AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
MACHADO,P.S.N. UNISALESIANO [email protected]
BOZZO,F.E.F. Profª Ms. UNISALESIANO [email protected]
RESUMO
Nesta pesquisa pretende-se analisar a relação entre a prática da avaliação escolar
como uma ação bloqueadora sobre a aprendizagem e o processo de conhecimento
do aluno diante de princípios educacionais voltados a uma sociedade democrática. A
proposta de análise tem como objetivo verificar os fatores que influenciam ou
determinam a desarticulação entre a prática pedagógica avaliativa do professor, a
preponderância das notas e o comprometimento do educador quanto ao processo
ensino-aprendizagem. Esta pesquisa está sendo bibliográfica e será de campo com
questionários para profissionais da educação, e sua análise, será qualitativa. Como
os resultados são parciais, devido este estar em processo de pesquisa, pode-se
concluir até o momento que o caráter historicamente da avaliação escolar no ensino
é exercido como relação de poder do professor para com o aluno e tem sido usada
mais como verificação do aproveitamento escolar, mascarando uma prática
discriminatória e de manutenção da hierarquia social.
Palavras-chave: avaliação
competência
rendimento escolar - aprendizagem
significativa.
A avaliação, talvez seja um dos temas mais estudado e discutido no campo
da educação nos últimos vinte anos. É sempre um tema de destaque no contexto
educativo e ganhou na atualidade um espaço muito amplo nos processos de ensino,
exigindo maior discernimento e capacidade de mudança da prática pedagógica
avaliativa dos profissionais envolvidos.
A LDB, Lei nº 9.394/96 em seu artigo 24, inciso V afirma que a avaliação do
rendimento escolar deverá ser contínua e cumulativa do desempenho do aluno com
prevalência dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período sobre os
de eventuais provas finais . Mas na prática pouca coisa mudou, porque a escola e
seus professores demonstram um completo desconhecimento a respeito das
estruturas mentais das crianças e adolescentes e suas relações com a
aprendizagem de cada conteúdo escolar.
Mediante a incompreensão de que a prática avaliativa não está preparando
indivíduos para o pleno exercício da cidadania , a metodologia proposta está sendo
de origem exploratória, explicativa, estatística e comparativa de dados, a serem
obtidos da atuação direta de professores, coordenadores e diretores de escola da
rede pública de ensino. Os procedimentos da pesquisa estão sendo de natureza
bibliográfica e será de campo, utilizando-se de questionários posteriormente, como
retomada no trabalho de conclusão de curso, com vistas a redimensionar a função
da avaliação diante de novos estudos e da questão do processo construção do
conhecimento humano.
Os objetivos propostos nesta pesquisa são de verificar a preponderância das
notas sobre a questão de aprovação/ reprovação; analisar os fatores que
influenciam ou determinam a desarticulação entre a prática pedagógica avaliativa do
professor diante do desenvolvimento de novas políticas públicas e estudos na área
da avaliação da aprendizagem escolar e avaliar o comprometimento dos professores
quanto ao processo ensino-aprendizagem.
Conta-se hoje, com muitas informações e estudos que possibilitam
compreender os princípios e finalidades que vem norteando a questão da avaliação
2
no contexto escolar, mas na prática as iniciativas resultam em descompasso, porque
a prática pedagógica avaliativa limita-se ao aspecto verificativo e não diagnóstico
como deveria ser.
Mudar o caráter da avaliação exige uma reflexão entre a concepção de
ensinar e da arte de educar, ou seja, é urgente contrapor-se a prática da aula
expositiva como único meio de aquisição de novos conhecimentos de forma linear e
acumulativa.
A avaliação da aprendizagem na escola tem dois objetivos, segundo Cipriano
Luckesi (2002, p.174): auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir
do processo de ensino- aprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do
trabalho educativo realizado.
Contudo, é necessário saber que avaliação da aprendizagem é uma
denominação recente, atribuída a Ralph Tyler, um educador norte-americano, como
tendo direito a esta paternidade, no período de 1930 a 1945 por defender a idéia de
que a avaliação poderia e deveria contribuir para um modo eficiente de fazer o
ensino.
Na concepção de avaliação por objetivos de Tyler, a qual se caracteriza por
conceber a avaliação como um procedimento que permite verificar se os objetivos
educacionais estão sendo atingidos pelo programa de ensino, é que se
desenvolveram os estudos referentes à avaliação da aprendizagem no Brasil.
Nas décadas de 30 a 70 houve a passagem de uma concepção de avaliação
por meio de testes com a intenção de medir as habilidades dos alunos para uma
concepção voltada para a ênfase nos métodos e procedimentos operacionais.
As pesquisas sobre a avaliação da aprendizagem desenvolvidas nas décadas
de 80 e 90 possibilitaram o conhecimento da prática da avaliação da aprendizagem
escolar.
Pode-se concluir até o momento, por meio dos estudos e debates que o
fracasso escolar não é fruto apenas do insucesso do aluno, mas por uma forma de
avaliação, geralmente de caráter classificatório, que apenas classifica os aprovados
e os reprovados, valendo-se apenas da preponderância das notas, por este ser um
fator quase incontestável do rendimento escolar do aluno.
Passar de uma avaliação centrada nas provas e preocupada com a
classificação para uma avaliação da aprendizagem como um ato amoroso em que,
segundo Luckesi, tem por objetivo diagnosticar e incluir o educando pelo mais
variados meios, no curso da aprendizagem satisfatória não é uma tarefa fácil.
A complexidade do fenômeno da avaliação exige esclarecer que a prova não
é somente uma formalidade do sistema escolar, ela implica um posicionamento
político e inclui valores e princípios tanto da escola como do professor.
Em outras palavras, nota-se que os professores usam-se da avaliação como
um mecanismo fim e como instrumento de poder para impor medo aos alunos
porque a atual prática da avaliação da aprendizagem escolar estipulou como função
do ato de avaliar a classificação e não diagnóstico, como deveria ser
constitutivamente. (LUCKESI , 2002, p.34).
Este aspecto é percebido na ênfase das notas em face do processo de
ensino, na qual a recuperação tem como foco pura e simplesmente da nota e não da
aprendizagem. Não importam por quais caminhos elas foram obtidas e nem como,
porque o que predomina é a nota.
Diante desta realidade como destaca Lima apud Luckesi (1994,p.137):
A característica que, de imediato, se evidencia na nossa prática educativa é
que a avaliação de aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos
3
processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser
direcionada por uma pedagogia do exame.
De uma maneira geral, pode-se compreender que os sistemas de exame
polarizam a todos, ao sistema de ensino porque está interessado nos percentuais de
aprovação/reprovação do total dos educandos, aos professores porque elaboram a
prova para provar os alunos e por utilizá-la como um fator negativo de motivação,
aos pais, por estarem voltados na expectativa das notas pois o importante são as
notas para os filhos serem aprovados, aos alunos, porque estão sempre na
expectativa de virem a ser reprovados ou aprovados e por isso logo no começo do
ano letivo, preocupando mais em saber qual a média para a promoção no final do
período escolar.
É preciso repensar os fundamentos, os princípios, os valores e as ideologias
em que se apóiam o processo pedagógico avaliativo na perspectiva de sua
superação. Para tanto é preciso compreender, como diz Sousa (org.) apud Garcia
(1991, p.46):
A avaliação só tem sentido se tiver como ponto de partida e ponto de
chegada o processo pedagógico para que, identificadas as causas do
sucesso ou do fracasso, sejam estabelecidas estratégias de
enfrentamento.
A tendência contemporânea tem sido a opção pela organização por ciclos. O
Estado de São Paulo foi um deles quando no ano de 1983 anunciou a criação e no
ano de 1984 juntou as duas primeiras séries do ensino fundamental num único ciclo
de estudos
Ciclo Básico. Todavia, organizar estudos em ciclos não significa
promoção automática, mas sim:
[...] A construção de uma escola de qualidade para todos, para o que
também se impõe uma organização do trabalho escolar, capaz de provocar
uma transformação na cultura classificatória e seletiva hoje dominante no
sistema escolar. (PALMA FILHO, J.C.(Org.), 2005,p.148).
A questão do erro também no âmbito da aprendizagem escolar não deve ser
concebida como castigo, mas como ponto de partida para o avanço na investigação,
compreensão e superação do mesmo, ou seja, oportunizar suporte para o
crescimento do aluno e do professor quando este assume sua missão de educar.
Deste modo,a concepção de educação de qualidade que se tem hoje se deve
aos estudos de muitos autores, entretanto a avaliação precisa ultrapassar a
perspectiva puramente quantitativa, ou seja:
A avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do
estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar
decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo
de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p.81)
Apesar destes apontamentos, pode-se dizer que há um descompasso na
prática avaliativa brasileira porque não há um padrão mínimo de conhecimentos,
habilidades e hábitos a serem adquiridos pelos educandos.
Segundo o INEP (2004), no Exame Nacional do Ensino Médio ENEM, os
resultados mostraram que na parte objetiva do exame, os participantes tiveram mais
dificuldades na competência que avalia a capacidade de relacionar informações,
representadas de diversas formas. Tal fato acontece e continua impregnado na
educação porque a forma com que se pratica a avaliação é meramente técnica e
descontextualizada.
Diante desses dados relevantes, os desafios são muitos, a começar pelo
projeto político pedagógico da escola, na qual toda a equipe escolar precisa
deliberar sobre uma concepção de avaliação que será considerada, quais as
competências devem ser desenvolvidas e quais as responsabilidades dos
professores.
4
Os dados de repetência, evasão escolar e analfabetismo não devem servir
apenas para demonstrar as carências educacionais do país, mas uma significativa
reflexão acerca da aprendizagem dos educandos. Todavia não se pode atribuir a
responsabilidade por todos os desvios da educação aos professores, porém:
Quanto pior for o exercício do seu trabalho, menores serão as
possibilidades de que os educandos, de hoje, venham a ser cidadãos
dignos de amanhã, com capacidade de compreensão crítica do mundo,
condições de participação e capacidade de reivindicações dos bens
materiais, culturais e espirituais, aos quais todos têm direito
inalienável.(LUCKESI, 2002,p.125).
Até o momento da pesquisa realizada pode-se concluir que a escola dos
nossos sonhos só será possível quando todos os educadores tiverem consciência
que não basta apenas criticar, mas sim vestir a camisa de sua profissão com total
responsabilidade (GIANCATERINO, 2005, p.25) e que a avaliação da
aprendizagem escolar precisa ser desincorporada das visões de padrões
homogêneos de aprendizagem. Ela está a longos passos do encontro de ser uma
ferramenta que viabilize diagnosticar as falhas de aprendizagem e as lacunas a
serem sanadas no processo de construção do conhecimento. É preciso apostar que
o acompanhamento contínuo e diário da aprendizagem do aluno pode valer muito
mais do que uma simples prova ou exame.
REFERÊNCIAS
GIANCATERINO,R. Analfabetismo funcional: incompetência de quem? ABC
Educatio, São Paulo, Ano 6, n. 51, p.22-25, nov.2005.
LIMA, A. de Oliveira. Avaliação escolar: julgamento ou construção? Petrópolis:
Vozes,1994.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São
Paulo:Cortez, 2002.
MEC,
Portal.
Legislação
Educacional.
Disponível
em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm Acesso em: 08 jun. 2007.
PALMA FILHO,J.C. (Org.) Pedagogia cidadã: Cadernos de formação: Gestão
Curricular e Avaliação. São Paulo:UNESP, Pró-reitoria de Graduação,2005.
SOUSA, C. P. de. (Org.) Avaliação do rendimento escolar. Campinas:
Papirus,1991.
This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
MACHADO,P.S.N. UNISALESIANO [email protected]
BOZZO,F.E.F. Profª Ms. UNISALESIANO [email protected]
RESUMO
Nesta pesquisa pretende-se analisar a relação entre a prática da avaliação escolar
como uma ação bloqueadora sobre a aprendizagem e o processo de conhecimento
do aluno diante de princípios educacionais voltados a uma sociedade democrática. A
proposta de análise tem como objetivo verificar os fatores que influenciam ou
determinam a desarticulação entre a prática pedagógica avaliativa do professor, a
preponderância das notas e o comprometimento do educador quanto ao processo
ensino-aprendizagem. Esta pesquisa está sendo bibliográfica e será de campo com
questionários para profissionais da educação, e sua análise, será qualitativa. Como
os resultados são parciais, devido este estar em processo de pesquisa, pode-se
concluir até o momento que o caráter historicamente da avaliação escolar no ensino
é exercido como relação de poder do professor para com o aluno e tem sido usada
mais como verificação do aproveitamento escolar, mascarando uma prática
discriminatória e de manutenção da hierarquia social.
Palavras-chave: avaliação
competência
rendimento escolar - aprendizagem
significativa.
A avaliação, talvez seja um dos temas mais estudado e discutido no campo
da educação nos últimos vinte anos. É sempre um tema de destaque no contexto
educativo e ganhou na atualidade um espaço muito amplo nos processos de ensino,
exigindo maior discernimento e capacidade de mudança da prática pedagógica
avaliativa dos profissionais envolvidos.
A LDB, Lei nº 9.394/96 em seu artigo 24, inciso V afirma que a avaliação do
rendimento escolar deverá ser contínua e cumulativa do desempenho do aluno com
prevalência dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período sobre os
de eventuais provas finais . Mas na prática pouca coisa mudou, porque a escola e
seus professores demonstram um completo desconhecimento a respeito das
estruturas mentais das crianças e adolescentes e suas relações com a
aprendizagem de cada conteúdo escolar.
Mediante a incompreensão de que a prática avaliativa não está preparando
indivíduos para o pleno exercício da cidadania , a metodologia proposta está sendo
de origem exploratória, explicativa, estatística e comparativa de dados, a serem
obtidos da atuação direta de professores, coordenadores e diretores de escola da
rede pública de ensino. Os procedimentos da pesquisa estão sendo de natureza
bibliográfica e será de campo, utilizando-se de questionários posteriormente, como
retomada no trabalho de conclusão de curso, com vistas a redimensionar a função
da avaliação diante de novos estudos e da questão do processo construção do
conhecimento humano.
Os objetivos propostos nesta pesquisa são de verificar a preponderância das
notas sobre a questão de aprovação/ reprovação; analisar os fatores que
influenciam ou determinam a desarticulação entre a prática pedagógica avaliativa do
professor diante do desenvolvimento de novas políticas públicas e estudos na área
da avaliação da aprendizagem escolar e avaliar o comprometimento dos professores
quanto ao processo ensino-aprendizagem.
Conta-se hoje, com muitas informações e estudos que possibilitam
compreender os princípios e finalidades que vem norteando a questão da avaliação
2
no contexto escolar, mas na prática as iniciativas resultam em descompasso, porque
a prática pedagógica avaliativa limita-se ao aspecto verificativo e não diagnóstico
como deveria ser.
Mudar o caráter da avaliação exige uma reflexão entre a concepção de
ensinar e da arte de educar, ou seja, é urgente contrapor-se a prática da aula
expositiva como único meio de aquisição de novos conhecimentos de forma linear e
acumulativa.
A avaliação da aprendizagem na escola tem dois objetivos, segundo Cipriano
Luckesi (2002, p.174): auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir
do processo de ensino- aprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do
trabalho educativo realizado.
Contudo, é necessário saber que avaliação da aprendizagem é uma
denominação recente, atribuída a Ralph Tyler, um educador norte-americano, como
tendo direito a esta paternidade, no período de 1930 a 1945 por defender a idéia de
que a avaliação poderia e deveria contribuir para um modo eficiente de fazer o
ensino.
Na concepção de avaliação por objetivos de Tyler, a qual se caracteriza por
conceber a avaliação como um procedimento que permite verificar se os objetivos
educacionais estão sendo atingidos pelo programa de ensino, é que se
desenvolveram os estudos referentes à avaliação da aprendizagem no Brasil.
Nas décadas de 30 a 70 houve a passagem de uma concepção de avaliação
por meio de testes com a intenção de medir as habilidades dos alunos para uma
concepção voltada para a ênfase nos métodos e procedimentos operacionais.
As pesquisas sobre a avaliação da aprendizagem desenvolvidas nas décadas
de 80 e 90 possibilitaram o conhecimento da prática da avaliação da aprendizagem
escolar.
Pode-se concluir até o momento, por meio dos estudos e debates que o
fracasso escolar não é fruto apenas do insucesso do aluno, mas por uma forma de
avaliação, geralmente de caráter classificatório, que apenas classifica os aprovados
e os reprovados, valendo-se apenas da preponderância das notas, por este ser um
fator quase incontestável do rendimento escolar do aluno.
Passar de uma avaliação centrada nas provas e preocupada com a
classificação para uma avaliação da aprendizagem como um ato amoroso em que,
segundo Luckesi, tem por objetivo diagnosticar e incluir o educando pelo mais
variados meios, no curso da aprendizagem satisfatória não é uma tarefa fácil.
A complexidade do fenômeno da avaliação exige esclarecer que a prova não
é somente uma formalidade do sistema escolar, ela implica um posicionamento
político e inclui valores e princípios tanto da escola como do professor.
Em outras palavras, nota-se que os professores usam-se da avaliação como
um mecanismo fim e como instrumento de poder para impor medo aos alunos
porque a atual prática da avaliação da aprendizagem escolar estipulou como função
do ato de avaliar a classificação e não diagnóstico, como deveria ser
constitutivamente. (LUCKESI , 2002, p.34).
Este aspecto é percebido na ênfase das notas em face do processo de
ensino, na qual a recuperação tem como foco pura e simplesmente da nota e não da
aprendizagem. Não importam por quais caminhos elas foram obtidas e nem como,
porque o que predomina é a nota.
Diante desta realidade como destaca Lima apud Luckesi (1994,p.137):
A característica que, de imediato, se evidencia na nossa prática educativa é
que a avaliação de aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos
3
processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser
direcionada por uma pedagogia do exame.
De uma maneira geral, pode-se compreender que os sistemas de exame
polarizam a todos, ao sistema de ensino porque está interessado nos percentuais de
aprovação/reprovação do total dos educandos, aos professores porque elaboram a
prova para provar os alunos e por utilizá-la como um fator negativo de motivação,
aos pais, por estarem voltados na expectativa das notas pois o importante são as
notas para os filhos serem aprovados, aos alunos, porque estão sempre na
expectativa de virem a ser reprovados ou aprovados e por isso logo no começo do
ano letivo, preocupando mais em saber qual a média para a promoção no final do
período escolar.
É preciso repensar os fundamentos, os princípios, os valores e as ideologias
em que se apóiam o processo pedagógico avaliativo na perspectiva de sua
superação. Para tanto é preciso compreender, como diz Sousa (org.) apud Garcia
(1991, p.46):
A avaliação só tem sentido se tiver como ponto de partida e ponto de
chegada o processo pedagógico para que, identificadas as causas do
sucesso ou do fracasso, sejam estabelecidas estratégias de
enfrentamento.
A tendência contemporânea tem sido a opção pela organização por ciclos. O
Estado de São Paulo foi um deles quando no ano de 1983 anunciou a criação e no
ano de 1984 juntou as duas primeiras séries do ensino fundamental num único ciclo
de estudos
Ciclo Básico. Todavia, organizar estudos em ciclos não significa
promoção automática, mas sim:
[...] A construção de uma escola de qualidade para todos, para o que
também se impõe uma organização do trabalho escolar, capaz de provocar
uma transformação na cultura classificatória e seletiva hoje dominante no
sistema escolar. (PALMA FILHO, J.C.(Org.), 2005,p.148).
A questão do erro também no âmbito da aprendizagem escolar não deve ser
concebida como castigo, mas como ponto de partida para o avanço na investigação,
compreensão e superação do mesmo, ou seja, oportunizar suporte para o
crescimento do aluno e do professor quando este assume sua missão de educar.
Deste modo,a concepção de educação de qualidade que se tem hoje se deve
aos estudos de muitos autores, entretanto a avaliação precisa ultrapassar a
perspectiva puramente quantitativa, ou seja:
A avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do
estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar
decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo
de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p.81)
Apesar destes apontamentos, pode-se dizer que há um descompasso na
prática avaliativa brasileira porque não há um padrão mínimo de conhecimentos,
habilidades e hábitos a serem adquiridos pelos educandos.
Segundo o INEP (2004), no Exame Nacional do Ensino Médio ENEM, os
resultados mostraram que na parte objetiva do exame, os participantes tiveram mais
dificuldades na competência que avalia a capacidade de relacionar informações,
representadas de diversas formas. Tal fato acontece e continua impregnado na
educação porque a forma com que se pratica a avaliação é meramente técnica e
descontextualizada.
Diante desses dados relevantes, os desafios são muitos, a começar pelo
projeto político pedagógico da escola, na qual toda a equipe escolar precisa
deliberar sobre uma concepção de avaliação que será considerada, quais as
competências devem ser desenvolvidas e quais as responsabilidades dos
professores.
4
Os dados de repetência, evasão escolar e analfabetismo não devem servir
apenas para demonstrar as carências educacionais do país, mas uma significativa
reflexão acerca da aprendizagem dos educandos. Todavia não se pode atribuir a
responsabilidade por todos os desvios da educação aos professores, porém:
Quanto pior for o exercício do seu trabalho, menores serão as
possibilidades de que os educandos, de hoje, venham a ser cidadãos
dignos de amanhã, com capacidade de compreensão crítica do mundo,
condições de participação e capacidade de reivindicações dos bens
materiais, culturais e espirituais, aos quais todos têm direito
inalienável.(LUCKESI, 2002,p.125).
Até o momento da pesquisa realizada pode-se concluir que a escola dos
nossos sonhos só será possível quando todos os educadores tiverem consciência
que não basta apenas criticar, mas sim vestir a camisa de sua profissão com total
responsabilidade (GIANCATERINO, 2005, p.25) e que a avaliação da
aprendizagem escolar precisa ser desincorporada das visões de padrões
homogêneos de aprendizagem. Ela está a longos passos do encontro de ser uma
ferramenta que viabilize diagnosticar as falhas de aprendizagem e as lacunas a
serem sanadas no processo de construção do conhecimento. É preciso apostar que
o acompanhamento contínuo e diário da aprendizagem do aluno pode valer muito
mais do que uma simples prova ou exame.
REFERÊNCIAS
GIANCATERINO,R. Analfabetismo funcional: incompetência de quem? ABC
Educatio, São Paulo, Ano 6, n. 51, p.22-25, nov.2005.
LIMA, A. de Oliveira. Avaliação escolar: julgamento ou construção? Petrópolis:
Vozes,1994.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São
Paulo:Cortez, 2002.
MEC,
Portal.
Legislação
Educacional.
Disponível
em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm Acesso em: 08 jun. 2007.
PALMA FILHO,J.C. (Org.) Pedagogia cidadã: Cadernos de formação: Gestão
Curricular e Avaliação. São Paulo:UNESP, Pró-reitoria de Graduação,2005.
SOUSA, C. P. de. (Org.) Avaliação do rendimento escolar. Campinas:
Papirus,1991.
5
This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
Download

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR