UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ DISCIPLINA DE BROMATOLOGIA Prof. Greicy Conterato Quimicamente são polímeros de alto peso molecular, cujas unidades básicas são os aminoácidos ligados entre si por ligações peptídicas formando longas cadeias, em várias estruturas geométricas e combinações químicas. Todas as proteínas contêm carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio!!! Entretanto, algumas apresentam ainda enxofre, no aminoácido cisteína. Proteína = grego proteios = “primordial importância”. •Função contrátil •Estrutura corporal •Catálise Adulto 70 kg 11 kg proteína 43% músculos!!! •Hormônios •Transportadores de O2 •Defesa do organismo Necessidade das proteínas na dieta alimentar em quantidade e qualidade!!! •Obter conhecimentos sobre: •As unidades estruturais das (aminoácidos) e suas características. proteínas •Os tipos de estrutura e conformação de proteínas. •Propriedades nutricionais das proteínas •Propriedades funcionais das proteínas •Alterações das proteínas nos alimentos Aminoácidos: •Solúveis em água e pouco solúveis em solventes orgânicos. •Cadeia lateral: definição de propriedades físicas e químicas dos aminoácidos e das proteínas resultantes. Aminoácidos essenciais • Fenilalanina, Isoleucina, Leucina, Metionina, Triptofano, Valina, Treonina, Histidina e Lisina Única forma naturalmente presente em proteínas Unidades formadas pela reação de condensação de 2 ou mais aminoácidos. Ligação covalente!!! POLIPEPTÍDEO = polímero linear com mais de 20 aminoácidos estabelecendo entre si ligações peptídicas Na natureza existem 20 diferentes aminoácidos que se unem por ligações peptídicas para formar as proteínas!! • Proteína pode ser formada por uma ou mais cadeias polipeptídicas. • Cada proteína apresenta uma conformação espacial definida e característica, de menor energia. • Estrutura de uma proteína pode ser descrita em 4 níveis estruturais de complexidade crescente: •Estrutura mais simples das proteínas ou polipeptídeos!!! •Sequência de aminoácidos na cadeia protéica. •Proteínas: 100-500 resíduos de aa. •Ordenação espacial da cadeia polipeptídica ao longo de uma dimensão. •Pode ser do tipo •A conformação é mantida pelas interações intra ou intermoleculares (ligação de hidrogênio) entre os hidrogênios dos grupos amino e os átomos de oxigênio dos outros aminoácidos. -pregueadas -hélice •É o modo pelo qual a cadeia polipeptídica se dobra em 3 dimensões. •Busca por estabilidade •Forças de estabilização: Pontes de H, pontes dissulfeto, interações eletrostáticas, forças de Van der Waals Determinante da estrutura terciária: CADEIA LATERAL DOS AA!!! •Associação de cadeias polipeptídicas diferentes para formar um proteína maior. •Forças de estabilização: pontes de H, interações eletrostáticas, forças de Van der Waals •exceção de pontes dissulfeto Ex. hemoglobina, insulina As proteínas diferem uma das outras pela: •Sequência dos aminoácidos •Tipos de aminoácidos •Número de aminoácidos •Estrutura CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS: A) DE ACORDO COM A ESTRUTURA: Somente aminoácidos (ligadas a outras substâncias) Nucleoproteínas Glicoproteínas Metaloproteínas Lipoproteínas B) CLASSIFICAÇÃO NUTRICIONAL Ex. ovoalbumina, lactolbumina, caseína do leite; actina e miosina de carnes. Ex. zeína do milho; glutenina e gliadina do trigo. Termo INCOMPLETO é inadequado Não faltam aa nos alimentos vegetais!!! Fornecem 65% do TOTAL da ingestão de proteínas no mundo!; Maior contribuição: CEREAIS DIETA VEGETARIANA X ONÍVORA Alimentos Proteínas (%) Classificação Feijão 20-25 Incompletas Arroz Milho Trigo Amendoim Ovos Carne Frango Peixes Leite de vaca 6-10 8-11 8-15 20-35 12 15-25 18-20 20-24 3,5 Incompletas Incompletas Incompletas Incompletas Completas Completas Completas Completas Completas QUALIDADE DE UM ALIMENTO COMPOSIÇÃO QUÍMICA PROPRIEDADES NUTRICIONAIS Digestibilidade; Valor Biológico; Escore de aminoácidos; Qualidade da proteína (PDCAAS). PROPRIEDADES FUNCIONAIS INDÚSTRIA DE ALIMENTOS •Valor que indica quanto da proteína será aproveitada pelo organismo = absorção de aa e dipeptídeos. Digestibilidade: N ingerido N absorvido Proteínas animais: 95% Proteínas cereais e oleaginosas: 80 a 90%. Proteína isolada de soja: 95% Farinha e glúten de Trigo: 95% Se absorver 100 g de N e eliminar 10 g (fezes) de N, qual seria o valor da digestibilidade? Proteínas Digestibilidade % Origem animal Milho 94-97 85 Farinha de soja Feijão 86 78 Digestibilidade depende: •Conformação protéica (facilita ou dificulta a hidrólise das proteínas; •Fatores antinutricionais (inibidores de proteases, componentes que se ligam aos aminoácidos em proteínas). •Processamento (temperatura muito elevada, pH básico, ...). •Capacidade de uma proteína de conter todos os aa essenciais em [ ] > que a referencia da OMS. •Capacidade de uma proteína de promover o crescimento de um organismo em desenvolvimento ou manter o balanço protéico em organismos já formados; Valor biológico = N absorvido N retido •Proteína de alto VB = proteína completa; •Excesso de aa = competição de aa na mucosa intestinas = ↑da necessidade de aa essenciais. N fezes N ingerido N urina N absorvido DIGESTIBILIDADE N retido VALOR BIOLÓGICO Utilização LÍQUIDA de proteínas Aminoácido limitante = Aa em falta em uma proteína em relação à proteína padrão. Aminoácidos essenciais (mg/g proteína) Padrões de referência p/ crianças 2-5 anos (FAO, 1985) Proteína/arroz Proteína/feijão Histidina 19 23 32 Leucina 66 81 84 Lisina 58 36 72 Metionina 25 40 20 Triptofano 11 11 10 LISINA Cereais METIONINA Leguminosas 3) Escore do Aa = mg do Aa/g de proteína x 100 mg do Aa /g da proteína de referência •Qualidade da proteína: É avaliado pelo PDCAAS e não pelo VALOR BIOLÓGICO. PDCAAS = Protein digestibility – Escore químico corrigido pela digestibilidade protéica = quantidade real da proteína que é utilizada em processos de síntese em cada 100g de proteína consumida!!! •PDCAAS (%) = < escore de Aa encontrado x digestibilidade (%) •Qualidade da proteína: O PDCAAS considera a necessidade natural de Aa pelo organismo e a digestibilidade da proteína. Alimento Caseína Pontuação 1.00 Albumina de ovo 1.00 Proteína de soja 1.00 Whey 1.00 Micoproteína 0.99 Bife 0.92 Soja em grãos 0.91 Grão-de-bico 0.78 Frutas 0.76 Feijão preto 0.75 Vegetais diversos 0.73 Outros legumes 0.70 Cereais e derivados 0.59 Amendoim 0.52 •Qualidade da proteína: O PDCAAS considera a necessidade natural de Aa pelo organismo e a digestibilidade da proteína. POR QUE O PDCAAS É O MELHOR PARÂMETRO DE QUALIDADE DE UMA PROTEÍNA? EXEMPLO DA GELATINA: Teor de triptofano: 0 PDCAAS: 0% Valor biológico: 40!!! ASSIM: A qualidade da proteína avaliada pelo escore químico é baseada no aminoácido essencial limitante, no qual valores maiores que 1,0 tanto para o EQ como para o PCDAAS indicam que a proteína é de boa qualidade, contendo os aminoácidos essenciais capazes de suprir as necessidades para a dieta de humanos. Mitos sobre as proteínas 1. As proteínas vegetais são incompletas: carentes em alguns aminoácidos; COMBINAÇÃO!!! 2. Proteínas de fontes vegetais não são tão boas quanto as de fontes de origem animal; FONTE ou COMBINAÇÃO!!! 3. Proteínas de diferentes fontes vegetais devem ser consumidas JUNTAS NA MESMA REFEIÇÃO para atingir um elevado valor nutricional; CONSUMO DURANTE O DIA!!! 4. As proteínas vegetais não são bem digeridas (FONTE E PREPARO); Mitos sobre as proteínas 5. Proteínas vegetais não são suficientes sem ovo, leite e carnes para fornecer a quantidade necessária de aminoácidos essenciais COMBINAÇÃO DE DIFERENTES VEGETAIS OU COM CARNE, OVOS E LEITE. 6. As proteínas vegetais contém os seus valores de Aa desbalanceados e isso limita o seu valor nutricional. O IMPORTANTE É QUE TODOS OS Aa ATINJAM O SEU VALOR RECOMENDADO AO LONGO DO DIA; 7. Existem Aa na carne que não são encontrados em nenhum alimento de origem vegetal; Propriedades não nutricionais (físico-químicas) que afetam o comportamento de uma proteína em sistemas alimentares durante o armazenamento, processamento, consumo e contribuem para a qualidade e atributos sensoriais do alimento. Principais propriedades funcionais das proteínas •Hidratação •Solubilidade •Viscosidade •Geleificação •Formação de massa protéica •Texturização •Emulsão •Espuma •Dependência = composição de Aa (GRUPOS R) e conformação da proteína •Fatores que interferem na hidratação de proteínas pH isoelétrico mínima hidratação Máxima interação proteína – proteína. pH 9-10 MÁXIMA HIDRATAÇÃO!! (ionização –SH) • [ ] salinas a hidratação (salting – in) estabilização de cargas, abertura da rede protéica. •[ ] salinas a hidratação (salting – out) •T°C = hidratação rompe Pontes de H. •Casos mais brandos de T°C = hidratação (0 < T < 40C). •Formação de rede protéica ordenada a partir de proteínas previamente desnaturadas; •Propriedade funcional essencial para a fabricação de produtos cárneos (actina, miosina e proteínas do ovo) e lácteos (micelas de caseína). “ Para que se forme o gel protéico, é necessário que haja desnaturação e agregação posterior de forma ordenada, em que predominem as interações proteína-proteína” Formação do gel: a) Desnaturação protéica: tratamento térmico, hidrólise enzimática, acidificação ou alcalinização; b) Separação das moléculas protéicas: • na proteína nativa, os grupos hidrófobos estão voltados para o interior da molécula. • durante a separação ficam descobertos, fato que potencializa as interações entre proteínas. c) Interação proteína – proteína; d) Agregação posterior. •Proteínas do trigo (gliadinas 68% e gluteninas 32%) •Orientação específica = pontes dissulfeto = rede tridimensional viscoelástica= glúten •% de gliadinas e gluteninas = depende do tipo de farinha trigo duro ou mole. •CEREAIS QUE CONTÊM GLUTEN: trigo, cevada, centeio e aveia. •CEREIAIS QUE NÃO CONTÊM GLÚTEN: Arroz, Milho, Quinoa, Soja, Sorgo, Batata, Cenoura, Mandioca, Cana-de-açúcar, sementes de Amaranto ou de Girassol, além de frutas e farinhas de fruta em geral (farinhas de coco, banana, etc). •Transformação de proteínas globulares em fibrosas; •Obtenção de estruturas com textura mastigável e com retenção de água. •A) PROTEÍNA TEXTURIZADA DE SOJA (EXTRUSÃO); •CONDIÇÕES: suspensão da massa ↑ pH Agitação e coagulação compressão aquecimento EXTRUSÃO (cilindro 120 – 180 graus e variação de pH). •A) Proteína texturizada de soja = substituto parcial de carne em vários produtos (52% de proteína); •B) Surimi. As emulsões e as espumas são sistemas alimentícios de duas fases imiscíveis entre si e instáveis, a menos que haja uma substância estabilizante. Proteínas como agentes surfactantes * Devem ter boa hidrofobicidade de superfície. Fatores que favorecem: pH isoelétrico e desnaturação!!! Mecanismo da surfactação por proteínas: orientação das cadeias laterais de aminoácidos não polares para a interface e adsorção. Exemplo de sistemas estabilizadas por proteínas: Creme de leite, claras em neve, sorvete, requeijão, merengues. Produto Propriedade funcional Sopas, molhos Produtos de panificação Laticínios Produtos cárneos Sorvetes Emulsificação viscosidade, hidratação Hidratação, emulsificação Emulsificação, geleificação Emulsificação, hidratação Espuma-surfactação •“Alteração nas estruturas 2°, 3° e 4° de uma proteína, originando alterações nas propriedades químicas, físicas ou biológicas da proteína”. •A desnaturação de proteínas pode ocorrer: Por meio mecânico: batimento ou agitação Por meio físico: temperatura (cozimento e congelamento), radiação, branqueamento, carne assada. Por meio químico: alteração do pH, adição de solventes, sais e agentes oxidantes e redutores . PROPRIEDADES ATINGIDAS: Diminuição da solubilidade; Diminuição da capacidade de retenção de água; Aumento da viscosidade; Facilita o ataque das enzimas proteolíticas ↑ digestibilidade. •Destruição de propriedades fisiológicas •Ex. Enzimas – branqueamento de vegetais •Aumento da digestibilidade •Ex. As proteínas do ovo e do leite cozidos são mais digeríveis que as destes alimentos crus. PS: Processamento térmico mais acentuado ou por longo tempo podem diminuir a digestibilidade (Reação de Maillard). •Alterações de propriedades funcionais •Ex. Proteínas da carne = perda da Capacidade de Retenção da Agua durante o congelamento •“Rompimento de ligações peptídicas (estrutura primária) liberando uma mistura de aminoácidos (hidrólise total) ou uma mistura de peptídeos (hidrólise parcial)”. •A hidrólise de proteínas pode ser: Química: ácidos ou bases Enzimática: naturais, adicionadas ou de microrganismos Hidrólise indesejável: degradação de proteínas cárneas por mos Hidrólise desejável: Proteína hidrolisada vegetal, maturação de queijos, amaciamento de carnes, obtenção de gelatina. •Perda de Aa •Ação do calor •Cistina e lisina (frituras, aquecimentos) •Problemas = alimentos pobres nestes Aa •Acima de 180°C (torrefação do café, fabricação de biscoitos) : •Destruição de outros Aa •Racemização LD 1. 2. 3. 4. Defina digestibilidade Defina valor biológico Defina aminoácido limitante Calcule o escore químico para uma suposta proteína cujo teor de metionina seja 10mg/g e as necessidades sejam 20 mg/g. 5. Quais fatores interferem na capacidade de hidratação de uma proteína? 6. Qual a importância da propriedade de formação de géis das proteínas? 7. O que é e como pode ocorrer a desnaturação protéica? 1- Defina e descreva quais as ligações que estabilizam: -Estrutura primária de proteínas? -Estrutura secundária de proteínas? -Estrutura terciária de proteínas? -Estrutura quaternária de proteínas? 2- Defina proteínas completas e exemplifique alimentos que as contêm. incompletas e 3- Qual a importância do conhecimento da cadeia lateral de um aminoácido?