Resumo Este trabalho teve como objetivo geral identificar a relação dos assentados com os recursos naturais das suas respectivas áreas, dando ênfase aos perímetros das reservas de recursos, caracterizando-as e avaliando sua funcionalidade como instrumento efetivo na preservação do bioma Caatinga. Foram estudados dez projetos de assentamentos, localizados na região oeste do Estado do Rio Grande do Norte, onde se buscou identificar parâmetros qualitativos e quantitativos dos recursos edáficos, florestais e hídricos, bem como suas respectivas formas de exploração. Todos os assentamentos apresentaram número de colonos superior à capacidade de suporte do ambiente. Esse problema, associado com a falta de investimento no setor produtivo e com a necessidade de sobrevivência dos trabalhadores, gerou uma situação de exploração excessiva dos recursos naturais, atingindo diretamente a fauna e a flora local, assim como próprio futuro desses projetos. A presença de uma oferta satisfatória de água é o fator decisivo entre o sucesso e o fracasso desses projetos. As áreas de reservas dos assentamentos não estão cumprindo as funções para as quais foram instituídas, pois estão sempre submetidas a algum tipo de exploração de forma inadequada. Os critérios para a escolha das reservas sempre apontam para as áreas residuais do projeto. Entre os modelos adotados pelo INCRA para instalação da reserva, o contínuo é mais efetivo do que o parcelado. De modo geral, os assentados não possuem informações claras sobre qual a finalidade da existência dessas áreas. As análises das imagens de satélite demonstraram que está ocorrendo degradação generalizada da cobertura florestal nesses assentamentos. É imprescindível o conhecimento das características biofísicas do ambiente e dos seus limites naturais, tornando-se necessário rever as políticas de reforma agrária, buscando um módulo agrícola de tamanho ideal que permita a sobrevivência dos assentados de forma digna, associada com uma utilização sustentável dos recursos naturais.