Euclides Oliveira Niquelândia Uma equipe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), acompanhada de técnicos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e de agentes de desenvolvimento rural do Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária (Incra), esteve na última semana em cinco cidades do Norte Goiano, realizando filmagens para a produção de um documentário. O trabalho, quando concluído, terá 20 minutos de duração e deverá se constituir num importante resgate cultural sobre a vida, a cultura, o artesanato e as formas de sobrevivência e subsistência de cerca de 70 mil pessoas que moram em 250 assentamentos em todo o Estado de Goiás. O pesquisador da Unidade Arroz e Feijão da Embrapa em Goiânia, Agostinho Dirceu Didonet, é o gestor do projeto. Na segunda (26), ele esteve em Niquelândia comandando as filmagens no Projeto de Assentamento Rio Vermelho, distante 45 quilômetros da área urbana da cidade, onde moram 59 famílias. A culinária típica da região, através dos biscoitos fervido e de flor (decorado com talos de bananeira), que assados em forno à lenha; e as peças artesanais feitas com o capim dourado (trazido da região do Parque Nacional do Jalapão/TO) foram enfocadas no vídeo, que também previa um relato sobre a popular história do Chico Mineiro, dos anos 20. Na região do Aranha, foram captadas imagens do Lago Serra da Mesa. À noite, na Praça Santa Efigenia, defronte à histórica igreja construída em 1812, a congada da Irmandade Santa Efigenia gravou sua participação no trabalho. O vídeo foi iniciado em outubro de 2006 e a equipe contabiliza, até o momento, 10 horas de material bruto gravado, antes de ser editado. Em outras regiões do Estado, as cidades de Mineiros, Goiás, Caiapônia, Piranhas já foram visitadas pela equipe. No Norte do Estado, além de Niquelândia, seriam feitas gravações em Campinorte, Trombas e Montividiu do Norte (para enfocar a trajetória de José Porfííio de Souza, primeiro líder camponês a eleger-se deputado estadual em 1960, que foi cassado e preso pelo regime militar, dado ainda hoje como desaparecido). Nos assentamentos de Minaçu, seria resgatada a história da luta de terra que dizimou a comunidade dos índios avacanoeiros. Segundo Agostinho, a idéia surgiu há cerca de dois anos, quando o Incra procurou a Embrapa para fazer com que houvesse uma melhoria na capacitação, no desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida dos assentados no Estado. O vídeo vai servir também para documentar se houve melhoras nesse sentido, uma vez que o plano de trabalho previa formas de garantir a segurança alimentar dos assentados goianos, de forma que eles não precisassem depender da venda de suas mercadorias (como o leite, por exemplo) para conseguir dinheiro para a compra de arroz, feijão e outros alimentos. O Sebrae já tinha um convênio anterior com o Incra, para o desenvolvimento do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates), voltado para a emancipação socioeconômica em assentamentos rurais. “As pessoas ainda imaginam que em Goiás só existe pasto, plantação de soja e criação de boi. Nos assentamentos há públicos diversos. Esse pessoal tem toda uma história e quisemos mostrar o que eles fazem, como eles vivem, mostrar que são gente como nós. Existem pessoas da cidade, do campo e que foram expulsas de áreas de barragem. Há também quem era peão e que nunca viu uma lavoura. É uma diversidade muito grande, de pessoas que buscam uma inserção dentro da sociedade. Nossa vontade é fazer com que o assentado se enxergue no vídeo, na televisão, no DVD”, comentou o gestor do projeto. A zootecnista e agente de desenvolvimento rural do convênio Sebrae/Incra, Lívia Tonello Pelá, mudou-se de Goiânia para Niquelândia há um ano e meio. Desde então, desenvolve projetos em vários assentamentos, entre eles o PA Rio Vermelho (que concentra a maior produção leiteira da cidade), aproximando os assentados com o trabalho de filmagem. “O PA Rio Vermelho tem uma expressão financeira bastante interessante que pode crescer ainda mais. Temos projetos com o Banco do Brasil para viabilizar isso”, comentou a zootecnista. De acordo com Lívia, os assentados do Norte Goiano enfrentam maiores dificuldades que os de outras regiões, pelo fato do Norte ser uma região menos favorecida dentro da geografia do poder no Estado. Apesar das tamanhas dificuldades, ela relata que existe alegria, produção e muitos sonhos entre os assentados, que serão contemplados no documentário. “Além de sensibilizar as famílias assentadas, acredito que vamos conseguir despertar o interesse de autoridades, de estudantes, de pesquisadores, de uma forma geral, com esse resgate histórico de luta pelas terras; e das tradições das festas religiosas, cujas origens estão relacionadas com as pessoas que ainda hoje vivem nesses locais”, afirmou Carlos Roberto Maia, do Sebrae, que atua como articulador do Programa Ates para o Norte Goiano. O engenheiro agrônomo Marques Antônio Borges, do convênio Incra/Embrapa/Faped (Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento, sediada em Sete Lagoas/MG); e a agente de desenvolvimento rural do convênio Ates/Incra, Liviana Alves Araújo, também estiveram na região acompanhando a gravação do documentário. SAIBA MAIS APRENDA A FAZER OS BISCOITOS BISCOITO DE FLOR INGREDIENTES: 1 kg de polvilho doce 1/2 kg de açúcar refinado 3 colheres de óleo 7 a 8 ovos (caipiras, se possível) coco ralado ou canela (opcional) MODO DE PREPARO: Misture todos os ingredientes, amassando bem, de 20 a 30 minutos, até obter uma massa consistente; Enrolar, fazer os desenhos nos biscoitos com o talo da bananeira e levar ao forno pré-aquecido em 200º por 30 minutos. Rendimento: 200 biscoitos BISCOITO FERVIDO: INGREDIENTES: 1 kg de polvilho doce 3 colheres de óleo 4 a 5 ovos (caipiras, se possível) Erva doce (opcional) Sal a gosto MODO DE PREPARO: Misture todos os ingredientes, amassando bem, de 20 a 30 minutos, até obter uma massa consistente Enrolar e ferver os biscoitos em água. Após rápida fervura, levar ao forno pré-aquecido em 200º por 30 minutos. Rendimento: 200 biscoitos