VISITA A UMA REUNIÃO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS "(...) para lavar a roupa: omo; para viagem longa: jato; para difíceis contas: calculadora (...) " [1], para alcoolismo: tratamento terapêutico. Por Jessyka Ribeiro Em uma reunião de Alcoólicos Anônimos relatos de vidas que se perderam na imensidão da doença. Porém, com muita dificuldade e força de vontade, estão conseguindo dar a volta por cima. Para os visitantes, um pedido: "Quem você vê aqui, o que você ouve aqui, quando sair daqui, deixe que fique aqui." As histórias que serão contadas foram todas ouvidas lá, mas em respeito à imagem das pessoas ali presentes, o anonimato da identidade será mantido, pois o que foi visto ou ouvido ali, foi deixado lá. Apenas as impressões foram trazidas. Falas sem nomes. Histórias aparentemente sem dono, mas todas com a marca irreversível que o vício deixou. Em uma sala simples no fundo de uma Igreja Católica, a reunião começa pontualmente às 20h. O coordenador bate o sino. Todos se levantem; rezam; sentam. Ouve-se então uma voz: "Queria convidar à cabeceira de mesa o companheiro número 1 para compartilhar conosco o seu depoimento...". Com o convite feito, não há espaço para negá-lo. Mas eles nem pensam nisso, passam a reunião ansiosos para irem à frente. É com notável prazer que contam suas vidas, pois sentem-se úteis ao contribuir para com a recuperação do próximo. O companheiro número 1 é um senhor de idade. Ele levanta-se com certa dificuldade e se dirige à cabeceira de mesa, ou melhor, à frente da sala. Nos bolsos da calça, muitas moedas. Com as mãos lá dentro, ele as meche incontrolavelmente. É difícil ouvir sua voz. Mas ele faz questão de aconselhar os outros companheiros que o maior problema é o primeiro gole, portanto deve ser vivamente evitado. No fim ele afirma com um sorriso no rosto e semblante orgulhoso: "aqui é que a gente se cura". Aplausos para ele. Mais um convite é feito. Desta vez a convocada é uma mulher bastante jovem. Era casada e tem um filho. Para ela uma vitória: está há quatro anos sem beber. Seu vício começou quando ainda era menina, com 12 anos. Envolveu-se com bebidas fortes, "cerveja para mim era água". Hoje, com a doença controlada, ela diz que foram os depoimentos de seus companheiros que a ajudaram melhorar. Com os olhos rasos d'água ela conta que perdeu tudo, e ainda não conseguiu recuperar, pois é preciso muito mais do que força de vontade, é necessário acreditar que o amanhã vai ser melhor do que hoje, mas "com fé em Deus eu vou conseguir". Aplausos para ela. Na sala havia seis pessoas. Cinco homens e uma mulher. Cada um com fatos diferentes fincados no mesmo caminho; o do álcool. Hoje é aparentemente fácil reconhecer que são doentes, mas só eles sabem o quanto tiveram de ferir o próprio ego a fim de admitir que eram impotentes perante ao álcool e acreditarem que a sanidade poderia voltar a reger suas vidas. Às 21h uma pausa para o lanche. É momento de relaxar, fumar, conversar. Jamais beber. Depois de quinze minutos, todos voltam para sala. É hora de ouvir os outros companheiros. O próximo era um jovem; o seguinte um senhor e os outros dois eram homens de idade mediana. Diante de todos os relatos, muitos fatos em comum. Tudo começou naquele primeiro gole com os amigos. Sem pretensões, sentaram no boteco. Estavam apenas se divertindo. Uma risada aqui outra acolá. Um gole hoje, outro amanhã. Os anos passaram e muitos amigos também. Mas aquela sensação do primeiro encontro é que eles queriam de novo. Logo, uma busca insaciável e renovável. A cada dia, a esperança de encontrá-la dava espaço a um gole a mais. A dose de ontem não era mais o suficiente para hoje. "Só mais um, é o último". Com as mãos trêmulas, a boca sedenta e os olhos turvos, o copo era divido entre boca, camisa e chão. No fim do gole, o desespero. Percebiam que precisavam de mais. Com a língua já enrolada eles pediam "mais um, por favor". A história contada acima se repete na vida de todos eles. Durante anos a fio, seus dias começaram e terminaram daquele jeito. A maioria já não se lembra do que aconteceu depois do desespero com o fundo do copo. Os que se recordam, relatam o desânimo que sentiram ao perceberem que haviam dormido na rua. No fim da reunião relatos contados; vidas tocadas e, aos poucos, mudadas. Depoimentos que ajudam e fortalecem. Terapia que "é melhor do que qualquer remédio", e que abre brechas para outro vício, "se eu parar de freqüentar essa reunião, eu volto pro botequim". Aos que conseguiram vencer a bebida por mais um dia, uma frase como forma de gratidão: "Obrigado, mais 24 horas". A reza; o sino; a voz: "A reunião está encerrada". Alcoolismo; uma doença que é progressiva, fatal e não tem cura. Tem como principal causa a irrefreável vontade de experimentar, acrescida da fantasia de que será uma única vez. Tudo isso meche com o íntimo da moléstia, e uma vez cutucada, ela aflora e dá origem à incontrolável paixão pelo álcool. Assim como todo e qualquer vício, este também não escolhe classe ou sexo para maltratar. Na maioria das vezes, exibise-se como denúncia de um problema na atmosfera familiar. Com sutileza invade e destrói famílias, amizades, emprego, confiança, felicidade e, sobretudo, a dignidade da pessoa. Talvez esta seja a maior fatalidade proporcionada pela doença, pois tudo o que é conquistado ao longo de uma vida, pode ser devastado com uma pequena sequência de porres. [1] Diariamente - Marisa Monte E AGORA? VOCÊ COMPANHEIRO (A) Antes de você colocar o seu nome em uma das chapas, leia com atenção e reflita. ENCARGOS EM A. A. Encargos em A.A. - Responsabilidades e Serviços Parece que infelizmente os "Encargos" e as "Eleições" em A.A. são, as vezes, objeto de interpretação errônea por parte de alguns companheiros. Os encargos têm sido encarados por alguns como fatores de prestigio e promoção às eleições como teste de popularidade nos grupos. Há companheiros que se candidatam a tudo e geralmente acontece uma das duas coisas: ou ele é eleito e se promove com isso e simplesmente não trabalha; ou então tremendamente ressentido ou deixa de freqüentar o grupo, por achar que sua recuperação não foi reconhecida. Em verdade, convém lembrar o que nos diz o livreto "O Grupo de A.A." a respeito: As funções que executam não podem ter títulos. "Mas os títulos em A.A. não representam autoridade ou honrarias, referem-se a serviços e responsabilidades". Quando começa a nossa recuperação em A.A. percebemos o valor da dádiva recebida, e compreendemos que é algo tão valioso que não podemos nos fechar egoisticamente dentro daquilo que recebemos. Procuramos então, através de serviços prestados a outras pessoas, com a responsabilidade e humildade colocar a disposição de outro tudo aquilo que nos foi dado. Quando os serviços em A..A. são encarados dentro deste espírito de doação e desprendimento, crescemos em nossa recuperação, e se esvazia orgulho e vaidade. O Trabalho em A.A. nos dá a consciência do muito que se tem ainda por fazer, não dando assim condição de nos sentirmos grandiosos pelas pequenas coisas que tenhamos feito individualmente. . Isso nos mantém realmente integrados no espírito de unidade de A.A. cada um de nós com a consciência de que nossa parte está sendo realmente feita, irmanado no propósito de compartilhar com outro aquilo que recebemos. Quando pelo contrário, serviços em A.A.. são usados como motivo de vaidade e orgulho próprio coloca em perigo nossa harmonia e só trazem prejuízos à Irmandade. Surge "Personalismo" que se colocam acima de nossos princípios, deixa-se de lado a tão "Difícil" humildade e luta-se por prestígio pessoal. O Grupo e o A.A. deixam de ser um todo harmonioso e passa a ser palco de conflito de "Personalidades" e os princípios relegados a segundo plano. São uma de nossas responsabilidades como membros de A.A. escolhermos como nossos servidores de confiança aqueles que realmente estejam dispostos e em condições de serviço ao A.A. e não se servir de A.A. Devemos ser criteriosos na escolha de companheiros que nos servirão, porque os resultados dessa escolha, bons ou maus, serão sentidos por todos nós. Cada grupo, ou A.A. no seu todo, tem os servidores que merece, e é de responsabilidade nossa tudo o que acontece em A.A. Cada um de nós deve zelar pela harmonia e a unidade de A.A., pois é acima de tudo, compartilhando de um bem estar comum que podemos usufruir nosso bem estar individual e então transmiti-lo a quem chega à irmandade. Diante do exposto acima, percebemos a necessidade dos grupos realizarem reuniões específicas para falar do serviço e servidores. Com isso dando oportunidade aos membros novos que estão chegando de conhecerem a Irmandade da qual fazem parte e assim, não ter que passar pelas mesmas dificuldades que nós outros passamos por falta de um apadrinhamento adequado. Muitos de nós entramos para o serviço em A.A., apenas com o desejo de ficar sem beber alguns dias, ainda não tínhamos decidido se íamos ficar ou não. Entretanto, entramos para o Comitê de Serviços do Grupo e começamos a prestar serviços de qualquer maneira, sem nenhuma consciência do que é A.A., tínhamos apenas o desejo de ficar sem beber. O Procedimento que tem sido adotado de se colocar qualquer pessoa, despreparada para prestar serviços e geralmente com a intenção de ajudá-la, tem trazido muitos problemas para o membro, para os grupos e para o A.A. como um todo. Portanto, gostaríamos de sugerir aos companheiros dos grupos, para incluir na programação do grupo, reunião de esclarecimentos sobre o Terceiro legado, usando os livros "O Grupo de AA... onde tudo começa" , o "Manual de Serviços" e "Guia de Capacitação". Acreditamos que com essa atitude vamos acabar com a dificuldade de formar os Comitês de serviços nos grupos e também nos Órgãos de Serviços. Fonte: Informativo "um amigo" Órgão de Serviço de A.A. (BH). MEDITAÇÃO MEDITAÇÃO PASSO 11 PROCURAMOS ATRAVÉS DA ORAÇÃO E MEDITAÇÃO MELHORAR NOSSO CONTATO CONSCIENTE (SOB A FORMA QUE O CONCEBEMOS), PEDINDO SOMENTE PELO CONHECIMENTO DA SUA VONTADE PERANTE NÓS E A CAPACIDADE DE REALIZÁ-LA. A sensação de estar mantendo os Passos deve ser boa. O Passo Onze pede-nos que melhoremos o nosso contato consciente com Deus, tal como o entendemos. Os Passos Dois e Três tornaram-nos conscientes de que os recursos humanos não eram suficientes, muito embora quando a maioria entrou em Alcoólicos Anônimos achou que essa ajuda humana seria suficiente. Eventualmente, fomo-nos conscientizando que a nossa adicção significava que precisávamos utilizar toda a ajuda possível. Agora, precisamos aprender melhor como comunicar com nosso Poder Superior. Como podemos receber a maior ajuda possível? Como podemos combinar a ajuda do Poder Superior com a ajuda humana? Iremos precisar das duas. Na época dos dias de ativa, essa comunicação era virtualmente impossível. Naqueles dias, a maioria de nós sentia-se indigna, envergonhada e excluída desse contato vital. Procurávamos ajuda, mas não oferecíamos nada de nós. Quando nos sentimos excluídos, não fazemos qualquer esforço para nos comunicar com nosso Poder Superior. Ao aproximarmo-nos do Passo Onze, dois pontos parecem importantes. Um deles é se este Passo é necessário; e o segundo é se este Passo ajuda a controlar o ego. Precisamos deste Passo? Falando com outros membros, será dito que precisas de toda ajuda que puderes obter. Também te será dito que alguns problemas, que podem ser a porção destinada à tua pessoa, não podem ser solucionados apenas pelos recursos humanos. A ajuda está disponível – então decide-te a fazer uso dela. Custe o que custar, faz o que for necessário fazer para evitar retornar ao álcool ou à personalidade do alcoólatra compulsivo. O segundo ponto a ser considerado é o ego. Aqueles que já estão no programa há algum tempo, veem como o ego é capaz de mudar. De uma extrema falta de valor, o ego pode expandir-se em segundos até a um tamanho muito grande e nada saudável. Quando o ego incha, a mente fecha-se a novas idéias. Principalmente àquelas que não são as nossas. Então o nosso Poder Superior torna-se desnecessário. "Podemos resolver tudo sozinhos". Está na hora de apagarmos essa maneira de pensar e substituí-la por outra que aceite um Poder Superior no comando e que, portanto, não "inchará" até o ponto de perdermos o controle. À medida que vais crescendo no Programa de Alcoólicos Anônimos, o ego vai ficando mais saudável, com a aprendizagem. O antigo ego, a fonte de muito stress, desconforto, muita impaciência e ansiedade, será substituído por um ego sereno e amante da paz. Um contato consciente parece começar com a oração diária. O que é uma oração? Para alguns, é uma conversa pessoal com o seu Poder Superior. Assim, cada um de nós pode orar como achar apropriado. Aceitando a tua fraqueza, procurarás a vontade do teu Poder Superior e a força para realizá-la. Procura pela vontade do teu Poder Superior, pois estás cego quanto ao plano maior. Diariamente, agradeça ao seu Poder Superior pela graça de mostrar-lhe a Sua vontade. No início, é difícil orar, e podes "fazer de conta" até saber como fazê-lo. Com o tempo, passarás a aceitar a prece com entusiasmo e conhecerás as recompensas que isso te trará. À medida que tentas lidar com os novos problemas que a vida oferece a cada dia, a oração aumenta a capacidade de lidar com eles. A meditação é a prece num estágio ainda mais profundo de desenvolvimento espiritual. Quando se reza a Oração da Serenidade, o esforço de concentração está na prece inteira. Se quisesses meditar concentrar-te-ias numa palavra ou num pequeno grupo de palavras. Serenidade, coragem ou sabedoria seriam um bom começo. Examinar as palavras assim torna a oração mais significativa e faz com que te tornes mais consciente do teu lugar na ordem humana. Isto é um simples início de meditação e ajudar-te-á a desenvolver esta prática significativa. O resultado final parece ser um reconhecimento mais completo de quem realmente és em relação a Deus e aos seres humanos. O teu sucesso agora é o sucesso Dele e os teus fracassos, aceita-os como teus, para procurar aprender com eles. Deus dar-te-á a força para realizar a Sua vontade, caso procures a Sua vontade e a Sua força. (Fonte: Um companheiro) MEDITAÇÃO "Na Opinião do Bill" LIVRES DA ESCURIDÃO A auto análise é o meio pelo qual trazemos uma nova visão, ação e graça para influir no lado escuro e negativo de nosso ser. Com ela vem o desenvolvimento daquele tipo de humildade, que nos permite receber a ajuda de Deus. No entanto, ela é apenas um passo. Vamos querer ir mais longe. Vamos querer que o bem que está dentro de todos nós, mesmo dentro dos piores, cresça e floresça. Mas, antes de tudo, vamos querer a luz do sol; pouco se pode crescer na escuridão. A meditação é nosso passo em direção ao sol. "Uma luz clara parece descer sobre nós – quando abrimos os olhos. Uma vez que nossa cegueira é causada por nossos próprios defeitos, precisamos primeiro conhecê-los a fundo. A meditação construtiva é o primeiro requisito para cada novo passo em nosso crescimento espiritual." ALICERCE PARA A VIDA Descobrimos que recebemos orientação para nossas vidas, à medida que paramos de fazer exigências a Deus, a fim de que Ele nos dê aquilo que queremos. Ao orar, simplesmente pedimos que durante o dia todo Deus nos dê o conhecimento de Sua vontade e nos conceda a graça, com a qual possamos realizá-la. Há uma relação direta entre o auto exame e a meditação e a oração. Usadas separadamente, essas práticas podem trazer muito alívio e benefício. Mas quando são relacionadas e entrelaçadas com lógica, resultam numa base sólida para a vida toda. ATMOSFERA DE GRAÇA Aqueles dentre nós que se acostumaram a fazer o uso regular da oração, não seriam mais capazes de passar sem ela, como não passariam sem ar, alimentos ou a luz do sol. E pela mesma razão. Quando ficamos sem ar, luz ou alimento, o corpo sofre. E quando nos afastamos da meditação e da oração, estamos privando nossas mentes e nossas intuições de um apoio vitalmente necessário. Da mesma forma que o corpo, a alma pode deixar de funcionar por falta de alimentação. Todos precisamos da luz da realidade de Deus, do alimento de Sua força, e da atmosfera de Sua graça. Os fatos da vida de A. A. confirmam de maneira surpreendente essa verdade eterna. APRENDER EM SILÊNCIO Em 1941, um membro de New York chamou nossa atenção para um recorte de jornal. Tratava-se de uma nota da seção de necrologia de um jornal local, onde apareciam as seguintes palavras: "Concedei-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras". Nunca tínhamos visto tanto de A. A. em tão poucas palavras. Com uma velocidade surpreendente a Oração da Serenidade chegou ao uso geral. Na meditação não há lugar para o debate. Descansamos tranquilamente com os pensamentos ou as orações de pessoas espiritualmente centradas e compreensivas, para que possamos sentir e aprender. Esse é o estado de espírito que com tanta frequência revela e aprofunda um contato consciente com Deus. A SENSAÇÃO DE FAZER PARTE Talvez uma das maiores recompensas da meditação e da oração seja a sensação de que passamos a fazer parte. Não mais vivemos num mundo completamente hostil. Não mais nos sentimos perdidos, amedrontados e inúteis. A partir do momento em que percebemos ainda que um vislumbre da vontade de Deus, e começamos a ver a verdade, a justiça e o amor como valores reais e eternos, não mais ficamos tão perturbados por todas as aparentes evidências do contrário, que nos rodeiam nos assuntos puramente humanos. Sabemos que Deus nos protege com amor. Sabemos que quando nos voltarmos para Ele, tudo estará bem conosco, aqui e depois. PERSISTÊNCIA NA ORAÇÃO Muitas vezes temos a tendência a desprezar a meditação e a oração sincera, como se fossem algo que não é realmente necessário. Sinceramente, sentimos que elas poderiam nos ajudar a enfrentar uma emergência, mas a princípio muitos de nós são capazes de considerá-las uma prática misteriosa dos clérigos, da qual podemos esperar obter um benefício de segunda mão. Em A. A. descobrimos que os reais bons resultados da oração são indiscutíveis. Eles são o fruto do conhecimento e da experiência. Todos os que persistiram, encontraram uma força que geralmente não tinham. Encontraram sabedoria superior à sua capacidade normal. E encontraram cada vez mais a paz de espírito que pode se manter firme, frente às mais difíceis circunstâncias. SEM LIMITES A meditação é algo que sempre se pode aperfeiçoar. Ela não tem limites, tanto em extensão como em profundidade. Ajudados pelos ensinamentos e exemplos que possamos encontrar, a meditação é essencialmente uma aventura individual, algo que cada um de nós realiza à sua maneira. Mas seu objetivo é sempre o mesmo; melhorar nosso contato consciente com Deus, com Sua graça, sabedoria e amor. E recordemo-nos sempre que a meditação é na realidade algo muito prático. Um de seus primeiros frutos é o equilíbrio emocional. Com ela podemos alargar e aprofundar o canal de ligação entre nós e Deus, como nós O concebemos. EXPERIMENTADORES Nós, agnósticos, gostávamos de A. A. e não hesitávamos em dizer que produzia milagres. Todavia, ante a meditação e a oração, sentíamos o mesmo retraimento do cientista que se recusava a realizar certa experiência por temor de ter de derrubar sua teoria predileta. Quando finalmente fizemos a experiência, e surgiram resultados inesperados, nos sentimos diferentes: na verdade enxergamos a diferença e assim aceitamos a meditação e a oração. E descobrimos que isso pode acontecer com qualquer pessoa que se disponha a tentar. Acertou quem disse que "os que zombam da oração são, quase sempre, os que não experimentaram o suficiente". A HORA DA DECISÃO Nem todas as grandes decisões podem ser tomadas simplesmente anotando os prós e os contras de uma determinada situação, por mais útil e necessário que seja esse processo. Não podemos sempre depender daquilo que nos parece lógico. Quando há dúvidas acerca de nossa lógica, contamos com Deus e procuramos ouvir a voz da intuição. Se, na meditação, essa voz é persistente o suficiente, podemos ter bastante confiança em agir de acordo com ela, e não de acordo com a lógica. Se, depois de tentar nos guiar por essas duas coisas, ainda estivermos em dúvida, então deveríamos esperar uma maior orientação e, quando possível, adiar por algum tempo as decisões importantes. Então, com maior conhecimento de nossa situação, a lógica e a intuição podem estar bem de acordo no caminho certo. Mas se a decisão deve ser tomada na hora, não vamos fugir dela por medo. Certa ou errada, sempre podemos tirar proveito da experiência. PENSAMENTOS MATINAIS Ao acordar, pensemos nas próximas vinte e quatro horas. Pedimos a Deus que dirija nossos pensamentos, especialmente que eles estejam isentos de auto piedade e dos motivos desonestos ou de interesseiros. Livres disso, podemos utilizar nossas faculdades mentais com segurança, pois Deus nos deu o cérebro para ser usado. Nossos pensamentos estarão num nível mais elevado quando começarmos a clareá-los, eliminando os falsos motivos. Se temos que decidir qual o caminho tomar, pedimos a Deus inspiração, um pensamento intuitivo ou uma decisão, e a seguir relaxamos. Depois de tentar este procedimento por algum tempo, muitas vezes nos surpreendemos ao ver como de repente as respostas certas aparecem. Geralmente concluímos nossa meditação com uma oração na qual pedimos que durante todo o dia nos seja indicado qual o próximo passo a ser dado. Pedimos especialmente para sermos libertados de vontade que possam nos causar danos. O PASSO QUE NOS MANTÉM CRESCENDO Algumas vezes, quando amigos nos dizem como estamos indo bem, sabemos em nosso íntimo que não é assim. Ainda não conseguimos lidar com a vida como ela é. Deve haver alguma falha séria em nossa prática e desenvolvimento espirituais. Que falha é esta, então? O mais provável mesmo é que localizemos nossa dificuldade em nossa falta de compreensão ou negligência, em relação ao Décimo Primeiro Passo de A. A. – prece, meditação e orientação de Deus. Os outros Passos podem manter a maioria de nós sóbrios e, de alguma forma, funcionando. Mas o Décimo Primeiro Passo pode nos manter crescendo, se tentarmos arduamente e trabalharmos sempre nele. A GRANDE REALIDADE Reconhecemos que sabemos pouco. Deus revelará cada vez mais, tanto a você como a nós. Pergunte-Lhe, em sua meditação matinal, o que você pode fazer a cada dia por quem ainda está doente. As respostas virão, se sua própria casa estiver em ordem. Porém, evidentemente, você não pode transmitir algo que não tem. Procure fazer com que sua relação com Ele seja boa e acontecerão grandes coisas para você e para muitos outros. Essa é nossa grande realidade. Ao recém-chegado: Entregue-se a Deus, como você O concebe. Admita suas faltas a Ele e a seus semelhantes. Desfaça-se da ruína de seu passado. Dê livremente aquilo que você receber e junta-se a nós. Estaremos com você na irmandade do espírito, e você certamente se encontrará com alguns de nós, quando trilhar o caminho do destino feliz. Que deus o abençoe e o proteja até lá. (Fonte – "Na Opinião do Bill" – paginas: 10-33-93-108-117-127-150-189-202-243264-331) MEDITAÇÃO PROCURAMOS ATRAVÉS DA PRECE E MEDITAÇÃO MELHORAR NOSSO CONTATO CONSCIENTE COM DEUS, NA FORMA EM QUE O CONCEBÍASMOS, ROGANDO APENAS O CONHECIMENTO DE SUA VONTADE EM RELAÇÃO À NÓS E FORÇAS PARA REALIZAR ESSA VONTADE. Os primeiros dez passos prepararam o terreno para melhorarmos o nosso contato consciente com DEUS da nossa compreensão. Eles nos dão a base para alcançarmos nossas metas positivas que, há muito buscamos. Entrando nesta fase do nosso programa espiritual, através da prática dos dez passos anteriores, a maioria de nós acolhe de bom grado, o exercício da prece e da meditação (oração). Nosso estado espiritual é o alicerce de uma recuperação bem sucedida, que oferece crescimento ilimitado. Muitos de nós começam realmente à apreciar a recuperação quando chegam ao Décimo Primeiro Passo. Neste Passo nossas vidas adquirem um significado mais profundo. Deixando de controlar ganhamos um poder muitíssimo maior através da rendição. A natureza da nossa crença irá determinar a maneira como oramos ou meditamos. Só precisamos da certeza de que temos um sistema de crença que funcione para nós. Os resultados contam na recuperação. Como já foi dito anteriormente, as nossas preces parecem funcionar, assim que entramos no programa de recuperação e nos rendemos à nossa doença. O contato consciente descrito neste passo é o resultado direto da vivência dos passos. Usamos este passo para melhorar e manter nosso estado espiritual. Quando viemos para Fazenda, ou grupo de auto ajuda, recebemos a ajuda de um PODER SUPERIOR. Isto se deu com a nossa rendição ao programa. O objetivo do Décimo Primeiro Passo é aumentar a nossa consciência desse PODER e melhorar a nossa capacidade de usá-lo como fonte de força em nossas vidas. Quanto mais aprimorarmos o nosso contato com nosso DEUS, através da prece e da meditação, mais fácil fica dizer: Seja feita a SUA vontade e não a minha. Podemos pedir a ajuda de DEUS quando precisamos, e nossas vidas melhoram. Nem sempre as experiências dos outros com a meditação e crenças religiosas individuais são adequadas para nós. O Programa dos Doze Passos é um programa espiritual. Quando chegamos ao Décimo Primeiro Passo, já identificamos e lidamos com os defeitos de caráter, que nos causavam problemas no passado, através do trabalho dos dez passos anteriores. A imagem do tipo de pessoa que gostaríamos de ser é apenas um vislumbre da palavra de DEUS para nós. Freqüentemente a nossa perspectiva é tão limitada que só conseguimos ver as nossas necessidades imediatas. É fácil recairmos nas nossas velhas maneiras. Temos que aprender à manter as nossas vidas numa sólida base espiritual, para assegurarmos a continuidade do nosso crescimento e da nossa recuperação. DEUS não vai nos impor a SUA bondade, mas podemos recebê-la, se a pedirmos. Geralmente, sentimos uma diferença na hora, mas, só mais tarde, notamos a diferença em nossas vidas. Quando, finalmente, tiramos nossos motivos egoístas do caminho, começamos à descobrir uma paz que nunca imaginávamos ser possível. A moralidade forçada não tem o poder que vem à nós, quando escolhemos uma vida espiritual. A maioria de nós reza, quando está com dor. Aprendemos que, se rezarmos com regularidade, não sentiremos dor com tanta freqüência ou com tanta intensidade. Fora dos grupo de auto ajuda, tais como Narcóticos Anônimos e até mesmo Alcoólicos Anônimos, existem incontáveis grupos diferentes que praticam a prece e meditação. Quase todos esses grupos estão ligados à uma determinada religião ou filosofia. O endosso de qualquer desses métodos seria uma violação à filosofia e à tradições de grupos anônimos. A meditação permite que nos desenvolvamos espiritualmente da nossa maneira. Algumas das coisas que não funcionavam para nós no passado, poderão funcionar hoje. Temos um novo olhar à cada dia, com a mente aberta. Sabemos que, se rogarmos a vontade de DEUS, receberemos o que for melhor para nós, independente do que pensamos. Este conhecimento é baseado na nossa crença e na nossa experiência como dependentes químicos em recuperação. Orar é comunicar nossas preocupações com um PODER SUPERIOR. Às vezes, quando rezamos, acontece uma coisa impressionante: encontramos os meios, as maneiras e energias para realizar tarefas que estão muito além das nossas capacidades. Alcançamos a força ilimitada, que nos proporcionam a oração diária e a rendição, enquanto mantivermos a fé e a renovarmos. Para alguns, oração é pedir ajuda de DEUS; meditação é escutar a resposta de DEUS. Aprendemos à ser cuidadosos ao rezar por coisas específicas. Rezamos para que DEUS nos mostre a SUA vontade, e para que nos ajude à realizá-la. Em alguns casos, a SUA vontade é tão óbvia que temos pouca dificuldade em vê-la. Em outros, estamos tão egocêntricos que só aceitaremos a vontade de DEUS, após muita luta e rendição. Se rogamos à DEUS que remova quaisquer influências que nos distraiam, a qualidade das nossas preces geralmente melhora e sentimos a diferença. A prece exige prática, e devemos nos lembrar que as pessoas habilidosas não nascem com suas habilidades. Foi preciso muito esforço da parte delas para desenvolvê-las. Através da prece, buscamos o contato consciente com nosso DEUS. Na meditação, alcançamos este contato, e o Décimo Primeiro Passo nos ajuda à mantê-lo. Podemos Ter sido expostos à muitas religiões e disciplinas meditativas, antes de chegarmos à Narcóticos Anônimos. Alguns de nós estavam aniquilados e totalmente confusos por causa destas praticas. Estávamos certos de que era vontade de DEUS que usássemos drogas e/ou álcool para alcançarmos uma consciência mais elevada. Muitos de nós se encontravam em estados muito estranhos como resultados destas práticas. Nunca suspeitamos que os efeitos prejudiciais da nossa dependência fossem a raiz da nossa dificuldade, e seguíamos até o fim qualquer caminho que oferecesse esperança. Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso. Alguns de nós chegaram ao programa quebrados e se agüentaram por um tempo, só para encontrarem DEUS ou a salvação em algum tipo de culto religioso. É fácil flutuarmos porta à fora numa nuvem de fervor religioso, e esquecermos que somos dependentes químicos com uma doença incurável. Diz-se que, para a meditação Ter algum valor, os resultados deverão ser sentidos nas nossas vidas cotidianas. Este fato está implícito no Décimo Primeiro Passo: SUA vontade em relação à nós e o poder de realizar esta vontade. Para aqueles de nós que não rezam, a meditação é a única maneira de realizar este passo. Rezamos porque nos traz paz e devolve a nossa confiança e coragem. Ajuda-nos à viver uma vida livre do medo e da desconfiança. Quando removemos os nossos motivos egoístas, e rogamos por orientação, descobrimos sentimentos de paz e serenidade. Começamos a vivenciar uma consciência e uma empatia com as outras pessoas, o que não era possível antes de trabalhar este passo. À medida que buscamos o nosso contato pessoal com DEUS, começamos à desabrochar como uma flor para o sol. Começamos à ver que o amor de DEUS esteve sempre presente, apenas esperando que nós o aceitássemos. Fazemos o trabalho de base e aceitamos o que nos tem sido dado livremente à cada dia. Descobrimos que ficamos mais à vontade com a ideia de confiar em DEUS. Quando chegamos pela primeira vez ao programa, costumamos pedir muitas coisas que parecem ser vontades e necessidades importantes. À medida que crescemos espiritualmente e encontramos um PODER SUPERIOR, começamos à perceber que, enquanto as nossas necessidades espirituais forem satisfeitas, os nossos problemas existenciais estão reduzidos à um nível confortável. Quando esquecemos onde reside a nossa verdadeira força, rapidamente ficamos sujeitos aos mesmos padrões de pensamento e ações que primeiro nos trouxeram para o programa. Acabamos redefinindo as nossas crenças e a nossa compreensão até enxergar que a nossa maior necessidade é o conhecimento da vontade de DEUS em relação à nós e a força para realizá-la. Conseguimos deixar de lado algumas das nossas preferências pessoais, pois aprendemos que a vontade de DEUS em relação à nós consiste nas coisas que mais valorizamos. A vontade de DEUS para nós torna-se a nossa própria verdadeira vontade. Isso acontece de uma maneira intuitiva, que não pode ser adequadamente explicada em palavras. Começamos à sentir vontade de deixar que os outros sejam quem são, sem precisarmos julgá-los. Perdemos a urgência de controlar as coisas. No princípio, não podíamos compreender a aceitação; hoje, podemos. Sabemos que DEUS nos deu tudo aquilo que precisamos para o nosso bem-estar espiritual, independente do que o dia nos trouxe. É certo admitirmos a nossa impotência, pois DEUS é suficientemente poderoso para ajudar à nos mantermos limpos e à desfrutarmos o progresso espiritual. DEUS está nos ajudando à arrumar a casa. Começamos a perceber mais claramente o que é real. Através do contato constante com o nosso PODER SUPERIOR, as respostas que buscamos vêm até nós. Ganhamos a capacidade de fazer o que não conseguimos. Respeitamos s crenças dos outros. Nós os encorajamos à procurar força e orientação de acordo com a sua crença. Somos gratos à este passo, pois começamos à ter o que é melhor para nós. Às vezes, rezávamos de acordo com as nossas vontades, e éramos encurralados por elas. Podíamos rezar e conseguir alguma coisa, e depois ter que rezar pela sua remoção, porque não éramos capazes de lidar com ela. Esperamos que, tendo aprendido o poder da oração e a responsabilidade que ela traz consigo, possamos usar o Décimo Primeiro Passo como uma diretriz do nosso programa diário. Começamos a rogar apenas a vontade de DEUS em relação à nós. Desta maneira alcançamos apenas aquilo com o que somos capazes de lidar. Somos capazes de corresponder e de lidar com isso, pois DEUS nos ajuda à nos prepararmos. Alguns de nós simplesmente usam a palavra para agradecer a graça de DEUS. Com uma atitude de rendição e humildade, retomamos este passo, repetidamente, para recebermos a dádiva do conhecimento e da força do DEUS da nossa compreensão. O Passo Dez limpa os erros do presente, para que possamos trabalhar o Passo Onze. Sem aquele passo, seria improvável que pudéssemos experimentar um despertar espiritual, praticar princípios espirituais nas nossas vidas, ou levar uma mensagem capaz de atrair outras pessoas para a recuperação. Existe um princípio espiritual de dar aquilo que nos foi dado dentro do grupo de auto ajuda e dentro da Fazenda do Senhor Jesus, para podermos mente-lo. Ao ajudarmos os outros à se manterem limpos, desfrutamos os benefícios da riqueza espiritual que encontramos. Temos que dar livremente e com gratidão o que nos foi dado livremente e com gratidão. (Fonte: Companheiro Anônimo) MEDITAÇÃO "Livro Azul" . O Décimo Primeiro Passo sugere a oração e a meditação. Nesta questão da oração não devemos ter vergonha. Pessoas bem melhores do que nós usam-na constantemente. É uma prática que resulta, se tivermos a atitude adequada e se trabalharmos por isso. Seria fácil ficarmos por generalidades neste aspecto, contudo achamos que podemos fazer determinadas sugestões precisas e valiosas. Quando nos deitamos à noite, revemos construtivamente o nosso dia. Tivemos ressentimentos, fomos egoístas, desonestos ou tivemos medo? Devemos uma desculpa a alguém? Guardamos alguma coisa só para nós que devíamos ter falado imediatamente com outra pessoa? Fomos amáveis e carinhosos com todos? O que podíamos ter feito melhor? Estivemos a pensar em nós mesmos todo o tempo? Ou estivemos a pensar no que poderíamos fazer pelos outros, no que poderíamos contribuir para o curso da vida? Temos de ter cuidado em não nos deixar arrastar pela preocupação, pelo remorso ou reflexão mórbida, porque isso reduziria a nossa utilidade para com os outros. Depois de termos revisto o nosso dia, pedimos perdão a Deus e que nos indique as medidas a tomar para nos corrigirmos. Ao despertar, pensamos nas vinte e quatro horas que temos à nossa frente. Pensamos nos nossos planos para o dia. Antes de começarmos, pedimos a Deus que oriente os nossos pensamentos e especialmente que sejam livres de motivos de auto piedade, desonestidade e interesse pessoal. Sendo assim, podemos empregar as nossas faculdades mentais com confiança, porque apesar de tudo, Deus deu-nos inteligência para a utilizarmos. O mundo dos nossos pensamentos ficará situado a um nível muito mais elevado, quando a nossa maneira de pensar estiver isenta de falsos motivos. Ao pensarmos no nosso dia, podemos confrontar-nos com a indecisão. Podemos não ser capazes de encontrar qual o caminho a seguir. Neste caso pedimos a Deus inspiração, um pensamento intuitivo ou uma decisão. Procuramos estar tranqüilos e levar as coisas com calma. Não lutamos. Sentimo-nos frequentemente surpreendidos ao ver como nos surgem as respostas certas depois de um certo tempo desta prática. O que costumava ser um palpite ou uma inspiração de momento torna-se gradualmente no processo habitual da nossa maneira de pensar. Inexperientes ainda, e tendo apenas começado o nosso contato consciente com Deus, não é provável que nos sintamos sempre inspirados. Pode sair-nos muito cara esta presunção e dar origem a todo o gênero de ideias e atitudes absurdas. No entanto percebemos que, com o tempo, a nossa maneira de pensar se situará cada vez mais ao nível da inspiração. Acabamos por confiar nisso. Concluímos geralmente o período de meditação com uma oração, para que nos seja indicado ao longo de todo o dia qual há de ser o passo seguinte, para que nos seja concedida a ajuda necessária para lidarmos com as dificuldades que se nos deparam. Pedimos especialmente que nos liberte da obstinação e temos cuidado em não pedir nada só para nós próprios. Pedimos, no entanto, para nós mesmos se isso ajudar os outros. Temos cuidado de nunca rezar com fins egoístas. Muitos de nós já perdemos demasiado tempo com isso e não resulta. Pode perceber-se facilmente porquê. Se as circunstâncias o permitirem, pedimos às nossas mulheres ou amigos que nos acompanhem na meditação da manhã. Se a religião que temos requer um culto especial de manhã, cumprimos este dever. Se não pertencemos a nenhuma forma de religião organizada, por vezes escolhemos e aprendemos de cor umas orações que expressem particularmente os nossos princípios. Existem muitos livros que nos podem ser úteis. Padres, pastores ou rabinos podem dar-nos sugestões neste sentido. Faça por ver onde é que as pessoas religiosas têm razão. Faça uso do que elas têm para oferecer. Ao longo do dia, quando nos sentimos agitados ou em dúvida, fazemos uma pausa e pedimos que nos seja concedida a ideia certa ou a maneira adequada de atuar. Lembramo-nos constantemente de que já não somos nós que dirigimos o espetáculo, dizendo humildemente para nós próprios várias vezes ao dia: "Façase a Tua vontade". Estamos assim muito menos expostos ao perigo da excitação, medo, raiva, preocupação, auto piedade ou decisões tontas. Tornamo-nos muito mais eficientes. Não nos cansamos com tanta facilidade porque não desperdiçamos energias disparatada mente como fazíamos quando tentávamos moldar a vida à nossa maneira. Resulta, realmente resulta! Nós, os alcoólicos, somos indisciplinados. Por isso deixamos que Deus nos discipline da maneira simples que descrevemos. Mas isto não é tudo. É preciso ação e mais ação. "A fé sem obras é morta". (Fonte: Livro Alcoólicos Anônimos – Capítulo 6 – Entrando em Ação) MEDITAÇÃO DÉCIMO PRIMEIRO PASSO "Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato crescente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade." A oração e a meditação são nossos meios principais de contato consciente com Deus. Nós AAs somos pessoas ativas, desfrutando a satisfação de lidar com as realidades da vida, geralmente pela primeira vez em nossas vidas, tentando denodadamente ajudar o primeiro alcoólico que aparecer. Portanto, não é de se estranhar que, com freqüência, façamos pouco caso da meditação e da oração séria como não sendo coisas de real necessidade. Sem dúvida, chegamos a considerá-las como algo que possa nos ajudar a enfrentar uma emergência, mas, a princípio, muitos dentre nós são capazes de entendê-las como expressão de um Dom misterioso dos religiosos, do qual poderemos esperar qualquer benefício de Segunda mão. É possível que não acreditemos em nada destas coisas. Para certos ingressantes e para aqueles antigos agnósticos que ainda se apegam ao grupo de A .A. como sua "força superior", as afirmações sobre o poder da oração, apesar de toda a lógica e a experiência que a comprovam, podem não convencer e até desagradar bastante. Aqueles entre nós que uma vez já se sentiram assim, certamente podem Ter por eles simpatia e compreensão. Recordamo-nos muito bem da revolta que se levantava em nosso íntimo contra a ideia de genuflexão perante qualquer Deus. Outros, usando lógica convincente, "provavam" a não existência de Deus. E os acidentes, a doença, a crueldade e a injustiça do mundo? E todas essas criaturas infelizes, resultados diretos da pobreza e de um conjunto de circunstâncias incontroláveis? À vista desses fatos, não poderia haver justiça e, consequentemente, qualquer Deus. Às vezes, argumentávamos de outra maneira. Está certo, nos dizíamos, a galinha provavelmente veio antes do ovo. Sem dúvida o universo teve algum tipo de "origem primeira"; o Deus do átomo, quem sabe, se transformando sucessivamente em frio e calor. Mas certamente não havia indicação alguma da existência de um Deus que conhecia e se interessava pelos homens. Gostávamos de A. A. e não hesitávamos em dizer que operava milagres. Todavia, ante a meditação e a oração, sentíamos o mesmo retraimento do cientista que se recusava a realizar certa experiência por temor de Ter que derrubar sua teoria predileta. É claro que no fim resolvemos experimentar e, quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que "os chateadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente." Aqueles de nós que estão se utilizando regularmente da oração seriam tão incapazes de dispensá-la como ao ar, , ao alimento ou à luz do sol, tudo pela mesma razão. Quando recusamos ar, luz ou alimento, o corpo sofre. Se viramos as costas à meditação e à oração, também estamos negando às nossas mentes, emoções e intuições, um apoio imprescindível. Da mesma forma que o corpo, a alma pode deixar de funcionar por falta de alimentação. Todos necessitamos da luz da presença de Deus, do alimento de Sua força e da atmosfera de Sua graça. Os fatos da vida de A. .A. confirmam a uma extensão maravilhosa esta verdade eterna. A prática do auto exame, da meditação e da oração estão diretamente interligadas. Usadas separadamente, elas podem trazer muito alívio e benefício, mas quando são relacionadas e interligadas logicamente, resultam em uma base inabalável para toda a vida. De vez em quando podemos gozar de um vislumbre dessa realidade suprema que é o reino de Deus. E estaremos reconfortados e assegurados de que nosso próprio destino nesse reino estará garantido enquanto tentarmos, mesmo que vacilantes, encontrar e realizar a vontade de nosso próprio Criador. Como nos foi dado perceber, é pelo exame de nossos próprios pensamentos e sentimentos que conseguimos que uma nova visão, ação e a graça venham a influir no lado escuro e negativo de nosso ser. É um passo para o desenvolvimento daquele tipo de humildade que nos permite receber a ajuda de Deus. No entanto, é apenas um passo e devemos querer ir mais longe. Vamos querer que o bem que está em todos nós, mesmo dos piores, cresça e floresça. Na certa, precisaremos do ar revigorante e de abundante alimentação. Mas, antes de mais nada, desejaremos a luz solar: pouco pode crescer na escuridão. A meditação é um passo em direção ao Sol. De que forma, então, meditaremos? A experiência existente a respeito da oração e da meditação através dos séculos, é por certo imensa. As bibliotecas e as igrejas do mundo são um tesouro à disposição de todos que o procuram. É de se esperar que todo A. A. filiado a uma religião que dê ênfase à meditação, retorne a essa prática com maior devoção do que nunca. Porém, que dizer aos menos afortunados entre nós, que nem sabem por onde começar? Bem, poderíamos começar desta maneira. Primeiro procuremos uma oração que seja boa de fato. Não será necessário procurar muito. Grandes homens e mulheres de todas as religiões nos deixaram uma coleção maravilhosa. Iniciemos com uma que é clássica. Seu autor foi um homem que é considerado um santo, há algumas centenas de anos. Não nos impressionaremos ou nos assustaremos com esse fato, pois, embora ele não tivesse sido alcoólico, passou, como nós, pelo crivo de todas as emoções. E quando ele surgiu do outro lado dessa dolorosa experiência chegando à outra margem da vida, na oração abaixo expressou o que viu, sentiu e desejou ser: "Ó Senhor! Fazei de mim um instrumento da Tua Paz; Onde há ódio, fazei que eu leve o Amor; Onde há ofensa, que eu leve o Perdão; Onde há discórdia, que eu leve a União; Onde há dúvidas, que eu leve a Fé! Onde há erros, que eu leve a Verdade; Onde há desespero, que eu leve a Esperança; Onde há tristeza, que eu leve a Alegria; Onde há trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre! Fazei que eu procure menos Ser consolado, do que consolar; Ser compreendido, do que compreender; Ser amado, do que amar... Porquanto: É dando que se recebe, é perdoando, que se é perdoado; E é morrendo que se vive para a Vida Eterna. Amém." Como principiantes, poderíamos aprender a meditar, relendo esta oração várias vezes e bem devagar, para saborear cada palavra e procurar absorver o sentido profundo de todas as frases e ideias. Seria de grande ajuda se pudéssemos abandonar toda a resistência às palavras desse nosso amigo. Pois na meditação não há lugar para o debate. Descansemos sossegada mente com os pensamentos de quem entende do assunto, para que possamos experimentar e aprender. Como se estivéssemos deitados numa praia ensolarada, relaxemos e respiremos profundamente a atmosfera espiritual com a qual a graça desta oração teve o Dom de nos envolver. Que nos tornemos dispostos a tomar parte, fortalecer-nos e elevar-nos pelo poder, beleza e amor espirituais absolutos, transmitidos por essas magníficas palavras. Então, olhemos para o mar e meditemos sobre os mistérios que ele esconde e deixemos que o nosso olhar se perca no horizonte distante, além do qual iremos procurar todas as maravilhas ainda desconhecidas para nós. "Ora!" – diz alguém – "Isto é bobagem, não é prático." Quando tais pensamentos surgem, é bom lembrar, mesmo com certa dose de tristeza, quanto valor dávamos, em outro tempo, à imaginação que tentava criar a realidade de dentro das garrafas. Não é verdade que nos deleitávamos com esse modo de pensar? E, hoje, embora sóbrios, não continuamos tentando, às vezes, fazer coisa semelhante? Talvez nosso problema não residisse no fato de usarmos a imaginação. Quem sabe, o verdadeiro problema fosse nossa quase total incapacidade para dirigir a imaginação no rumo dos objetivos certos. Nada há de mal na imaginação construtiva; todo o empreendimento bem fundado depende dela. Afinal de contas, ninguém pode construir uma casa sem antes arquitetar um plano. Bem, a meditação também é assim; ela nos ajuda a Ter uma noção de nosso objetivo espiritual antes que tentemos nos encaminhar em sua direção. Isto posto, voltemos àquela praia ensolarada, ou talvez, à planície ou às montanhas. Quando, por métodos simples como esse, tivermos entrado num estado de espírito que nos permita a concentração na imaginação construtiva, sem interrupção, poderemos proceder assim: relemos a nossa oração, tentamos novamente compreendê-la na profundidade de sua essência e pensamos no homem que foi o primeiro a proferi-la. Primeiro, ele quis tornar-se um "instrumento de paz". Então ele pediu a graça de levar amor, perdão, harmonia, verdade, fé, esperança, luz e alegria a todos quantos pudesse. Depois veio a expressão de uma aspiração e de uma esperança para ele próprio. Ele esperava que se Deus quisesse, lhe fosse permitido ser capaz de encontrar alguns desses tesouros também. Isso ele tentaria realizar através do que chamou dar de si mesmo. O que ele quis dizer com "é dando que se recebe" e como se propôs a consegui-lo? Ele achava melhor consolar e não ser consolado; compreender e não ser compreendido; perdoar e não ser perdoado. Tudo isso poderia ser parte do que designamos por meditação, talvez nossa primeira tentativa em alcançar um estado espiritual ou, então, fazer uma viagem ao reino do espírito. Deveríamos, assim, comparar o ponto em que agora estamos com aquele em que poderíamos estar se pudéssemos nos aproximar do ideal que apenas vislumbramos. A meditação é algo que pode sempre ser desenvolvido. Ela não tem limites, tanto na extensão como na altura. Embora possamos ser auxiliados por qualquer instrução ou exemplo que encontrarmos, ela é essencialmente uma aventura individual que cada um de nós realiza à sua maneira. Porém, seu objetivo é sempre o mesmo: melhorar nosso contato consciente com Deus, com Sua graça, sabedoria e amor. Lembremo-nos sempre, que a meditação é na realidade sumamente prática. Um de seus primeiros frutos é o equilíbrio emocional. Com ela podemos alargar e aprofundar o canal de ligação entre nós e Deus, na forma em que o entendemos. E a oração? A oração é a elevação do coração e da mente para Deus e, neste sentido, abrange a meditação. Mas, como se deve orar? E como se relaciona a oração com a meditação? O estilo comum de oração é uma petição a Deus. Havendo aberto o nosso canal de comunicação da melhor forma possível, procuramos pedir determinadas coisas de que nós, ou outros, temos premente necessidade. Acreditamos que em certa parte do Décimo Primeiro Passo está bem definida a extensão completa de nossas necessidades quando diz: "... o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizá-la..." Um pedido como este pode ser feito a qualquer hora do dia. Cedo, de manhã, pensamos nas horas que virão. Talvez venhamos pensar no trabalho daquele dia, nas oportunidades de sermos úteis e prestativos ou em algum problema especial que possa aparecer. Possivelmente, hoje ainda perdurará uma séria questão não resolvida desde ontem. Teremos a tentação imediata de pedir soluções específicas para casos específicos e ajuda para outras pessoas, da forma que nós julgamos devam ser ajudadas. Nesse caso, estamos pedindo a Deus que faça à nossa maneira. Portanto, devemos ter o cuidado de aquilatar o mérito real de cada pedido antes de fazê-lo. Mesmo assim, sempre que tivéssemos de fazer determinados pedidos, faríamos bem em acrescentar esta ressalva: "Se for de Sua vontade." Simplesmente pedimos que durante todo o dia, Deus nos dê a melhor compreensão de Sua vontade e, através da graça, nos seja concedida força suficiente para cumpri-la. No decorrer do dia, quando tivermos de enfrentar situações delicadas e tomar decisões, podemos parar um momento e renovar o mais simples de todos os pedidos: "Seja feita a Sua vontade, não a minha." Nos momentos de fortes perturbações emocionais, manteremos nosso equilíbrio se nos lembrarmos de uma oração qualquer ou frase que, particularmente, nos tenha agradado durante a leitura ou meditação. Dizendo esta frase ou oração por algumas vezes, podemos, em geral restabelecer uma ligação interrompida pelo rancor, pelo medo, pela frustração ou pelo desentendimento, e poderemos voltar à mais segura de todas as ajudas: a procura da vontade de Deus, não a nossa, no momento de tensão. Assim, nestes momentos críticos, se nos lembrarmos de que "é melhor consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado", estaremos seguindo a intenção do Décimo Primeiro Passo. É razoável e compreensível que se faça repetidamente a pergunta: "Por que não podemos submeter diretamente a Deus um dilema específico e perturbador e, através da oração, receber dEle respostas certas e definidas a nossos pedidos?" Isso pode ser feito, mas apresenta graves riscos. Temos visto AAs pedirem, com muita sinceridade e fé, orientação explícita de Deus sobre assuntos que variam desde desastrosas crises domésticas ou financeiras, até a correção de pequenas falhas, como a impontualidade. Porém, é freqüente o fato de que os pensamentos que afloram à mente e parecem vir de Deus não são respostas adequadas. Provam ser, isto sim, bem intencionadas racionalizações inconscientes. É um indivíduo muito desconcertante o AA, ou qualquer homem, que tenta implantar rigorosamente em sua vida este modo de rezar, com esta necessidade egoística de respostas divinas. A qualquer pergunta ou crítica a suas ações, ele vem logo com sua inabalável confiança na oração como guia para todos seus feitos, grandes ou pequenos. Pode Ter esquecido a possibilidade de que seus desejos e a tendência humana de auto justificar, tenham distorcido sua decantada orientação. Com a melhor das intenções, ele tende a impor sua própria vontade em qualquer situação ou problema, confortavelmente seguro de que está agindo diretamente dirigido por Deus. Iludido desta maneira, é claro que pode sem querer causar grandes estragos. Há uma outra tentação semelhante, na qual caímos quando formulamos ideias sobre o que achamos ser a vontade de Deus para com outras pessoas. Dizemos a nós mesmos: "Este deve ser curado desta doença fatal..." ou "Aquele deve ser tirado desta crise emocional..." e rezamos por estas coisas bem caracterizadas. Tais orações, é natural, representam, no fundo, atos de bondade, mas geralmente se baseiam na suposição de que conhecemos a vontade de Deus a respeito da pessoa que tentamos ajudar. Isto significa que, a par de uma oração sincera, pode existir dentro de nós uma boa dose de presunção e vaidade. Evidencia-se a experiência de A. A. especialmente nesses casos, quando sugere que deveríamos orar para que se faça a vontade de Deus, seja qual for, tanto para nós como para os outros. Em A. A. descobrimos que bons e reais resultados da oração são indiscutíveis. Eles são casos de conhecimento e experiência. Todos os que persistiram, encontraram uma reserva de forças além de suas próprias. Ostentaram sabedoria muito superior à sua capacidade normal e desenvolveram cada vez mais a paz de espírito inquebrantável, mesmo nas mais difíceis circunstâncias. Descobrimos que de fato recebemos orientação para nossas vidas em proporção à medida em que paramos de exigir de Deus que nos dê o que queremos e como queremos. Raro é o A. A. experiente que não possa contar como seus assuntos melhoraram incrível e inesperadamente, na medida em que procurou estreitar seu contato consciente com Deus. Quase sempre ele poderá contar que nas épocas de sofrimento e dor, quando a mão de Deus parecia ser pesada e até injusta, foram aprendidas novas lições sobre a vida, descobertas novas fontes de coragem e que, finalmente e de forma iniludível, chegou a convicção de que Deus, efetivamente, "age de maneira misteriosa na realização de Suas maravilhas". Esses acontecimentos devem constituir notícia animadora para aqueles que recuam da oração por falta de fé, ou por se sentirem não contemplados pela ajuda ou orientação de Deus. Todos nós, sem exceção, já passamos por períodos em que só rezamos depois de impelidos pela maior força de vontade possível. Às vezes, chegamos a ir mais longe ainda, quando somos acometidos por uma rebelião tão mórbida que simplesmente não rezamos. Quando estas coisas acontecem, não devemos ser demasiadamente rigorosos conosco. Devemos apenas voltar à prática da oração tão logo pudermos, fazendo o que sabemos ser bom para nós. Talvez, uma das maiores recompensas que conseguimos obter com a meditação e a oração seja a íntima convicção de que passamos a fazer parte. Não mais vivemos num mundo inteiramente hostil. Já não nos sentimos abandonados, amedrontados e sem objetivo na vida. A partir do momento em que percebemos, mesmo que seja um pequeno vislumbre da vontade de Deus, e começamos a ver a verdade, a justiça e o amor como os valores reais e eternos na vida, não mais ficaremos profundamente abalados com a aparente evidência do contrário que nos rodeia em assuntos apenas humanos. Sabemos que o amor de Deus vela sobre nós. Sabemos que quando nos voltarmos para Ele, tudo estará bem conosco, aqui e no que vier após. (Fonte: Livro – Os Doze Passos e as Dozes Tradições) MEDITAÇÃO "A Linguagem do Coração" o 11o Passo do livro "A Linguagem do Coração" na pag.282,onde em artigo escrito para revista The Grapevine,em Junho de 1958,BILL W.,humildemente admite após reler o capítulo que tratava sobre o Décimo Primeiro Passo,no livro Doze Passos e Doze Tradições, o qual havia sido escrito por ele, há quase cinco anos ,e neste exato momento fica "assombrado" ao perceber o pouco tempo que dedicou em relação a seguir seu próprio conselho elementar referente à meditação, a oração e a orientação – coisas que ele próprio, com tanto entusiasmo havia recomendado a todo mundo fazer "Dar o Décimo Primeiro Passo" (A Grapevine – Por Bill W. – junho de 1958) Com relação à prática do Décimo Primeiro Passo de A. A. – "Procuramos através da prece e meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, como nós O Concebemos, pedindo-lhe somente que nos deixe conhecer sua vontade para conosco e nos dê forças para cumpri-la" – não tenho dúvida que sou um mero principiante; considero- me quase um caso de desenvolvimento retardado. Vejo ao meu redor muitas pessoas que se relacionam com Deus muito melhor que eu. Não se pode dizer que eu não tenha feito nenhum progresso no decorrer dos anos; simplesmente confesso que não fiz o progresso que poderia ter feito, dadas às oportunidades que tive e ainda tenho. Estou a ponto de celebrar meu vigésimo quarto aniversário de A. A.; durante todo esse tempo não tomei nem um gole. De fato apenas me senti tentado a fazê-lo. Isso me serve de evidência de que dei o Primeiro Passo e de que, nunca o esqueci: "Admitimos que éramos impotente perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas". O Primeiro Passo me pareceu fácil. Então nesses primeiros tempos, tive a sorte de experimentar um tremendo despertar espiritual e, de repente, tive "consciência da presença de Deus", e "me foi devolvida a sanidade" – pelos menos no que se refere ao álcool. Portanto não tive dificuldades com o Segundo Passo, porque, em meu caso, seu conteúdo era um puro presente. O Quarto e o Quinto Passo, que tem a ver com o nosso inventário e a confissão dos nossos defeitos, também não me pareceram muito difíceis. Naturalmente, meu inventário foi freqüentemente imperfeito. Às vezes não compartilhei meus defeitos com as pessoas apropriadas; em algumas ocasiões, confessei seus defeitos, no lugar dos meus; e em outras, minha confissão de defeitos pareceu-me mais com queixa clamorosa de minhas circunstâncias e problemas. Não obstante, creio que, no geral, ao buscar e admitir meus defeitos pessoais, pude fazer um trabalho minucioso e completo. Que eu saiba, não há neste momento nenhum defeito ou problema atual meu que não tenha discutido com meus conselheiros íntimos. Mas havê-los exposto amplamente não é motivo para cumprimentar a mim mesmo. Faz muito tempo tive a sorte de ver que tinha que continuar fazendo minha auto análise; se não, teria enlouquecido completamente. Ainda que motivado pela pura necessidade, o me descobrir continuamente – frente a mim mesmo e frente outras pessoas – era uma coisa difícil de engolir. Porém, anos de repetição tornaram essa tarefa muito fácil. O Nono Passo, fazer reparação pelos danos causados, chegou a se incluir na mesma categoria. No Décimo Segundo Passo – levar a mensagem de A. A. aos outros – só encontrei grandes alegrias. Nós os bêbados somos gente de ação e eu não sou uma exceção. Quando a ação nos dá recompensas, como o faz em A. A., não é de se estranhar que o Décimo Segundo Passo seja o mais popular e, para maioria de nós o mais fácil de todos. Este breve resumo de meu próprio progresso nesta caminhada dá para ilustrar um elemento de altíssima importância que ainda me falta, e que talvez a muitos outros membros. Por falta de atenção disciplinada e, às vezes, por falta do tipo apropriado de fé, muitos de nós ficamos ano após ano no cômodo jardim de infância espiritual que acabo de descrever. Mas inevitavelmente acabamos nos sentindo insatisfeitos, temos que reconhecer que chegamos a uma espécie de atoleiro incômodo e talvez muito angustiante. Fazer o trabalho do Décimo Segundo Passo, falar nas reuniões, contar nossas histórias de bebedores, confessar nossos defeitos e observar o progresso que tenhamos feito a respeito, já não oferece uma vida plena e liberada. Freqüentemente uma calamidade inesperada ou um grande transtorno emocional nos revela nossa falta de desenvolvimento. Talvez ganhássemos na loteria, nos surpreenderíamos que não resolve quase nada; que, apesar de tudo, ainda continuamos aborrecidos e angustiados. Como normalmente não nos embebedamos nessas ocasiões, nossos amigos otimistas nos dizem que nos encontramos muito bem. Mas no nosso íntimo, sabemos que não é assim. Sabemos que não nos encontramos suficientemente bem. Ainda não podemos enfrentar a vida, tal como ela é. Deve haver um grave defeito em nossa prática e em nosso desenvolvimento espiritual. Então, no que consiste? É bem possível que a causa de nosso problema se encontre em nossa falta de compreensão e em nossa falta de praticar o Décimo Primeiro Passo de A. A. – a oração, a meditação e a orientação em Deus. Os demais Passos tornam possíveis para a maioria manter-nos sóbrios e funcionar. Mas o Décimo Primeiro Passo nos permite continuar desenvolvendonos se nos dedicarmos diligentes e constantemente a praticá-lo. Se nos dedicar ao Décimo Primeiro Passo tão somente cinco por cento do tempo que costumamos dedicar (e com razão) ao Décimo Segundo Passo, os resultados podem ter conseqüências transcendentais. Esta é a experiência de todos aqueles que se dedicam constantemente à prática do Décimo Primeiro Passo. Neste artigo gostaria de falar mais detalhadamente sobre o Décimo Primeiro Passo – para benefício do totalmente incrédulo, o desventurado que acredita não ter em absoluto nenhum mérito. Creio que em muitos casos a pessoa encontra seu primeiro obstáculo na frase "Deus na forma em que concebemos". É provável que o incrédulo diga: "Em primeiro lugar, ninguém pode formar um conceito adequado de Deus. Estou meio convencido de que exista uma Causa Primária, um algo, e talvez alguém. Mas não posso ir, além disso. Creio que a pessoa que diz sim, engana-se a si mesma. Inclusive se existisse alguém, por que teria que ocupar-se de mim, se, para manter em andamento o universo, já tem bastante o que fazer? E quanto àqueles que pretendem que Deus lhes diga onde encontrar petróleo ou quando escovar os dentes – ora, simplesmente me cansam". Claramente. Nosso amigo é alguém que acredita em algum tipo de Deus – "Deus como ele O concebe". Mas não lhe parece possível formar um conceito mais claro ou uma melhor impressão de Deus. FÉ BILL ESCREVE SOBRE A FÉ DEUS NA FORMA EM QUE O CONCEBEMOS "O Melhor de Bill" A frase "Deus na forma em que O concebemos" é talvez a expressão mais importante que pode ser encontrada em todo o vocabulário de A. A. No âmbito dessas sete palavras significativas, podem ser incluídos todos os tipos e todas as intensidades da Fé, juntamente com a garantia positiva de que cada um de nós pode escolher sua própria Fé. Dificilmente menos valiosas para nós são aquelas expressões complementares – "um Poder Superior" e "um Poder Superior a nós mesmos". Para todos aqueles que negam ou duvidam seriamente da existência de uma divindade, essas expressões levam a uma porta aberta para além da qual o incrédulo pode dar seu primeiro passo rumo a uma realidade até agora desconhecida para ele – o domínio da Fé. Esses avanços constituem acontecimentos diários em A. A. Os eventos são ainda mais notáveis quando refletimos sobre o fato de que uma Fé funcional parecia anteriormente ser uma impossibilidade de primeira ordem, para talvez a metade da atual Irmandade de mais de 350.000 membros. Tornou-se uma grande revelação para todos esses incrédulos que, assim que conseguiram depositar sua principal confiança em um poder superior – mesmo que esse poder fosse seu próprio Grupo de A. A. – eles haviam vencido aquele obstáculo que sempre mantivera a ampla estrada afastada da sua visão. Desse momento em diante – admitindo-se que eles tenham se empenhado com afinco em praticar o restante do programa de A. A., com a mente aberta e descontraída – havia surgido, às vezes inesperada e com frequência misteriosa, uma Fé ainda mais profunda e ampla. Lamentamos muito que esses fatos da vida em A. A. não sejam compreendidos pela legião de alcoólicos do mundo que nos rodeia. Um número razoável desses alcoólicos continua atormentado pela triste convicção de que, se algum dia aproximar-se de A. A., será pressionado no sentido de obedecer a alguma determinada espécie de fé ou teologia. Essas pessoas simplesmente não perceberam que a Fé nunca foi uma exigência para filiação em A. A., que a sobriedade pode ser conseguida com um mínimo de Fé facilmente aceitável e que nosso conceito de um poder superior e de Deus, na forma em que O concebemos, permite a todos uma escolha quase ilimitada no que diz respeito à crença e à ação espirituais. A maneira de transmitir essa boa nova é um dos nossos problemas de comunicação mais desafiadores, para o qual pode ser que não exista nenhuma resposta rápida ou abrangente. Nossos serviços de informação ao público talvez pudessem começar a enfatizar mais intensamente esse aspecto da máxima importância de A. A. E poderíamos muito bem desenvolver , entre nossos próprios membros, uma conscientização mais compassiva em relação à penosa situação desses sofredores realmente isolados e desesperados. Ao socorrê-los, não podemos os contentar com nada menos do que a melhor atitude possível e as ações mais engenhosas que possamos empreender. Podemos também reexaminar o problema da "falta de fé", tal como ele existe bem à nossa porta. Embora mais de 350.000 membros tenham se recuperado durante os últimos trinta anos, mais de meio milhão, talvez, tenha chegado até nós e depois se afastado. Alguns desses membros estavam, sem dúvida nenhuma, doentes demais até mesmo para começar. Outros não conseguiram ou não quiseram admitir seu alcoolismo. Outros ainda não puderam encarar seus defeitos de caráter subjacentes. E muitos deles se afastaram por outras razões. Mesmo assim, não podemos nos contentar com a ideia de que todos esses fracassos de recuperação tenham ocorrido inteiramente por falta dos próprios recém-chegados. Muitos deles talvez não tenham recebido o tipo e a intensidade de apadrinhamento dos quais tanto necessitavam. Não nos comunicamos com eles quando podíamos tê-lo feito. Assim, nós, os Aas, falhamos com eles. Pode ser que, mais frequentemente do que pensamos, ainda não façamos nenhum contato em profundidade com aqueles que sofrem do dilema da falta de Fé. Nenhum de nós é certamente mais sensível ao orgulhos e à agressividade espirituais do que eles. Tenho certeza de que isso é algo que esquecemos frequentemente. Nos primeiros anos de A. A., eu quase arruinei todo o empreendimento com esse tipo de arrogância inconsciente. Deus como eu O concebia tinha que ser para todos. Minha agressividade era às vezes patente. Mas ela era de qualquer forma prejudicial – talvez fatalmente – para os inúmeros incrédulos. É claro que esse tipo de coisa não fica restrito ao trabalho do Décimo Segundo Passo. É algo muito propenso a contaminar nosso relacionamento com todo mundo. Mesmo hoje em dia, eu me flagro entoando o mesmo velho refrão gerador de barreiras, "Faça como eu faço, acredite como eu acredito – ou você vai se dar mal!" Segue-se um exemplo recente do custo elevado do orgulho espiritual. Um candidato muito cabeça-dura foi levado à sua primeira reunião de A. A. O primeiro depoente pontificou sobre sua forma de beber. O candidato parecia impressionado. Os dois depoente seguintes (talvez palestristas) concentraram-se sobre "Deus na forma em que eu O concebo". Isso também poderia ter sido bom, mas certamente não foi. O problema foi a atitude dos depoentes, a forma pela qual apresentaram suas experiências. Eles transpiravam arrogância. O último depoente foi na realidade longe demais sobre algumas das suas convicções teológicas pessoais. Os dois estavam repetindo com perfeita fidelidade o meu desempenho de anos atrás. Muito velada mas no entanto implícita em tudo que eles disseram, haviam a mesma ideia – "Pessoal, preste atenção ao que eu digo. Nós possuímos a única mensagem verdadeira de A. A. – e é melhor que vocês a aceitam!" O novo candidato disse que bastava para ele – e bastava mesmo. Seu padrinho em perspectiva protestou contra aquilo não era realmente A. A. mas já era tarde demais; ninguém poderia mais convencer o candidato após tal episódio. Ele tinha além disso um álibi de primeira classe para outra bebedeira. A última vez que ouvimos falar dele, parecia ser provável um encontro prematuro com o agente funerário. Felizmente, essa agressão vinda dos companheiros, em nome da espiritualidade, não é observada com frequência hoje em dia. No entanto, esse triste e raro episódio pode ser convertido em aprendizado. Podemos nos perguntar-se, de maneira menos óbvias mas não obstante destrutivas, não estaremos mais sujeitos a ataques de orgulho espiritual do que havíamos imaginado. Se isso for constantemente trabalhado, tenho certeza de que nenhum tipo de auto questionamento poderia ser mais benéfico. Nada poderia incrementar com mais segurança nossas comunicações interpessoais e com Deus. Um assim-chamado incrédulo fez-me ver isso muito claramente, há alguns anos atrás. Tratava-se de um médico e de um bom médico. Conheci-o e à sua mulher Mary, na casa de um amigo em uma cidade do meio oeste. A ocasião era puramente social. A nossa Irmandade de alcoólicos era o meu único assunto e eu monopolizei em grande parte a conversa. Não obstante, o médico e sua mulher pareciam verdadeiramente interessados, fazendo-me ele muitas perguntas. Mas uma delas me fez suspeitar de que ele fosse um agnóstico ou talvez um ateu. Isso me pôs em ação imediatamente e me decidi a convertê-lo, ali naquele momento. Extremamente sério, eu na realidade me vangloriei da minha espetacular experiência espiritual no ano anterior. O médico perguntou-me gentilmente se essa experiência não poderia ter sido alguma coisa diferente daquilo que eu pensava. Isso me atingiu profundamente e eu fui abertamente indelicado. Não houvera nenhuma provocação real; o médico mantivera-se cortês, bem-humorado e até mesmo respeitoso durante todo o tempo. Sem nenhuma ansiedade, disse que frequentemente desejara ter ele também uma fé sólida. Mas era muito claro que eu não o havia convencido de nada. Três anos depois visitei novamente o meu amigo do meio oeste. Mary, a esposa do médico, apareceu também para uma rápida visita e eu soube que o médico havia morrido na semana anterior. Muita abalada, ela começou a falar do marido. Ele era de uma distinta família de Boston e havia estudado em Harvard. Estudante brilhante, poderia ter obtido fama na sua profissão. Poderia ter desfrutado de uma clínica rica e de uma vida social entre seus velhos amigo. Ao invés disso, ele insistira em ser um médico de empresa em uma cidade industrial dilacerada por conflitos. Quando Mary lhe perguntava ocasionalmente por que não voltavam para Boston, ele segurava a mão dela e dizia: "Talvez você esteja certa, mas não consigo me convencer a sair daqui. Acho que as pessoas da empresa realmente precisam de mim". Mary recordou então que nunca ouvira seu marido reclamar seriamente acerca de nada ou criticar com amargura quem quer que fosse. Embora parecesse perfeitamente saudável, ele havia esmorecido nos últimos cinco anos. Quando Mary o estimulava a sair à noite ou tentava fazer com que chegasse ao consultório na hora, ele sempre apresentava uma desculpa plausível e bem humorada. Até o momento da sua súbita e última doença, ela nunca soubera que ele era portador de problema cardíaco que o poderia matar a qualquer momento. Exceto por um único médico da sua própria equipe, ninguém tinha a menor suspeita do fato. Quando ela o recriminou sobre isso, ele simplesmente disse: "Bem, eu não vejo de que serviria levar as pessoas a se preocuparem comigo – especialmente você, querida". Esta é a história de um homem de grande valor espiritual. As marcas registradas disso estão à vista de todos: humor e paciência, delicadeza e coragem, humildade e dedicação, altruísmo e amor – uma demonstração de algo que eu talvez nunca viesse a igualar. E esse era o homem que eu havia repreendido e tratado com condescendência. Esse era o incrédulo a quem eu havia pretendido esclarecer! Mary contou-nos essa história há mais de vinte anos. E foi então que, pela primeira vez, desabou sobre mim a percepção do quanto a Fé pode ser útil – quando desacompanhada da responsabilidade. Aquele médico tinha uma Fé inabalável nos seus ideais. Mas ele também praticava a humildade, a sabedoria e a responsabilidade. E disso decorria a extraordinária vivência daquele homem. Meu próprio despertar espiritual havia me concedido uma Fé imanente em Deus – na realidade uma benção. Mas eu não tinha sido nem humilde nem sábio. Ao alardear minha Fé, eu havia esquecido meus ideais. O orgulho e a irresponsabilidade haviam tomado o lugar desses ideais. Extinguindo dessa forma minha própria luz, eu tinha pouca coisa a oferecer aos meus companheiros alcoólicos. Minha Fé era portanto inútil para eles. Finalmente percebi porque muitos deles haviam se afastado – alguns para sempre. A Fé é portanto algo maior do que a nossa dádiva máxima, e compartilhar essa Fé com os outros é a nossa maior responsabilidade. Assim, possamos nós de A. A. buscar continuamente a sabedoria e a boa vontade através das quais poderemos corresponder àquela imensa confiança que o Doador de todas as dádivas perfeitas colocou em nossas mãos. (Fonte: O Melhor de Bill – paginas: 3 a 11) FÉ "Reflexões Diárias" A FÉ A TODA HORA A fé precisa estar em ação durante as vinte e quatro horas do dia, dentro e através de nós, ou morreremos. A essência de minha espiritualidade, e minha sobriedade, se baseia na fé diária em um Poder Superior. Preciso lembrar e confiar no Deus do meu entendimento enquanto prossigo em todas as minhas atividades diárias. Como é confortante para mim o conceito de que Deus funciona dentro e através das pessoas. Quando faço uma pausa no meu dia, lembro-me de exemplos concretos e específicos da presença de Deus? Estou assombrado e enaltecido pelo numero de vezes que este poder é evidente? Estou dominado pela gratidão da presença de Deus na minha vida de recuperação. Sem esta força onipotente em cada uma das minhas atividades, cairia novamente nas profundezas de minha doença e morreria. ALVO SANIDADE "... o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em que vim a acreditar num Poder Superior a mim mesmo, mas certamente tenho essa crença agora". "Viemos a acreditar". Eu acreditava da boca para fora quando sentia vontade ou quando pensava que ficaria bem. Eu realmente não confiava em Deus. Não acreditava que Ele se preocupava comigo. Continuei tentando mudar as coisas que eu não podia mudar. Aos poucos, de má vontade, comecei a colocar tudo nas mãos Dele dizendo: "Você é onipotente, então tome conta disto." Ele tomou. Comecei a ter respostas para os meus problemas mais profundos, algumas vezes nas horas mais inesperadas: dirigindo para o trabalho, comendo um lanche, ou quando estava quase adormecido. Percebi que eu não tinha pensado naquelas soluções – um Poder Superior a mim mesmo as estava dando. Eu vim a acreditar. PREENCHENDO UMA LACUNA Bastava para o caso fazermo-nos uma lacônica pergunta: "Creio agora ou estou disposto a crer, que exista um Poder Superior a mim mesmo?" Uma vez que o homem possa responder que crê ou quer acreditar, asseguramos-lhe enfaticamente que está no caminho certo do êxito. Sempre fui fascinado com o estudo dos princípios científicos. Estava emocional e fisicamente distante das pessoas enquanto procurava o Conhecimento Absoluto. Deus e espiritualidade eram exercícios acadêmicos, sem significado. Era um moderno home de ciência, o conhecimento era o meu Poder superior. Colocando as equações na posição correta, a vida era apenas outro problema a resolver. Mas meu ego interior estava morrendo pela solução proposta pelo meu exterior para os problemas da vida e a solução sempre foi o álcool. Apesar de minha inteligência, o álcool tornou-se meu poder superior. Foi através do amor incondicional que emana das pessoas de A. A. e das reuniões, que fui capaz de descartar o álcool como meu poder superior. A grande lacuna estava preenchida. Não estava mais sozinho e separado da vida. Tinha encontrado um verdadeiro Poder Superior a mim mesmo, tinha encontrado o amor de Deus. Existe somente uma equação que realmente me importa agora: Deus está em A. A. QUANDO A FÉ ESTÁ PERDIDA "Ás vezes A. A. é aceito com maior dificuldade pelos que perderam ou rejeitaram a fé do que pelos que nunca a tiveram, pois acham que já experimentaram a fé e esta não lhes serviu. Experimentaram viver com fé e sem fé." Tão convencido estava de que Deus tinha me abandonado que ao final tornei-me provocador, embora soubesse que não devia ser assim, e mergulhei numa última bebedeira. Minha fé tornou-se amarga e não foi por coincidência. Aqueles que já tiveram uma grande fé atingem o fundo com mais dificuldade. Levou tempo para que minha fé reascendesse, mesmo tendo vindo para A. A. Estava intelectualmente agradecido por sobreviver a queda tão vertiginosa, mas meu coração sentia-se endurecido. Ainda assim, persisti com o programa de A. A.: as alternativas eram muito tristes! Continuei assistindo as reuniões e, aos poucos, minha fé foi ressurgindo. UMA LIBERTAÇÃO GLORIOSA "A partir do momento em que desisti de argumentar, comecei a ver e a sentir. Nesse instante, o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em que vim a acreditar num Poder Superior a mim, mas, certamente, tenho esta crença agora. Para adquiri-la bastou-me parar de lutar e praticar o restante do programa de A. A. Com o maior entusiasmo de que dispunha." Depois de anos satisfazendo a uma "desenfreada obstinação", o segundo Passo tornou-se para mim uma libertação gloriosa de ficar sozinho. Nada agora é mais doloroso ou intransponível na minha jornada. Alguém está sempre aqui para compartilhar comigo as cargas da vida. O Segundo Passo tornou-se uma forma de reforçar minha relação com Deus, e agora percebo que minha insanidade e meu ego estavam curiosamente ligados. Para livrar-me do anterior, devo entregar este a alguém com os ombros muito mais largos que os meus. UM CAMINHO PARA FÉ A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir a fé. Toda reunião de A. A. é uma segurança de que Deus nos levara de volta da sanidade, se soubermos nos relacionar corretamente com Ele. Minha última bebedeira deixou-me num hospital totalmente quebrado. Foi então que eu fui capaz de ver meu passado flutuar na minha mente. Percebi que por causa da bebida, tinha vivido todos os pesadelos que pudera haver imaginado. Minha própria teimosia e obsessão para beber levaram-me a um abismo escuro de alucinações, apagamentos e desesperos. Finalmente vencido, pedi ajuda de Deus. Sua presença convenceu-me para que acreditasse. Minha obsessão pelo álcool foi tirada e minha para nóia foi suspensa. Não estou mais com medo. Sei que minha vida é saudável e sã. EU NÃO DIRIJO O ESPETÁCULO Quando nos tornamos alcoólicos, abatidos por uma crise auto imposta que não podíamos adiar ou evitar, tivemos que encarar, sem medo, a proposição de que Deus é tudo ou nada. Deus existe ou não existe. Qual seria a nossa opção? Hoje minha opção é Deus. Ele é tudo. Por isso sou realmente grato. Quando penso que estou dirigindo o espetáculo, estou bloqueando Deus em minha vida. Rogo para que possa lembrar-me disto quando permito a mim mesmo ser levado a erros pelo ego. A coisa mias importante é que hoje estou disposto a crescer espiritualmente e que Deus é tudo. Quando estava tentado parar de beber da minha maneira, nunca funcionou: com Deus e A. A. está funcionando. Isso parece ser um pensamento simples para um alcoólico complicado. OS LIMITES DA AUTOCONFIANÇA Perguntamo-nos por que os tínhamos (os medos). Não por falta de autoconfiança? Todos os meus defeitos de caráter me separam da vontade de Deus. Quando ignoro minha ligação com Ele, me encontro sozinho enfrentando o mundo e o meu alcoolismo e não me resta outro recurso senão a autoconfiança. Nunca achei segurança e felicidade através da teimosia, e o único resultado obtido é uma vida de medo e descontentamento. Deus fornece o caminho de volta para Ele e à sua dádiva de serenidade e conforto. Porém primeiro devo estar disposto a conhecer meus medos e entender suas origens e poder sobre mim. Frequentemente peço a Deus para ajudar-me a entender como me separo Dele. NÃO PODEMOS PENSAR EM SER SÓBRIO A NOSSA MANEIRA Para o homem ou mulher intelectualmente auto suficiente, muitos Aas podem dizer: "Sim. Éramos como você – inteligentes demais para o nosso próprio bem... Secretamente achávamos que poderíamos flutuar acima dos outros, somente com o poder da inteligência". Mesmo a mente mais brilhante não tem defeito contra a doença do alcoolismo. Não posso pensar em ser sóbrio a minha maneira. Tento lembrar-me de que a inteligência é um atributo dado por Deus que eu possa usar, é uma alegria – como ter talento para dançar ou desenhar ou ainda fazer um trabalho de carpintaria. Isto não me faz ser melhor do que qualquer um e, particularmente, não é ferramenta digna de confiança para recuperação. Para isto um Poder Superior a mim mesmo me devolverá a sanidade – não um alto Q.I. ou diploma do colégio. O AMOR EM SEUS OLHOS Alguns de nós se recusam a acreditar em Deus, outros não podem e ainda outros, embora acreditem na existência de Deus, de forma alguma confiam que Ele levará a cabo este milagre. Foram as mudanças que vi nas novas pessoas que vieram para Irmandade que me ajudaram a perder o medo e mudaram minha atitude negativa em positiva. Podia ver o amor em seus olhos e estava muito impressionado pelo muito que a sobriedade "um dia de cada vez" significava para eles. Eles olharam honestamente para o Segundo Passo e vieram acreditar que um Poder Superior a eles, iria restituí-los à sanidade. Isto fez com que eu tivesse fé na Irmandade e esperança que funcionaria também para mim. Descobri que Deus era um Deus amoroso, não aquele Deus puni dor que eu temia antes de chegar me A. A. Descobri que Ele tinha estado comigo durante todas aquelas horas em que eu estava com problemas antes de vir para A. A. Hoje sei que foi Ele quem me levou para A. A. e que eu sou um milagre. DIREÇÃO "... isso significa a crença num criador que é todo poder. Justiça e amor; um Deus que quer para mim um propósito, o significado e um destino para crescer, ainda... que aos poucos e com hesitação, em direção à sua imagem e semelhança". Quando me dei conta de minha própria impotência e de minha dependência de Deus, como eu O entendo, comecei a ver que havia uma vida que, se eu pudesse tê-la, teria escolhido para mim desde o início. Através do continuo trabalho dos Passos e a participação na vida da Irmandade é que aprendi a ver que realmente existe uma maneira melhor pela qual estou sendo guiado. Quando comecei a conhecer mais sobre Deus, fui capaz de confiar em Seu caminho e no Seu plano para desenvolvimento do seu caráter em mim. Rapidamente ou lentamente, cresço em direção a sua própria imagem e semelhança. FUNCIONA Funciona – realmente funciona. Quando consegui ficar sóbrio, no início eu tinha fé somente no programa de Alcoólicos Anônimos. Desespero e medo mantiveram-me sóbrio (e talvez um atencioso e severo padrinho ajudou-me). A fé em um Poder Superior veio mais tarde. Esta fé chegou lentamente a princípio, depois que eu comecei a ouvir os outros compartilhando nas reuniões suas experiências – experiências as quais nunca tinha enfrentado sóbrio, mas que eles estavam encarando reforçados por um Poder Superior. Desse compartilhar veio a esperança de que eu também poderia conseguir um Poder Superior. Com o tempo aprendi que um Poder Superior – uma fé que funciona sob qualquer condição é possível. Hoje esta fé, mais a honestidade, uma mente aberta e boa vontade de praticar os Passos do programa, dão-me a serenidade que procurava. Funciona – realmente funciona. A IDÉIA DE FÉ Não permita que preconceitos contra termos espirituais levem-no a deixar de perguntar honestamente o que eles significam para você. A ideia de fé é algo difícil de engolir quando, medo, dúvida e raiva sobejam dentro e em volta de mim. Às vezes, a simples ideia de fazer algo diferente, algo a que não estou acostumado a fazer, pode eventualmente tornar-se um ato de fé se a fizer regularmente, sem discutir se é a coisa certa a fazer. Quando um dia está ruim e tudo está dando errado, uma reunião ou uma palestra com outro bêbado muitas vezes me distrai, o bastante para me persuadir de que nem tudo é tão impossível, tão esmagador como eu tinha pensado. Da mesma maneira, ir à uma reunião ou conversar com outro companheiro alcoólico é um ato de fé; acredito que estou detendo minha doença. Estas são as maneiras pelas quais movo-me lentamente para uma fé num Poder Superior. A CHAVE EA BOA VONTADE Uma vez que introduzimos a chave da boa vontade na fechadura e entreabrimos a porta descobrimos que sempre se pode abrir um pouco mais. A boa vontade para entregar o meu orgulho e minha obstinação a um Poder Superior a mim mesmo, provou ser o único ingrediente necessário para resolver meus problemas hoje. Até mesmo pequenas doses de boa vontade, se sincera, é suficiente para permitir que Deus entre e tome o controle sobre qualquer problema, dor ou obsessão. Meu nível de bem-estar está em relação direta com o grau de boa vontade que tenho num determinado momento para abandonar minha vontade própria e permitir que a vontade de Deus se manifeste em minha vida. Com a chave da boa vontade, minhas preocupações e medos são poderosamente transformados em serenidade. ENTREGANDO-A Todos os homens e mulheres que ingressaram e pretenderam ficar em A. A. começaram a praticar o Terceiro Passo sem que mesmo se apercebessem disso. Não é verdade que em todo o assunto relacionado com o álcool cada um decidiu entregar sua vida aos cuidados, proteção e guia de Alcoólicos Anônimos?... Qualquer recém-chegado com boa vontade está convicto que A. A. é o único porto seguro para o navio quase afundado que ele representa. Ora, se isso não é entregar a vontade e a vida à Providência recém-encontrada, o que é então? Submissão à Deus foi o primeiro passo para minha recuperação. Acredito que nossa Irmandade procura uma abertura espiritual para uma nova afinidade com Deus. Quando me esforço para seguir o caminho dos Passos, sinto uma liberdade que me dá habilidade de pensar por mim mesmo. Minha adição me aprisionou sem qualquer liberdade e atrapalhou minha habilidade de libertar-me do meu próprio crescimento; mas A. A. me garante uma maneira de ir para frente. O compartilhar mútuo, a preocupação e o cuidado são a nossa dádiva natural de um para com o outro, e a minha dádiva é fortalecida à medida em que muda minha atitude em relação a Deus. Aprendo a submeter-me à vontade de Deus em minha vida, a ter dignidade e a manter sempre estas atitudes, dando sempre o que recebo. A PEDRA ANGULAR Ele é o Pai e nós somos Seus Filhos. Na maioria das vezes, as boas idéias são simples, e este conceito passou a ser a pedra angular do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade. A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. As "outras peças" são os Passos Um, Dois e Quatro até o Décimo Segundo. Neste sentido isto soa como se o Terceiro Passo, fosse o Passo mais importante, que os outros onze dependem o Terceiro para suporte. Na realidade porém, o Terceiro Passo é apenas um dos doze. Ele é a pedra angular, mas sem as outras onze pedras para construir a base e os lados, com ou sem a pedra angular, simplesmente não haverá arco. Através do trabalho diário de todos os Doze Passos, encontro este arco do triunfo esperando que eu passe através dele para outro dia de liberdade. A IDÉIA DE DEUS Quando vimos os outros resolverem seus problemas através de uma simples confiança no Espírito do Universo, tivemos que deixar de continuar duvidando do poder de Deus. Nossas ideias eram ineficazes. Porém, a ideia de Deus surtia efeito. Como um homem cego recuperando gradualmente a visão, lentamente tateei o meu caminho no Terceiro Passo. Percebendo que somente um Poder Superior a mim mesmo poderia me socorrer do abismo sem esperança onde eu estava, soube que este era um Poder em que eu tinha que me agarrar e que seria minha âncora no meio de um mar de desgraças. Muito embora minha fé naquela hora fosse minúscula, foi grande o bastante para me fazer ver que era hora de me livrar de minha confiança no meu orgulhoso ego, e colocá-la na fortaleza segura que somente pode vir de um Poder muito Superior a mim mesmo. CULTIVANDO A FÉ Não penso que podemos fazer alguma coisa muito bem neste mundo, a não ser que nós a pratiquemos. E não acredito que nós façamos bem o programa de A. A. a não ser que pratiquemos. Devemos praticar... adquirir o espírito de serviço. Devemos tentar adquirir alguma fé, o que não é fácil fazer, especialmente para a pessoa que tem sido sempre muito materialista, seguindo o modelo da sociedade atual, porém, penso que a fé pode ser, mesmo que lentamente, adquirida; ela precisa ser cultivada. Não foi fácil para mim e, suponho que é difícil para qualquer um... Muitas vezes o medo é a força que me impede de adquirir e cultivar o poder da fé. O medo bloqueia minha apreciação de beleza, tolerância, perdão, serviço e serenidade. "BEM DENTRO DE NÓS" Encontramos a Grande Realidade dentro de nós. Em última análise, somente ali Ele pode ser achado... procurem diligentemente dentro de vocês... Com esta atitude não poderão fracassar. O conhecimento consciente de sua própria crença chegará com segurança. Eu estava em profunda solidão, depressão e desespero quando procurei a ajuda de A. A. Quando fui me recuperando e comecei a ver como minha vida estava vazia e em ruínas, comecei a me abrir para a possibilidade curadora que a recuperação oferece através do programa de A. A. indo às reuniões, permanecendo sóbrio e praticando os Passos, tive a oportunidade de ouvir com atenção crescente as profundezas de minha alma. Todo dia eu esperava, com esperança e gratidão, por esta crença segura e este amor constante pelos quais esperei por muito tempo em minha vida. Neste processo eu encontrei meu Deus, como eu O entendo. MEDO E FÉ A conquista da libertação do medo é uma tarefa para toda a vida, é algo que nunca pode ficar completamente concluído. Ao sermos duramente atacados, estarmos gravemente enfermos ou em qualquer situação de séria insegurança, todos nós vamos reagir a essa emoção de alguma maneira – bem ou mal – conforme o caso se apresente. Somente os que enganam a si mesmos alegam que estão totalmente livres do medo. O medo causou-me muito sofrimento, quando poderia ter tido mais fé. Há horas em que o medo subitamente me arrasa, justamente quando estou experimentando sentimento de alegria, felicidade e leveza no coração. A fé – e um sentimento de valor próprio em relação a um Poder Superior – me ajudam a suportar a tragédia e o êxtase. Quando optar por entregar ao meu Poder Superior todos os meus medos, então eu serei livre. UMA FÉ NATURAL ... dentro de cada homem, mulher ou criança, jaz oculta a ideia fundamental de Deus. Poderá estar sombreada pela calamidade, pela pompa, pela adoração de outras coisas; porém, de uma forma ou de outra, está ali. Porque a fé em um Poder Superior a nós e as demonstrações milagrosas desse Poder nas vidas humanas, são fatos tão velhos como a própria humanidade. Tenho visto as obras de um Deus invisível nos Grupos de A. A. por todo os pais. Milagres de recuperação são evidentes em toda a parte. Agora acredito que Deus está nas reuniões e no meu coração. Hoje para mim, um antigo agnóstico, a fé é tão natural como respirar, comer e dormir. Os Doze Passos ajudaram a mudar a minha vida sob vários aspectos, porém nenhum é mais eficaz do que ter a consciência do meu Poder Superior. UM FALSO ORGULHO Muitos de nós, que nos havíamos considerado religiosos, despertamos para as limitações desta atitude. Recusando colocar Deus em primeiro lugar, havíamos nos privado de Sua ajuda. Muitas noções falsas operam no falso orgulho. A necessidade de orientação para viver uma vida descente é satisfeita pela esperança experimentada na irmandade de A. A.. Aqueles que trilharam este caminho por muitos anos, um dia de cada vez, dizem que uma vida centrada em Deus tem possibilidades ilimitadas para o crescimento pessoal. Sendo assim, muita esperança é transmitida pelos veteranos em A. A.. Agradeço ao meu Poder Superior por deixar-me saber que Ele funciona através de outras pessoas, e agradeço a Ele por nossos servidores de confiança na Irmandade, que ajudam os novos membros a rejeitar falsos ideais e a adotar aqueles que levam à uma vida de compaixão e confiança. Os veteranos em A. A. desafiam os novos a "despertar-se" – assim eles podem "vir a acreditar". Peço a Deus que me ajude em minha descrença. UMA DÁDIVA SEM PREÇO A esta altura com toda a probabilidade, já teremos adotado, de certo modo, medidas capazes de remover os obstáculos que mais nos prejudicam. Desfrutamos momentos em que sentimos algo parecido à verdadeira paz de espírito. Para aqueles de nós que, até então, conheceram somente a excitação, a depressão ou a ansiedade – em outras palavras, para todos nós – esta nova paz conquistada é uma dádiva inestimável. Estou aprendendo a soltar-me e deixar Deus agir, a ter uma mente aberta e um coração disposto a receber a graça de Deus em todos os meus assuntos: desta maneira posso experimentar a paz e liberdade que vêm como resultado da minha entrega. Tem sido provado que um ato de entrega, originado do desespero e da derrota, pode crescer num progressivo até de fé significa liberdade e vitória. SEMENTES DE FÉ A fé é absolutamente necessária, porém, a fé isolada não basta para nosso propósito. Porque podemos ter fé e ao mesmo tempo deixar Deus fora de nossas vidas. Quando criança sempre questionava a existência de Deus. Para um "pensador científico" como eu, nenhuma resposta resistia a uma dissecação completa, até que uma mulher muito paciente finalmente me disse: "você precisa ter fé." Com esta simples declaração, as sementes de minha recuperação foram plantadas. Hoje, quando prático minha recuperação aparando as ervas daninhas do alcoolismo – lentamente estou deixando essas antigas sementes de fé crescer e florescer. Cada dia de recuperação, de ardente jardinagem, se integra mais em minha vida o Poder Superior de meu entendimento. Meu Deus tem estado sempre comigo através da fé, mas é de minha responsabilidade ter a disposição para aceitar a Sua presença. Peço a Deus para me conceder a disposição para fazer a Sua vontade. OUVINDO ATENTAMENTE Com que persistência apregoamos nosso direito de decidir sozinhos o que pensaremos e com agiremos. Se aceito a atuo pelos conselhos daqueles que têm feito o programa funcionar para si, tenho chance para superar os limites do passado. Alguns problemas se reduzirão a nada, enquanto outros podem requerer uma ação paciente e bem pensada. Ouvindo atentamente quando os outros compartilham, pode-se desenvolver a intuição para tratar os problemas que surgem inesperadamente. Normalmente é melhor para mim evitar ações impetuosas. Assistir a uma reunião ou falar com um membro de A. A. geralmente reduz a tensão o bastante para trazer alívio a um sofredor desesperado como eu. Compartilhando problemas nas reuniões com outros alcoólicos com os quais me relaciono, ou em particular com meu padrinho, posso mudar aspectos das posições nas quais me encontro. Defeitos de caráter são identificados e começo a ver como eles trabalham contra mim. Quando coloco minha fé no poder espiritual do programa, quando confio em que outros me ensinem o que preciso fazer para ter uma vida melhor, descubro que posso confiar em mim mesmo para fazer o que é necessário. LEVANTEI A CABEÇA PARA A LUZ "Acredite mais profundamente: Levante a cabeça para a luz, ainda que no momento você não possa ver." Num domingo de outubro, durante minha meditação matinal, olhei pela janela a árvore de freixo no pátio da frente. Uma vez mais fui vencido pela sua magnífica cor dourada! Enquanto olhava com admiração a obra de arte de Deus, as folhas começaram a cair e, dentro de minutos, os galhos estavam nus. A tristeza me assaltou quando pensei nos meses de inverno à frente, mas enquanto estava refletindo no processo anual do outono, a mensagem de Deus apareceu. Como as árvores, despidas de suas folhas no outono, germinam novas flores na primavera, eu, despojado de meus modos compulsivos e egoístas removidos por Deus, posso florescer como um sóbrio e alegre membro de A. A. Obrigado, Deus, pela mudança das estações e por minha vida em mudança contínua. (Fonte: Reflexões Diárias – páginas: 27-40-42-43-44-46-49-50-52-56-61-69-7475-76-82-83-120-177-181-194-209-211-225-226-336) "A FÉ CHEGARÁ" "Viemos a Acreditar" No início, rejeitei parte do programa de A. A. que se referisse a Deus de alguma maneira. Até mesmo permanecia em silêncio quando as reuniões eram encerradas com o Pai-Nosso. (Mesmo porque, eu nem sabia a oração.) Voltando para o passado, não creio que eu fosse um agnóstico e nem tampouco um ateu. Mas sei que não conseguia aceitar nada desse "negócio de Deus" e nem queria vir a acreditar ou a experimentar qualquer despertar espiritual. Afinal de contas, havia procurado A. A. para ficar sóbrio, e uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Mesmo com toda a minha estúpida arrogância, vocês ainda assim me amaram, estenderam suas mãos em um gesto de amizade e, tenho certeza, usaram de cautelosa sabedoria ao tentar chegar a mim com o programa. Mas eu só conseguia ouvir aquilo o que queria ouvir. Permaneci "seco" durante alguns anos. Então, como vocês já podem ter adivinhado, bebi novamente. Era inevitável. Eu tinha aceitado apenas aquelas partes do programa que se encaixavam na minha vida, sem nenhum empenho da minha parte. Ainda era o egocêntrico de sempre, cheio de todos os meus antigos ódios, do meu egoísmo e da minha incredulidade – tão carente de maturidade quanto quando cheguei a A. A. Desta vez não tinha mais nenhuma esperança, quando fui internado no hospital. Afinal de contas, vocês me haviam dito que A. A. era a última esperança para o alcoólico, e eu havia fracassado. Não existia nada mais. Nesse exato momento, minha irmã resolveu me enviar um recorte do jornal da Escola Dominical. Nenhuma carta, apenas o recorte: "Reze com descrença, mas reze com sinceridade e a fé chegará". Rezar? Como é que eu poderia rezar? Eu não sabia como rezar. Apesar disso, estava pronto a fazer qualquer coisa para conseguir minha sobriedade e alguma coisa que se parecesse com uma vida normal. Acho que simplesmente desisti. Parei de lutar. Aceitei aquilo em que eu realmente não acreditava, muito menos entendia. Comecei a rezar, não de uma maneira formal. Apenas falei com Deus, ou melhor, implorei: "Ajude-me, amado Deus. Eu sou um bêbado". Eu não tinha ninguém a quem recorrer, exceto esse Deus que eu não conhecia. Não me lembro de nenhuma mudança imediata ou dramática em minha vida. Lembro-me de ter dito à minha esposa o quanto isso me parecia inútil. Por sugestão dela, recomecei a ler o Livro Grande e os Doze Passos e então encontrei neles muito mais do que havia encontrado antes. Não rejeitei nada. Aceitei tudo exatamente como estava escrito. Também não li nada além daquilo que estava escrito. Repito que nada mudou da noite para o dia. Mas, à medida em que o tempo passava, adquiri uma fé cega onde, aceitando um Deus que eu não entendia e o programa de A .A. exatamente como fora escrito, eu poderia manter minha sobriedade um dia de cada vez. Se quisesse ter mais alguma coisa, ela viria à medida em que o tempo passasse, exatamente como vieram as outras coisas boas. Não acho mais necessário provar minha descrença em Deus, através de cada raciocínio e cada propósito, da maneira que fiz durante anos. Também não acho mais que seja necessário provar minhas ideias perante os outros. Não – as únicas contas e a única prova que devo prestar são a mim mesmo e a Deus, na forma em que O concebo (ou não concebo). Tenho certeza de que irei errar de tempos em tempos, mas tenho que aprender a perdoar a mim mesmo como Deus me perdoou pelo meu passado. Creio que tive um despertar espiritual, o mais simples possível, que prosseguirá enquanto eu continuar a praticar este programa em todas as minhas atividades. Para mim, não existe nenhum "lado espiritual" no programa de Alcoólicos Anônimos; o programa todo é espiritual. Tal como vejo as coisas, algumas das evidências de um despertar espiritual são a maturidade, o abandono do ódio habitual, a capacidade de amar e ser amado, a capacidade de acreditar, mesmo sem entender, que Algo permite que o sol se levante pela manhã e se ponha à noite, que as folhas renasçam na primavera e caiam no inverno, e que dê musicalidade aos pássaros. Por que não deixar que esse Algo seja Deus? (Fonte: Viemos a Acreditar - St. Petersburg, Florida) FÉ "Na Opinião do Bill" DOR E PROGRESSO "Alguns anos atrás eu costumava ter pena de todas as pessoas que sofriam. Agora somente tenho pena daqueles que sofrem por ignorância, que não entendem o propósito e a utilidade definitiva da dor." Certa vez alguém disse que a dor é a pedra de toque do progresso espiritual. Nós, Aas, podemos concordar com isso, pois sabemos que as dores decorrentes do alcoolismo tiveram que vir antes da sobriedade, assim como o desequilíbrio emocional vem antes da serenidade. "Acredite mais profundamente: Levante a cabeça para a Luz, ainda que no momento você não possa ver." A DÁDIVA COMPARTILHADA A. A. é mais do que um conjunto de princípios; é uma sociedade de alcoólicos em ação. Precisamos levar a mensagem, caso contrário nós mesmos poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada a verdade podem perecer. A fé é mais do que nossa maior dádiva; compartilhá-la com os outros é nossa maior responsabilidade. Que nós, de A. A., possamos buscar continuamente a sabedoria e a boa vontade pelas quais possamos desempenhar bem a grande tarefa que o Doador de todas as dádivas perfeitas colocou em nossas mãos. NUNCA MAIS! "Muitas pessoas se sentem mais seguras com o plano das vinte e quatro horas do que com a resolução de que nunca mais beberão. Muitas delas já quebraram muitas resoluções. Esse é realmente uma questão de escolha pessoal; cada AA tem o privilégio de interpretar o programa como quiser. "Eu, pessoalmente, pretendo nunca mais beber. Isso é um pouco diferente de dizer: `Nunca mais beberei.' Essa última atitude às vezes põe as pessoas em dificuldade, porque significa comprometer-se, em nível pessoal, a fazer o que nós, alcoólicos, nunca poderíamos fazer. Esse é um ato de vontade e deixa muito pouco lugar para a ideia de que Deus nos libertará da obsessão de beber, contando que sigamos o programa de A. A." SOMOS TODOS ADORADORES Descobrimos que de fato tínhamos sido adoradores. Que calafrio nos dava pensar nisso! Não tínhamos, em várias ocasiões, adorado pessoas, sentimentos, coisas, dinheiro e a nós mesmos? E também, com melhor motivo, não tínhamos contemplado com adoração o pôrdo-sol, o mar ou uma flor? Quem de nós não tinha amado alguma coisa ou alguém? Não foi com isto que foram construídas nossas vidas? Não foram esses sentimentos que, afinal de contas, determinaram o curso de nossa existência? Era impossível dizer que não éramos capazes de ter fé, amor ou adoração. De uma forma ou de outra, estivemos vivendo pela fé e nada mais. A VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO Quanto mais nos dispomos a depender de um Poder Superior, mais independentes ficamos. Portanto, a dependência, como se pratica em A. A. é realmente um meio de se obter a verdadeira independência de espírito. Na vida diária ficamos surpresos ao descobrir o quanto somos realmente dependentes e quão inconscientes somos dessa dependência. Toda casa moderna tem fios elétricos que levam força e luz a seu interior. Aceitando nossa dependência dessa maravilha da ciência, descobrimos que somos pessoalmente mais independentes, que nos sentimos mais à vontade e seguros. A força corre exatamente para onde é necessária. Silenciosa e certeira a eletricidade, essa estranha energia que tão poucas pessoas entendem, vem ao encontro de nossas necessidades diárias mais simples. Embora aceitemos prontamente esse princípio de saudável dependência em muitos de nossos assuntos temporais, muitas vezes resistimos fortemente a esse mesmo princípio, quando nos pedem que o apliquemos como um meio de crescer espiritualmente. É claro que nunca conheceremos a liberdade sob a dependência de Deus, até que tentemos buscar. Sua vontade em relação a nós. A escolha é nossa. A HUMILDADE EM PRIMEIRO LUGAR Encontramos muitos em A. A. que antes pensavam, como nós, que humildade era sinônimo de fraqueza. Eles nos ajudaram a nos reduzir ao nosso verdadeiro tamanho. Com seu exemplo nos mostraram que a humildade e o intelecto poderiam ser compatíveis, contanto que colocássemos a humildade em primeiro lugar. Quando começamos a fazer isso, recebemos a dádiva da fé que funciona. Essa fé é para você. Apesar da humildade primeiro ter significado uma humilhação, agora ela começa a representar o ingrediente que pode nos trazer serenidade. VER E CRER A fé quase infantil dos irmãos Wright, de que poderiam construir uma máquina que voasse foi a mola mestra de seu sucesso. Sem ela, nada poderia ter acontecido. Nós, os agnósticos e ateus, estávamos agarrados à ideia de que a auto suficiência resolveria nossos problemas. Quando os outros nos mostravam que a "suficiência de Deus" funcionava para eles, começamos a nos sentir como aqueles que tinham insistido em que os irmãos Wright nunca voariam. Estávamos vendo um outro tipo de voo, uma libertação espiritual deste mundo, pessoas que se elevavam acima de seus problemas. A CHEGADA DA FÉ Em meu caso, a pedra fundamental da libertação do medo é a fé: uma fé que, a despeito de todas as aparências mundanas em contrário, faz-me crer que vivo num universo que faz sentido. Para mim, isso significa a crença num Criador que é todo poder, justiça e amor; um Deus que quer para mim um propósito, um significado e um destino para crescer, ainda que aos poucos e com hesitação, em direção à Sua imagem e semelhança. Antes de chegar à fé eu tinha vivido como um estranho num cosmo, que muitas vezes parecia ser hostil e cruel. Nele não poderia haver, para mim, nenhuma segurança interior. "Quando caí de joelhos por causa do álcool, me achei pronto para pedir a dádiva da fé. E tudo mudou. Nunca mais, apesar de meus sofrimentos e problemas, experimentaria minha antiga desolação. Vi o universo iluminado pelo amor de Deus; eu não estava mais sozinho." BENEFÍCIOS DA RESPONSABILIDADE "Felizmente as despesas de A. A. por pessoa são muito pequenas. Deixarmos de atendê-las seria fugir a uma responsabilidade que nos beneficia. Muitos alcoólicos têm dito que nunca tiveram dificuldades que o dinheiro não resolvesse. Nós somos um grupo que, quando bebíamos, sempre estendíamos a mão em busca de auxílio. Então, quando começamos a pagar nossas próprias contas, isso constitui uma mudança saudável." "Por causa da bebida, meu amigo Henry perdeu um emprego de salário elevado. Restava uma bela casa – com um despesas três vezes maior do que seus reduzidos ganhos. Ele poderia ter alugado a casa, por uma quantia suficiente, a fim de se sustentar. Mas não! Henry disse que sabia que Deus o queria morando ali e Ele daria um jeito de serem pagas as contas. Assim, ele continuou amontoando dívidas e cheio de fé. Não foi surpresa quando finalmente os credores se apossaram da casa. Henry hoje ri disso, pois aprendeu que Deus ajuda muito mais àqueles que estão dispostos a se ajudar." COMPLETA SEGURANÇA Ao ingressar em A. A., a lembrança dos anos desperdiçados nos levou ao pânico. A importância financeira não era mais nosso principal objetivo; clamávamos agora por segurança material. Mesmo após estarmos bem restabelecidos em nossos negócios, temores terríveis continuavam nos perseguindo. Isso nos tornou mesquinhos e pão duros de novo. Precisávamos ter completa segurança material de qualquer modo. Esquecíamos que a maioria dos membros de A. A. tem capacidade bem acima da média para ganhar dinheiro; esquecíamos da enorme boa vontade de nossos companheiros Aas, tão ansiosos para nos ajudar a conseguir melhor trabalho, desde que o merecêssemos; esquecíamos da real insegurança financeira, atual potencial, que acompanhava todos os habitantes da terra. E, pior de tudo, esquecíamos de Deus. Em matéria de dinheiro, só confiávamos em nós e, mesmo assim, não muito. NENHUM PODER PESSOAL "A princípio, o remédio para minhas dificuldades pessoais parecia tão evidente que eu não podia imaginar um alcoólico recusando a proposta que lhe fosse adequadamente apresentada. Acreditando firmemente que Cristo pode fazer tudo, eu tinha ideia inconsciente de supor que Ele faria tudo que eu quisesse. Depois de seis longos meses, tive que admitir que ninguém tinha se apoderado do Mestre – nem mesmo eu. "Isso me levou à boa e saudável conclusão de que havia muitas situações no mundo sobre as quais eu não tinha nenhum poder pessoal – que, se eu estava tão pronto a admitir isso respeito do álcool, devia admitir também em relação a muitas outras coisas. Tinha que ficar quieto e entender que Ele e não eu, era Deus." A SENSAÇÃO DE FAZER PARTE Talvez uma das maiores recompensas da meditação e da oração seja a sensação de que passamos a fazer parte. Não mais vivemos num mundo completamente hostil. Não mais nos sentimos perdidos, amedrontados e inúteis. A partir do momento em que percebemos ainda que um vislumbre da vontade de Deus, e começamos a ver a verdade, a justiça e o amor como valores reais e eternos, não mais ficamos tão perturbados por todas as aparentes evidências do contrário, que nos rodeiam nos assuntos puramente humanos. Sabemos que Deus nos protege com amor. Sabemos que quando nos voltarmos para Ele, tudo estará bem conosco, aqui e depois. O CAMINHO DA FORÇA Não precisamos nos desculpar com ninguém por depender do Criador. Temos boas razões para descrer dos que acham que a espiritualidade é o caminho da fraqueza. Para nós ela é o caminho da força. O ver edito da história é que raramente falta coragem aos homens de fé. Confiam em seu Deus. Assim, nunca nos desculpamos por crer n'Ele. Ao contrário, tentamos deixá-Lo demonstrar, através de nós, o que Ele pode fazer. PODER MILAGROSO No mais profundo de cada homem, mulher e criança, está a ideia fundamental de um Deus. Ela pode estar obscurecida pela calamidade, pela pompa, pela adoração de outras coisas, mas de uma forma ou outra ela está ali. Pois a fé num Poder Superior a nós mesmos e as demonstrações milagrosas desse Poder nas vidas humanas são fatos tão antigos como a própria humanidade. "A fé pode muitas vezes ser adquirida através de ensinamentos inspirados ou de um convincente exemplo pessoal de seus frutos. Pode às vezes ser obtida através da razão. Por exemplo, muitos clérigos acreditam que são Tomás de Aquino provou realmente a existência de Deus por pura lógica. Mas o que se pode fazer quando todos esses meios falham? Esse era meu doloroso dilema. "Foi somente quando passei a acreditar completamente que eu era impotente perante o álcool, somente quando apelei a algum Deus que talvez existisse, que experimentei um despertar espiritual. Essa experiência libertadora veio primeiro; e a fé veio em seguida – foi sem dúvida uma dádiva!" NÃO TEMER MAL ALGUM Embora nós de A. A. estejamos vivendo num mundo caracterizado por medos destrutivos como nunca houve na história, vemos grandes momentos de fé e fortes aspirações de justiça e fraternidade. Contudo, nenhum profeta ousa dizer se o futuro do mundo nos reserva uma terrível destruição ou o começo da mais brilhante era jamais conhecida pela humanidade, sob a vontade de Deus. Estou certo de que nós, AAS compreendemos esta perspectiva. Em menor escala, experimentamos este mesmo estado de terrível incerteza, cada qual em sua própria vida privada. Sem nenhum orgulho, podemos dizer que não tememos o futuro do mundo, qualquer que ele seja. Isto porque nos tornamos capazes de sentir profundamente e dizer: "Não temos mal algum a temer – seja feita Sua vontade, não a nossa". SOBREVIVER AOS TESTES Em nosso modo de pensar, qualquer esquema para combater o alcoolismo, que se propõe a proteger completamente o doente da tentação, está destinado ao fracasso. Se o alcoólico tenta se proteger, ele pode ser bem-sucedido por algum tempo, mas geralmente acaba tendo a maior das explosões. Já tentamos esses métodos. Essas tentativas de fazer o impossível sempre fracassaram. Nossa resposta é libertar-se do álcool, e não fugir dele. "A fé sem obras é morta." Essa é uma aterradora verdade para o alcoólico! Porque se um alcoólico deixa de aperfeiçoar e ampliar sua vida espiritual por meio do trabalho e do sacrifício próprio em benefício dos demais, ele não pode sobreviver aos testes e aos momentos de fraqueza que esperam por ele. Se não trabalhar, com certeza voltará a beber, e se beber, certamente morrerá. Então, a fé será realmente morta. ANTÍDOTO PARA O MEDO Quando nossas falhas geram o medo, sofremos uma doença da alma. Essa doença, por sua vez, gera mais defeitos de caráter. O medo irracional de que nossos instintos não sejam satisfeitos nos leva a cobiçar os bens dos outros, a desejar ardentemente sexo e poder, a ficar com raiva quando nossas exigências instintivas são ameaçadas, a sentir inveja quando as ambições dos outros parecem ser realizadas, enquanto as nossas não o são. Comemos, bebemos e nos apossamos de mais do que precisamos, sempre por medo de não ter o suficiente. E realmente nos alarmamos frente a perspectiva de trabalho, permanecemos preguiçosos. Desperdiçamos tempo e procrastinamos ou, na melhor das hipóteses, trabalhamos de má vontade e sem energia. Esses medos são os cupins que, incessantemente, devoram os alicerces de qualquer tipo de vida que tentamos construir. Conforme cresce a fé, cresce a segurança interior. O grande medo latente do nada começa a desaparecer. Nós de A. A. descobrimos que nosso antídoto básico para o medo é o despertar espiritual. A RAZÃO – UMA PONTE PARA A FÉ Enfrentamos honestamente a questão da fé. Não podíamos evitar a polêmica. Alguns de nós já tinham atravessado a ponte da razão em direção ao litoral da fé, onde mãos amigas se estendiam nos dando as boas-vindas. Ficamos agradecidos pela razão nos levar tão longe. No entanto, por algum motivo, não nos atrevíamos a botar o pé no litoral. Talvez estivéssemos dependendo demais da razão e não quiséssemos perder seu apoio. Mas sem saber, não tínhamos sido levados até onde estávamos, por um certo tipo de fé? Não é verdade que acreditávamos em nosso próprio raciocínio? Não é verdade que tínhamos confiança em nossa capacidade de pensar? E não era isso uma espécie de fé? Sim, tínhamos tido fé, de maneira objetiva, tínhamos sido fiéis ao deus da razão. Assim, descobrimos que, de uma maneira ou de outra, a fé estava sempre presente. FÉ E AÇÃO A educação e o treinamento religiosos de seu provável membro podem ser bem superiores aos que você tenha. Nesse caso, ele vai duvidar que você possa acrescentar alguma coisa, ao que ele já conhece. Mas desejará saber por que as próprias convicções não funcionaram, enquanto as suas parecem funcionar bem. Talvez ele seja um exemplo de que a fé sozinha não basta. Para ser vital, a fé deve ser acompanhada de auto sacrifício, altruísmo e ação construtiva. Admita a possibilidade de ele saber mais a respeito de religião do que você, mas chame a atenção dele para o fato de que, por mais profundas que sejam sua fé e educação religiosa, essas qualidades não devem ter lhe servido muito, caso contrário ele não estaria solicitando ajuda. O Dr. Bob não precisava de mim para sua orientação espiritual. Ele tinha mais do que eu. Na verdade o que ele mais precisava, quando nos encontramos pela primeira vez, era de uma profunda deflação e da compreensão, que somente um bêbado pode dar a outro. O que eu precisava era de humildade, de esquecimento de mim mesmo e de estabelecer um verdadeiro parentesco com outro ser humano de meu próprio tipo. DISPOSTOS A ACREDITAR "Não permita que qualquer preconceito contra termos espirituais possa impedi-lo de se perguntar, o que eles poderiam significar para você. No começo, era disso que precisávamos, para dar início a um crescimento espiritual, `para estabelecer nossa primeira relação consciente com Deus como nós O concebíamos'. Mais adiante passamos a aceitar muitas coisas que nos pareciam inteiramente fora de alcance. Isso era crescimento, mas para crescer tínhamos que começar de algum modo. Assim, no princípio, usamos nossas próprias concepções de Deus, ainda que limitadas. "Precisávamos nos fazer apenas uma simples pergunta: `Acredito, ou estou mesmo disposto a acreditar que exista um Poder Superior a mim?' Assim que o indivíduo possa dizer que acredita, ainda que seja em pequeno grau, ou que esteja disposto a acreditar, nós lhe asseguramos enfaticamente que ele está no caminho." DEUS NÃO NOS ABANDONARÁ! "Acabo de saber que você está suportando magnificamente a adversidade, sendo essa adversidade seu estado de saúde. Isso me dá a oportunidade de expressar minha gratidão por sua recuperação em A. A., e especialmente pela demonstração de seus princípios que você nos está dando agora de maneira tão inspiradora. "Você gostará de saber que a este respeito os Aas raramente falham. Acho que isso ocorre por sabermos com tanta segurança que, seja qual for nossa sorte, Deus não nos abandonará. De fato Ele não nos abandonou quando estávamos bebendo. E assim há de ser para o resto de nossas vidas. "Certamente Ele não tenciona nos salvar de todos os problemas e adversidades. Nem tampouco, no fim, nos salvará da chamada morte – que afinal é apenas uma passagem para uma nova vida na qual habitaremos em SUAS muitas mansões. Com respeito a essas coisas, sei que você tem uma fé muito grande." A RESPOSTA NO ESPELHO Enquanto bebíamos, tínhamos certeza de que nossa inteligência, apoiada pela força de vontade, poderia muito bem controlar nossa vida interior e garantir nosso sucesso no mundo em que vivemos. Essa filosofia valente, na qual cada um de nós fazia o papel de Deus, soava muito bem, mas ainda tinha que passar pela prova decisiva: será que funcionava mesmo? Uma boa olhada no espelho foi resposta suficiente. Meu despertar espiritual foi muito rápido e absolutamente convincente. De repente, me tornei uma parte – embora pequenina – de um cosmo que era dirigido pela justiça e pelo amor na pessoa de Deus. Apesar das conseqüências de minha própria obstinação e ignorância, ou da de meus companheiros de viagem na terra, a verdade ainda era essa. Essa era minha nova e positiva certeza – e ela nunca me abandonou. EM BUSCA DA FÉ PERDIDA Muitos Aas podem dizer a uma pessoa sem fé: "Nos desviamos da fé que tínhamos quando crianças. Com a chegada do sucesso material, achamos que estávamos ganhando o jogo da vida. Isso era emocionante e nos fazia felizes. "Por que deveríamos nos preocupar com abstrações teológicas e deveres religiosos ou com o estado de nossas almas aqui ou no além? A vontade de ganhar os levaria para frente". "Mas então o álcool começou a nos dominar. Finalmente, quando começamos a ver nosso placar marcando zero, e percebemos que mais um golpe nos colocaria fora do jogo para sempre, tivemos que buscar nossa fé perdida. Foi em A. A. que a reencontramos." REALIDADE INTERIOR À medida que a humanidade estuda o mundo material, nós é constantemente revelado que sua aparência exterior não é, de modo algum, a realidade interior. A prosaica trave de aço é uma massa de elétrons, girando uns ao redor dos outros, em velocidade incrível, e esses pequenos corpos são governados por leis precisas. Assim nos diz a Ciência. Não temos nenhuma razão para duvidar disso. Entretanto, quando é sugerida a hipótese perfeitamente lógica, de que além do mundo material, como o contemplamos, existe uma inteligência criadora, orientadora e todo-poderosa, no mesmo instante vem à tona nosso traço perverso de temperamento e procuramos nos convencer de que isso não é verdade. Se fosse certa nossa argumentação significaria que a vida se originou do nada, que nada significa e que não leva a nada. MEDO E FÉ A conquista da libertação do medo é uma tarefa para toda a vida; é algo que nunca termina. Ao sermos duramente atacados, estarmos gravemente enfermos ou em qualquer situação de grande insegurança, todos reagimos a essa emoção – bem ou mal, conforme o caso. Somente os que enganam a si mesmos pretenderão estar totalmente livres do medo. Finalmente percebemos que a fé em alguma forma de Deus era parte de nosso ser. Algumas vezes tivemos que procurá-Lo persistentemente, mas Ele estava ali. Ele era tão real quanto nós. Encontramos a Grande Realidade no mais profundo de nosso ser. A FÉ – UM PLANO – E TRABALHO "A ideia de viver um "plano de vinte e quatro horas" aplica-se primeiramente à vida emocional do indivíduo. Emocionalmente falando, não devemos viver no ontem, nem no amanhã. "Mas nunca entendi que isto significasse que o indivíduo, o grupo ou A. A. como um todo não deveria pensar em como funcionar amanhã ou mesmo num futuro mais distante. A fé sozinha nunca construiu a casa em que você mora. Foi preciso haver um plano e um bocado de trabalho para que essa casa se tornasse uma realidade. "Nada é mais verdadeiro para nós, de A. A., do que o dito bíblico: `A fé sem obra é morta'. Os serviços de A. A., todos destinados a fazer mais, e o melhor possível, o trabalho do Décimo Segundo Passo, são as `obras' que garantem nossa vida e nosso crescimento, impedindo a anarquia ou a estagnação." GENTE DE FÉ Nós que atravessamos o caminho do agnosticismo e ateísmo, lhe pedimos para se despojar do preconceito, até do preconceito contra a religião organizada. Aprendemos que sejam quais forem as fraquezas humanas que os vários credos possam ter, estes têm dado propósito e orientação a milhares de indivíduos. As pessoas com fé têm uma ideia lógica do que seja a vida. Na realidade, não costumávamos ter nenhuma concepção racional. Costumávamos nos divertir, ridicularizando cinicamente as crenças e as práticas espirituais, quando poderíamos ter visto que muitas pessoas espiritualizadas, de todas as raças, cores e credos, estavam demonstrando ter um grau de equilíbrio emocional, felicidade e utilidade que deveríamos ter procurado para nós mesmos. APRENDENDO A CONFIAR Todo o programa de A. A. se baseia no princípio da confiança mútua. Confiamos em Deus, confiamos em A. A. e confiamos uns nos outros. Portanto, não podemos deixar de confiar em nossos líderes em serviço. O "Direito de Decisão" que lhes oferecemos não é somente um meio prático de permitir que eles atuem e dirijam efetivamente, mas também um símbolo de nossa confiança implícita. Se você chega a A. A. sem ter uma convicção religiosa, você pode, se quiser, fazer do próprio A. A. ou de seu grupo seu "Poder Superior". Eles são um grande número de pessoas que resolveu seu problema com o álcool. Nesse sentido, certamente representam um poder superior a você. Esse mínimo de fé já era suficiente. Muitos membros que só dessa maneira atravessaram o limiar contar-lhe-ão que, uma vez do outro lado, sua fé se ampliou e se aprofundou. Libertados da obsessão pelo álcool, com suas vidas inexplicavelmente transformadas, vieram a acreditar num Poder Superior, e a maioria deles começou a falar em Deus. (Fonte: "Na Opinião do Bill" – paginas: 3-13-16-23-26-36-47-51-84-112-114-117129-152-166-188-196-208-212-219-221-225-235-260-263-284-300-310) FÉ NAS PESSOAS "Viemos a Acreditar" Meus pais me legaram uma fé que perdi nos anos mais recentes. Não, não era uma fé religiosa, embora tivesse sido influenciada pelos ensinamentos de duas denominações religiosas. Essa fé também não me foi imposta; simplesmente me afastei dela através do tédio, e a minha crença em Deus, frágil e superficial, desapareceu tão logo tentei pensar sobre ela. Era uma fé nas pessoas, aquela que meus pais me transmitiram – tanto me amando quanto me respeitando como um indivíduo, habilitado a fazer suas próprias escolhas. Esse amor eu aceitei e correspondi sem questioná-lo, como um fato natural. Sozinha no mundo por minha conta, ainda tinha a sensação de estar sob a proteção benevolente; meus chefes imediatos (de ambos os sexos) pareciam me encarar tão gentilmente quanto meus professores haviam feito. Estranhamente, minha boa-sorte às vezes aborrecia-me. "O que é isso?", eu me perguntava. "Será que desperto impulsos maternais?" Porque havia dentro de mim um elemento em guerra com minha fé nas pessoas. Esse elemento era um orgulho obstinado e furioso que ansiava por independência total. Com meus contemporâneos, era sempre dolorosamente tímida e, mesmo naquela época, interpretei corretamente essa deficiência como um sintoma de egocentrismo – o medo de que os outros não concordassem com minha própria auto avaliação. Essa avaliação não incluía certamente uma imagem de mim mesma como uma bêbada. Sempre suspeitei que o orgulho mata tantos alcoólicos quanto a bebida. Poderia ter sido muito facilmente uma dessas vítimas, porque minha reação ao rápido avanço do alcoolismo foi principalmente um frenético esforço para ocultálo. Pedir ajuda? Nem pensar! Chegou o dia em que meu orgulho foi esmagado (temporariamente) e pedi ajuda. Pedi ajuda às pessoas – a estranhos. Mas meu orgulho, expandindo-se à medida em que a saúde voltava, bloqueou minhas duas primeiras aproximações de A. A. (Durante esse interlúdio, os amigos não alcoólicos também me ajudaram – sem que lhes pedisse.) Depois de outro fracasso em reconquistar minha capacidade de bebedora social, fiquei convencida e ingressei em A. A. com toda a honestidade. Ingressei felizmente em um Grupo que dedicava suas reuniões fechadas à discussões sobre os Passos. A maioria dos membros tinha seu próprio conceito sobre um Deus; a atmosfera de fé que me rodeava era tão acentuada que pensava às vezes estar pronta para me integrar nela. Nunca o fiz. E não obstante descubro os Passos a revelar, em cada discussão, novas profundidades de significado. No Segundo Passo, o "Poder Superior a nós mesmos" significava A. A., mas não apenas os membros que conheci. Significava todos nós, em toda parte, partilhando a preocupação uns pelos outros e criando assim um recurso espiritual mais forte do que cada um de nós poderia proporcionar isoladamente. Outra mulher do meu Grupo acreditava que as almas dos alcoólicos mortos, inclusive aquelas de tempos anteriores a A. A., contribuíam para esse manancial de boavontade. O pensamento era tão belo que desejei também poder acreditar nele. Inicialmente, o Terceiro Passo era simplesmente a maneira como me sentia nas manhãs sem ressaca do início da sobriedade, sentada ao lado da janela em dias que pareciam ser sempre ensolarados, sem nenhuma perspectiva imediata de emprego, mas sentindo-me de qualquer forma perfeitamente feliz e confiante. Depois, esse Passo tornou-se uma alegre aceitação do meu lugar no mundo: "Não tenho a menor ideia de Quem ou o Que está dirigindo o espetáculo, mas sei que faço parte dele!" Também podia encarar o Terceiro Passo como uma boa atitude, uma efetiva aproximação à vida: "Se eu estiver nadando em água salgada e entrar em pânico, se começar a bracejar e a lutar contra a água, ela me afogará. Mas se relaxar e tiver fé, ela me manterá boiando". Embora o Quarto Passo não mencione um Poder Superior, a palavra "moral" traz para mim uma implicação de pecado, o que no meu manual se traduz numa ofensa a Deus. Assim, considerei o inventário como uma tentativa de descrição honesta do meu caráter, no lado negativo, ficavam as qualidades que tendiam a ferir as pessoas. Tentando viver no mundo ao invés de fugir dele, tentando me abrir para as outras pessoas ao invés de me afastar delas, esperava que esse contato com meus semelhantes aplainasse de alguma forma as arestas agudas e ferinas da minha personalidade – Sexto e Sétimo Passos. Não tenho certeza de que estivesse trabalhando conscienciosamente os Passos, mas na certa eles estavam agindo sobre mim. Por volta do quarto ano de sobriedade, um incidente trivial me fez perceber subitamente que minha velha desculpa da timidez havia desaparecido. "Sinto-me em casa no mundo!", disse a mim mesma atônita. Hoje, cerca de dez anos depois, ainda me sinto assim. Sob todos os aspectos da minha vida, os benefícios da experiência de A. A. compensaram de longe os prejuízos do alcoolismo ativo. O que é que supera (momentaneamente) meu orgulho e me torna acessível? A melhor resposta que posso encontrar é aquilo que meu pai chamava de "a força vital". (Ele era um velho médico de família e havia visto muitas vezes essa força brotando ou desaparecendo.) Ela existe em todos nós, acredito; anima as coisas vivas e mantém as galáxias girando. A metáfora da água salgada, aplicada ao Terceiro Passo, não foi escolhida por acidente, porque o oceano é para mim um símbolo dessa força; chego mais perto do Décimo Primeiro Passo quando posso contemplar um horizonte infinito a partir do convés de um navio. Fico reduzida ao meu tamanho real; sinto serenamente que sou uma pequena parte de alguma coisa vasta e incompreensível. Mas, o oceano não é um símbolo bastante frio? Sim. Será, penso eu, que seu orgulho enxergava os peixinhos e também está interessado no destino de algum indivíduo? Falaria eu com ele? Não. Certa vez, um pouco antes de parar de beber, dirigi três palavras a Algo não humano. Na obscuridade que antecede a manhã, levantei-me da cama, ajoelhei-me, juntei as mãos e implorei: "Ajude-me, por favor". Então, dei de ombros e disse: "Com quem estou falando?" e voltei para a cama. Quando contei esse episódio a um dos meus padrinhos, uma mulher, ela disse: "Entretanto Ele respondeu à sua prece". Pode ser. Mas não senti isso. Não argumentei com minha madrinha, mas hoje não ataco o mistério com a lógica pura. Se você puder me provar logicamente que existe um Deus pessoal – e não acho que possa – nem assim me sentirei inclinada a falar com uma Presença que não possa sentir. Se eu pudesse provarlhe logicamente que não existe nenhum Deus – e sei que não posso – a sua fé verdadeira não ficaria abalada. Em outras palavras, as questões relativas à fé residem inteiramente fora do domínio da razão. Existe algo além do domínio da razão humana? Sim, acredito que exista algo. Nesse ínterim, aqui estamos todos juntos – quero dizer todos nós e não apenas os alcoólicos. Precisamos uns dos outros. (Fonte: Viemos a Acreditar - Nova York, Nova York) Fé por Marco Leite Fé pode ser definida de diversas formas, como: crença religiosa, conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto, a primeira virtude teologal: adesão e anuência pessoal a Deus, seus desígnios e manifestações, firmeza na execução de uma promessa ou de um compromisso, crença, confiança, asseveração de algum fato ou testemunho autêntico que determinados funcionários dão por escrito acerca de certos atos, e que tem força em juízo (isso no caso de uma relação de trabalho). Essas definições aí de cima são do Aurélio e estão colocadas de forma fria para mim, um alcoolista em recuperação e praticante dos 12 Passos de AA. A palavra FÉ, para mim, é a essência do 2º Passo, no qual ingressei depois de admitir que tinha sido derrotado por uma ou mais garrafas de vodka, que a minha vida em ruína não tinha mais controle, e que a derrota seria ainda pior se eu não aceitasse que não tinha mais esse controle, pois nesse momento quem tinha o controle era o álcool. Era aceitar isso e pedir ajuda, pois sozinho eu não iria mais conseguir sair do buraco onde me enfiei. O vazio que tomava conta do meu ser tinha que ser preenchido e escolhi vir a acreditar, mas realmente acreditar, que alguém Superior a mim poderia me devolver a sanidade e me guiar rumo a saída do poço sem fundo que havia me metido. Foi exatamente nesse momento que eu conheci a FÉ de um alcoolista que realmente quer recuperação. Eu escolhi vir a acreditar que seria possível viver longe do álcool e das drogas. E é esse vir a acreditar e a entrega a Deus que me dão a FÉ necessária para prosseguir a minha caminhada. Sei perfeitamente que, hoje, onde havia um grande vazio agora existe esperança e salvação para uma pessoa que passou a acreditar que através da FÉ existia uma saída para ela. Obrigado a todos e espero poder ter colaborado.