SOLUÇÃO DE CONFLITOS E PRÁTICA DA NEGOCIAÇÃO Márcia Amaral Corrêa de Moraes [email protected] CONCEITOS BÁSICOS “NÓS NÃO DEVEMOS TER MEDO DO CONFLITO, PORÉM DEVEMOS RECONHECER QUE EXISTE UM MODO DESTRUTIVO E UM MODO CONSTRUTIVO DE PROCEDER EM TAIS MOMENTOS. NA DIFERENÇA EM SE TRATAR O CONFLITO PODE ESTAR O SAUDÁVEL, UMA PROFECIA DE PROGRESSO.” (Follet, 1991:290). Sobre o conflito... Conflito frustração processos de negociação Metas diferenciadas Conflitos destrutivos envolvem: origem dos pessoas sentem-se insatisfeitas e desmotivadas; o conflito torna-se mais significativo do que a tarefa a ser desempenhada e desvia as pessoas de lidarem com as questões relevantes; leva as pessoas a se tornarem competitivas entre si. Crescimento e desenvolvimento dos conflitos Discussão Debate Imagens fixas Façanhas “Loss of face” Estratégias punitivas Crescimento e desenvolvimento dos conflitos Falta de humanidade Ataques de nervos Sem Chance de Ataques generalizados negociar Apontamentos (Hodgson, 2006) Nível 1 – Discussão: racional, aberta e objetiva. Nível 2 – Debate: início de generalizações e busca de padrões de comportamento; perda de objetividade. Nível 3- Façanhas: partes demonstram falta de confiança no caminho escolhido pela outra parte. Nível 4- Imagens fixas: são estabelecidas imagens preconcebidas da outra parte; perda de objetividade; posições começam a se tornar fixas e rígidas. Nível 5 – “Loss of face”: desejo de retirar-se, embora isso se torne difícil para cada uma das partes. Nível 6 - Estratégias: comunicação se restringe a ameaças, demandas e punições. Apontamentos Nível 7 – Falta de humanidade: frequentemente surgem comportamentos destrutivos. Nível 8 – Ataques de nervos: autopreservação passa a ser a única motivação; atacar e ser atacado. Nível 9 – Ataques generalizados: um lado vencendo e outro perdendo. Enfrentando situações de conflito (Hampton, 2001) Conflito terminal: “ganha-perde” Conflito paradoxal: obscuro; solubilidade questionável; não deveria ter sido objeto de negociação Conflito litigioso: ganha-ganha (Sparks, 2001) Intensidade dos conflitos Conflitos muito intensos • Quando os interesses envolvidos têm muita importância para o negociador e seu “oponente”. Negociadores tendem a ser mais enérgicos e ativos. • .... Conflitos menos intensos • Os interesses envolvidos são de menor importância. Negociadores são menos enérgicos e mais passivos. • ...... Procedimentos típicos do conflito terminal (ganha-perde) Abraçar a própria posição como louvável • Amplia-se o problema, quando a pessoa acredita que sua posição é a única possível. • Perda de objetividade. Atacar ou contraatacar a outra parte, depreciando sua posição e questionando sua validade. Desenvolver um estereótipo negativo da outra parte, • Demonstra-se a inferioridade do outro, agrava-se o conflito, • Suspeita e subjetivação do processo de negociação. • Provocação. • Perda do respeito e da confiança. Resultados (batalha ganha-perde) Enraízam-se sentimentos competitivos e mútuos de desconfiança. Fica bloqueada a percepção de que os oferecimentos de ambas as partes são bem intencionados. São produzidos e reforçados o antagonismo, a hostilidade e a desconfiança. Procedimentos típicos do conflito paradoxal Reordenamento na ordem em que as questões serão discutidas. “Por de lado” (Sparks, 2002, p.102). Método poderoso para levar as questões de uma agenda a posições mais favoráveis. Procedimentos típicos do conflito litigioso Sentir-se otimista em relação a si próprio e à outra parte; clima de colaboração sem redução de impulsos competitivos. Esclarecer a questão através da definição; ênfase na solução da questão baseada nos méritos da posição de cada parte. Fechamento do acordo, com espaço para contestações recíprocas. É possível que não tenha o mesmo valor para as partes. Explorar o que são os fatos e concordar quanto a eles. Escalada de possíveis acordos, sem que só exista uma possibilidade. Negociação ganha-ganha; ambas as partes atingem pelo menos um de seus objetivos. Resultados de um conflito litigioso Reforço da confiança de uma parte na outra. Estabelecimento de uma base para trabalhar em conjunto no futuro. Compromisso com um acordo de perfeição autêntica, alcançado por meio do esforço mútuo. Administração de conflitos Acomodação Solução integrativa Conflitos Compromisso Domina ção Administração de conflitos Acomodação: instrumento para manipular o conflito; problema encoberto; intenção de evitar desgaste emocional. Dominação: exercício do poder levado ao extremo; imposição da solução preferida de uma das partes; ressentimento e humilhação como resultados. Compromisso: cada parte desiste um pouco do que procurava, ambas cedem, solução parcial. Solução integrativa: busca da solução que serve completamente aos interesses de ambas as partes. Abordagem colaborativa para o conflito Diferente da barganha (ganhar ou perder); Envolve três passos: identificar as considerações básicas ou subjacentes a ambas as partes envolvidas; procurar alternativas e identificar suas consequências para ambas as partes; identificar a alternativa mais favorável. Abordagem colaborativa (Fischer&Brown, 2000) Troca sincera de informações Redefinição flexível e criativa dos assuntos Dimensões distributiva e integrativa Conflito e negociação Enfoque da parceria: ênfase no conflito imediato e no relacionamento em geral (Weeks, 2003). Habilidades para a construção de um relacionamento alto nível de resolução de conflitos é atingido quando as partes envolvidas chegam a uma necessidade que atenda a algumas necessidades individuais e compartilhadas, resulte em benefícios mútuos e estreite o relacionamento. Passos para a resolução de conflitos Criar uma atmosfera efetiva Gerar opções Desenvolver “degraus”: as “pedras dos passos para a ação Esclarecer percepções Olhar para o futuro e em seguida aprender com o passado Estabelecer acordos de benefícios mútuos Focalizar-se em necessidades individuais e compartilhadas Construir um poder positivo compartilhado Solução de conflitos Negociação e papéis a desempenhar (Casse, 2005) Pontos a serem considerados: O resultado a ser obtido com a negociação; A importância do relacionamento passado, presente e futuro com a outra parte. Os enfoques da negociação decorrem da articulação entre estratégias utilizadas (cooperativa, competitiva e analítica) e papéis desempenhados pelos negociadores (efetivo, analítico, relativo e intuitivo). Negociação e papéis a desempenhar Negociador efetivo: conhece detalhadamente os fatos relacionados à negociação, documenta todas as declarações, elabora questões realistas, responde questões para esclarecer pontos e proporcionar informações complementares, quando solicitadas; é preciso. Podem ser insensíveis às reações emocionais e aos sentimentos da outra parte. Podem perderse no próprio detalhamento da negociação. Negociação e papéis a desempenhar Negociador analítico: apresenta argumentos de negociação de maneira lógica, costuma negociar a agenda da reunião, estabelecendo regras de negociação. Faz perguntas à outra parte, para esclarecer a racionalidade da sua posição, preparando eventuais adaptações ao seu enfoque. Muitas vezes perdem a perspectiva da negociação, envolvendo-se em argumentos e contra-argumentos. Frequentemente são avaliados como sendo frios. Negociação e papéis a desempenhar Negociador relativo: é um facilitador das relações, mostra-se sensível às reações dos negociadores (sentimentos e emoções), estabelece vínculos de confiança, examina forças e fraquezas da outra parte. Às vezes se envolvem tanto com o aspecto humano da negociação que perdem a direção dos objetivos e das próprias estratégias. Podem revelar informações vitais, de forma não intencional, e perder a perspectiva. Negociação e papéis a desempenhar Negociador intuitivo: tem habilidade para trazer ideias, novos caminhos para enfocar a negociação, opções potenciais, dentre outros. Costuma enxergar claramente quais os pontos essenciais da negociação, bem como aspectos fundamentais dos seus detalhes. Examina as implicações futuras de cada proposta. Tende a juntar as várias partes e a examinar a negociação no seu todo. Podem não ser realistas, chegando a ser perigosos. Não realizam auto-crítica e não medem o risco de suas propostas. São difíceis de ser controlados, falta de disciplina. Para alcançar o que se quer... Planejamento do processo de negociaçã o. • Foco em objetivos; ignorar posições que emperrem a conciliação dos interesses envolvidos. Determinar a Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo Ser flexível e criativo • Não permitir que soluções sejam firmadas pela simples necessidade de se concluir uma negociação. •... Testar ações •Fazer propostas condicionais, curtas, contraposições instantâneas, explorando várias opções. •Ampliar o número de variáveis que criem mais opções do ganha-ganha. Sobre o poder... Lidar com o próprio poder e o poder alheio; Priorizar o trabalho em grupo e a participação dos envolvidos na determinação do acordo (compromisso); Manter relacionamentos de confiança; Possibilitar surgimento de novas oportunidades de negociação no futuro. Para finalizar... Solucionar conflitos por meio da negociação representa uma poderosa ferramenta para a construção de uma sociedade mais humanizada, consciente e comprometida com a causa da VIDA em seu sentido pleno! Referências ACUFF, F.L. (2003). How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York: American Management Association. CASSE, P. (2005). The one hour negotiation. England: Butterworth-Heinemann. FISHER, R.; BROWN, S. (2000). Getting together: building relationship as we negotiate. NewYork: Penguin Books. ... FISCHER, R.; URY, W. (2000). Como chegar ao sim: a negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro: Imago. HODGSON, J. Thinking on your feet in negotiations.(2006). Londres:Pitman. URY, W. Getting past no: negotiating your way from confrontation to cooperation.(2003). New York: Bantam Doubleday Dell Publishing Group.