivos iniciais do projeto, tais como: identificar os setores da feira; caracterizar os setores
identificados reconhecendo quais, onde e como os produtos são comercializados; e identificar
os alimentos comercializados na feira.
Foram encontrados obstáculos referentes à organização didática-pedagógica escolar e
participação dos professores desse colégio nas atividades proposta para desenvolvimento do
projeto. Em relação à organização didática-pedagógica escolar podemos citar: alguns
desencontros de informações na escola, feriados na região que aconteceram nos dias dos
encontros, mudanças nos horários das atividades do projeto que ocorreram devido às várias
mudanças na equipe de direção do Colégio.
Já em relação à participação dos professores no projeto, encontramos algumas
dificuldades no início do trabalho, pois a falta de colaboração dos professores da escola nas
atividades dificultou o andamento do projeto. Apesar de, no decorrer das atividades, ter-se
presenciado pouca frequência dos alunos nos encontros, pequenos grupos de alunos
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mostraram-se interessados em participar das atividades do projeto, proporcionando uma maior
interatividade entre os grupos.
De uma forma geral percebe-se que essas atividades de iniciação a docência vem
cumprindo sua finalidade, de ser, para os futuros professores de química, um período de
produção de seus próprios saberes profissionais. Nessas atividades o acadêmico, futuro
professor de química, tem oportunidade de conhecer alguns dos desafios referentes à
profissão, como as dificuldades e possibilidades acerca do processo de ensino aprendizagem
de conteúdos químicos e as complexidades referentes à dinâmica de funcionamento da
realidade escolar.
Nesse contexto sobre a pesquisa como princípio formativo, Maldaner (1999) mostra
que as propostas pedagógicas mais recentes têm como função contribuir para a construção de
pessoas mais ativas na produção de uma melhor qualidade de vida. Assim, é no
desenvolvimento dessas atividades que buscamos promover uma cooperação mútua entre
esses acadêmicos e professores da Educação Básica. A nosso ver a vivência com as atividades
técnico-didáticas da escola possibilitam a busca por ensino de mais qualidade e um
aprofundamento das experiências pedagógicas para os acadêmicos envolvidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação à composição da equipe, percebemos, com os trabalhos desenvolvidos
até o momento, que o maior desafio é trazer o professor para a participação efetiva nas
atividades do programa PIBID. Compreendemos que isso se deva à alta carga horária de
atividade em sala de aula, o que dificulta a participação do docente nas reuniões.
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As atividades desse projeto, até o momento, são compostas por leituras e discussões
de textos relacionados aos temas, visitas de campo com caráter observatório e realização de
entrevistas.
Em relação aos alunos percebemos a demonstração da curiosidade para as questões
das ciências que a escola, muitas vezes, não deixa aflorar. Entretanto, a continuidade das
ações escola-universidade é fundamental para o sucesso do trabalho. Desse modo,
consideramos que, como a maioria dos projetos educacionais, essa proposta necessita de mais
tempo de ação para que efetivamente mudanças sejam realizadas e que tais mudanças
pedagógicas continuam e se tornem rotina nesse espaço escolar.
REFERÊNCIAS
BRANCO, S. M. Natureza e Agroquímicos. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2003. 73 p.
CAVALCANTI, J. A.; FREITAS, J. C. R.; MELO, A. C. N.; FREITAS, J. R. F. Agrotóxicos:
uma temática para o ensino de química. Química nova na escola. Vol.32, N°1, Fevereiro
2010.
GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de Ciências. Química Nova da
Escola, n.10, 1999. p.43-49.
MALDANER, O. A. A pesquisa como perspectiva de Formação Continuada do Professor
de Química. Química Nova, vol. 22, n.2. São Paulo Mar./Apr. 1999.
MEC, BRASIL. Programa de Ensino Médio Inovador. 2009, 27 p.
TARDIF, M. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento. In:______. Saberes
docentes e formação profissional. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 227 – 244.
UFS, BRASIL. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência: Projeto da área
de Química. São Cristóvão - SE/Brasil, 2008. 5 p.
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