Fascículo 3 Estratégia da produção Quando uma empresa escolhe tomar uma direção ao invés de outra, esta articulando o que se chama de estratégia. A empresa toma decisões que a levam a determinado conjunto de ações, e as decisões seguintes mostram o comprometimento de continuar na direção escolhida. Qualquer mudança no padrão de decisões denotará uma mudança na direção estratégica. Decisões estratégicas significam: Efeito abrangente na organização Definição da posição da organização em seu ambiente Aproximação da organização com seus objetivos de longo prazo Estratégia pode ser entendida como um padrão global de decisões e ações que posicionam a organização em seu ambiente, tendo por objetivo faze-la atingir seus objetivos de longo prazo. Ao entendermos estratégia como tal definição – padrão global de decisões – torna-se claro entender como identificar a participação da função produção na estratégia definida. O conteúdo da estratégia de produção é, portanto, uma parte da estratégia geral da empresa, mas algumas abordagens geram perspectivas complementares sobre a mesma: A estratégia da produção é um reflexo “de cima para baixo” do que o grupo ou negócio todo deseja fazer; A estratégia da produção é uma atividade “de baixo para cima”, quando as melhorias da produção acumuladas constroem a estratégia; A estratégia da produção deve traduzir os requisitos de mercado em decisões de produção; A estratégia da produção deve explorar as capacidades dos recursos de produção. A abordagem da estratégia pela função produção deve ter em conta os objetivos de desempenho, mas sob a perspectiva do mercado, sendo este um grande influenciador das decisões operacionais (vide figura 1). Administração das Operações Produtivas – Prof. Rodolpho A M Wilmers 1 Fascículo 3 Fig. 1 – Fatores competitivos diferentes resultam em objetivos de desempenho diferentes Nenhuma operação produtiva que venha a falhar continuamente em servir seu mercado de forma adequada tem chance de sobreviver em longo prazo. A não compreensão dos requisitos do mercado pela administração da produção, impossibilita garantir que a produção esteja atingindo o composto e nível correto em seus objetivos de desempenho. Do lado do mercado, as exigências dos clientes (vide figura 1.4) são chamadas de fatores competitivos. Do lado da produção, a figura mostra a relação que deve existir entre os fatores competitivos mais comuns e os objetivos de desempenho da produção. Uma maneira de determinar a importância relativa dos fatores competitivos é a de fazer uma diferenciação quanto à possibilidade de “ganhar” um pedido: o Critérios ganhadores de pedidos: são os que direta ou significativamente contribuem para a realização de um negócio. Quanto maior for o desempenho da organização nos critérios ganhadores de pedidos, maior a probabilidade de ganhar mais pedidos. o Critérios qualificadores: são aqueles que, se a organização tiver, participa da negociação. Se não tiver, estará fora!!! Por exemplo, a certificação ISO 9001 exigida em muitas concorrências de empresas grandes nacionais, multinacionais, entre outras. Se a organização tem a certificação, participa. Se não tem... Administração das Operações Produtivas – Prof. Rodolpho A M Wilmers 2 Fascículo 3 o Critérios menos importantes: são os que têm pouco impacto sobre os consumidores, não importando o nível de desempenho da produção em relação aos mesmos. Os concorrentes também aparecem como importante fator de influência nas decisões estratégicas envolvendo as atividades de produção. Sua pizzaria “delivery” pode se ver em apuros se a Pizza Hut anunciar que entrega pizzas na sua região mais rápido e mais barato que suas pizzas. Obrigatoriamente você terá de mudar sua estratégia, dando enfoque a velocidade e custos, além, obviamente, da qualidade. Ou seja, suas prioridades mudam. Assim sendo, mesmo que não exista qualquer mudança nas preferências de seus consumidores, uma organização pode ser obrigada a mudar a forma de competir, mudando assim as prioridades esperadas dos objetivos de desempenho da produção. A associação do comportamento de concorrentes e consumidores com a curva de vida dos produtos ou serviços mostra claramente a necessidade da adoção de diferentes estratégias para os diferentes estágios do ciclo de vida (vide figura 2). Fig. 2 – Efeitos do ciclo de vida do produto / serviço na organização Administração das Operações Produtivas – Prof. Rodolpho A M Wilmers 3 Fascículo 3 Finalmente, existe a possibilidade de estabelecer a estratégia a adotar na produção baseando-se nos recursos da empresa. Tal visão significa que empresas com desempenho estratégico acima da média, provavelmente terão conquistado sua vantagem competitiva sustentável devido às competências centrais de seus recursos de produção. Tais recursos levam à tomada de decisões estruturais e infra-estruturais (vide figura 3): o Decisões estruturais: são as que influenciam as atividades de projeto; o Decisões infra-estruturais: são as que influenciam a força de trabalho, e as atividades de planejamento, controle e melhoria. Fig. 3 – Matriz da estratégia de operações As duas últimas perspectivas em estratégia de produção são particularmente importantes, uma vez que a maior parte do debate dentro das organizações, no que se refere à estratégia da produção, diz respeito à reconciliação entre as perspectivas de requisitos do mercado, com os recursos da produção. A figura 3 foi construída a partir de um estudo de casos, e mostra que nem todas as intersecções estão preenchidas. Isto acontece porque nem todas são importantes, enquanto outras são particularmente críticas. O dilema da estratégia da produção esta em decidir qual intersecção merece atenção especial. Anos de experiência com certeza ajudam a realização dessa tarefa. Administração das Operações Produtivas – Prof. Rodolpho A M Wilmers 4