Pela não atualização do valor da propina como medida de combate ao abandono escolar Moção Após apresentação de propostas contrárias e contestação pelo movimento associativo estudantil, vários Conselhos Gerais de instituições de ensino superior aprovaram para o ano 2013/2014 um aumento do valor da propina, muitos deles para o valor máximo permitido por lei para a propina de frequência dos ciclos de ensino superior. Posto isto, e com a antecipação devida, urge tomar uma posição firme e impeditiva de novo aumento do valor da propina no ensino superior. Com base na argumentação de que se destinaria ao desenvolvimento e incremento da qualidade das instituições de ensino superior, a implementação do regime de propinas no ensino superior público foi, logo à data, alvo da contestação do movimento associativo. No início da década de 90, as associações de estudantes e académicas defenderam que a propina viria a limitar o acesso ao ensino superior, promovendo uma elitização do sistema e desresponsabilizando o Estado da sua obrigação de, progressivamente, estabelecer a gratuitidade de todos os graus de ensino. De 1992 aos dias de hoje, o valor da propina já aumentou mais de catorze mil por cento, assumindo-se na prática como um copagamento responsável por milhares de casos de abandono escolar por motivos económicos, ainda desconhecido pela falta de dados acerca dos reais motivos de abandono do ensino superior e pedidos de congelamento de matrículas que todos os dias assolam universidades e politécnicos em todo o território nacional. Atentando na evolução do valor máximo das propinas, podemos observar que de 2003/2004 a 2013/2014 este aumentou 213.72€, de 852€ para 1.065.72€, e, relativamente a 1992/1993, 815.72€, quando o valor máximo da propina era de 250€, precedido de 6.5€ em 1991/1992. 1 O valor das propinas representa, hoje, uma percentagem considerável das receitas das instituições de ensino superior destinadas a suprir custos de estrutura e funcionamento, ao contrário do princípio subjacente à sua criação, compensando o contínuo decréscimo no investimento do governo na educação, que em 2012 não foi além dos 3,8% do PIB, o que coloca o País ainda mais distante da média da OCDE, que neste momento se situa nos 6,2%, mantendo-se Portugal no top dos países onde o valor da propina anual paga pelos estudantes do ensino superior público é mais alto. No atual momento socioeconómico do país a descida vertiginosa do valor real dos salários, cortes nas prestações sociais e aumento generalizado do custo de vida, somados à manutenção das restrições ao acesso a descontos nos passes sociais, cumpre ao movimento associativo estudantil nacional exigir o congelamento do valor da propina, paga pelos estudantes do ensino superior público, em todas as Universidades, Institutos Politécnicos e escolas públicas não integradas. Na situação em que o país se encontra, e em particular o ES, não pode continuar o Estado a desresponsabilizar-se no que concerne ao Financiamento das Instituições ao mesmo tempo que os encargos dos estudantes aumentam desmesuradamente, levando ao agravamento do abandono escolar. Lisboa, 5 de Março de 2014 Proponente: Associação Académica de Lisboa 2