Qualidade na Educação: Utopia da Nossa Realidade ou Possibilidade Autônoma? Há muito tempo, nossa história no campo educacional não é das mais favoráveis quando nos referimos a tão objetivada meta de Qualidade na Educação. Conscientes de que o processo educacional é de uma complexidade tamanha, sim, pois se ebulirmos nossa compreensão de uma teórica verdade, a qual o ser humano é produto do meio, como disse Karl Marx, porque não entenderíamos a real situação da educação do nosso amado país? Ou será, na verdade, que não desejamos enxergar a realidade? Este é um assunto abstruso, disso sabemos, nem é o meu intento posicionar-me como solucionador, mas porque não, elucidador? Tempos atrás se acreditava que a escolar regular era a responsável pela educação dos nossos jovens e crianças, e com o passar do tempo, leia-se: experiência, percebeu-se que a escola sozinha era incapaz desta tarefa passando a compartilhar esta responsabilidade com a família – ou pelo menos tentara – mas a velha cultura ainda resistia, e a família não tomava posse de sua tarefa e na verdade pouco mudou. Mas, se a atenção para esta que é uma das mais nobres áreas não crescia, nem portanto se desenvolvia, como desejado, em contrapartida, desenvolve-se, ainda que autonomamente, a busca pela qualidade individual do profissional – muitas vezes eficazmente alcançada – e nessa parte do processo somos representados por excelência: Somos um país de grandes educadores. Então, se somos mesmo fruto do meio, quem nos ensina? Quem nos educa? Quem são nossas referências? Ao contrário do que muitos pensam a educação é e deve ser promovida pela família, pois é ali que se encontra a “incubadora” do ser humano e sua formação, seu caráter. E a escola? Bem, a escola talvez agora agradeça aos céus por se fazer entender, após centenas de anos de mudo clamor, que ela é e deve ser preparada para ensinar e contribuir com a formação, do individuo. Dá-se a necessidade de distinguir o contribuir e o promover. Segundo o dicionário Lexikon, contribuir é cooperar para que algo ocorra, é colaborar com. Promover é o mesmo que gerar algo sob sua responsabilidade, e é justamente aí onde não houve o “dividir das águas”. Mas como já disse antes, é complexo, muito complexo. Como esperar Qualidade na Educação naquilo que não compreendemos ou não fomos direcionados a compreender? Se aprendemos com o nosso meio, qual é o nosso meio? Quais são? Ou quem os são? Afinal, sabemos hoje que há muitos “vetores” de ensino, muito mais que no passado. Há a família, a escola, o meio social, e claro, a internet, um mundo virtualmente real e sem limites. Se num breve passado já era difícil lutar sem muitos recursos e incentivos, imaginemos hoje. Ou será que os recursos em plano de base nacional e seus incentivos desenvolveram-se a ponto de um nível aceitável? Não, não me refiro apenas aos tecnológicos, didáticos, estruturais, pedagógicos e financeiros, mas como na própria educação aprendemos, que a melhor aula é o exemplo, também numa forma poético-filosófica André Comte-Sponville se faz feliz quando diz: “A moral, em primeiro lugar, é um artifício, depois um artefato. É imitando a virtude que nos tornamos virtuoso”. Não há como deixar de sintetizar. Passou a nossa educação e sua almejada qualidade a ser uma utopia diante de nossa realidade? ou seguiremos em busca da qualidade individual em meio a tantos disparates? Não podemos investir massificadamente na Qualidade na Educação, mas parece que podemos promover um grande evento internacional e empreender construções faraônicas. Então, eu pergunto: Como se sente aquele que é parte do processo da educação? Qual a qualidade desse incentivo? Ora, discorrer sobre Qualidade na Educação na forma individual, quer seja sobre processos dentro de uma vivência escolar ou sobre educação na família é algo que flui melhor e há um oceano de estudos e de profissionais em nosso país capaz de executá-lo com excelência Contudo, como antes disse, de forma individual chega-se a um alto nível técnicoqualitativo, mas a nossa preocupação, como agentes de transformação educacional, deve estar maiormente na qualidade do processo – como um todo, cada elemento integrante – e não apenas na especificidade de cada parte que separados já se provou serem ineficazes, mas juntos podem formar a nossa educação, capaz de transformar o nosso povo, a nossa nação. Ercio Chaves Diretor Educacional Administrador de Empresa Intérprete e Especialista em TQSL System